02

Your true colors
True colors are beautiful
Like a rainbow

True Colors - Justin Timberlake
& Anna Kendrick

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Minji tentava montar um cronograma para seguir durante o semestre. Escreveu todos seus horários de aulas em um papel, conciliando com os horários em que deveria estudar e adicionando coisas a mais.

— Você vai conseguir seguir isso? — Yonju perguntou, estava jogada em na cama e comia alguns salgadinhos.

— Não. — Minji soltou uma risadinha nasalada. — Mas assim me sinto menos inútil, ou pelo menos tento.

— Você tá gastando papel e tinta de caneta à toa.

— E você tá gastando sua voz à toa. — Minji rebateu sem pensar muito.

— Nossa, sua grossa. Não sei por quê ainda sou sua amiga.

— Eu sou a melhor amiga que você poderia ter. — Yonju rolou os olhos com a resposta, mas acabou rindo.

— Eu só te aturo porque não é permitido trocar de dormitório.

— Digo o mesmo. — Minji revidou de brincadeira novamente, porque na realidade adorava implicar com as pessoas que amava.

— Por que você é assim?

Minji riu, colou o papel na parede acima de sua mesa de estudos com washi tape, e correu para a cama da amiga assim que levantou, se jogando em cima dela.

— Você sabe que eu te amo, certo? — Abraçou Yonju deixando o lado infantil falar mais alto ao afinar a voz. — Eu te amo, Yonie.

— Não ama não. Sai daqui! — Yonju tentava prender o riso enquanto Minji se aconchegava ainda mais no abraço. — Você é má comigo.

— Eu só estava com saudades de te irritar, foram longas férias, muito tempo sem te ver.

— Pior que é verdade. — Yonju falou com um biquinho, acariciando os cabelos de Minji enquanto ela pegava alguns salgadinhos e comia. — Por falar nisso, como foram as suas férias?

— Um pouco chatas... — Terminou de mastigar para continuar. — Tae foi passar um tempo com a mãe dele, então eu ficava praticamente sozinha em casa enquanto meus pais trabalhavam.

— Quando vocês voltaram para o campus?

— Não tem nem duas semanas, mas os dias aqui foram bem mais divertidos, quer dizer, menos chatos do que em Daegu. — Suspirou um pouco melancólica. — E as suas?

— Eomma nos fez viajar pelo país todo, mas foi legal, o problema é que agora estou morrendo de cansaço.

Bae Yonju entrara na Universidade de Seul no segundo semestre do ano anterior, assim como Minji. Foram designadas para o mesmo dormitório e por ambas serem novas ali na época, acabaram se dando muito bem, e apesar de terem se conhecido a pouco mais de seis meses meses, já possuíam uma grande amizade. Minji se identificava muito com Yonju e era realmente grata por tê-la em sua vida.

Elas continuaram conversando sobre como foram as férias de cada uma, até que, ao dizer que tinha algo para mostrar, Minji se deu conta de um detalhe muito importante: seu celular.

Na verdade não havia sido nada fácil ficar durante algumas horas sem o aparelho, e alimentava falsamente as esperanças de que o irmão apareceria ali de alguma forma e a entregaria, mas até agora nada. Ela estava realmente perdendo a paciência, e não podia ficar sem o celular.

— Droga! — Minji praguejou, levantando-se em um pulo e andando pelo quarto, pensando no que poderia fazer. Taehyung provavelmente estava em seu próprio dormitório, visto que eram 19h30min.

— O que foi? — Yonju perguntou um pouco assustada.

— Preciso do meu celular.

Yonju ouviu a amiga choramingar pela falta de celular diversas vezes apenas naquele dia, alguns momentos ela até esquecia, porém sempre lembrava novamente. Minji parou de repente, mordendo a ponta da unha do dedo indicador com uma expressão um pouco maníaca no rosto, e Yonju a olhou com desconfiança.

— Por que é que você tá com essa cara? O que pretende fazer? — Observou o sorriso de Minji se alargar e suspirou resignada. — Não me diga que... Não! Nem pense.

— O quê? Mas eu não disse nada. — Minji tentava não rir.

— Eu sei que você tá planejando alguma forma de entrar no dormitório masculino ou alguma coisa maluca assim.

E Yonju não estava errada. Minji realmente procurava alguma forma de fazer isso sem que fosse pega ou barrada, mas não queria admitir em voz alta, pois sabia que a ideia era um pouco absurda e Yonju tentaria impedir.

— Eu vou dar uma volta, tá bom? — Ok, talvez Minji fosse péssima em disfarçar, e daí? Ainda assim pegou o casaco que estava jogado na cabeceira da cama, vestindo-o.

