CHAPTER 26. smashed and crushed
26. ESTRAÇALHADO E TRITURADO
🥊DREW
As aulas com Ariel estavam ficando cada vez mais sufocantes. Ela aprendia muito rápido, porém, em todos os seus acertos eu queria comemorar dando um beijo. E isso não era algo que Ariel estava disposto a retribuir.
— Você tem mania de usar toda a sua força e energia — Coloquei a mão em seu quadril nu e posicionei corretamente. — Mas você é fraca.
— Obrigada pelas palavras de amor e carinho.
— Aprenda usar a força do seu oponente contra ele mesmo, assim você não se cansará rapidamente. — Falei e ela assentiu, voltando a dar socos livres no ar. — Mais precisão.
Ariel parou e me olhou insatisfeita, como se quisesse me esmagar à qualquer momento.
— Como vou ter precisão se estou lutando contra o ar?
Revirei os olhos. Ariel era muito teimosa e difícil de fazer compreender meus métodos. Aquilo me irritava às vezes.
— Tá bom, Pimentinha. Por hoje está ótimo. — Murmurei e ela assentiu, pegando sua toalha e passando reto por mim, sem ao menos me olhar.
Sentei-me no banco perto do ringue e suspirei frustrado, passando as mãos pelo meu rosto. Estava sendo exaustivo ficar perto de Ariel sem poder tocá-la com segundas intenções.
— Ser professor é complicado, não? — Ray sentou-se ao meu lado risonho e eu dei de ombros, não querendo prolongar a conversa. — É muita tensão entre vocês dois.
— É, eu estou sabendo.
Ray riu e ficou em silêncio por um momento, mas eu via ele abrindo a boca para falar alguma coisa.
— Fale logo.
— Se ela fosse a minha filha e você o meu futuro genro... Bom, eu te espancaria. — Esclareceu simples e eu franzi o cenho, surpreso.
— Por qual motivo ou circunstâncias?
— É sério que vai ser eu o cara que terá que te dar conselhos amorosos? — Ele revirou os olhos quando me viu afirmando com a cabeça. — Você está apaixonado por ela, Andrew. Acha que está escondendo isso bem, garoto?
— Eu realmente não sei do que você está falando.
Ele suspirou. Mas não como as outras vezes. Ray não estava demonstrando sua impaciência. Estava demonstrando um tipo diferente de... compaixão.
— Vou te contar uma história, garoto. Presta atenção para isso não acontecer novamente. — Murmurou e eu assenti, como uma criancinha esperando para ouvir seu conto de fadas favorito. — Quando eu tinha sua idade eu conheci uma mulher espetacular. Ela amava desenhar, era a última a sair do meu treino e sempre me aplaudia de pé, não importa se fosse apenas uma apresentação da faculdade ou algo maior. Mas o problema era que ela namorava outro e eu tinha medo de me declarar e ouvir um "somos só amigos, eu amo outro cara". Então, numa noite, ela apareceu bêbada em meu dormitório, completamente molhada por causa da chuva. Seu namorado havia pedido um tempo e eu seria o seu ombro amigo. Acabei bebendo também e... bem, você sabe. Eu tive tanto medo de me abrir para outra pessoa que acabei perdendo ela para o resto da minha vida. Um mês depois essa mulher foi pedida em casamento e seu pai foi o padrinho.
— Tia Aurora?
— Ariel e ela têm um gênio forte, não acha? — Ele levantou-se do banco e me deu três tapinhas nas costas. — Não perca a filha como eu perdi a mãe.
E então tudo estava se encaixando na minha mente. As indagações bem diretas de Ariel, o paradeiro de Jeremih e seu caso com Aurora.
Ariel era a filha de Raymond Scorpio, meu mestre.
Eu estava disposto para muitas coisas nessa noite, mas o que Asher estava me pedindo não era muito bem algo que eu.... queria.
Meu irmão mais novo era — pasmem — do time de futebol americano da escola e me implorava para comparecer na semifinal da temporada. O grande problema era:
Eu odiava futebol.
Mas, por outro lado, eu amava ver Ariel Burkhardt como líder de torcida e isso eu não iria perder por nada. Mas é claro, eu também torceria por Asher.
Naquela noite eu decidi me declarar. Meu coração estava quase saía pela boca quando eu imaginava a reação de Ariel.
Talvez Ray estivesse certo. Talvez aquela conversa de ontem tenha me empurrado para a realidade. Eu poderia perder Ariel à qualquer momento e isso me deixava completamente assustado.
Ao entrar no carro, suspirei. Meu Deus, o que eu falaria para ela?
— Estou apaixonado por você. — Fiz careta. Não poderia ser tão direto assim. — Somos amigos desde crianças e sua mudança despertou um novo sentimento no meu coração.... Nossa, que brega.
Fui ensaiando meu próprio discurso até chegar na escola e tudo o que eu falava não estava servindo de nada.
8:15pm.
O jogo já havia começado e eu estava atrasado por quinze minutos. Cacei minha mãe com o olhar até encontrá-la perto do lugar onde havíamos combinado de sentar.
— Oi, querido! Vejo que não tem nenhum hematoma no seu lindo rostinho.
Mamãe havia me perdoado por ter mentido sobre o boxe por tantos anos, mas aquilo não impedia ela de debochar e ironizar toda vez que me via.
— Como está o jogo?
— Eles já começaram perdendo.
Liz começou a explicar a situação do jogo, mas eu não estava entendendo nada e não fazia questão de aprender.
E então eu vi ela.
