16.Bons momentos

Quanto mais tempo se passava mais se apegavam um ao outro, tirando todo o tempo que conviveram, se passaram dois meses e meio juntos como um casal após oficializarem e castanha ainda ficava envergonhada por Okita ser tão atirado com ela, Aoi sempre o encarava de esguelha após tantos beijos e ele sorria pelo mesmo motivo.

O casamento não havia sido consumado, mas para todos era o contrário justamente pela forma como o casal agia quando estavam juntos.

Entre pequenas missões e treinos exaustivos sempre encontravam um bom tempo para passar junto fora do quarto.

Aoi passou a se dedicar ao jardim e foi quando descobriu o quanto gostava dele, Souji sempre que estava livre a observava em sua atividade achando extremamente bonita e delicada a forma como ela fazia aquilo com paixão, o jardim era para Aoi o que a espada significava para Okita.

A percepção de ambos continha paixão, trilhavam seus caminhos juntos mesmo que não estivessem no mesmo local durante suas hábeis batalhas e aprendizados.

Com o tempo, Aoi resolveu dedicar-se a herbologia, aprendendo com o curandeiro do próprio daimyo e também despontava a cozinhar ajudando no preparo das refeições dele ao lado da senhora Kondo. Okita sentia um orgulho enorme da esposa e óbvio que em seus tempos vagos sempre lutavam, o problema é que as últimas lutas estavam acabando de forma embaraçosa, com o Souji sobre ela beijando seus lábios e a deixando extremamente envergonhada.

Era uma relação saudável e muito prazerosa de se viver em um tempo cheio de guerras.

Aoi sentia que, a cada dia que passava, o laço entre eles se tornava mais forte. Okita, com sua personalidade intensa e espírito brincalhão, conseguia arrancar sorrisos dela até nos momentos mais tensos. Ele adorava provocá-la, testar seus limites, e Aoi, por mais que tentasse manter-se indiferente, sabia que estava se rendendo cada vez mais àquele amor inesperado.

A intimidade entre eles era evidente. O modo como ele a olhava, como suas mãos sempre encontravam as dela nos momentos mais inesperados, como a puxava para um abraço repentino apenas para sentir seu cheiro — tudo isso fazia seu coração acelerar.

Os dias de Aoi eram preenchidos por aprendizados na herbologia, pela satisfação de cuidar do jardim e pelos momentos em que podia cozinhar algo para ele. No fundo, ela queria ser capaz de cuidar de Okita quando necessário, pois, embora ele fosse um exímio espadachim, seu corpo nem sempre conseguia acompanhar sua determinação inabalável.

Okita, por sua vez, amava observá-la. Gostava de vê-la concentrada, de perceber o brilho nos olhos dela ao falar sobre ervas e plantas. Ele não entendia muito sobre isso, mas adorava ouvir sua voz empolgada explicando os usos medicinais de cada folha enquanto a enchia de perguntas.

Porém, o que ele mais adorava era vê-la corar.

E fazia questão de arrancar aquela reação dela sempre que possível, desde a primeira vez que ocorreu em quase um ano totalizados ao lado dela.

Foi assim em mais uma de suas lutas. Como sempre, Aoi se esforçava para acompanhá-lo, mas ele, experiente e ágil, logo a desarmava. Só que, em vez de simplesmente encerrar o treino, como qualquer professor faria, Okita usava a oportunidade para provocar.

— Você precisa melhorar sua postura, Aoi. — Sua voz soava carregada de diversão enquanto a derrubava no tatame, prendendo seus pulsos ao chão.

Ela bufou, tentando ignorar a forma como o peso dele sobre si fazia seu rosto queimar.

— Eu estou tentando!

— Está? Então por que seu coração está acelerado?

Aoi revirou os olhos.

— Porque estamos treinando! — Desconversou.

Ele riu baixo, aproximando o rosto do dela até que seus narizes quase se tocassem.

— Hmm... será mesmo?

Antes que ela pudesse responder, os lábios de Okita encontraram os dela em um beijo que, embora suave no início, logo se tornou mais intenso. Aoi sentiu o corpo relaxar sob o dele, mesmo que sua mente gritasse que deveria empurrá-lo, afinal qualquer um que passasse por ali poderia ver e isso seria vergonhoso, fora que se espalharia rapidamente.

Quando ele finalmente se afastou, com um sorriso satisfeito nos lábios, ela virou o rosto, tentando esconder a vermelhidão que certamente tomava sua pele.

— Você está brincando demais comigo, Souji.

Ele suspirou, fingindo estar pensativo.

— Talvez. Mas não consigo evitar. Você me dá muitas razões para isso.

Aoi sabia que deveria repreendê-lo, mas no fundo, gostava daquela dinâmica. Gostava de como ele sempre a puxava para perto, de como seus toques eram ao mesmo tempo provocativos e cheios de carinho.

E, no meio de tempos tão incertos, essa paixão crescente entre eles era o que tornava a vida mais leve.

O inverno se aproximava, trazendo consigo o ar frio que cortava as ruas de Kyoto e fazia com que as chamas das lanternas tremulassem nas noites silenciosas. Aoi estava sentada no alpendre da casa que dividia com Okita, observando o jardim que começava a perder suas cores vibrantes. As flores que cuidava com tanto carinho agora se recolhiam, cedendo espaço para a brisa gelada que carregava o cheiro de neve.

Ela abraçou o próprio corpo, sentindo um arrepio subir pela espinha, mas não teve tempo de reagir quando um haori quente foi colocado sobre seus ombros.

— Você vai acabar gripando desse jeito. — A voz de Okita soou próxima, e logo ele se sentou ao lado dela, puxando-a sem cerimônia para mais perto.

Aoi suspirou, deixando-se envolver pelo calor do marido encostando a cabeça em seu ombro.

— Eu gosto do inverno. — Murmurou, sentindo a respiração dele contra seus cabelos.

— E eu gosto de você.

As palavras foram ditas tão naturalmente que Aoi congelou por um instante, seu coração disparando dentro do peito. Lentamente, ela ergueu o rosto para encará-lo, encontrando um sorriso travesso nos lábios de Okita, mas seus olhos castanhos carregavam um brilho sincero.

— Você... o quê?

Ele inclinou a cabeça de leve, como se estivesse se divertindo com a reação dela.

— Você ouviu muito bem, princesa.

Aoi sentiu as bochechas arderem e tentou desviar o olhar, mas Okita segurou seu queixo, obrigando-a a encará-lo.

— Você também gosta de mim, não gosta?

Ela prendeu a respiração.

Gostava. Gostava mais do que deveria, mais do que achava possível em tão pouco tempo. Mas admitir isso era outra história.

— Eu...

Okita sorriu, como se já soubesse a resposta.

— Não precisa dizer nada. Eu já sei.

Aoi bufou, desviando o rosto.

— Arrogante.

— Só confiante.

O silêncio que se seguiu não era desconfortável, pelo contrário. Era um silêncio tranquilo, cheio de significados não ditos.

Aoi fechou os olhos por um momento, permitindo-se relaxar contra ele, sendo abraçada completamente e se acomodando melhor para apreciar a neve tingindo o jardim. Mesmo que não dissesse em palavras, seu corpo já havia cedido há muito tempo à presença de Okita.

E ele sabia disso melhor do que ninguém.

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