As Consequências
Jeon Jungkook
O caos se instalou entre eles quando descobriram sobre a identidade dos — não — invasores de Canis, que haviam tentado sequestrá-lo para algum propósito que ainda não havia sido revelado. Jungkook estava cheio de dores por conta de seu rosto acertado e seu pescoço inchado. Taesu estava possesso por ter sido relapso com sua segurança, quando não tinha como ele prever que a ameaça viria de dentro e não de fora. Depois de Hoseok injetar o antídoto diretamente em seu corpo para que fizesse efeito rapidamente, sintiu-se melhor e seus sentidos voltaram gradativamente, graças a isso, Jungkook conseguiu recuperar a sanidade em poucos minutos, a tempo de ver Namjoon chegar a cavalo com Taehyung, que parecia atordoado. Vê-lo caminhar em sua direção às pressas com o olhar preocupado o deixou com a consciência pesada, ele tinha outras coisas com a qual se preocupar, mas por conta do incidente acabou por afetá-lo por conta do laço de sangue.
De novo.
— O que houve?! — Taehyung perguntou assim que se aproximou de Jungkook que estava sentado enquanto Hoseok tratava suas feridas. Quando o alfa se colocou à sua frente, ele o analisou de cima a baixo. — Fomos invadidos antes do tempo? — Ele perguntou confuso e Jungkook negou.
— Foram pessoas de Canis que fizeram isso a ele — Taesu respondeu por ele e Taehyung encarou o pai com o cenho franzido. Em questão de segundos os olhos dele foram tomados por um vermelho intenso. — Dois guardas.
— Onde eles estão? — Taehyung perguntou e Taesu, podia sentir a presença do alfa se espalhar com intensidade pelo lugar.
— Eu matei um deles e o outro foi tratado por Hoseok antes de ser levado para a enfermaria — Taesu respondeu de braços cruzados. — Ele estava ferido e precisava ser tratado ou não conseguiríamos interrogá-lo.
— Obrigado por cuidar dos dois, pai — o alfa agradeceu. Taesu negou com um sorriso nos lábios.
— Eu só cuidei de um — Ele respondeu e Taehyung franziu o cenho. — Jungkook cuidou do outro. — Viu o momento em que o alfa ergueu as sobrancelhas em surpresa e o encarou. Jungkook abriu um pequeno sorriso e olhou em direção ao punhal que havia pego no chão manchado de sangue, suas mãos tremiam, mas agarrava o metal do punhal com força.
— Ele apunhalou o guarda na coxa e afundou as presas na mão dele — Hoseok explicou ao alfa quando se afastou de Jungkook, que notou um sorriso surgir nos lábios de Taehyung. — Eu apliquei uma erva anestésica em seu pescoço para conter a dor e limpei as feridas em seu rosto. Evite falar muito até que esteja menos inchado, ok? Vai ser menos incômodo — Ele explicou e Jungkook assentiu.
— Então está tudo bem? — Taehyung perguntou a Hoseok, que assentiu.
— Foram apenas alguns cortes no rosto e um inchaço no pescoço que vai incomodar bastante, mas nada que comprometa sua saúde de maneira muito negativa — Hoseok explicou e colocou a mão sobre a espada em sua cintura.
— Precisamos nos colocar em posição, Taehyung — Jimin disse ao olhar para um relógio de pulso. O alfa assentiu e encarou Jungkook uma última vez antes de direcionar o olhar a Taesu.
— Pai leve o Jungkook até a mansão — Taehyung pediu e Jungkook suspirou. — E peça a Dahyun que…
— Não — Jungkook respondeu e todos os encararam com os olhos arregalados, principalmente Taehyung, que provavelmente não estava acostumado a ouvir aquela palavra direcionada a ele.
— Jungkook… — Taehyung iria argumentar, mas ele levantou a palma, para impedir que continuasse e aquilo pareceu deixar todos ainda mais chocados com sua ousadia. Havia calado o alfa duas vezes.
— Estou cansado de ser o elo fraco — Jungkook se levantou e pegou as flechas que caíram de sua aljava, as colocou em suas costas e encarou Taesu. — Vamos?
— Se sente bem o suficiente para isso? — Jimin perguntou preocupado e Jungkook abriu um sorriso. Apesar de seu pescoço doer bastante, o restante de seu corpo não estava tão ruim e os efeitos da droga haviam passado quase que completamente.
— Já estive pior — respondeu e encarou Taehyung. O alfa parecia indeciso, mas pareceu entender que não iria ceder tão facilmente, por isso suspirou e assentiu.
— Vamos nos reunir e repassar o plano uma última vez — Taehyung disse ao se virar e caminhar em direção ao centro do campo de treinamento.
Jungkook engoliu em seco e sentiu seu pescoço doer, o anestésico provavelmente demoraria a fazer efeito, mas não mentiu quando disse que já esteve pior, não deixaria aquilo o abalar. Quando todos estavam reunidos no centro do campo de treinamento, Taehyung repassou os planos a todos os presentes, os guardas ouviram cada instrução atentamente, e assim como ele próprio, notou alguns olhares curiosos em sua direção, principalmente sobre os machucados em seu rosto e seu punhal sujo de sangue, que ainda não havia conseguido largar por conta da adrenalina. Notou o olhar de Baekhyun também, enquanto Hoseok cuidava de suas feridas, chegou a considerar que aqueles guardas estavam a mando dele, mas pelo olhar confuso dele em sua direção lembrou-se que ele era apenas um jovem rico mimado, ele provavelmente não era tão ousado a ponto de tentar matá-lo. Jungkook manteve a expressão fechada, inabalável, não iria parecer frágil diante de tantos olhares.