Seu sorriso era tão contagiante que me fez sorrir involuntariamente. O típico batom vermelho destacava seus lábios, diferente das outras animadoras que, pela distância que eu estava, não mostravam nenhum produto em suas respectivas bocas. Mas Ariel conseguia se destacar sem fazer absolutamente nada. Mas ela estava fazendo tudo e eu não conseguia parar de prestar atenção naquela mulher. Seus movimentos, deus gritos durante algum acontecimento importante no jogo ou quando Asher pegava a bola oval.
Até parei de pensar em como alguém conseguia gostar disso quando ela olhou em minha direção e deu um sorriso fraco.
— Andrew! — Olhei assustado para minha mãe e ela bufou, revirando os olhos. — Estou te chamando há horas!
— O que foi?
— Consegue levar o Asher pra sua casa hoje? — Questionou, demonstrando um lado pouco conhecido por mim: seu lado tímido.
— Por que eu faria uma loucura dessas? — E então eu finalmente entendi. Elisa teria uma visita. — Ah, pode ser então.
Ela grunhiu animada e voltou a prestar atenção no jogo. E eu... Bom, voltei minha atenção para Ariel.
Por obra do destino, eles haviam virado o jogo e estavam ganhando. Talvez Asher não fosse tão ruim quanto eu pensei. Ele era péssimo, mas tinha garra e coragem.
Então os torcedores começaram a gritar "dois minutos" e, mais uma vez, me senti como um peixinho fora d'água. Mas mesmo assim, me juntei na multidão.
Asher iria fazer a última jogada. E ele chutou aquela bola tão forte que minha boca se abriu de surpresa, orgulho, admiração e felicidade.
Quando um barulho soou avisando que o jogo havia chegado ao fim, a arquibancada vibrou. E eu também vibrei, mas não de felicidade. Vince era o quarterback do time — não poderia ser diferente, não é? — e fez questão de comemorar sua vitória beijando Ariel.
Foi no momento em que ela agarrou o pescoço de Vince que meu coração foi estraçalhado, esquartejado, pisado e triturado. Ela queria aquele beijo.
— Vou esperar o Asher no carro. — Avisei, me preparando para sair do meio daquela multidão.
— Ele vai demorar para ir embora, querido.
— Não me importo, melhor que ficar num lugar que eu não me sinto a vontade.
Ela arqueou a sobrancelha desconfiada, mas assentiu. Minha mãe não era idiota para acreditar em uma palavra que havia saído da minha boca. Elisa só estava me dando a privacidade e espaço pessoal.
Quando entrei no carro, eu desabei. Eu não sabia exatamente o porquê dos meus sentimentos estarem tão reprimidos ao ponto de chorar, mas meu carro havia virado uma piscina naquela altura do campeonato.
Naquele momento, meu pai seria o homem certo para me aconselhar. Mas ele não estava aqui e eu teria que lidar mais uma vez com a falta dele.
Quinze minutos depois, eu me recuperei e resolvi ficar na frente do carro para melhorar minha expressão de cansaço e destruição.
— E aí, mano! — Asher estava com um sorriso gigante no rosto e isso me trazia felicidade. — Escuta só o que estávamos combinando.
— Poderíamos ir todos nós para a chácara na virada do ano, né? — Ariel deu a ideia e eu dei de ombros, como se aquilo não importasse. Mas o fato dela não estar mais com o batom vermelho me deixava furioso.
— Tanto faz. — Murmurei. — Vamos, vou levar vocês pra casa.
— huh, Drew? Nós temos uma festa para comemorar a nossa vitória. Será que pode deixar a gente lá? — Revirei os olhos. Asher passava dos limites da minha bondade.
— Tá bom, mas eu não busco e você vai para a minha casa.
— Então posso dormir na Ariel?
— Não. — Bufei. — Entra, pirralho.
Os dois entraram no carro e iniciaram uma conversa animada durante todo o percurso. Ariel estava no banco do passageiro, como sempre. Às vezes eu pensava que Asher fazia isso só para tramar contra nós. Em nenhum momento eles citaram o beijo e eu agradeci por meu irmão mais novo não estar sendo enxerido perto de mim. Eu notava Ariel me olhando em algumas vezes e suspirando ao perceber que eu não sustentaria seu olhar.
— Entregues. — Murmurei ao estacionar o carro em frente a casa cheia de adolescentes já bêbados e drogados.
Asher saiu do carro como uma criancinha, sendo recebido por jogadores felizes pela árdua vitória.
— Está tudo bem? — Foi a primeira vez que direcionei meus olhos para Ariel desde o jogo.
— Por que não estaria?
— Você não trocou uma palavra comigo hoje. O motivo é sobre eu ter cancelado o treino?
— Está tudo bem, Ariel. É só o cansaço.
— Ariel? — Riu. — Essa é nova.
Forcei uma risada e ela me encarou novamente.
— Seus amigos estão te esperando. — Murmurei ao ver Vince segurando dois copos de cerveja. Será que o segundo como era para quem? A pergunta que não quer calar.
— Tem certeza que está tudo bem?
Tirando o fato de eu ter visto você beijando outro cara bem no momento que eu iria me declarar, sim. Estou bem.
— Só estou pressionado com a nova rotina de treinos. Sabe como é... Semifinal e tudo mais.
— Relaxa, Drew! Você é o melhor! — Ariel depositou um beijo no meu rosto e senti minha bochecha formigar. Deus, eu estava parecendo um adolescente descobrindo o amor. — Até mais!
Me despedi de Ariel com um sorriso e observei-a indo em direção aos seus amigos, lado oposto de onde Vince estava. Eu preferi acreditar que ela havia o ignorado ao invés de apenas não ter visto.
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