Ajeito o capuz do casaco escuro em minha cabeça e ando calmamente pelo campus. Rio fraco quando um passarinho começa a cantar, fazendo com que alguns pequenos triângulos verdes brinquem próximos à minha face. Gosto de triângulos.

À medida que ando, o movimento aumenta, pessoas comem, conversam, riem, tocam seus instrumentos e ensaiam para apresentarem seus trabalhos, imersos e distraídas em seus próprios mundos, distraídas até demais para notarem que suas cores se embaralham em minha frente. Mas não é como se pudessem realmente notar isso, pelo menos não como eu faço. 

Os sons ao redor não são como as músicas, as cores e texturas que as músicas formam são harmoniosas e bonitas entre si, já as cores que as pessoas transmitem, quando juntas, parecem mais um arco-íris desregulado e dançante. Mantenho a cabeça abaixada e coloco as mãos nos bolsos do moletom, apressando meus passos com cuidado para não esbarrar ou tocar em alguém.

Não reclamo da minha condição especial, mas prefiro me manter assim, longe de confusões. Não preciso de pena, não quero que me estranhem, não quero ser o centro das atenções e não quero fazer com que meus sentidos fiquem mais confusos do que já são.

Afinal, quem vê cores ao ouvir sons? Quem ouve sons ao ser tocado?

Isso mesmo. Eu. Jeon Jungkook.