— Quando terminarmos o que temos que fazer, quero todos reunidos na praça principal de Canis — Taehyung ordenou com um timbre atroz. — Quando eu digo todos, eu quero dizer a alcatéia inteira, há coisas a serem discutidas e castigos a serem aplicados, hoje aconteceu um atentado contra a vida de meu prometido e isso não passará batido, principalmente pelos responsáveis serem de Canis.
Aquilo fez um burburinho começar entre todos e Jungkook viu Baekhyun olhar para seus amigos de maneira confusa, pareciam surpresos.
— Dito isso, quero que saiamos vitoriosos, não deixaremos nossos inimigos derramarem nosso sangue! Somos de Canis, somos filhos de Salìk e somos acima de tudo, a alcatéia mais poderosa do sul! — Taehyung gritou e aquilo pareceu atiçar a alcatéia, que sorriram e assentiram. — Não quero nenhum lobo da minha matilha caído, fui claro?!
— Sim, alfa! — Todos gritaram.
Após sua fala, todos foram a seus postos, durante todo o pronunciamento de Taehyung, Jungkook e Taesu estavam à sua esquerda, enquanto Jimin e Namjoon estavam à sua direita, como pilares. Quando todos foram em direção a seus postos, Namjoon voltou ao portão principal e deixou um beijo sobre a testa de Jimin, que sorriu e pediu para trazer a vitória, mas que também, voltasse para seus braços sem qualquer arranhão. Quando Jungkook estava prestes a acompanhar Taesu e Jimin, Taehyung se aproximou e segurou sua mão, seus olhos vermelhos vagaram por todo seu rosto e seu pescoço, que provavelmente adquiria aos poucos a coloração arroxeada, se possível seus olhos pareciam ainda mais ardentes. Jungkook abriu um sorriso em direção a ele e segurou em sua mão com mais força, queria que ele soubesse que apesar de tê-lo assustado, o que aconteceu não iria derrotá-lo, era forte o suficiente para aguentar com um sorriso no rosto.
— Está tudo bem — Jungkook levou o indicador à testa de Taehyung, para desfazer os vincos que surgiram ali.
— Eu prometo que farei justiça — Taehyung disse com convicção e o sorriso em seus lábios aumentou ainda mais.
— Tenho certeza que sim — respondeu e o alfa pareceu mais tranquilo. — Agora concentre-se na batalha, isso é um problema para depois. Foque em sair de lá ileso, nós iremos garantir que nenhum deles consiga se aproximar demais.
— Sim, ômega — ele respondeu e deixou um beijo em sua testa antes de se afastar.
Jungkook o acompanhou com o olhar e em seguida virou-se em direção a Taesu, que indicou com a cabeça em direção ao bosque onde deveriam se esconder e então o seguiu. Jimin posicionou seus arqueiros de maneira estratégica, todos cercaram um raio de cem metros, haviam mais ou menos vinte arqueiros espalhados pelo bosque e outros guerreiros em campo com espadas, prontos para neutralizar qualquer invasor que conseguisse passar pelas flechas. Como Jungkook ficaria mais afastado, seu trabalho era ajudar os guerreiros a conter os invasores, ele não seria a primeira linha de defesa, ele seria um suporte aos guerreiros em campo, sua função era garantir que nenhum deles se ferisse em uma luta corpo a corpo. Jungkook e Taesu estavam no topo de uma enorme árvore, onde o ômega amarrava seu corpo ao tronco da árvore com uma corda.
— Por que faz isso? — Taesu perguntou com curiosidade quando o viu dar um nó na corda que o prendia ao tronco da árvore. — Isso não irá restringir seus movimentos?
— Minha intenção é justamente essa — abriu um pequeno sorriso e encarou o alfa antes de puxar o arco de suas costas. — Essa corda impedirá que eu caia ou que eu me desequilibre, isso deixará minha mira mais precisa, não posso focar na minha precisão e o no meu equilíbrio ao mesmo tempo, um problema a menos, um tiro certeiro a mais.
— Você é bastante engenhoso — Taesu elogiou e se encostou no tronco atrás dele. — Todos os filhos de Unàh são como você?
— Gosto de pensar que eu sou único — respondeu com um sorriso e pegou uma flecha de sua aljava, antes de posicionar o nock na corda, pronto para atirar. — Ser o Najin Uruk me dá algumas vantagens.
Viu Taesu assentir e então se virar para ficar do lado oposto dele, para que pudesse proteger suas costas enquanto ele focava nos alvos a sua frente, assim nada iria pegá-los de surpresa. Jungkook sentiu o vento e fechou os olhos, o silêncio cobriu completamente o bosque e se manteve atento, após alguns minutos sentiu um arrepio e então gritos foram ouvidos por entre as árvores. Aquilo o fez puxar a corda de seu arco e mirar a sua frente, estava escondido por entre os galhos, mas tinha uma boa visão de onde estava, podia ver os guardas e Taehyung escondidos, apenas aguardavam o momento em que os invasores tentariam se esconder por detrás das árvores, onde estavam escondidos. Os gritos se intensificaram e então o primeiro invasor apareceu diante de seus olhos, em seguida por outras dezenas, que fugiam da chuva de flechas. Eles pareciam atordoados, alguns corriam normalmente, outros sequer conseguiam correr em linha reta.
Efeitos da droga que eles mesmo fizeram.