— Minji-ah, não faça nenhuma besteira. — Yonju inutilmente tentava repreendê-la.

— Eu não vou fazer nada, só andar um pouco.

— Você por acaso acha que eu tenho cara de idiota?

Minji não respondeu, deixou apenas que uma gargalhada saísse de sua garganta e correu para o lado de fora, enquanto Yonju gritava por ela e perguntava o porquê de não deixar isso para amanhã.

A resposta a isso era bem clara para Minji, sabia muito bem que Taehyung provavelmente esqueceria o celular de propósito no quarto só para não entregá-lo. Na verdade ele faria qualquer coisa para não devolver.

Minji sentia o vento bater no rosto à medida em que se afastava da ala feminina. Os dormitórios masculinos ficavam do outro lado, mas o pátio era realmente enorme. Pôde avistar quatro grandes edifícios um pouco mais à frente, quase idênticos ao bloco que saíra a pouco. Apressou os passos e adentrou as portas de uma das grandes estruturas, tomando cuidado para que não fosse vista por ninguém. A entrada de garotas era restrita naquela área, assim como os garotos não eram permitidos na ala feminina.

Havia um pequeno hall que direcionava até as escadas e elevadores. Minji sorriu ao ver um rapaz alto andando por ali, comemorando internamente por seu palpite estar certo. Kim Seokjin era um veterano que cursava física, e sem dúvidas era um dos melhores estudantes da Universidade. Alguns diziam que ele havia conseguido a posição de monitor por causa de sua ligação familiar com os superiores, mas quem conhecia Seokjin, sabia que tudo obtido por ele era devido ao seu esforço pessoal.

O papel de Seokjin como monitor era cuidar e ajudar os alunos com matérias específicas de sua área do curso, entretanto também era comum vê-lo cuidando da segurança dos dormitórios masculinos, essa na verdade não é uma tarefa para monitores, mas ele se enfia em qualquer atividade que valha como hora complementar na faculdade, e de alguma forma consegue se organizar o suficiente para ser bom em tudo.

Apesar de tantas tarefas, Seokjin também era aluno, e juntando isso ao fato de ter um enorme coração, não era incomum vê-lo acobertando e ajudando seus colegas a saírem de encrencas, Taehyung que o diga.

— Minji? O que faz aqui? — Seokjin perguntou, olhando para os lados para verificar que ninguém a veria por ali. — Seu irmão quase foi pego ontem, não quero que isso aconteça com você também.

— É exatamente por causa dele que estou aqui. Ele tá com meu celular, e se eu não vir diretamente pagar, eu nunca mais o terei de novo.

— Minji, você sabe que isso é errado e arriscado. — Seokjin falou gentilmente, apesar de Minji ter certeza que ele achava que invadir o dormitório masculino por algo tão trivial assim era ilógico.

— Por favor, Seokjin-ssi, eu preciso do meu celular porque faço praticamente tudo por lá, e preciso ver se já formaram os grupos que os professores pediram. — Tentou fazer a maior cara de coitada que conseguia. — Eu não vou demorar, prometo!

Seokjin a observava analiticamente enquanto Minji mantinha as mãos juntas, olhando-o com expectativa.

— Realmente precisa agora do celular? Não posso sair do meu posto no momento, mas posso tentar pegar pra você mais tarde.

— Tenho certeza que apenas eu vou conseguir tirar o celular de Taehyung. — Minji disse convicta, tinha certeza disso, conhecia muito bem o irmão que tinha, aquele peste.

Isso que dá você ser incrível demais o tempo inteiro, Seokjin. — Seokjin murmurou para ele mesmo com os olhos fechados e dois dedos na testa, antes de suspirar derrotado e olhar novamente para Minji. — Não sei quem é pior, você ou o Taehyung.

— Você sabe muito bem que é ele. — Minji riu aproximando-se. — Isso quer dizer que posso ir?

— Seja rápida. Sério! Meu turno tá quase acabando e podemos entrar em sérios problemas se você for pega. — Fez um movimento evasivo com a mão para o elevador. — Vou te acompanhar até o andar, mas não posso te esperar lá.

— Você é um anjo em minha vida! — Ela falou um pouco animada demais, dando alguns pulinhos, e Seokjin respondeu algo como "sou mesmo", fazendo-a rir.

Ambos caminharam e entraram em um dos dois elevadores. Seokjin apertou o botão que continha o número 3 e em menos de um minuto a porta abriu quando chegaram ao pavimento. Caminharam um pouco mais e Minji logo avistou a área de convivência com alguns sofás, mesas e uma pequena cozinha compartilhada, do outro lado haviam os corredores que levavam aos quartos. Felizmente os poucos rapazes que estavam por ali pareceram não notar a presença dela, focados demais em suas próprias tarefas.

