13.O pagamento

O silêncio do aposento parecia ainda mais pesado do que o da cerimônia. O quarto era espaçoso, iluminado apenas pelas lanternas suaves que lançavam sombras dançantes sobre as paredes de madeira escura. O aroma de incenso persistia no ar, misturando-se ao cheiro fresco da noite que entrava pela janela entreaberta.

Aoi permaneceu de costas para Okita, os dedos deslizando suavemente pela seda de seu quimono, ainda ajustando-se à ideia de que agora era esposa dele. Tudo aconteceu rápido demais, e agora estavam ali, sozinhos, sem o protocolo rígido da cerimônia para mantê-los ocupados.

Okita, sentado de forma casual no tatame, a observava com um sorriso que beirava o provocador, mas com um brilho diferente nos olhos.

— Então, agora que estamos oficialmente casados... — Ele começou, com um tom leve, mas carregado de segundas intenções.

Aoi revirou os olhos antes mesmo de ele continuar.

— O que você quer, Okita?

Ele apoiou o queixo na mão, como se estivesse considerando a resposta com seriedade.

— Bom, para começar... você ainda me deve.

Ela se virou para encará-lo, os olhos semicerrados.

— Do que está falando?

— Do nosso duelo, claro. Eu ganhei. Você disse que eu poderia escolher qualquer coisa.

Aoi cruzou os braços, tentando manter a compostura.

— E o que exatamente você quer?

O sorriso dele se alargou, e ele se levantou com a mesma agilidade fluida de sempre, aproximando-se sem pressa.

— Ah, estou pensando nisso desde aquele dia. — Ele parou diante dela, os olhos analisando cada detalhe de sua expressão. — Mas agora que somos marido e mulher... talvez minha exigência deva ser um pouco mais interessante.

Aoi sentiu a espinha arrepiar, mas manteve-se firme.

— Você está se divertindo, não está?

Okita inclinou a cabeça, o olhar brilhando com um misto de diversão e algo que ela não conseguia decifrar completamente.

— E você está tentando evitar o assunto.

Ela bufou, mas antes que pudesse dizer algo, ele ergueu a mão, tocando delicadamente o queixo dela.

— Não precisa se assustar, Aoi. — Ele murmurou, a voz mais baixa do que antes. — Ainda que eu tenha ganhado, não sou um monstro.

O toque dele era quente, contrastando com o frio que tomava conta do corpo dela. A proximidade, o tom de voz, o olhar... tudo a desestabilizava.

— Então diga logo, Okita. O que você quer?

Ele deslizou os dedos lentamente pelo rosto dela antes de responder.

— Um beijo.

Aoi arregalou os olhos, o coração dando um salto.

— Você está brincando.

— Nunca falei tão sério.

Ela sentiu o rosto esquentar, a mente trabalhando rápido em busca de alguma forma de reverter aquela situação, mas a verdade era que um acordo era um acordo.

Okita observou cada nuance de hesitação no rosto dela e, antes que ela pudesse recusar, murmurou próximo o bastante para que sua respiração roçasse os lábios dela.

— Ou quer quebrar sua promessa logo na primeira noite como minha esposa?

Aoi odiava aquilo. Odiava como ele conseguia desarmá-la tão facilmente. E, mais do que tudo, odiava o fato de que, no fundo, parte dela queria ceder.

O silêncio entre eles se estendeu, carregado de uma tensão palpável. Aoi sentia a respiração de Okita roçar sua pele, quente e firme, enquanto ele esperava, paciente, pela resposta que já parecia conhecer. Sua presença era intensa, dominadora, mas ao mesmo tempo havia uma suavidade ali, algo que a confundia e a puxava para mais perto, como se ele soubesse exatamente como quebrar suas defesas sem precisar forçar nada.

Ela engoliu em seco, desviando o olhar por um breve instante, apenas para sentir a ponta dos dedos dele roçarem seu queixo, guiando-a de volta. Seu toque era gentil, mas havia algo inegavelmente firme ali.

— Não precisa se apressar. — Okita murmurou, o tom de voz grave, carregado de algo que fez Aoi estremecer.

Mas ela já sabia que hesitar não mudaria nada. Seu destino havia sido selado desde o momento em que perdeu aquele duelo, e, por mais que tentasse negar, parte dela ansiava pelo que viria a seguir.

Então, sem mais desculpas, ela se inclinou, os olhos ainda fixos nos dele antes de fechar-se lentamente. O primeiro toque foi hesitante, leve como uma brisa, apenas um roçar de lábios, mas a reação de Okita foi instantânea.

Ele não hesitou.

As mãos dele deslizaram para a cintura de Aoi, puxando-a para mais perto, aprofundando o beijo com uma precisão que a deixou sem fôlego. Os lábios dele eram quentes, firmes, movendo-se contra os seus em um ritmo calculado e ao mesmo tempo selvagem. Aoi sentiu seu coração disparar, uma onda quente tomando conta de seu corpo conforme o contato se intensificava.

Em um movimento fluido, Okita a puxou pela cintura, envolvendo seu corpo e fazendo com que se sentasse em seu colo, as pernas uma de cada lado, mãos apoiadas nos ombros enquanto o beijo se aprofundava mais e mais.

O choque da mudança de posição fez Aoi arfar contra os lábios dele, mas Okita apenas sorriu contra a boca dela antes de tomá-la novamente, como se a provocação fizesse parte da própria essência dele. Suas mãos traçavam caminhos por sua cintura e costas, explorando-a com uma familiaridade que não deveriam ter, mas que de alguma forma pareciam naturais.

Aoi sentia tudo em excesso — o calor do corpo dele, o deslizar dos dedos fortes em suas costas, o sabor do beijo que parecia reivindicá-la por completo. Ela apertou os ombros de Okita, tentando recuperar um pouco do controle que lhe escapava, mas ele apenas aprofundou o contato, fazendo-a se perder ainda mais na intensidade daquele momento.

Quando finalmente se afastaram, os lábios dela estavam entreabertos, a respiração ofegante e os olhos enevoados. Okita sorriu, passando o polegar pelo canto da boca dela, satisfeito com o estado em que a deixara.

— Agora sim, Aoi. — Ele murmurou, os olhos cravados nos dela. — Agora você me deve mais do que um beijo.

O coração dela ainda martelava contra o peito, a mente embaralhada demais para formular uma resposta adequada. Mas, ao ver o olhar dele — predador, paciente e perigosamente decidido — ela soube que aquela promessa não terminaria ali.


─••• Notas finais •••─

Okita pare de escutar os conselhos de Hijikata 👀... 

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