Sua primeira flecha foi disparada e atravessou a coxa do homem que estava mais próximo ao grupo de Taehyung, que permaneceram escondidos enquanto o homem caiu no chão. Jungkook rapidamente tirou outra flecha da aljava e mirou, atirou novamente e acertou a coxa do outro também, que assim como o primeiro, caiu no chão e não se levantou por conta da dor. Continuou a atirar e incapacitar o máximo de pessoas que conseguia, porém, claramente, não conseguiu conter todos e aquela foi a deixa para o grupo de Taehyung, que saiu de seus esconderijos e matou todos que se aproximavam. Após alguns minutos, os arqueiros de Canis retornaram com espadas e se juntaram à luta. Delta estava em um número muito maior, mas nem de longe eram tão bons quantos os soldados de Taehyung, que conseguiam contê-los sem muita dificuldade. Jungkook auxiliou o máximo que pôde, evitou que os guerreiros de Delta conseguissem fugir e atirou nos que pareciam prestes a ferir seus aliados.
Percebeu enquanto dava assistência aos guerreiros de Canis, que os invasores de Delta eram covardes e não lutavam de maneira justa, todos usavam os mesmos recursos e artimanhas, até mesmo iam em grupos para cima de um único homem. Era naquelas pessoas que Jungkook atirava, todos caíam de joelhos com suas flechas e eram rapidamente finalizados pelos soldados aliados, restavam poucas flechas em sua aljava e poucos invasores vivos, o que era um alívio, pois conseguiriam lidar com o restante facilmente. Observou com uma flecha pronta para ser atirada que os soldados de Canis conseguiam conter a investida de Delta sem problemas, mas viu o momento em que um guerreiro de Delta saiu detrás de uma árvore e caminhou sorrateiramente em direção a Baekhyun que lutava com outro homem com sua espada. Baek estava virado em sua direção, já o homem que iria apunhalá-lo estava atrás dele, o que diminuía consideravelmente os pontos que poderia acertá-lo.
Jungkook sentiu a adrenalina correr por suas veias no momento que percebeu que Baekhyun não notaria a tempo a chegada do homem, ele seria apunhalado e morto por estar distraído com o inimigo que estava a sua frente. Ergueu o arco e tentou mirar, mas além da grande distância, o corpo de Baekhyun cobria o do homem, o que tornava sua tarefa de incapacitá-lo impossível, só havia um lugar que poderia mirar, mas suas mãos tremeram somente em imaginar as consequências. Quando o homem ergueu a espada, pronto para atravessá-la no peito de Baekhyun, Jungkook sentiu o impulso e a urgência de atirar, pois se demorasse demais, Baek morreria, então, mesmo com as mãos trêmulas, soltou o cordão. Viu em câmera lenta a flecha voar rapidamente em direção a eles, ela passou tão próxima a cabeça de Baekhyun que ele arregalou os olhos, por pouco ela não o atingiu, mas atingiu o homem que tentava matá-lo.
A flecha atravessou a cabeça do soldado de Delta que caiu no chão sem vida logo em seguida.
Ver aquela cena foi demais para Jungkook, que sentiu seu estômago se revirar e uma vontade avassaladora de chorar, havia acabado de tirar a vida de outra pessoa de uma maneira brutal, olhar para o corpo caído no chão com a flecha atravessada entre as suas sobrancelhas foi demais. No momento em que Baekhyun conseguiu conter o inimigo que lutava com ele, olhou para trás rapidamente e viu o corpo caído no chão com uma poça de sangue em volta de sua cabeça, viu o momento que o ômega virou-se em sua direção com os olhos arregalados. Jungkook no entanto estava paralisado, o arco parecia pesar toneladas em sua mão, havia salvo a vida de Baekhyun, mas sequer conseguia abaixar a arma, o arco tremia em sua mão e só conseguiu baixá-la quando Taesu tocou sua mão. Sequer notou que estava ofegante até que o arco não estivesse mais entre seus dedos.
— Está tudo bem — Taesu disse suavemente e tocou suas costas, em um afago delicado. — Já acabou… você o salvou.
Jungkook assentiu e tentou convencer a si mesmo que era necessário, que aquele ato hediondo foi feito para proteger outra vida, mas sua cabeça repetia incessantemente a imagem da flecha ao atravessar a cabeça do homem. Quando a luta, enfim, terminou e todos os guerreiros de Delta caíram sobre a força de Canis, os soldados comemoraram. Jungkook, ainda em estado de choque, descia da árvore com a ajuda de Taesu que praticamente o carregava. Muitos soldados de Canis elogiaram a performance de Jungkook, disseram que graças às suas flechas certeiras, o trabalho deles se tornou infinitamente mais fácil e graças a aquilo conseguiram conter a ameaça rapidamente. Mas Jungkook estava disperso, sentia o calor da mão de Taesu em seus ombros, como se o lembrasse o tempo todo de sua presença, de maneira silenciosa mostrava a ele que estava ali na realidade, mesmo que sua cabeça viajasse em sua própria consciência pesada.
— Jungkook? — Ouviu a voz de Taehyung e aquilo foi a única coisa que conseguiu tirá-lo de seu estado de torpor. — Está tudo bem?
Aquilo foi como um gatilho, um bolo entalou na garganta de Jungkook e sentiu o acesso de choro o tomar como uma explosão, não conseguiu conter, as lágrimas simplesmente rolaram por suas bochechas sem qualquer controle e quando um soluço escapou de sua garganta, em questão de segundos os braços de Taehyung o envolveram. Ouviu Taesu dizer para todos darem privacidade a eles e agradeceu silenciosamente por aquilo ao esconder o rosto nos ombros do alfa, pois estava com vergonha de si mesmo, tinha certeza que o achavam dramático, era natural para soldados tirarem a vida de alguém, mas para ele, não era. Chorou sem prensas, sentia-se envergonhado, assustado e, acima de tudo, culpado, por ter tirado a vida de uma pessoa de maneira tão cruel como fez, mesmo que fosse para proteger alguém. O peso de ter o sangue de alguém em suas mãos era mais pesado do que imaginava.