— Você consegue ir sozinha daqui, certo? — Seokjin perguntou e Minji assentiu, fazendo-o sorrir fraco. — Preciso descer antes que alguém perceba que não estou lá. Desça pelas escadas na volta. O quarto do Tae é o 317.

— Obrigada. — Sorriu de maneira sincera e mandou um beijo no ar para Seokjin, que retribuiu o gesto.

Minji logo tratou de seguir para o amplo corredor, onde outros corredores se ramificavam. Olhava cuidadosamente para as numerações presentes nas portas, virando um corredor e outro. O layout não era muito diferente do dormitório feminino, mas o fato de ser grande dificultava um pouco a busca.

Ela não estava muito longe do hall, então conseguiu ouvir perfeitamente o bip que indicava que o elevador tinha chegado. Imaginou que era apenas Seokjin esperando para descer, mas se surpreendeu da maneira mais negativa possível com as palavras que ouvira a seguir.

— Sr. Jong! O que faz aqui? — Seokjin dizia com um tom de voz mais alto que o comum, como se estivesse fazendo isso de propósito para que Minji ouvisse.

— Tive a impressão de ter visto uma garota entrar no prédio, estou checando, já que não havia ninguém lá embaixo. — O inspetor, Sr. Jong, respondeu de algum lugar, e mesmo que usasse um tom de voz mais nivelado, Minji conseguiu notar a repreensão, certamente direcionada a Seokjin.

Com as vozes ecoando pelo ambiente, Minji sentiu a adrenalina correndo por suas veias enquanto tentava o seu melhor para ficar em silêncio, estagnada em um dos corredores enquanto tentava pensar rapidamente no que poderia fazer para escapar daquela situação. Por que essas coisas tinham que acontecer justamente com ela? Como sua mente não estava cooperando com uma solução adequada, fez a única coisa que achou mais coerente no momento: começou a correr por entre os corredores, tentando se afastar das vozes o máximo possível.

— Uma garota? Aqui? — Apesar de mais distante, podia ouvir a voz de Seokjin ainda mais alta, seguida de uma risada aguda, claramente falsa.

— Por que você está gritando? — Sr. Jong perguntou ao longe,

— Não tô gritando! — Seokjin gritou.

Merda, merda! Mil vezes merda!

Correu apressadamente, claramente perdida. As vozes se aproximavam cada vez mais, e ela se afastava e desviava o máximo que conseguia, sentindo-se em um labirinto. Seus pés levaram-na para um corredor desconhecido, mas sabia que com certeza estava bem longe do dormitório do irmão.

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Jungkook estava deitado na cama dele jogando no celular, até que algo o distraiu, deixando-o curioso. Em sua frente a cor branca se misturava com o vinho, aquela era a voz de Seokjin. As cores não causavam muito impacto porque a voz se encontrava um pouco distante, mas era perceptível que Seokjin estava gritando. Também achava ter visto levemente um marrom esverdeado feio, o qual julgava ser a voz do Sr. Jong, o inspetor dos dormitórios, junto a uma coloração diferente.

Alguns barulhos do lado de fora do quarto despertavam a curiosidade de Jungkook, que quando percebeu já estava caminhando quase que na ponta dos pés até a porta para tentar entender o que acontecia.

Jungkook tocou a maçaneta, e quando estava prestes a abrir a porta, algo lhe chamou a atenção. A coloração distinta que pensou ser de sua imaginação voltara. Uma paleta de cores diferente. Era quase imperceptível, quase como se alguém estivesse sussurrando, mas era estranho, realmente estranho. Não haviam cores exatamente definidas, elas oscilavam entre si, e ao mesmo tempo não dava para ver claramente, pois o som ainda estava muito baixo.

Era diferente do que estava acostumado, e isso o estava intrigando. Aquilo não podia ser a voz de uma pessoa... podia?

— Droga! O que eu faço? — Alguém murmurou do lado de fora e Jungkook novamente viu aquilo passar rapidamente pela sua vista. Movido pela curiosidade, girou a maçaneta, deixando uma pequena brecha entre a porta e o batente. Agora conseguia ver de forma mais nítida.

— Não tem nenhuma garota por aqui. Eu já falei. — Seokjin ainda falava alto. O vinho era como uma grande tela onde gotas brancas afundavam, geralmente de forma graciosa, mas havia certo desespero na voz dele, e as gotas caíam pesadamente.

Uma garota? Aqui?

Mal conseguiu pensar quando foi bruscamente empurrado para trás com um impacto, dificilmente entendendo o que havia acontecido até sentir uma dor aguda na testa, onde a quina da porta certamente tinha batido. Jungkook se curvou levemente e rapidamente colocou a palma da mão no local, massageando um pouco.

