CHAPTER 23. i will hunt you in hell
23. EU VOU TE CAÇAR NO INFERNO
🥊 DREW
Na segunda feira eu faltei o treino de boxe. Ray e Austin haviam me mandado algumas mensagens, mas preferi desligar meu celular para não sofrer nenhuma distração.
Era nove da manhã quando estacionei a Hilux em frente ao campo de futebol da universidade. Ao me apoiar no capô preto do carro, cruzei meus braços e pude observar meus músculos ficando mais evidentes por baixo da jaqueta de couro.
Corri meus olhos pelo gramado, analisando cada jogador. Algumas universitárias estavam sentadas nas arquibancadas enquanto suspiravam a cada ponto que Eric Hayes fazia. Que nojo.
Eu reconhecia cada mulher que estava ali. Eram as mesmas que pregavam empatia no Instagram, mas no exato momento em que Lorelai Dawson expôs Eric sobre ter sofrido agressão física, as garotas expulsaram ela da irmandade. No mês seguinte que a ex melhor amiga de Lorelai se envolveu com Hayes, ela apareceu de olho roxo. Ninguém mais viu os dois juntos.
Quando o treino acabou, os caras se espalharam e foi cada um para uma direção. Eric olhou para mim e sorriu largo, obviamente sendo falso.
Nossa história não poderia ser considerada como a mais... amigável.
— Quem é vivo sempre aparece, não é? — Sorriu, me estendendo a mão. Assim que ele percebeu que eu o ignoraria, recolheu como se nada tivesse acontecido. — Decidiu voltar a fazer faculdade? Eu vi a surra que levou do Destroyer, acho que você não é muito bom como lutador.
— Sabe me dizer se conhece essa garota aqui? — Assim que mostrei a foto de Ariel, ele deu de ombros. — Tem certeza?
— Tenho, por que eu mentiria?
— Posso te dar vários motivos. — Guardei o celular. — Sabe, eu lembro quando os rumores de você ter batido em Lorelai chegou no pico mais alto das fofocas. Foi um ano tenso, não?
— Eu tenho que ir, Hawk. Mas foi bom te ver.
No momento que Eric passou por mim, segurei seu ombro e puxei-o para trás novamente. Ele me olhou sério, ajeitando o capacete embaixo do seu braço.
— Qual foi, Andrew?
— Só quero conversar.
— Marca um psicólogo.
Eu era uma pessoa muito paciente, confesso. Não era como Asher que se irritava facilmente e queria arranjar briga com qualquer um que pisasse no seu tênis.
Mas eu não estava precisando de muitos motivos para bater em Hayes naquele momento. A respiração dele já era suficiente para fazer meu sangue ferver.
— Eu tenho a sensação que você está me escondendo alguma coisa. — Suspirei, como se estivesse pensativo. — Você foi no bar sábado de noite?
— Minha paciência já acabou contigo, irmão.
Sorri, tentando me conter. Em um golpe, joguei seu corpo contra o capô do meu carro. Minha mão pressionava seu pescoço enquanto ele se debatia.
— Eu vou te perguntar mais uma vez: você foi no bar ou não foi?
— Fui, cara! Eu fui!
— Se envolveu com a garota da foto? — Ele permaneceu em silêncio. — Sim ou não?!
— A garota não quis nada comigo! — Gritou. Nesse momento já tinham pessoas ao nosso redor. — Ela é sua namorada?
— Ariel feriu seu ego? Por isso que bateu nela? — Eu segurava o pescoço de Eric, enquanto ele olhava nos meus olhos. Foi só naquele momento que eu notei um ferimento leve na testa de Eric. O tipo de machucado que alguém faz quando está tentando se defender. — Ela te deu esse machucado de presente?
— Sua namorada é uma vagabunda.
Eu sorri. Um sorriso que transbordava ódio, raiva e agressividade. Larguei o pescoço de Eric e chutei ele, fazendo com que o garoto batesse contra o meu carro.
Eric tentou me acertar um soco, mas ele só sabia bater em pessoas indefesas. Ninguém ao nosso redor estava fazendo alguma coisa, apenas gritavam a cada soco que eu dava no rosto dele.
Minhas mãos já haviam recebido uma dose de anestesia. Eu não sentia mais nada, apenas o sangue de Eric. Eu queria mandá-lo para o hospital assim como ele fez com Ariel.
Parei de socá-lo quando percebi seus amigos tentando vir em minha direção. Os dois eram muito mais largos que eu e aparentemente mais fortes.
— Que venha o primeiro. — Bufei ao perceber que os dois viriam juntos. — Ou venham os dois. Também pode.
O ruivo – precisava retocar a tinta – foi o primeiro a tentar me bater. Joguei ele para cima de Eric e esperei o mais magro tentar fazer alguma coisa. Mas ele não fez.
— Não vai fazer nada? — O garoto olhou para Eric e depois para mim. Negou.
— Já estava na hora de alguém dar uma lição nele. — Murmurou, mostrando o dedo de meio para os dois "amigos". — Vejo vocês no inferno, babacas.
A rodinha de universitários se abriu para que o garoto pudesse passar.
Por incrível que pareça, Eric tentou vir para cima de mim. Ele estava fraco, feio e quebrado, mas não queria perder uma briga na frente de dezenas de pessoas. Ainda mais no seu campo de futebol.
— Se você tocar em mais alguma mulher eu vou te caçar no inferno. — Dei um último soco, fazendo com que ele caísse no chão.
Peguei meus óculos de sol que haviam caído no chão e entrei no carro, dando um tchauzinho para a multidão antes de engatar a ré.
Cinco minutos depois e senti meus dedos latejarem. Minha mão estava puro ferimento e sangue. Só não sabia se era o meu sangue ou o sangue de Eric Hayes.
