CHAPTER 8. what just happened here?

8. O QUE ACABOU DE ACONTECER AQUI?

Ao me olhar no espelho e perceber meu batom borrado, suspiro ao lembrar da cena de poucos minutos atrás. Andrew ficou congelado por alguns segundos, enquanto eu procurava por Diana e via se ela havia presenciado a traição ou não. Meu nome agora pode ser Úrsula, não Ariel.

Retoquei o vermelho eu meus lábios e ajustei a máscara de diamantes em meu rosto. Alisei o longo vestido rosé que se ajustava perfeitamente em meu corpo, deixando meus seios à mostra, num belíssimo decote V. O salto alto da cor cobre estava destruindo os meus pés, mas era tão bonito que eu nem cogitava a ideia de tirá-lo, ainda mais com as tiras de diamantes falsos que rodeavam meu tornozelo. Minha mãe nunca mais iria me emprestar nada, caso eu ousasse em estragá-lo.

— AI. MEU. DEUS! — Assustei-me ao ouvir os gritos de Morgan, assim que ela entrou no banheiro junto com Lola. — Eu não acredito que você pegou o irmão mais velho do seu melhor amigo!

— Nem me lembre disso. A namorada dele ainda estava atrás de nós. — Murmurei, deixando transparecer a minha aflição. — Eles não estão brigando por causa de mim, certo?

— Relaxa, amiga. Ela também beijou outro. — Lola respondeu na maior naturalidade possível. — Chifre trocado não dói.

— Eles já foram embora? — Questionei, guardando as coisas em minha bolsa.

— Acho que a namorada dele cheirou alguma coisinha antes de vir pra cá. Tá doidona dançando com os caras do time. — Morgan riu, como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo.

— E o Drew?

— Sumiu junto com o Asher.

Suspirei e assenti. Saímos do banheiro e voltamos para o local da festa. Após tirar mil e uma fotos com as garotas e dançar – desajustadamente – com aquele salto lindo de morrer, decidi sentar em uma das mesas e descansar tomando um pouco de ponche batizado. A decoração estava legal e digno de escola particular. O diretor sempre investia muito em bailes porque era o que mais rendia. Além dos jogos do time, claro.

— Fiquei esperando você ficar sozinha a noite toda. — Ouvi Vince falar alto para que eu conseguisse ouvir, sentando-se ao meu lado. — Eu já disse que você está linda nesse vestido?

— Eu fico linda em qualquer coisa. Até num saco de batata. — Me gabei, tentando localizar Andrew. — O que você deseja?

Vince me olhou e umideceu os lábios, desviando seus olhos negros de mim rapidamente. Respirei fundo, já sabendo o que iria acontecer.

— Quer dar uma volta? — Questionou.

Olhei para o meu celular, vendo que já passava da meia noite. Eu não costumava sair cedo das festas, mas eu abria excessão para alguns casos.

— Pretende me levar para onde, Senhor Shaw?

— Qualquer lugar bem afastado da população. — Sorriu sacana e eu devolvi o sorriso, começando a procurar Margot com os olhos. — Garanto que não achará a sua amiga. Só se for procurar no banheiro masculino.

Sorri orgulhosa e levantei-me. Com uma mão eu segurava a bolsa e a outra mão eu puxava Vince. O carro dele não era o mais espaçoso do mundo, mas sempre poderíamos dar um jeito em qualquer coisa.

Antes de sair do ginásio acabei esbarrando em alguém muito mais alto que eu e logo senti um líquido gélido preencher meu vestido. As gotas vermelhas de ponche eram vistas em meu tórax desnudo e eu apenas respirei fundo para não pular no pescoço do indivíduo.

Olhei para Andrew e ele me olhava firmemente, sem esboçar nenhuma emoção. Ele fechou os olhos e suspirou, dando um rápido pedido de desculpas e saindo de nossos caminhos.

— Acho que eu tenho outro motivo pra tirar seu vestido. — Vince disse brincalhão e eu sorri desanimada, olhando para trás e procurando Andrew pela multidão.

Assim que entramos no carro, Vince ligou o som e logo uma música suave preencheu o interior do veículo. O garoto não tirava os olhos da estrada e eu não tirava meus pensamentos de Drew. Não havia sido culpa minha, mão estava me sentindo horrível de beijar Andrew e ainda mais horrível em desejar mais por aquele beijo. Ele estava tão lindo com aquele look all black e o cabelo desajeitado. Parecia que aquele tipo de cabelo era o penteado perfeito para ele. A máscara preta destacando os olhos verdes e o terno marcando seus músculos. Não sei, mas Drew me levou para o paraíso só com um beijo.

— No que você tanto pensa? — A voz de Vince me tirou dos meus desvaneios e eu obriguei-me a encará-lo.

— Nada demais. — Menti. Era tudo demais.

Ele assentiu e voltou sua concentração para estrada. Assim como Vince, voltei minha atenção para a paisagem. Quer dizer, não estava prestando tanta atenção.

— Daqui duas semanas terá uma luta. Não sei se você gosta desse tipo de coisa, mais seria legal caso quisesse me acompanhar. — Vince convidou. — Isso não vai ser um encontro, antes que diga alguma coisa. Sem primeiras intenções, apenas as piores.

Ri e assenti, aceitando o convite. Sempre quis ver uma luta ao vivo. Jeremih odiava assistir MMA ou qualquer outra coisa do tipo, mas eu me divertia assistindo com o pai de Andrew, antes dele falecer. Éramos sempre nós três em frente à televisão enquanto mamãe e Liz ficavam tomando vinho na sacada. Jeremih geralmente estava fazendo um turno no corpo de bombeiros.