— E-eu matei uma pessoa — Jungkook chorou e soluçou, enquanto Taehyung ainda o mantinha em seus braços em um abraço apertado. — Eu…
— Está tudo bem — Taehyung o consolou e se afastou um pouco para que pudesse olhar diretamente em seus olhos. — Você não matou, você salvou a vida de uma pessoa que seria morta de maneira covarde, você deu a Baekhyun a chance de poder aproveitar sua juventude, de poder voltar para casa e ver sua família.
— Mas… — Fez uma careta de choro ao imaginar que talvez o homem que matou também tinha uma família para voltar.
— Um homem como aquele não merece sua empatia, Jungkook — Taehyung enxugou suas lágrimas e abriu um sorriso. — Você fez bem, estou muito orgulhoso, pois graças a sua ajuda pudemos proteger centenas de pessoas, homens, mulheres, crianças e idosos, todos eles estão seguros graças ao nosso sacrifício. O preço a se pagar é alto e a carga é pesada, mas você não vai carregá-la sozinho, pois agora tem a mim, eu vou suportar esse peso com você.
Jungkook encarou Taehyung e ver seu sorriso orgulhoso, a delicadeza com que ele secava suas lágrimas e a maneira que o encarava, fez com que se sentisse melhor, mesmo que ainda sentisse suas mãos tremerem contra o tecido da roupa do alfa — que segurava com força — assentiu, tentou com todas as suas forças se agarrar ao que ele havia dito. Ficaram alguns minutos imersos em sua própria bolha até que Jungkook conseguisse se manter calmo, o choro não estava tão intenso quanto antes e depois do acesso ter parado, sentiu-se envergonhado por ter deixado a tristeza tomá-lo daquela maneira. Quando finalmente se recompôs, Taehyung segurou em sua mão com um sorriso e o levou para fora do bosque junto aos outros soldados, que os esperavam e novamente e não pouparam elogios em sua direção, o que ao contrário de antes, arrancou um sorriso sem graça de Jungkook.
Taesu o encarava silenciosamente encostado em uma árvore e quando seus olhos se encontraram, ele perguntou com um meneio de cabeça se estava bem e Jungkook assentiu, o que fez um sorriso bem pequeno surgir nos lábios dele. Enquanto todos ainda comemoravam a vitória, o sino foi tocado e com aquilo souberam que o esquadrão de Namjoon também havia sido vitorioso, o que arrancou mais um coro de gritos de comemoração. Sob ordens de Taehyung, todos foram até a praça principal de Canis e pediu para que chamassem os aldeões, por isso os guardas se espalharam por toda a aldeia, alguns a pé e outros a cavalo. Quando Namjoon retornou com seu esquadrão, todos também foram chamar os aldeões, Jungkook notou que quase não havia feridos e os que se feriram eram cortes superficiais que sequer precisavam de atendimento imediato. Quando enfim estavam todos reunidos na praça, Taehyung se colocou sobre uma plataforma mais alta de madeira.
Atrás dele estava quase toda a família Kim, Seokjin, Namjoon, Hyeri, Taesu e Jungkook. Apenas Yongok não estava presente, por motivos de segurança dela própria.
— Reuni vocês aqui para falar sobre algumas coisas extremamente importantes! — Taehyung começou, ele tinha uma postura séria e sua voz soava bastante franca. Seu uniforme branco da guarda estava cheio de sangue, o que o deixava bastante assustador. — A primeira delas é que nós fomos vitoriosos em nossa defesa contra Delta, vocês podem dormir tranquilos sabendo que conseguimos conter mais uma tentativa de invasão.
Aquilo trouxe um coro de comemorações, o que trouxe insegurança a Jungkook, pois sabia que a reação deles quanto as outras informações não seriam tão boas quanto.
— Nosso espião nos informou sobre a situação em que nossos inimigos se encontram, os habitantes da alcatéia de Delta estão passando fome, são forçados a lutar pela alcatéia e não recebem nenhum auxílio do líder — Taehyung explicou e todos ouviram as informações quietos. — Famílias desamparadas pela guerra estão fugindo de Delta em busca de paz e estabilidade, fui informado que algumas dessas famílias virão pedir auxílio a nós e elas não serão ignoradas. — Aquilo iniciou um burburinho entre os aldeões, como todos do conselho já sabiam que iria acontecer. — Sei que para vocês não parece uma boa ideia trazer pessoas de uma alcatéia inimiga, mas são famílias como a de vocês, que só querem um lugar seguro para viver e nós podemos oferecer isso, por isso, nós iremos sim, abrigá-los se nos pedirem ajuda.
— Mas e se eles usaram essa oportunidade para invadir e nos matar, alfa?! — Um soldado com o uniforme de Canis perguntou e todos pareceram compartilhar do mesmo receio.
— Não iremos permitir que isso aconteça, já buscamos orientação de Salìk quanto a essa decisão e recebemos seu apoio — Taehyung explicou, claramente ele ocultou o fato de ter sido Jungkook, o Najin Uruk de Unàh que iria ajudá-los com as ameaças. — Não se preocupem com isso, nossas defesas não falharão! Eles serão parte de nossa alcatéia, irão se juntar a minha matilha e farão uma promessa a Salìk, serão membros ativos de Canis como vocês são.
