CHAPTER 6. i'm so sorry

6. EU SINTO MUITO

Vince estava o tempo todo jogando indiretas pra cima de mim para uma próxima transa. Poderia até dizer que eu não estava gostando, mas daí seria uma bela mentira. Vince era ótimo na cama e não dava para negar nem de longe.

Asher vivia ao meu lado quando as meninas não estavam comigo. Ficava apenas quando estava Margot, caso contrário permanecia com seus amigos do outro lado da escola.

O baile de máscaras estavam chegando e District High inteira já se preparava. Garotas discutindo sobre seus vestidos, homens comentando sobre o momento surpresa que foi revelado há dois dias e os professores quase surtando com tantas perguntas — que eles faziam questão de ocultar os fatos mais importantes.

— Depois do baile de máscaras vai ter aquele tal show de talentos. Lembram dele? — Margot comentou.

— Show de talentos? E isso ainda existe? — Cassie fez careta e nós rimos. O Show de Talentos não era algo que nossa escola se animava participar, mas era sempre feito para incluir alguns alunos com talentos estranhos. — Você deveria participar, Ari.

— E fazer o que? Dançar as dancinhas do tiktok? — Debochei e ela revirou os olhos, me fazendo revirar os olhos. — Posso participar, mas só se alguém vir comigo.

— Não conte comigo. — Margot foi a primeira falar e logo Cassie foi atrás, me fazendo bufar. — Desculpa amiga. Se eles fizessem um show de quem consertar um carro mais rápido eu até iria.

— Vocês colocam essa idéia na minha cabeça e depois não querem me ajudar.

— Convida o Asher. — Margot disse. Talvez fosse impressão minha, mas toda vez que Asher se aproximava ela mudava totalmente de expressão como se estivesse sentindo ciumes da nossa aproximação. — Já que vocês estão tão coladinhos.

— Olha só a drama queen dando as caras. 

Ela revirou e deu de ombros. Hoje estava quente. Um belo dia para estar na praia e era aqui que estávamos. Morgan e Lola estavam no mar junto com alguns garotos do time de futebol e da torcida, enquanto eu e as meninas pegávamos sol na areia com o resto das líderes. Geralmente era assim: um domingo por mês o time de futebol e a equipe e torcida se juntava para ir à praia ou algum lugar grande o suficiente para caber quase quarenta adolescentes. Era algo bastante barulhento, mas sempre divertido.

— A água está tão maravilhosa! — Lola disse, jogando-se ao lado de Margot. — Vocês deveriam experimentar.

— Menstruada. — Cassie justificou-se e fez cara de desgosto. — Só porque estou sendo frita nesse sol.

Morgan começou vir em nossa direção, com Vince ao seu lado. Talvez eu nunca me cansaria de olhar para o corpo sarado do homem negro em minha frente.

— Não vão entrar na água? — Vince questionou assim que chegou perto o suficiente para ouvirmos-o.  — Não apareceu nenhuma água-viva até agora.

Olhei para Margot querendo perguntar se ela iria e a dona dos cabelos rebeldes assentiu, como se tivesse lido meus pensamentos. Levantei-me junto com Margot e tirei o camisetão — a única coisa que cobria meu biquíni. Tirei o óculos de sol e amarrei meu cabelo, para não ter tanto trabalho para limpá-lo quando chegasse em casa. Parei ao lado de Vince esperando que ele me acompanhasse e o mesmo entendeu meu recado, seguindo meus passos.

— Você tem algum acompanhante para o baile de máscaras?

— Não pretendo ir com acompanhante. — Respondi e ele assentiu, olhando para o lado.

Assim que senti a água gélida bater contra meus pés, senti meu corpo inteiro se arrepiar. Pelo fato de ter ficado muito tempo no sol, a água estava mais gelada para mim do que para Vince.

— Será que eu vou ter a oportunidade de conhecer sua cama? — Questionou e eu ri, dando de ombros

— Quem sabe?

