14.Aproveite o seu homem

Aoi sentiu o calor subir por sua pele, o coração ainda pulsando contra as costelas, enquanto as palavras de Okita se fixavam em sua mente. Ela tentou recuperar o fôlego, mas a maneira como ele a segurava, os olhos cravados nela com aquela expressão de puro deleite, tornava impossível pensar com clareza.

— Você... — Ela começou, mas sua voz saiu falha, quase trêmula.

Okita arqueou uma sobrancelha, os dedos deslizando lentamente pela lateral do rosto dela, traçando uma linha até sua nuca, onde segurou de forma possessiva, mantendo-a exatamente onde queria.

— Eu o quê? — Ele provocou, o sorriso se alargando ao ver o rubor que tomava conta das bochechas dela.

Aoi franziu a testa, tentando não se deixar afetar, mas era inútil. Ele estava ali, tão perto que podia sentir a respiração quente contra sua pele, o olhar afiado que a devorava centímetro por centímetro.

— Você sempre tem que agir como se tivesse o controle de tudo? — Ela sibilou, tentando disfarçar o próprio nervosismo.

Okita inclinou a cabeça, pensativo, antes de sorrir de canto.

— Não sempre. Só quando sei que posso.

A resposta fez Aoi travar a mandíbula, mas antes que pudesse se afastar, as mãos dele deslizaram por sua cintura, apertando-a levemente, trazendo-a de volta à realidade do momento.

— Mas não precisa me olhar assim. — Ele murmurou, seu tom mais suave desta vez. — Ainda temos uma noite inteira pela frente.

O significado por trás daquelas palavras fez algo se revirar dentro dela. O casamento já estava consolidado, e agora, só restava a ele reivindicar o que era seu por direito.

O silêncio entre eles se prolongou, mas não havia desconforto — apenas uma tensão crescente, elétrica, como um fio prestes a se romper. Aoi sabia que deveria dizer algo, colocar um limite, mas a verdade era que não conseguia.

Okita esperou, observando-a atentamente, antes de inclinar-se novamente, os lábios pairando perigosamente perto dos dela.

— Está fugindo do que me deve, Aoi?

Ela prendeu a respiração, sentindo o calor se espalhar por todo o seu corpo. Sabia que, dali em diante, não haveria mais volta.

— Em nome de Buda... — A garota sussurrou, as roupas estavam completamente bagunçadas assim como o cabelo, a noite tinha sido uma confusão de sensações, pois, após aquele beijo viera outro e depois mais um e assim sucessivamente. Okita Souji a desarmara de uma forma inebriante e agora ela estava sem saber o que fazer.

— Eu me casei com um demônio! — Sussurrou notando o espaço no futton. O corpo ainda estava um pouco dolorido quando se levantou ainda precisava fazer as higienes e manter aquele local arrumado, mas antes que abrisse a porta de bambu ele o fez.

— Bom dia princesa, como foi a sua noite? — O sorriso era terrível. Como se houvesse vencido uma batalha com tanta facilidade que apenas comemoraria, Aoi quis beliscá-lo, agredi-lo e beijá-lo novamente, sim. A princesa estava extremamente ciente do que sentiu na noite anterior para se fazer de rogada com o próprio caos interno. Ela então respirou fundo e o encarou mais uma vez.

— Foi bem... Mediana. — Mentiu levando-o a rir.

— Não precisa mentir eu sei que foi o seu primeiro beijo. Sinto muito se quebrei as suas expectativas.

Ela revirou os olhos.

— Você não sente nada, se eu pensar em respirar sei que fará de novo. — O sorriso de Souji se alargou como se um brilho dourado passasse por seu olhar castanho o que a fez piscar diversas vezes.

— Eu até vou, mas deixarei que lide com isso por enquanto. — Sem esperar por uma resposta Okita puxou a mão direita dela e entregou uma bela rosa o que levou-a corar intensamente.

— Te vejo depois princesa.

Aoi permaneceu imóvel, observando a silhueta de Okita se afastar com aquela leveza insolente que a irritava e a atraía na mesma medida. Seus dedos apertaram a haste da rosa enquanto o rubor continuava queimando seu rosto.

— Ele não presta... — Murmurou para si mesma, mas o sorriso teimoso em seus lábios denunciava o contrário.

Ainda podia sentir o gosto dos beijos dele em sua boca, a sensação das mãos firmes em sua pele, o calor que emanava do corpo dele contra o seu. A lembrança fez seu coração disparar novamente, e Aoi teve que balançar a cabeça para afastar os pensamentos.

Suspirou fundo, tentando recuperar a compostura. Precisava se recompor antes que alguém a visse daquele jeito. Afinal, era uma princesa, e seu dever era manter a postura.

Mas, no fundo, sabia que, dali em diante, sua vida jamais voltaria a ser como antes. Okita Souji havia invadido seus dias e noites com a mesma intensidade de uma tempestade, e não havia nada que pudesse fazer para impedir.

E o pior de tudo... é que talvez não quisesse.



Aoi estava revigorada após um banho e trajando um quimono limpo. A casa estava arrumada e ela seguiu até a mansão principal na intenção de conversar com a senhora Yukari. 

Precisava para de pensar no marido antes que tivesse um ataque do coração de tão nervosa. Ao chegar na casa principal e cumprimentar as outras mulheres que estavam ali, pediu para conversar com a senhora.

Yukari levou cerca de vinte minutos para atendê-la e quando o fez foi com um sorrisinho nos lábios.