A outra pessoa – sua quase assassina – parecia não ter notado a presença dele ainda, preocupada demais em fechar a porta com um estrondo não intencional, já que deferiu uma série de xingamentos murmurados a seguir. Jungkook estava muito focado na dor latejante que sentia para conseguir raciocinar que não apenas havia uma mulher no prédio, como ela estava no quarto dele. Jungkook piscou algumas vezes atordoado antes de fechar os olhos com força. Mas de repente ela começou a falar, finalmente notando que não estava sozinha.

— Mil perdões, não queria invadir seu espaço, eu juro! É q-que... É uma longa história, e a s-sua porta tava um pouco aberta, então não consegui pensar direito, eles estavam perto demais e f-foi a minha única saída, porque eu não deveria estar aqui, e não apenas me colocaria em problemas, mas colocaria Seokjin-ssi também, ele ficaria encrencado por minha culpa! E eu não acredito que estou passando por tudo isso sem nem ter conseguido meu celular de volta, eu vou realmente matar Taehyung, aquele... — Ela falava de maneira afobada, sem nem mesmo fazer pausas para respirar. — Ai meu Deus! Sua testa... — O desespero era claro na voz, e a intrusa parecia ter se dado conta de que a porta havia batido nele por culpa dela, mas Jungkook não estava tendo nada disso, seus olhos, antes fechados, agora encontravam-se arregalados. — Eu... Me desculpa! Por favor, não me entregue!

Jungkook não conseguia enunciar nada, ficou apenas parado feito uma estátua, ignorando toda a dor que se alastrava pela testa. Aquelas cores. Ele a fitava atentamente e um pouco atordoado.

A moça não estava muito diferente, calou a boca no momento em que Jungkook levantara a cabeça, e encarou-o de forma intensa e estranha, como se estivesse tentando decifrar alguma coisa, também parecia meio envergonhada e nervosa.

— Tenho a sensação de já ter te visto... Você por acaso é do curso de artes? — Ela quebrou o momento de silêncio, mas Jungkook permaneceu quieto, sentindo-se incapaz de responder. — Você tá bravo, não, é? Que pergunta idiota, é claro que tá. Só... — Respondeu a própria pergunta e suspirou dramaticamente. — Olha, não pense nada errado! Eu só precisava pegar algo no quarto do meu irmão, mas agora estão atrás de mim. Eu não vou ficar por muito tempo, eu só... Não me entregue, por favor...

Parecia magia. Não eram cores exatamente definidas. À medida que a voz saía da boca dela, pequenas ondas invadiam a visão de Jungkook, as cores alternavam entre si, e não apenas cores conhecidas, haviam cores inéditas. Ela era inédita.

— Q-quem é você? — Foi tudo o que Jungkook conseguiu dizer, e era tudo o que queria saber.

— Se eu responder, você não vai me entregar, certo? — Tentou barganhar, mas ele permaneceu impassível, fazendo-a suspirar. — Você tá bem? Eu te machuquei?

Jungkook ainda tinha uma mão repousada na testa quando ela se aproximou com uma feição preocupada e inesperadamente afastou a mão dele de maneira gentil, levando a própria mão até o lado direito da testa de Jungkook, onde ele imaginava haver um corte. Ela praguejou em voz alta e começou a se desculpar repetidamente, os olhos cheios de culpa.

Uma movimentação no exterior do dormitório a fez se calar novamente, e Jungkook mal registrou as cores do inspetor e monitor vindas do lado de fora, ao contrário da pessoa além dele presente no cômodo, que pareceu ainda mais aflita e apertou o braço de Jungkook com a outra mão, em um aparente ato de desespero.

Mas Jungkook ainda estava imóvel, perplexo, muito mais do que antes. Aquelas mãos ainda o tocavam, uma permanecia sobre a testa dele, enquanto a outra segurava o pulso. Estava imerso.

Aquele toque. Aquele som. Aquela sensação.

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Opa, olá!

Tô chateada pq tinha deixado tudo certinho pra postar hoje e fui inventar de publicar pelo celular, mas cagou com a formatação do capítulo e precisei retirar ele do ar pra ajustar e postar pelo notebook 🤡 enfim, desculpa se vocês receberam notificação de att antes

Se algo ficou confuso ou de difícil entendimento podem perguntar, ok? 

Editar esse capítulo foi difícil, mas espero que tenha ficado bom e que vocês tenham gostado. 

Não sei se terá um dia fixo da semana para atualizações, acho que seria bom... Talvez sextas? Mas não sei, nada certo ainda além do fato de que será semanal. Qualquer coisa vou avisando.

Obrigada por acompanharem LOC e até mais :)

Continuem apoiando muito SEVEN!!!

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