O burburinho aumentou ainda mais com aquilo, tinham pessoas que pareciam neutras quanto a declaração de Taehyung, outras expressavam com bastante nitidez a aversão que tinham a ideia de compartilhar seu espaço com pessoas de Delta. Jungkook sabia que teriam reações como aquela, Hoehyun e Yunji avisaram sobre o preconceito e o medo dos aldeões quanto aos forasteiros, mas se perguntava se eles teriam a mesma reação se fossem eles no lugar daquelas famílias. As pessoas de Canis viviam no conforto de suas vidas pacatas por conta dos esforços de Taehyung e seus soldados que lutavam para prover aquele confronto e segurança, mas e se não tivessem aquele auxílio? Se Canis caísse sobre as espadas de Delta, não iriam desesperadamente buscar pela segurança de suas famílias? Mesmo que isso significasse ter que se refugiar em uma alcatéia inimiga?
— As leis serão aplicadas entre todos nós, mas quero deixar bem claro que elas não irão beneficiar nenhum dos lados de maneira desigual, o que for aplicado a um, será aplicado a todos! — Taehyung continuou a explicar. — Eles virão e quando vierem, estarão protegidos pelas leis de Canis assim como vocês estão. Eles irão trabalhar pelo espaço deles assim como vocês, então se eu souber que houve algum tipo de desrespeito de qualquer uma das partes, serão punidos pelas leis! Quero que sejam acolhidos, independentemente de qual a origem, o passado é o passado, entenderam?
— Sim, alfa! — Os aldeões responderam em uníssono, alguns mais confiantes que outros.
— Eu nunca falhei com vocês e não será agora que falharei — Taehyung continuou e então olhou em direção a Jungkook, antes de estender a mão em sua direção, o ômega caminhou até estar ao seu lado e segurou em sua mão.
Assim que estavam ombro a ombro, o olhar de Taehyung caiu para seu pescoço e seus olhos ficaram vermelhos quase que instantaneamente.
— Hoje houve um atentado contra a vida do meu prometido — Taehyung disse ao se virar para os aldeões novamente, que pareceram surpresos e os olhares caíram sobre Jungkook, que tentou manter a expressão neutra. — As feridas em seu rosto e pescoço foram causadas por mãos ousadas e suicidas, pois claramente, eu não deixarei que essa afronta passe somente com uma pequena punição. Jungkook é meu noivo, a segunda pessoa mais importante em Canis e eu não tolerarei qualquer mínimo insulto a sua pessoa, não importa de onde ele veio, eu o escolhi, por isso, quero que o tratem com a importância devida, porque mesmo ferido ele lutou por Canis ao lado dos meus soldados e nos ajudou a trazer a vitória, embora ele não tenha motivo algum para fazer o que fez, pois desde sua chegada ele foi destratado e os assassinos que tentaram levá-lo de mim são da nossa alcatéia.
Aquilo tornou o burburinho ainda maior, todos cochichavam e olhavam em sua direção com olhos arregalados.
— Nós pegamos os assassinos, dois homens que cuidavam da guarda de Canis, dois homens que achei que eram da minha confiança, que não só tentaram contra a vida de Jungkook como tentaram desestabilizar a minha família — Taehyung tinha uma voz firme e seus olhos vermelhos vagavam por todos de Canis, sua presença também aflorada varreu todo o ambiente, o que nitidamente deixou todos desconfortáveis. — Estou extremamente decepcionado com o que tenho presenciado nos últimos dias, eu dediquei a minha vida à proteção de vocês, dei meu sangue, suor e lágrimas em prol de dar a todos uma vida digna, para que possam criar seus filhos em um ambiente seguro. Mas quando eu encontrei a minha lua, a pessoa que passará a eternidade ao meu lado, querem tirá-la de mim? Esse é o agradecimento pelos anos que lutei por todos aqui?
Aquilo trouxe um silêncio tão absoluto, que Jungkook quase podia ouvir os corações acelerados de todos, a presença de Taehyung estava tão esmagadora a ponto de ser quase sufocante, seu lobo estava extremamente irritado por conta do que houve. Sabia que um lúpus era um lobo forte, raríssimo, e por seus genes Lupinos mais aflorados, mais intimidadores, um lobo negro não era encontrado em qualquer lugar, era uma dádiva das divindades que não era dada a qualquer um, um lobo negro representava a força das divindades, significava segurança e uma garantia de um futuro, um presente. Canis foi abençoada com duas bênçãos, a escolhida de Salìk e um lobo negro, era uma alcatéia poderosa, as pessoas que moravam ali deveriam ser gratas por terem tamanho privilégio, mas a realidade é que reclamavam de barriga cheia e não entendiam a dimensão da regalia que tinham. Salìk provavelmente estava deveras decepcionado, pois seus filhos novamente estavam a desapontá-lo.
— Hoje eu quero deixar uma coisa bem clara a vocês — Taehyung continuou, sua presença se expandiu de maneira tão intensa que as pessoas mais próximas quase cederam. O que fez Jungkook franzir o cenho, pois apesar de senti-la, a presença do alfa não o afetava daquela maneira.
“Seria por conta do Laço de Sangue?”, Jungkook se perguntou ao olhar para o lado e ver os olhos vermelhos da parte lupina de Taehyung.
— Qualquer um que tentar tocar em meu noivo com intenções maliciosas, terá sua cabeça arrancada — a revelação fez com que todos os aldeões arregalassem os olhos e Jungkook o encarou com uma expressão banhada em surpresa também. — Não se esqueçam, vocês fariam qualquer coisa para proteger a família, por que isso seria diferente comigo? Ele é o homem escolhido para passar a eternidade do meu lado, se a divindade que nos rege nos deu essa benção, quem são vocês para decidir por mim o que é melhor para a minha vida? Eu sou o líder de Canis, mas ainda sou um ser humano que compartilha dos mesmos direitos que vocês, estejam cientes disso, não sou apenas uma arma que vocês podem usar e controlar, eu fui claro?