— O que faz aqui jovem Aoi? — A indagação da mulher tinha fundamento, afinal casou-se a menos de vinte horas, então esperava-se que estivesse nos braços de Okita aproveitando a tão famigerada lua-de-mel.

— Eu queria saber se não tem algum tipo de serviço para mim. — sussurrou notando que os olhos e ouvidos das outras estavam em si. Yukari respirou fundo antes de puxá-la para o canto. 

— Criança vá par casa, não é bem visto esse comportamento. Isso pode trazer problemas tanto para você quanto para ele.

Apesar de odiar ter que se recluir, Aoi não era burra, ela entendia muito bem o que a mais velha queria dizer, pelo que compreendia bem de relações políticas. Tinha certeza de que, se pensassem ao contrário, entenderiam como uma tentativa de fuga já que não seria a primeira vez e, por isso, assentiu um pouco incomodada, afinal, não queria ficar trancada dentro daquela casa.

Yukari no entanto percebeu e para aliviá-la afagou os cabelos.

— Volte em dois dias e terá muito o que fazer, por enquanto aproveite o seu homem. — Sussurrou, levando-a ficar extremamente envergonhada, o rosto chegou a mudar a coloração conforme se despedia e seguia para fora da casa.

O vento frio da manhã soprou contra o rosto de Aoi assim que ela saiu da mansão principal, ajudando a amenizar um pouco o calor que subira até suas bochechas com as palavras da senhora Yukari.

"Aproveite o seu homem."

A frase ecoava em sua mente, e ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos que insistiam em surgir. Como poderia "aproveitar" alguém como Okita Souji? Ele era um demônio disfarçado de homem, um provocador incorrigível que parecia se divertir ao deixá-la sem fôlego e sem respostas.

Ela suspirou, abraçando a si mesma enquanto caminhava de volta para casa. A casa possui um tamanho ideal é até espaçosa para apenas duas pessoas, mas parecia vazia sem a presença de Okita. Ele havia saído cedo, provavelmente em alguma missão com os demais membros do Shinsengumi.

"Pelo menos assim posso ter um pouco de paz."

Pensando nisso, decidiu ir até o jardim. O espaço era simples, mas bem cuidado. Um pequeno lago refletia o céu límpido, e as cerejeiras balançavam suavemente com a brisa. Sentou-se em um dos bancos de madeira e respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão dentro de si.

Não durou muito tempo.

— Eu esperava que você estivesse me esperando ansiosa na cama, mas pelo visto, está tentando fugir de mim.

Aoi sobressaltou-se com a voz arrastada e cheia de diversão de Okita. Olhou para o lado e o viu ali, parado sob a sombra de uma árvore, os braços cruzados e um sorriso travesso no rosto. Ele trajava seu quimono habitual, ligeiramente desalinhado, como se tivesse acabado de voltar de um treino ou combate.

— Não seja tão convencido, Okita. Eu só queria um pouco de ar. — Respondeu, tentando soar indiferente, mas sua voz não escondia o leve nervosismo.

Ele arqueou uma sobrancelha e caminhou até ela, inclinando-se levemente para olhá-la nos olhos.

— Está fugindo do seu marido, Aoi? — Ele provocou, seu tom carregado de algo que fez sua pele arrepiar.

Ela apertou os lábios, tentando manter a compostura.

— Não estou fugindo. Apenas achei que teria outras coisas mais importantes para fazer do que me atormentar.

Okita soltou uma risada baixa e então, sem aviso, puxou-a pela mão, obrigando-a a se levantar. Antes que pudesse protestar, ele deslizou a outra mão para sua cintura, prendendo-a firmemente contra si.

— Eu poderia interpretar isso como um desafio. — Murmurou, inclinando-se ainda mais, seus lábios quase roçando os dela.

Aoi prendeu a respiração.

Ele sorriu.

— E você sabe que eu adoro desafios.

— Algumas coisas estão saindo do controle facilmente... — Aoi murmurou, tentando recuperar a postura, mas sem muito sucesso.

Okita riu baixo, seus olhos afiados analisando cada pequena reação dela.

— Engraçado você dizer isso. Eu diria que as coisas estão acontecendo exatamente como deveriam. — Ele deslizou a ponta dos dedos pela cintura dela, um toque leve, mas que a fez tensionar os ombros.

Ela queria afastá-lo, queria responder algo afiado, mas o corpo traiu sua mente. O calor da pele dele sobre o tecido fino de seu quimono fazia seu coração disparar.

— Você realmente gosta de testar meus limites, não é? — Ela finalmente conseguiu dizer, a voz mais baixa do que pretendia.

— Apenas gosto de ver até onde você aguenta antes de admitir que gosta disso tanto quanto eu.

O sorriso dele era um misto de diversão e desafio, o que só a deixou mais irritada. Mas, ao mesmo tempo, ela percebeu que estava encurralada. Se negasse, ele insistiria. Se confirmasse, estaria entregando sua própria rendição.

Okita parecia saber disso.

— Acha mesmo que pode fugir de mim, Aoi? — A voz dele era pura provocação, e antes que ela respondesse, ele a puxou ainda mais para si, inclinando o rosto até que seus lábios ficassem perigosamente próximos.

Aoi revirou os olhos, mas sentiu o estômago se revirar junto. Algumas coisas realmente estavam saindo do controle muito facilmente... e uma delas era o efeito que Okita Souji tinha sobre ela.









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