CHAPTER 19. lady in red

19. DAMA DE VERMELHO

🥊 DREW

Ela estava exuberante naquele vestido de seda. Era estranho falar que alguém poderia ficar bonito usando vermelho pois, particularmente, não gostava da cor. Mas ela... vermelho era a sua cor.

O vestido longo de alcinhas finas e um decote generoso destacavam sua cintura e busto. Mas a minha parte favorita era o racho do lado direito, que se estendia até sua coxa e deixava sua bela perna à mostra.

Seu cabelo escuro estava solto e os fios ondulados caiam perfeitamente um pouco abaixo de seu ombro. Batom vermelho, unhas vermelhas e vestido vermelho. Definitivamente essa era a sua cor.

— No que está pensando? — Questionou curiosa, jogando seus braços finos em volta de meu pescoço. — Está pensando demais ultimamente.

— Você acha? — Soltei um leve suspiro ao sentir seus lábios encostarem na minha pele.

Seus dedos brincavam com os fios do meu cabelo enquanto os lábios iam chegando perto dos meus. Ela não precisava de muito para conseguir ser provocante.

— Eu faço parte deles? — Ah, com certeza fazia.

— O que te faz pensar isso?

— Eu estou nos seus sonhos. Seu subconsciente sabe que me quer. — Sorriu, se afastando e ficando poucos metros longe de mim. — Estou enganada? Sou sua dama de vermelho.

Sua mão foi escorregando por seu corpo lentamente, deixando-me completamente sem ar.

Ariel aproximou-me de mim e depositou um beijo em meus lábios, esperando a continuidade.

— Você não pode estar no meu subconsciente a esse ponto.

— Será?

Ela deu um último sorriso e se virou, sumindo na escuridão sem olhar para trás.

Senti meu pescoço suando ao abrir os olhos. Me descontentei ao ver o que tinha embaixo do edredom. Me certifiquei se Diana continuava dormindo e suspirei aliviado ao notar seu sono profundo.

Eram nove da manhã quando levantei-me sem nenhuma consequência do sonho. Imaginar Ariel vestida daquele jeito me fazia surtar. Só não sabia se era de raiva ou algo nem tão... parecido.

Preparei o café da manhã e optei por não chamar Diana. Ela costumava ficar um pouco mau humorada quando não acordava sozinha, em pleno sábado.

O que mais me assustava era que eu sentia o desejo de beijar Ariel. Na sua festa de dezoito anos era o que eu mais queria. Não sentia tanto desejo por Diana como eu sentia por Ariel e me sentia cada vez mais repugnante.

Assustei-me ao sentir o beijo molhado de Diana na minha bochecha. Sorri amarelo e ela sentou-se na mesa, iniciando seu café/almoço.

— Vamos buscar Asher ou ele vai sozinho?

— Por que buscaríamos Asher?

— A apresentação da Ariel, amor. — Diana esclareceu e meu coração acelerou, me deixando um bom tempo mudo. — Prometemos para ela, Andy.

— Tudo bem, não falei nada.

Mas eu queria falar muitas coisas.

— Tudo bem, ela reservou um lugar legal pra gente!

Diana adorava esse tipo de programa. Teatro, cantoria, dança, filmes... era o que ela mais gostava de assistir. Mas eu não. Porém, às vezes era necessário sacrificar seus gostos para ver alguém feliz. O problema é que eu não sabia se iria me sacrificar por Diana ou por Ariel.

A tarde passou lentamente. Confesso que meu pensamento não saía do sonho que tive mais cedo. Eu parecia culpado e Diana parecia que jogava verde como se soubesse o que acontecia dentro do meu subconsciente. Só que eu estava sendo completamente paranóico.

No final da tarde Diana ainda não havia voltado do passeio com as amigas da faculdade. Austin ocupava o lado esquerdo do sofá, completamente jogado, e Zach estava sentado no tapete felpudo que minha namorada havia insistido em colocar no meio da sala. Talvez fosse impressão minha, mas a cor clara do tapete fazia com que as pessoas se tornassem ainda mais desastradas quando chegavam perto.