— Sim, alfa! — Todos responderam em uníssono novamente.
— Enfim, eram essas as informações que eu queria passar a vocês, deixem esse preconceito infundado de lado, eu quase perdi o meu parceiro por conta disso. Nós buscamos a orientação de Salìk, ele apoia nossa decisão de acolher pessoas de fora de Canis, então por favor, vamos mostrar que ele fez bem em escolher uma pessoa dentre nós, pois se ele desse essa dádiva a Delta, provavelmente estaríamos mortos — explicou e aquilo pareceu afetar a todos. Salìk os abençoou e aquilo pareceu subir à cabeça deles, a ponto de se acharem bons o suficiente para discriminar outras alcateias. — Por favor, cuidem das pessoas que iremos acolher, elas perderam pessoas para a guerra, muitas das mortes do lado deles foram causadas por nós, embora estivéssemos apenas nos defendendo. Sejam empáticos, pois poderia ser a família de vocês no lugar deles, apenas temos sorte de sermos o lado vitorioso da guerra.
Após sua fala, os aldeões pareceram sentir o peso do que é viver em uma guerra pela primeira vez, estavam seguros por conta dos esforços de Taehyung e seus soldados, mas a realidade para o outro lado não era como a deles, pessoas morriam, amigos, irmãos, pais e filhos eram mortos em uma guerra que não travaram. Quando terminou seu discurso, Taehyung deu espaço a Hyeri para que ela pudesse dar mais detalhes sobre a chegada dos refugiados de Delta. Enquanto Jungkook permanecia ao seu lado, quieto, os olhos do alfa ainda estavam vermelhos e sua presença, embora, controlada, estava forte. Quando a reunião chegou ao fim, sentiu que o alfa estava prestes a lhe dispensar, para que pudesse resolver o “problema” que tentou matá-lo sozinho, mas não permitiria, por isso agarrou a mão dele com mais firmeza e o seguiu, mesmo com seus protestos, pois ele não ficaria acuado em uma cama como se o acontecido tivesse o assustado.
O assustou sim, mas não deixaria aquilo lhe derrubar de maneira alguma.
— Já aguentei coisas muito piores que um estrangulamento, Taehyung — foi o que Jungkook respondeu quando o alfa tentou argumentar. — Quero olhar nos olhos dele e mostrar que não é tão fácil me derrubar.
Aquilo foi o suficiente para convencer Taehyung, que provavelmente sentia o seu medo, suas mãos estavam trêmulas e ainda sentia dores em sua garganta, pois os últimos acontecimentos haviam mexido com ele sim, mas se entregar ao medo não era do seu feitio. Sua mãe era uma mulher que aguentava as piores situações com um sorriso no rosto, aprendeu com ela que a fraqueza também era um sinal de força, ele poderia e deveria sentir tudo, medo, insegurança, frustrações e qualquer outro sentimento negativo, só não poderia se entregar a eles. Por isso, embora estivesse com as mãos trêmulas e com o pescoço dolorido, se entregar ao medo não era uma opção em nenhum cenário, por isso caminhou de maneira confiante mesmo que suas pernas mal funcionassem corretamente. Taehyung estava ao seu lado e segurou em sua mão antes de acompanhá-lo, o que o fez agradecer mentalmente pelo apoio, porque tinha medo de desabar a qualquer momento.
Eles caminharam em direção aos calabouços de Canis, onde as celas eram em sua grande maioria, espaços vazios, podia contar nos dedos as pessoas presas ali. Jungkook sabia que era porque as leis de Canis eram bastante inflexíveis, as penas aplicadas iam de tortura a morte e, em poucos e específicos casos, o exílio, provavelmente a cela era apenas o passo inicial da verdadeira penalidade. Assim que pisaram no calabouço, os olhares se direcionaram a eles, principalmente a Jungkook, pois provavelmente as poucas pessoas ali — que não estavam presentes no pronunciamento por conta da vigília — sabiam que um dia ele já esteve preso em uma daquelas celas. Taehyung cumprimentou a todos e foi reverenciado de maneira imediata pelos guardas. Haviam dois homens e duas mulheres, todos alfas, pôde constatar pelo cheiro forte e presenças marcantes, todos com olhares intensos em sua direção.
— Lisa e Bogum venham comigo — Taehyung ordenou ao virar em direção a eles antes de descer as escadas. Um homem e uma mulher deram um passo à frente com as mãos em suas espadas.
Sem dizer mais nada, o alfa apenas virou a cabeça em direção as escadas e caminhou em direção às celas, ainda os dedos entrelaçados aos seus, ele ainda parecia irritado com os acontecimentos, mas segurava sua mão com extrema delicadeza. Notou enquanto desciam as escadas que ele caminhava devagar e cautelosamente, de vez em quando o olhar de Taehyung se dirigia a ele e voltava a caminhar logo em seguida, o que fez um sorriso surgir nos lábios de Jungkook, provavelmente o alfa estava preocupado com sua reação ao voltar para aquele lugar, mas ele não sabia que a cela de Canis foi o primeiro lugar onde ele pôde baixar a guarda. Quando chegaram na cela onde estava o homem que havia tentado matá-lo, Jungkook sentiu um arrepio na espinha, o que o fez suspirar e o olhar de Taehyung encontrar o seu de imediato.
— O que foi? — Ele perguntou preocupado e Jungkook o encarou com seriedade.