Assim que Vince parou em frente a um imenso portão e um guarda olhou por baixo dos óculos estranhos que usava, os portões se abriram dando a visão de um belo jardim que rodeavam uma casa de luxo que era composto, principalmente, por vidraçaria.

— Você mora aqui e ainda trabalha no Piper Snacks? — Indaguei surpresa, observando cada detalhe do exterior da casa.

— É, mais ou menos. — Sorriu e olhou-me. — Vem, a casa da piscina é a minha parte favorita!

— Casa da piscina? Até a piscina tem casa e eu não?

Ele gargalhou e segurou minha mão, puxando-me para os fundos da casa, passando por várias portas e fazendo o mínimo de barulho possível. Provavelmente seus pais estavam dormindo.

Assim que chegamos na tal casa da piscina – que era praticamente uma kitnet de luxo e um pouquinho maior –, Vince tirou o terno e gravata, deixando em cima de uma mesinha e logo aproximou-se de mim, desmanchando o penteado em meu cabelo.

— Dorme aqui e eu te levo pra casa de manhã. — Propôs, iniciando uma fileira de beijos pelo meu pescoço.

— Ou eu posso pedir um Uber no meio da madrugada. — Falei e ele deu uma risada abafada contra minha pele, que arrepiou-se instantaneamente. — Depois conversamos sobre isso.

Na manhã seguinte, antes de Vince acordar, peguei meus pertences e fui embora antes que alguém da sua família me visse. Quando eu passei pela guarda, eles me olharam risonhos, até porque meu rosto não era um dos melhores naquele momento.

Até um Uber chegar na casa de Vince foi um sacrifício. Talvez não tivesse motivos de ter carros "públicos" naquela área da cidade, já que a maioria tinha belas e luxuosas limousines.

Quando eu cheguei em casa e fui direto para o banheiro, agradeci ao sentir as gotas de água morna caindo em minha pele desnuda. A noite inteira eu pensei sobre como Diana poderia estar me odiando naquele momento e como ela tinha a total razão. Não que Andrew não tivesse culpa, mas é muito mais fácil uma mulher odiar a outra do que seu próprio companheiro. Apesar de tudo, Diana também havia beijado outro cara.

Assim que terminei o meu banho e coloquei uma roupa confortável, deitei para continuar o sonho que eu estava tendo na casa de Vince. Meu sono não demorou mais de três horas, já que a casa foi infestada de vozes altas de duas mulheres que receberam folga no mesmo dia.

— Vejo que a princesa esqueceu de comunicar a mãe que não iria dormir em casa, não é? — Aurora murmurou assim que me viu e eu sorri amarelo, dando de ombros. — Faz isso de novo e eu te deixo de castigo pro resto da vida. E eu não estou brincando.

Depositei um beijo na bochecha de Liz e na de minha mãe e me sentei na bancada, percebendo que já era quase a hora do almoço. Liz mexia algo na panela enquanto minha mãe preparava a mesa, colocando quatro pratos na mesa.

— Cadê o Asher?

— Na piscina.

Assenti e abri a porta de vidro, encontrando a cabeleira rebelde de Asher saindo pelas gretas da espreguiçadeira. Seu rosto se escondia do sol com um boné cobrindo boca, nariz e olhos, enquanto estava num sono profundo.

— Bom dia, flor do dia! — Tirei o boné grosseiramente, fazendo com que o moreno acordasse assustado e me lançasse um olhar cortante. — Tá de ressaca?

— Fala baixo, Ariel. — Pediu manhoso. — Acho que tomei muito ponche batizado.

— Esqueci de avisar sobre as consequências da bebedeira. — Brinquei e ele revirou os olhos, deitando sua cabeça em meu ombro. — Seu irmão te contou?

— Que vocês se beijaram ontem? — Perguntou e eu assenti. — Não precisou. Eu vi vocês dois quando as luzes se acenderam. Fiquei passado!

— Ele e a Diana estão bem?

— Transaram a noite inteira. Foi péssimo dormir no apartamento dele ontem. Parede fina, cama barulhenta e mulher chapada. Sinceramente? Não recomendo.  — Reclamou e eu gargalhei, achando a maior graça da situação de Asher. — Onde passou a noite, mocinha?

— Com Vince.

— Tô vendo que só eu não transei ontem. Que tristeza. Pra elas, não pra mim. — Brincou. — Segunda feira vamos para a casa de campo dos meus avós. Nossas mães estavam resolvendo isso antes. E o Drew vai, então não vai ter como você evitar ele.

— Sabe o pior? É que eu adorei o beijo e preferia estar transando com ele ao invés de transar com o Vince ontem. — Declarei e Asher me olhou assutado, fazendo com que eu respirasse fundo e fizesse bico.

— Espírito de pomba gira, é você?

— Muito engraçadinho, Asher. — Bufei e ele riu, me abraçando se lado.

Ficamos assim, olhando pra piscina, até sermos chamados para o almoço. Durante toda a refeição, as nossas mães conversavam animadas sobre a casa de campo. Eu acho que minha mãe nunca esteve tão alegre como agora. Era muito difícil ela sair, já que odiava sair sem Jeremih e ele sempre estava em algum turno. Aurora parece mais leve, mais feliz. Talvez eu tenha visto a verdadeira face da minha mãe quando ela foi abandonada.

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