Min-Joon

Assim que cheguei em casa soltei o ar com força, estava tensa e também ainda não havia digerido todas as informações quando saímos da casa ou melhor apartamento de Jimin, as ruas não eram mais como antes e existiam aqueles meios de transportes estranho que a senhora In disse que foi por conta do avanço tecnológico, eu me sentia um peixe fora d'agua lutando com todas as forças para respirar porem sentindo o mundo me engulir.

- Você tem que pensar e ir com calma, pare de tentar assimilar tudo ao mesmo tempo.

- É por que...

- Nada disso, nada de explicações, você pode ter alguma coisa se ficar se exigindo tanto, vamos apenas conversar e aos poucos você vai entendendo tudo ok?

Concordei com a cabeça ainda receosa, acabei sendo convencida que com o tempo eu entenderia tudo e me adaptaria, quer dizer só faziam horas que eu havia voltado a forma humana e não seria do nada que eu entenderia tudo, eu só queria apenas uma informação que ela até agora estava evitando falar... Sobre ele.

- O que acha de Park Jimin eonnie? – a mesma me encarou e sorriu

- O acho um rapaz interessante, cheio de amor e sinceridade, e segundo meus pensamentos o amor dele te alcançou não é mesmo?

Não respondi apenas olhei a caixa que passava algo e respirei fundo: seu amor me alcançava? Não queria sofrer novamente e tinha medo de tudo aquilo ser falso ou imaginário, não me entenda mal, mas quando sua primeira experiência é traumática você passa a se fechar para próximas e tem receio de tentar novamente.

- Ei mocinha, não fique assim, sabe uma coisa que percebi? – neguei com a cabeça – que o olhar dele não mudou, mesmo você se tonando humana ele continua te olhando como uma linda rosa.

- E o que isso quer dizer?

- Que o que ele sente é sincero MJ! – a mesma me balançou, eu ainda não estava convencida e preferi ficar quieta, a mais velha vendo meu desconforto não tocou mais no assunto, apenas me ajudou no que era necessário e me mostrou aonde eu dormiria respeitando assim meu tempo e espaço.

O dia seguinte, eu resolvi participar e reaprender meu antigo trabalho, chegar na floricultura e  dar de cara com Jimin foi de tirar o ar, mas o mesmo não foi evasivo nem desrespeitoso, ao contrario se preocupou em perguntar como eu estava e tentou me ajudar nas atividades que eu não me lembrava mais, senti como se o mesmo estivesse me confortando e se preocupando, sentimentos que antes eu só sentia com meus pais, minha irmã e a senhor In; porém o que vinha de Jimin era um pouco diferente, romântico e saudável.

- Acho que como você já fazia isso, vai voltar a pegar a pratica rápido! – ele disse limpando o rosto e o sujando com a terra me fazendo rir

- Você é bem legal Jimin! – soltei risonha limpando seu rosto

- Devo te chamar de nuna? – ele perguntou confuso

- Nossa idade não é muito diferente, então acho que não seja necessário, eu passei tanto tempo como rosa que me perdi um pouco nas décadas – rimos juntos novamente e o mesmo ainda soltou algumas piadinhas engraçadas para me animar mais.

Me senti próxima, ligada a ele, talvez por o ver todo o tempo como uma rosa e saber a rotina que o menino tinha que enfrentar para ganhar a vida, eu o conhecia bem devido aos dias solitários em seu apartamento em que ele me contava historias mesmo sabendo que não obteria respostas, sua pureza me intrigava e me deixava cada vez mais envolvida, será que devia?

- Você já pensou em fazer alguma faculdade? – ele me encarou curioso

- Faculdade? – testei a palavra na boca – o que é isso?

- è um curso avançado nuna – ele sorriu – onde você aprende mais coisas sobre uma determinada profissão que quer exercer, no meu caso aprendo botânica para lindar com plantas e flores...

- Do tempo que venho mulheres não estudavam, mulheres cuidavam de seus maridos e...

- Min-Joon – ele me interrompeu sério – esse tempo já passou, você tem o direito de aprender e ser quem quiser, você pode exercer a profissão que sempre sonhou e construir um império se quiser, mulheres podem ser mais, se de uma segunda chance e cresça...

Pisquei abismada por suas palavras, eu nunca pensei que poderia estudar e melhorar algo, na verdade nunca cheguei a pensar além de cuidar de meu marido ou da floricultura que passaria para mim depois de um tempo, e agora pensando aquilo que Jimin estudava me deixava curiosa, quer dizer eu amava plantas e queria saber mais delas.

- Quero tentar! – disse sorridente – você me ajudaria?

- Claro que sim! – seu sorriso se alargou e o mesmo se aproximou – posso te mostrar como se tornar melhor na profissão que deseja e te ajudar caso tenha duvida, o que tem em mente...

- Jardinagem...

- Sabe isso combina com você. – de repente a proximidade se instalou entre nós, Jimin me encarava sorridente e se aproximava olhando cada parte de meu rosto, a vergonha se instalou em mim juntamente com a hesitação, me fazendo virar o rosto e soltar o ar nervosa.

- Desculpe! – soltei que notei ele se levantar.

- Nuna, - ele me encarou de forma serena – se de uma segunda chance!

(...)

Aquela não foi a primeira vez que ouvi aquelas palavras segunda chance incluía eu tentar, eu querer e sair da zona de conforto, senhora In já havia falado comigo sobre isso, disse que o mundo estava diferente e que aos poucos eu me acostumaria. No entanto tinha que haver uma ação minha e não somente dos outros, se não eu não teria êxito.

Olhando para meu reflexo no espelho decido tomar uma atitude, decidi que retribuiria a Jimin, que tentaria alcançar os alvos que sempre sonhei, que deixaria os pensamentos sobre o passado para trás, decido que estava na hora de tentar novamente e de ser alguém diferente.

E acima de tudo, aceitaria o amor que Park Jimin queria me oferecer, sem ter mais medo!