Ele sorriu e eu mergulhei para, pelo menos, acabar com os arrepios que a água estava me causando. 

Já eram seis da tarde quando eu e Vince decidimos sair da água. Restava apenas nós dois, Margot, Lola, Morgan e Cassie na praia. O resto do time havia ido para casa há mais ou menos meia hora, já que afirmaram estarem cansados de passar quase o dia inteiro na costa.

— Sobre o que vocês estavam falando? — Indaguei, me enrolando na toalha.

— Talvez iremos alugar nossos vestidos ainda essa semana. O que acha? — Morgan olhou-me. — Talvez fique muito em cima da hora se não comprarmos ainda essa semana.

— Já é difícil achar vestido de formatura, imagina pra um baile de máscaras? — Foi a vez de Lola falar, concordando com Morgan.

— Tudo bem. Terce-feira eu pego folga, que tal ser depois do treino? — Opinei e as quatro garotas assentiram, sorrindo animadas.

— Vince pode ir com a gente. — Margot deu a ideia. — Vai ser o nosso chofer e carregará nossas compras.

— Vou?

— Vai.

— Então eu vou.

Ri com a expressão de Vince e esperei que meu biquíni ficasse consideravelmente úmido para não molhar tanto a camiseta e o short que eu havia trazido comigo. Desamarrei o cabelo e passei a ponta dos meus dedos para desembaraça-lo um pouco. Renderia uma bela hidratação assim que chegasse em casa.

Quando Cassie e Vince se despediram de nós, fomos em direção ao carro de Lola. Ela era dona de um belo Civic 2018 e deixava sempre claro que se sujássemos algo, ela iria nos jogar de uma ponte. Apesar de sempre estar com cheiro de cigarro ou maconha, o carro de Lola era impecável. Apenas o carro, pois entrar em seu quarto era como entrar num buraco negro.

— Não estou com vontade de ir pra casa agora. — Morgan fez bico, encostando-se no carro e levando um tapa por sujar a lataria. — Lá em casa está sendo um inferno desde que meu irmão foi pra faculdade.

— Aquele pedacinho de mau caminho. — Margot murmurou pensativa, levando um beliscão da mais alta. — Ele é feio, amiga, super desengonçado.

— Não fala assim do meu irmão.

— Quer que eu fale o que então, criatura?

Quando as duas começaram a discutir sobre a beleza de Sean, irmão mais velho de Morgan, voltei minha atenção para Lola que acendia um cigarro. Neguei assim que ela ofereceu e me encolhi mais na toalha. Acompanhei Lola até um dos bancos e ela sentou-se, porém, eu permaneci em pé. Tinha algumas pessoas andando de skate, caminhando, correndo ou apenas conversando em alguns quiosques que havia ali por perto.  Eu estava cansada e queria tomar um banho quentinho, mas a noite estava maravilhosa demais para não aprecia-la.

— Será que a briga vai se alongar muito? — A morena em minha frente questionou soltando a fumaça e eu dei de ombros, olhando de relance para as duas meninas perto do carro. — Quero tomar uma vodka. Será que eles vendem pra mim?

— Com essa sua cara de neném? Óbvio que não. — Respondi e ela bufou, revirando os olhos. — Acha um namorado maior de idade e ele compra pra você.

— Um namorado maior de idade realmente resolveria alguns problemas da minha vida. — Concordou, fazendo bico. — Nada que um aplicativo de namoro não resolva.

— Eu não estou falando de sugar daddy, Lola.

— Mas eu estou. — Sorriu animada e deu de ombros, me fazendo rir. — Cuid....

Antes que Lola pudesse terminar a sua fala, senti algo atingir minha cabeça. Era algo duro e pesado, fazendo com que eu desse alguns passos para frente com o impacto.

— Ariel! Me perdoa! — Ouvi a voz desesperada de Andrew e o olhei.