— Andrew, você está aonde, garoto? — Ouvi a voz de Ray assim que liguei o celular e atendi a ligação.
— No carro.
— Da próxima vez que for espancar alguém, espanque alguém que não seja da mesma faculdade do Zach. — Sua voz estava extremamente firme, ou seja, Ray estava extremamente irritado. — Não te ensinei boxe para você sair batendo em qualquer um.
— Ele mereceu, mestre. — resmunguei.
— Muita gente merece e eu não saio matando ninguém. — o que de pior poderia acontecer? Ele não iria morrer. — Espero que você não tenha aparecido nas câmeras. Amanhã você vai estar no jornal por bater no astro de Stanford.
— Foi ele que bateu em Ariel, mestre. — a linha ficou muda. Um completo silêncio. Eu poderia jurar que Ray havia desligado a chamada na minha cara.
— Eu serei seu álibi caso seja necessário.
— Obrigado, mestre.
Nas horas seguintes eu fiz as voltas necessárias para esclarecer a falta de Asher e Ariel. Era estranho, pois assim que eu coloquei o pé para fora da diretoria a maioria dos alunos já sabiam sobre o acontecido.
Fofocas do ensino médio: uma das coisas que eu não sentia falta.
A aula para os alunos de boxe havia sido um pouco... pesada. Toda a minha frustração eu descontava em atividades para eles fazerem.
Tudo o que eu mais queria era largar aquela planilha e correr para o hospital. Meu coração palpitava mais forte toda vez que meia hora se passava. Eu não conseguia parar de olhar o relógio em meu pulso, nada tirava o meu foco das horas se passando lentamente.
— Você parece um pouco agitado. — Ray me olhava cauteloso, coisa que raramente acontecia. — Como ela está?
— Bem, na medida do possível. — Depois que eu saí do hospital ontem, ao meio dia, não sabia como estava o progresso de Ariel. Ninguém havia me dado uma notícia ruim até então.
— A aula está indo bem? — Questionou crítico, me fazendo revirar os olhos. — É porque tem dois alunos no chão.
Assim que percebi, corri de encontro. Ray riu e voltou para seu escritório, dando atenção para a papelada dos seus novos alunos.
Quando bateu sete e meia da noite, liberei os alunos o mais rápido que pude. Joguei minha mochila no banco do passageiro e saí cantando pneu até chegar no hospital. Quem visse e não soubesse o que estava acontecendo, pensaria que eu tinha alguém parindo dentro do meu carro.
Nem me importei quando o vento gélido se chocou contra as minhas pernas — que estavam cobertas apenas por uma bermuda de moletom. Mas pelo menos eu usava um casaco da Nike para me esquentar. Quando subi para o andar onde Ariel estava internada, vi um homem de costas conversando com Asher. Meu coração se apertou quando pensei ser Jeremih. Era apenas Jason.
— E aí. — Jason olhou para mim e nos cumprimentamos com um aperto de mão enquanto dávamos um rápido abraço. — Como está?
— Está melhor. Em uma hora ela recebe alta.
— Mas já? — Murmurei e Jason deu de ombros. — Quem está lá com ela agora?
Jason e Asher se entreolharam visivelmente receosos e eu arqueei a sombrancelha, sem entender o que estava acontecendo.
— O que foi?
— .....Vince está com ela.
— Ah. — Suspirei. — Faz muito tempo que ele está aí? Ele deveria estar trabalhando. Não é?
— Piper Snacks fechou hoje de manhã, Drew. — Asher esclareceu, chateado.
Eu estava surpreso. Sabia que Piper Snacks estava com uma falta considerável de clientes, mas não imaginava a proporção disso.
— Ariel já sabe?
— Já.
Assenti. Suspirei ao ver Ariel rindo para Vince, pela pequena janelinha de vídeo que havia na porta de cada quarto. Asher e Jason voltaram a conversar como se nada tivesse acontecido, mas eu só conseguia me imaginar expulsando Vince de lá para eu conseguir ficar cinco minutos sozinho com Ariel.
Meia hora depois, tia Aurora chegou. Senti alívio quando ela pediu para Vince se retirar — com todo o glamour possível. Tal mãe, tal filha.
Assim que eu entrei no quarto e vi Ariel, meu coração se apertou. Sua boca e sobrancelha estavam com um corte, seu olho era preenchido por um leve roxo, assim como seus braços e pernas.
— Como você está? — minha mãe questionou, fazendo carinho em sua perna.
— Estou melhor. — Ela respondeu simples. A garota estava sorridente, nem parecia que quase havia sido espancada até a morte.
Aurora foi chegando perto de Ariel delicadamente, como se qualquer movimento que ela fizesse, poderia quebrar a sua bonequinha de cristal.
— Filha... Eu decidi que você só irá poder sair novamente... se fizer aulas de defesa pessoal. — Aurora estabeleceu. — Pelo menos, se quiser sair à noite, terá que saber se defender.
— O Piper fechou, mãe. Não tenho como pagar.
Como se a família Burkhardt tivesse algum problema de pagar algo.
— Eu posso ser seu professor. — As palavras saíram da minha boca como se fossem balas saindo de um revólver. Mamãe me olhou surpresa, assim como Ariel.
— Você terá tempo com a faculdade e o trabalho, querido? — Aurora questionou.
— Eu não faço faculdade, sou lutador.
Minha mãe prendeu a respiração. Ariel arregalou os olhos. Asher riu de desespero. E Jason... Jason não entendeu nada do que estava acontecendo.
— Faz mais de dois anos que eu tranquei a faculdade. — Concluí. — Eu sou a melhor pessoa para ensinar Ariel.
Liz me olhava decepcionada, evidentemente. Mas, naquele momento, eu não liguei para as consequências. Só queria que Ariel não corresse mais perigos.
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