PROLOGUE
1993, UNIVERSIDADE DE STANFORD
Era o meu primeiro dia na faculdade dos meus sonhos. Desde que eu era bem criancinha eu já sonhava em fazer faculdade em Stanford. Quer dizer... eu iria ser a primeira da minha família a completar o ensino médio, então entrar para uma faculdade era o próximo recorde que eu queria que a minha futura filha conseguisse bater.
Minha família nunca foi de ter membros estudiosos. Meus pais não tinham como pagar uma casa para mim, ou seja, eu teria que morar nos dormitórios até eu arranjar dinheiro o suficiente para, pelo menos, alugar uma casa perto daqui.
— Você levou casacos o suficiente, né? — mamãe pergunta e eu rio.
— Sim, mãe. Fica tranquila. Vai dar tudo certo. — tentei tranquiliza-la, mas eu mesma estava nervosa. — Agora eu preciso ir. Já está na hora.
— Cuidado, querida. Boa sorte nessa nova jornada.
Agradeci animada e desliguei o telefone colocando-o em minha mochila, entusiasmada em saber que eu viraria a nova designer da família Burkhardt.
Estava caminhando pelos corredores da Universidade, observando cada detalhe — apesar de ter feito isso há sete dias, quando eu cheguei.
O sol prevalecia e a natureza era bem cuidada aqui. Eu parecia uma menininha que havia acabado de ganhar o presente de natal que queria.
Eu estava tão dispersa nas coisas em minha volta, que eu acabei nem percebendo o momento que uma garota extremamente bela acabou trombando em mim, derrubando os dois cadernos que carregava consigo.
— Droga, garota! — Bufou, se abaixando para pegar seu material.
— Perdão, eu não te vi. — Me desculpei, abaixando-me para ajudá-la.
— Você é novata, né? — Questionou e eu assenti. Ela estendeu a mão para mim. — Sou a Elisa Bones, estudante de Antropologia Forense e quase formada.
— Aurora Burkhardt. Estudante de Design. — Apertei sua mão e ela sorriu simpática, mostrando-se totalmente diferente do que eu havia visto há alguns segundos.
1996
— Você pode, por favor, tirar essas patas de cima do meu sofá? — Liz murmurou e eu ri, me aconchegado ainda mais no sofá que havíamos acabado de comprar. Juntas.
— Eu também paguei, tá?
— Daqui a pouco o Trey chega, não me faz passar vergonha. Por favor!
— Jamais, amiga. Pode contar comigo pro que der e vier. — Pisquei e ela revirou os olhos, voltando para o quarto para continuar se arrumar.
Após assistir novamente os episódios da última temporada de Full House, escutei algumas batidas na porta e me apressei para atender. Trey estava lá, todo elegante, usando sua melhor roupa e carregava um buquê de flores na mão. Tadinho, Liz odiava flores. Na verdade, ela odiava tudo que era sinônimo de romance.
— A Liz ode...
— Flores! Eu adorei! — Elisa passa por mim e segura o buquê, me deixando com um ponto de interrogação no meio da cara. — Fica quieta e finge que eu gostei.
Após ela sussurrar no pé do meu ouvido num tom extremamente ameaçador, levantei as mãos numa forma de rendição e dei passagem para o Trey e o garoto que estava ao seu lado. Eu nem havia percebido sua presença.
— Eu trouxe o Jeremih, como você me pediu. — Trey explicou, intercalando seu olhar em Liz e em mim.
Olhei desconfiada para a loira em minha frente e ela sorriu, dando de ombros. Revirei os olhos e cumprimentei Jeremih, que era bem bonito por sinal.
Ele tinha cabelos ainda mais escuros que os meus, seu olhar tinha uma cor mel, bem marcante. Jeremih era mais alto que Trey, mas o lutador era bem mais forte que o mais alto.
— Então, vocês querem fazer o quê? — Liz questionou, quebrando o silêncio.
— Podemos assistir um filme. — Trey opinou e Liz aceitou rapidamente, me fazendo bufar com o jeito que ela concordava com tudo que ele falava. Elisa apaixonada estava me deixando de cabelo em pé.
— Vocês fiquem a vontade. Eu vou terminar os trabalhos da faculdade que eu tenho para fazer. — Me despedi. Olhei para Liz que me lançou um olhar cortante e eu sorri, sabendo que ela tinha feito aquela cena toda só para mim.
Deixei os três na sala e fui até meu quarto. Ele era bem mais arrumado do que de Liz. A casa poderia ser pequena, mas nos proporcionava uma bela vista do parque que ficava poucos metros da residência.
Peguei o meu caderno de desenho e fui até a escrivaninha. Ali eu tinha vários rabiscos de vestidos e roupas que eu sonhava em fazer, mas acabava sendo complexo demais. A minha máquina de costurar era a minha fiel escudeira e Liz sempre acabava reclamando do barulho que eu fazia até altas horas da madrugada.
Não notei o tempo passar enquanto eu desenhava. Só fui perceber que o céu já estava escuro quando ouvi batidinhas na porta. Pensava ser Liz, mas era o amigo de Trey.
— Oi. Liz pediu pra eu te trazer isso. — Falou, me oferecendo um prato de pizza e um copo de coca-cola.
— Ah, obrigada. — Agradeci, pegando-os e colocando em cima da escrivaninha.
— A Liz falou que você ainda faz faculdade. Design, né? — Questionou e eu assenti. — São todos seus?
Olhei para onde ele havia apontado e sorri ao ver os meus desenhos colados na parede. Assenti e ele sorriu junto, murmurando um "você é realmente talentosa".
— E você? Formado?
— Sou bombeiro. — Disse e eu o olhei interessada.
— Sério? Me conta histórias sobre seu trabalho? — Perguntei e ele sorriu, sentando-se em cima da minha cama e cruzando as pernas.
A noite passou num estalar de dedos. Jeremih me contava todas as suas histórias de aventura e comédia desde que entrou para o corpo de bombeiros e eu ficava ainda mais curiosa em saber o que ele fazia. Quando notamos, Trey já estava o chamando para ir embora.
— E aí? Gostou dele? — Liz indagou assim que fechou a porta atrás de si. A olhei sem expressão e sua feição murchou rapidamente.
— Ele é legal.
— Legal? Só? — Murmurou desanimada. — Ele ficou quase quatro horas no seu quarto e vocês não fizeram nada?
— Claro que não. Não é como se vocês também tivessem feito. — Resmunguei e ela desviou o olhar. — Vocês transaram, Elisa? Comigo em casa?
— Você estava concentrada. Pensava que também estava transando. — Retrucou, se jogando no sofá.
— Elisa Bones, você é terrível.
— Mas você me ama e nunca acharia uma melhor amiga como eu, Aurora Burkhardt.
[REVISADO]
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