Pude observar o que havia me atingido quando olhei para suas mãos, que carregavam uma bola de futebol americano. Logo atrás, estava mais dois homens. Ambos de cabelos escuros, olhos castanhos e corpo atlético. O de mandíbula torta era mais baixo que Andrew e o outro homem e aparentava ser da minha idade.

— Desculpa. A minha mira é péssima. — O garoto com aparência mais jovem se desculpou envergonhado, colocando a mão na nuca.

— Não consegui pegar a bola antes de atingir você. — Andrew justificou-se e eu dei de ombros, como se aquilo não importasse.

Olhei para Drew e suspirei. Seu corpo era coberto apenas por uma bermuda esportiva e seu peito subia e descia com sua respiração ofegante e cansada. Os cabelos pretos estavam úmidos, indicando suor, assim como parte de seu tórax. Eu não lembro de Drew ser tão forte assim.

— Você está bem? — Questionou, chamando minha atenção.

— Ãh? Ah, sim estou. — Assenti e ele suspirou aliviado, jogando a bola para o homem ao lado do garoto que havia me acertado.

— Tudo bem então. Nos vemos por aí.

Olhei para os três se distanciando, agora andando um do lado do outro. Encarei suas respectivas costas desnudas e sorri com a visão.

— Tive que parar a briga pra olhar esse triozinho. — Morgan aproximou-se. — Como ele sabia seu nome?

— Ele é o irmão mais velho do Asher. Está na faculdade. — Esclareci e as três meninas perto de mim suspiraram, aprovando a situação.

— Eu sabia que conhecia o mais alto de algum lugar. — Margot comentou. — Ele sempre vai na escola quando o Asher se mete em briga.

— Bom saber... — Lola sorriu. — Nunca quis tanto que o pirralho se metesse em encrenca.

Meu turno havia acabado de começar. A lanchonete estava movimentada e eu não parava nenhum segundo desde que bati meu ponto. Precisava parar um pouco e tomar água, mas sempre aparecia um novo cliente.

— Deixa que eu atendo esse. — Joan avisou e eu assenti agradecida, indo pegar uma garrafa d'água.

Estava extremamente calor e, como se já não fosse ruim, o ar condicionado estava quebrado. Apenas os ventiladores de teto não davam conta e nem os funcionários e clientes ficaram contentes com isso. O cozinheiro deveria estar assando no forno que, popularmente, é chamado de cozinha.

— Essas pessoas estão brotando da onde? — Vince murmurou, com uma expressão cansada. — Parece que um portal dos mortos de fome se abriu.

— Tipo a segunda temporada de Supernatural. — Sorri e o olhei, mas o garoto carregava uma cara confusa. — Abriram os portões do inferno. Olho amarelo morre no último episódio... nada?

— Nunca assisti, foi mal. — Disse com um sorriso amarelo e eu fiz careta. Como alguém em sã consciência nunca assistiu, pelo menos, um episódio de Supernatural?

Mamãe e eu assistíamos alguns episódios às vezes, apesar dela morrer de medo. Dizia que ia dormir comigo porque não conseguiria ficar sozinha de madrugada. Ela era sempre a primeira dormir — geralmente, no meio do episódio.

Eu não assistia televisão com Jeremih, até porque ele estava sempre num turno dos bombeiros e quando decidia assistir uma série, assistia The Walking Dead. Era uma decadência para mim.

— O aluguel do vestido ainda está de pé amanhã? — Vince questionou e eu assenti. — Quer que eu... sei lá, passe na sua casa?

Olhei pensativa para o garoto em minha frente e suspirei. Talvez isso não fosse uma má ideia. Tirando o fato de Vince ter um péssimo gosto musical e eu não querer pedir o carro emprestado para minha mãe, não havia nada que me impedisse.

— Com uma condição: eu escolho as músicas. — Falei e ele riu, assentindo. — Tudo bem então. Passe na minha casa às quatro e meia. Estarei de batom vermelho.

— Adoraria tirá-lo.

— Quem sabe outro dia?

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