— Eu senti um arrepio… — Respondeu e viu o momento em que o cenho de Taehyung franziu. — É um aviso que ele será hostil comigo.
— Não se preocupe, ele não chegará perto de você — Taehyung o tranquilizou e levou o olhar aos outros dois guardas, que assentiram sem dizer uma única palavra a sua ordem silenciosa.
“Protejam-no” era o que o olhar dele dizia.
Quando seus olhos se voltaram à cela, notou que o homem estava sentado no chão, longe das grades e encostado na parede, assim que notou a presença deles, rapidamente se encolheu e parecia tentar se fundir a parede atrás dele. Mas a postura dele mudou assim que viu Jungkook ao lado do alfa, rapidamente o homem mudou a expressão assustada por uma de raiva, em segundos ele deixou de ser vulnerável e se tornou uma ameaça. A hostilidade era tanta que Jungkook se arrepiou dos pés à cabeça quando a presença dele o atingiu, o que fez seu ômega rosnar dentro de seu peito, pronto para se defender se precisasse, pronto para lutar com um alfa sem ligar para as consequências em busca da vitória. Mas logo outra presença se fez presente, uma muito mais intensa e hostil que a dele, que rapidamente fez o homem se encolher em seu canto novamente, como se não fosse nada mais que um cãozinho assustado. Notou os dois guardas atrás deles darem meio passo para trás com expressões sôfregas, o que o fez franzir o cenho.
“É realmente tão ruim assim?” Jungkook se perguntou confuso, pois sentia a presença de Taehyung mais do que a todos por conta da proximidade, mas não era afetado como todos pareciam ser.
— Pelo visto, o ferimento não dói mais, não é? — Taehyung perguntou e Jungkook então levou o olhar até a coxa dele. O ferimento causado por seu punhal havia sido tratado e enfaixado, sua mão também havia sido enfaixada para proteger as feridas causadas por suas presas de qualquer sujeira externa.
— Me desculpa, alfa — o homem respondeu e abaixou a cabeça. Viu Taehyung suspirar e pedir para a alfa que estava atrás deles abrir a cela, o que ela não demorou a fazer.
— Fique aqui — Taehyung pediu ao olhar em sua direção e Jungkook assentiu. Observou o alfa caminhar para dentro da cela e o homem se encolheu ainda mais. — Eu não esperava isso de você Woobin, você sempre foi tão fiel à nossa luta, por que fez isso? Por que tentou matá-lo?
— Nossa intenção não era matá-lo — o homem chamado Woobin respondeu. Ele tinha uma expressão de arrependimento bem nítida no rosto, nem parecia o homem que havia tentado lhe estrangular. — Queríamos apenas desmaiá-lo.
— Para qual finalidade? — Taehyung perguntou, sua voz ainda estava séria, mas a decepção era nítida em seu tom.
— Queríamos que acreditassem que foi obra de Delta, nossa intenção era levá-lo para longe de nossa alcatéia, entregá-lo ao líder de Delta, já que o queriam tanto… — Ele respondeu e então levou o olhar de volta a Jungkook, que estremeceu quando sua expressão se fechou novamente. — Ele trará maldições, desde que ele chegou nós fomos atacados duas vezes! Um filho de Unàh entre nós é um mau presságio.
— Você não poderia estar mais equivocado em suas palavras — Taehyung se abaixou para ficar na altura de seu rosto e suspirou. — É graças a ele que temos saído vitoriosos das batalhas contra Delta, maldições é o que cairia sobre nós se você tivesse sucesso em sua empreitada. Você quase entregou a Delta a chance deles nos derrotarem.
— O que? — Ele perguntou confuso e voltou o olhar para Jungkook. — Que importância ele tem a ponto de mudar o rumo da guerra?
— Ele não é um filho de Unàh comum, ele é o escolhido dela — Taehyung revelou e Woobin arregalou os olhos. Jungkook pôde ouvir os suspiros surpresos dos outros dois atrás dele também. — Sabe-se lá o que Unàh faria conosco se o matassem, ouvi que em Presa nenhuma criança nasceu depois do nascimento de Jungkook por conta do mal que fizeram a última escolhida, os dias de Canis estariam contados se ela fizesse isso com a gente também.
— Eu não sabia… — Woobin respondeu com uma expressão perplexa.
— E jamais saberia, pois sequer deu a chance dele mostrar seu valor — Taehyung se levantou novamente e o encarou de cima. — Você viu como ele chegou até nós, fraco, ensanguentado, ferido e entorpecido a ponto de sequer conseguir se manter em pé, quando ele finalmente encontrou um lugar seguro, você tentou jogá-lo de novo nas mãos daqueles que o torturaram?
— Me desculpe — Woobin chorou e olhou em direção a Jungkook, ele tinha uma expressão arrependida, mas sabia que não era o arrependimento de seus feitos e sim das consequências dele. Ele não estava arrependido de tentar e sim de que sua tentativa lhe prejudicou.
— É tarde para pedir desculpas — Taehyung disse com rispidez. — Jungkook foi ferido e Dohyun morto, vocês sabiam quais seriam as consequências de suas ações.
— Me perdoa, alfa! Eu só estava preocupado com Canis! Eu juro, o Dohyun e eu apenas queríamos paz! — Woobin soluçou e rastejou até os pés de Taehyung.
— Seus irmãos e parceiros também fizeram parte desse plano? — Taehyung perguntou e Woobin o encarou com os olhos arregalados.
— Não! Dohyun e eu planejamos sozinhos! Não podíamos arriscar envolver mais pessoas, se nosso segredo vazasse, seríamos mortos, só podíamos confiar em nós mesmos — explicou aos prantos.