Austin ainda estava com seu uniforme típico. Às vezes ele cochilava, mas os berros de felicidade, que se estendia pelo apartamento, faziam ele acordar rapidamente.

— Por que você não vai pra casa dormir? — Zach murmurou e eu olhei para Austin esperando sua resposta, mas ele havia cochilado novamente. — Meu Deus.

Na décima vez que Zach pediu por revanche, eu desisti de ganhar. Ele era muito competitivo e se irritava fácil quando errava algum golpe no Mortal Kombat, deixando seu personagem indefeso, ao respirar fundo buscando por paciência. Essa era a minha deixa para desferir vários socos no meu oponente. Extremamente fácil ganhar do mais novo.

— Olá rapazes. — Diana sorriu ao entrar no apartamento, cheia de sacolas na mão. — Os cavalheiros não irão me ajudar com as compras?

Eu e Zach nos levantamos rapidamente e pegamos três sacolas cada, colocando em cima da bancada. O garoto olhou surpreso para a loira, que tirava sua jaqueta jeans.

— O que foi?

— Você compra muitas roupas.

— Eu tenho dinheiro para isso acontecer. — Diana piscou para Zach e sumiu no corredor, provavelmente para começar se arrumar para o tal show de talentos da escola de Asher.

— Ela é muito consumista. — A voz rouca de Austin nos assustou. Seus olhos estavam inchados e o cabelo totalmente desalinhado. — Mulheres.

— Semana passada ela comprou uma prateleira nova para pôr as bolsas. Já temos três. — Bufei. — Acho que se tiver cinco camisetas minhas no guarda-roupa já é muito.

— Forças guerreiro. Foi a sua ideia trazer ela para morar aqui.

Após revirar os olhos e me despedir deles, esperei Diana sair do banho para eu ter a chance de me arrumar. Eu sabia que ela iria demorar um século, como sempre fazia. O defeito de Diana era o fato dela ser extremamente vaidosa e consumista. Demorou bons meses de namoro para eu ver a loira de cara limpa e com alguma roupa que não tivesse acabado de sair da capa de uma revista de moda. Às vezes era estressante sair com Diana.

Após ela liberar o banheiro, liguei o chuveiro e senti as gotas quentes de água cair sobre meu cabelo. As quedas de temperatura estavam predominando o outono. Não que eu estivesse reclamando, a temperatura gelada era a minha parte favorita das estações. Muito melhor para treinar e dormir.

Diana ainda estava se maquiando quando terminei de me arrumar. No momento em que coloquei a jaqueta jeans verde por cima da camiseta escura, a mulher sorriu para o reflexo em sua frente. Ela era muito bonita, não dava para negar.

— Podemos ir!

Suspirei aliviado ao ver Diana amarrando o laço do salto alto e organizando sua bolsa. Era a minha parte favorita quando íamos sair: o momento em que Diana finalmente ficava pronta.

Talvez fosse porque eu odiava ficar sentado assistindo algo que eu fui obrigado, mas aquele pessoal no palco estavam desprovidos de algo muito importante... talento.

Tia Aurora e Diana conversaram animadamente sobre as roupas dos participantes. Asher estava ao lado de Jason, o garoto de Daly City que conhecemos quando fomos para um final de semana em Barkeley. Meu irmão mais novo lançava olhares discretos para Margot, mas ela estava muito concentrada para perceber algo.

Dei graças a Deus quando a apresentação de flauta acabou. Pelo jeito eu era o único que estava praticamente dormindo em meu assento. Diana me dava leves tapas no ombro para ver se eu ficava mais ativo, só que eu ia escorregando na cadeira novamente, pronto para uma soneca.

— Agora é a minha menina. — Tia Aurora estava extremamente orgulhosa da filha. Era perceptível há quilômetros de distância. — Ela fica tão bem de vermelho.

Coincidentemente, Ariel usava a mesma cor que usara em meu sonho. Aquilo me deixou ainda mais perturbado.