— Entendo — Taehyung assentiu e virou-se em direção a Jungkook. — Por favor, fique de costas pra mim. — Jungkook engoliu em seco e assentiu, antes de fazer o que ele pediu e ficar com as costas viradas em sua direção, aquilo fez com que tivesse visão do rosto dos dois alfas a sua frente.
— Não, alfa! Por favor! Me perdoa! — Woobin implorou aos prantos e o desespero dele fez o bolo retornar a sua garganta.
— Você sabe qual é a pena do crime que cometeu — Taehyung respondeu e Jungkook ouviu sons de passos, ouviu também o choro de Woobin enquanto implorava para ter piedade. — Em respeito aos anos que serviu ao nosso lado, lhe garanto uma passagem rápida.
Woobin chorou ainda mais alto e Jungkook sentia o bolo em sua garganta pesar intensamente, ouviu um som estrangulado e diversos pedidos de desculpas do alfa, antes de um som perturbador e mórbido soar atrás dele, junto também ao som oco de algo ao cair no chão. Pôde ver pelas expressão dos dois alfas o quanto eles tinham ficado afetados pela cena que acabaram de presenciar, o homem desviou o olhar e a mulher apenas manteve a expressão de luto em seu rosto, o que confirmou a morte do homem. O silêncio absoluto só foi quebrado pelos passos de Taehyung. Pela morte rápida e pelo som dos ossos ao se partirem, o alfa havia quebrado o pescoço de Woobin de uma mentira tão rápida que mostrava o quão fácil era para ele fazer aquilo, Jungkook já sabia o quão forte ele era, já havia passado por sua cabeça que Taehyung era forte o suficiente para quebrar alguns ossos sem se esforçar muito, mas presenciar aquilo era totalmente diferente.
— Por favor, o enterrem no campo junto ao irmão mais velho — Taehyung pediu ao se aproximar e viu os dois alfas assentiram. — Lisa, vou pedir que você, por favor, fique de olho em qualquer tipo de comportamento estranho ou hostil em relação a Jungkook no treinamento.
— Sim, alfa — ela assentiu.
— Bogum, garanta que a família de Woobin saiba sobre o acontecido e ofereça qualquer apoio necessário — Taehyung pediu ao outro alfa, que assentiu também. — Vocês são meus dois guardas de maior confiança em Canis, por isso pedi para que me acompanhassem. Sei que não é tão fácil assistir a morte de uma pessoa que lutou ao lado de vocês, assim como não foi fácil para mim matar uma pessoa que cresceu junto a mim no campo de treinamento. Mas o crime que ele cometeu colocou em risco nossa estabilidade e poderia ter nos causado uma maldição terrível.
— Nós entendemos alfa, não faríamos diferente em seu lugar — Lisa respondeu com um sorriso e Bogum também sorriu, o que pareceu tranquilizar Taehyung.
— Então ele é o escolhido de Unàh? — Bogum perguntou ao olhar em sua direção e Jungkook assentiu.
— E Salìk concordou com a sua entrada em nossa alcatéia? — Lisa perguntou confusa.
— Sim, foi uma orientação dele que o mantivéssemos ao nosso lado, a qualquer custo — Taehyung explicou e os dois assentiram. — Ele tem nos ajudado muito com visões sobre o futuro, foi assim que conseguimos prever a chegada de Delta nas duas vezes que eles tentaram nos invadir. Em troca de sua ajuda, eu prometi um lugar seguro para ele viver, espero que me ajudem a proporcionar isso.
— Ajudaremos, alfa — Bogum concordou junto a Lisa.
— Obrigado — Taehyung agradeceu com um sorriso. — Após enterrá-lo, vocês podem descansar, pedirei a Namjoon para mandar alguém para cobri-los.
— Sim, alfa — os dois responderam em uníssono, antes de caminharem para dentro da cela.
— Vamos para casa? — Taehyung perguntou ao encará-lo e segurou em sua mão. Jungkook olhou para suas mãos juntas e sentiu o calor aconchegante dos dedos dele juntos aos seus, ele tinha um toque delicado e o segurava com tanto cuidado que parecia temer quebrá-lo com o mínimo toque. Aquela mesma mão que o segurava com delicadeza havia acabado de quebrar o pescoço do homem que tentou matá-lo. Por alguma razão, aquilo fez seu coração dançar alegremente no peito. — Jungkook? Está tudo bem?
— Sim, está — respondeu e o encarou antes de abrir um pequeno sorriso. — Estou apenas cansado.
— Vamos, você teve um dia muito estressante, vou pedir a Dahyun para preparar um banho para acalmar seu corpo — o alfa disse ao virar-se em direção às escadas do calabouço e o levou junto a ele. — Enquanto se banha prepararei um chá que minha mãe sempre fazia para mim, ele o ajudará a descansar. — Enquanto caminhavam, Jungkook tentava impedir seu coração de se enganar, pois acreditava fielmente que Taehyung era cuidadoso e delicado apenas com ele.
“Ele é assim com todos, não se engane, você não merece o que ele tem a oferecer” Jungkook convenceu a si mesmo enquanto caminhava junto a Taehyung.
~🐺~
Eu sei que é meu personagem, mas esse Taehyung...🫦
Meu Deus, quando será a minha vez? É pedir demais um homem igual o Tae na minha vida? (Sim, é pedir demais)
Esse é o capítulo 10, estamos há apenas dois capítulos de eu causar um infarto em vocês. Não sei dizer se pela tristeza ou pela raiva, mas vocês vão descobrir 💅🏻
Preparem o coração, porque eu peguei bastante pesado. (Não que eu já tenha pego leve alguma vez)
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