Mas dessa vez Ariel não estava provocante num vestido justo. Ela usava uma saia e jaqueta de couro igualmente vermelhas, uma camiseta e botas pretas. Seu cabelo estava escorrido e suas unhas não estavam vermelhas, apenas seus lábios. Ela estava linda.

Ajeitei-me na cadeira e esperei que sua apresentação começasse. Ao lado dela estava o mesmo cara que eu via no Piper Snacks. Vince Shaw, se não me falha a memória.

Trampoline começou a tocar e os dois deram as mãos, iniciando um dueto. A voz de Ariel era doce e gostosa de se ouvir. Mas em minha opinião extremamente particular e inútil, não combinava com a voz de Vince.

— Os dois tem muita química, né? — Diana comentou, impressionada com a performance de ambos.

— Você acha? Parece meio forçada para mim.

Ariel estava radiante. Parecia muito confortável com a multidão encarando-a. Ela não se importava com toda atenção concentrada nela. Ariel gostava de ser o centro.

— Ela é uma dama de vermelho. — Prendi o ar quando ouvi o que havia acabado de sair da minha boca.

Olhei para Diana e senti o alívio percorrer minha espinha quando notei sua concentração no palco.
Senti um desconforto no peito ao ver a aproximação de Ariel e Vince. O garoto tinha sua mão acariciando a bochecha da morena enquanto ela cantava a última parte da música. Era muita aproximação para o meu gosto.

— Que romântico! — Fechei os olhos quando ouvi as palmas do público. A apresentação havia sido fechada com chave de ouro por um beijo protagonizado pelos dois. — Está tudo bem, Andy?

Não.

— Sim, por que não estaria?

Diana assentiu e voltou a bater palmas. No final do show, Ariel e Vince receberem o primeiro lugar. A garota carregava um buquê de flores enorme enquanto ele carregava o pequeno troféu.

— Podemos ir para casa? — Questionei.

— Agora? Nem parabenizamos a Ariel.

— Estou um pouco ruim do estômago.

A loira se deu por vencida e concordou, dando um breve aceno para Ariel. Nos dirigimos em direção ao estacionamento e minha mente prendeu-se no beijo tão caloroso da dupla.

O caminho inteiro até o apartamento foi silencioso. Nem a música preenchia o silêncio. No momento que tentei colocar uma música, Diana diminuiu o volume. Aquilo estava incomodando.

— O que há com você? — Indaguei assim que tranquei a porta atrás de mim.

— Preciso que você seja sincero comigo, Andrew.

— Tudo bem, fala.

Diana respirou fundo, sentou-se no sofá e levantou-se logo em seguida, totalmente agitada.

— O que você sente por Ariel? — A pergunta havia me acertado totalmente desprevenido. Por um instante eu pensei que era uma brincadeira, mas a expressão séria de Diana afastou esse pensamento de mim. — Você gosta dela, não é?

— Da onde você tirou isso, D?

— Não minta para mim, Andrew. Eu vejo como você olha para ela. — Resmungou. — Eu vi o seu desconforto durante o beijo.

— É um instinto de proteção, amor. Conheço ela desde que éramos pequenos. É desconfortável ver ela beijando, sim. Para mim ela continua com oito anos.

— Mas agora ela tem dezoito anos, Andrew. Ela cresceu e você percebeu muito bem isso. Diz pra mim, confesse a verdade.

— Não tem nada que confessar.

— Eu venho observando vocês dois. Sei que se sente muito mais confortável com ela do que comigo.

— Você está criando coisa onde não existe.

— Sabemos que nossa relação caiu da rotina. Você não me vê mais como alguém que quer ter filhos. Eu sou apenas sua melhor amiga.

— Não diga isso. Eu te amo.

— Eu sei que me ama, mas não do jeito que eu te amo. — Lágrimas borravam sua maquiagem que levou horas para finalizar. — Acabou, Andy. Eu sinto muito.

— Diana...

— Pare de me enganar. Pare de se enganar.

Dito isso, Diana sumiu do meu campo de visão. Aquilo parecia tão surreal, mas ao mesmo tempo me trazia tranquilidade.

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