CHAPTER 17. birthween party

17. FESTA DE ANIVERWEEN

Sábado, 31 de outubro, Halloween e meu aniversário.

Eu estava tão animada que havia acordado antes mesmo do despertador tocar. Era o meu dia favorito do ano, os dezoito anos finalmente haviam chegado. Seria mais um dia de vida ou menos um dia de vida?

Isso não importava naquele momento. No momento que minha mãe entrou no quarto eu já usava meu macacão pronta para sairmos e tomar café, como combinamos na semana anterior. Eu não estava me gabando e nem nada disso, mas eu sabia que a escola inteira já falava da minha festa.

O fato de ser no Halloween poderia incomodar muita gente, mas eu não. Além de ser sempre festa fantasia — um tema que eu adoro — poderia assustar crianças quando viessem pedir doces ou travessuras. Eu havia planejado esse dia com todos os detalhes, nada iria estragar.

A não ser que Vince Shaw aparecesse no mesmo restaurante que nós, pronto para jogar na minha cara que eu havia o deixado sozinho da Arena. Era algo que ele vinha fazendo em todos os ensaios das líderes de torcida.

Quando notei que Vince estava vindo em minha direção, caminhei mais rápido para o banheiro. Era óbvio que não iria funcionar já que as pernas de Vince eram maiores e, consequentemente, seus passos mais longos.

— Ariel, não fuja de mim. — Vince segurava meu braço com delicadeza. Respirei fundo e me desvincilhei de seu toque. — Queria pedir desculpas.

— Tudo bem, desculpado.

— É sério, Ariel. Eu fui um babaca essa semana, você sabe que eu não sou assim. — Desisti de entrar no banheiro e virei-me para o mais alto.

Vince estava com as mãos no bolso da bermuda, com uma carinha de cachorro que havia acabado de cair da mudança. Seus olhos eram expressivos, dava para notar que o garoto estava arrependido.

— Está bem, Vince. — Respondi e percebi seus músculos relaxarem. — Nós dois erramos.

— Eu estava com saudades, Ari. — Sorriu me abraçando. Inalei seu perfume forte e sorri. Apesar de tudo, Vince era um grande amigo e havia feito falta naquela semana. — Feliz aniversário, aliás.

— Aniverween. — Corrigi e ele gargalhou. — Te vejo na festa?

— Não perderia por nada.

Após observar Vince se afastar e arrumar meu cabelo no banheiro, voltei para a mesa. O café já havia chegado, mas mamãe me esperava para iniciar. Seus olhos estavam vidrados no celular, como uma adolescente que ouvia uma fofoca bombástica.

— O que tanto prende sua atenção nesse celular, Aurora Burkhardt?

— Liz estava me contando sobre seu encontro de ontem. Um mecânico garanhão.

— Mecânico garanhão? Como faço para desouvir isso?

— Primeiro: ele é um gato. Segundo: desouvir? É sério?

Dei de ombros e comecei a comer. A manhã foi gostosa. O vento fresco entrava pelas janelas do restaurante que ficava na beira-mar. Era uma comida maravilhosa com uma vista melhor ainda.

Depois de caminhar na areia e bater várias fotos, decidimos voltar para casa. Tia Liz já esperava por minha mãe quando chegamos. Sua pose de CEO era inigualável.

— Parabéns, querida. — Sorriu, depositando um beijo estalado na minha bochecha. — Aqui está o seu presente.

Peguei a caixa embrulhada de sua mão e sorri ao ver um óculos de sol hexagonal. A armação era dourada e as lentes escuras com o símbolo da Gucci na ponta da armação. Abracei Tia Liz animada e ela gargalhou, retribuindo o meu abraço caloroso.

— Gucci? É sério? — Mamãe revirou os olhos e Liz sorriu, dando de ombros. — Você mima demais essa garota!

— Não mimo. Apenas dou coisas que daria para a minha filha. E já que eu tenho dois marmanjos em casa... só me resta a filha dos outros. — Piscou para mim, como duas melhores amigas e confidentes. — Divirta-se muito, querida! Você merece.

Ao me despedir de mamãe e tia Liz — que iam passar o feriado numa casa de praia — corri para meu quarto. Por coincidência, Margot me ligava pelo notebook. Sentei-me rapidamente e aceitei a chamada, colocando o óculos de frente para a câmera.

Um óculos? Que inveja!

— É um óculos original Gucci! — Murmurei e Margot fingiu surpresa, batendo palminhas. — Você é uma fingida.

Só não sei o que significa. Mas se você está feliz, eu estou feliz. — Mostrou o seu sorriso mais forçado. — Qual é a sua fantasia?

— A gloriosa Lara Croft. E você?

Ainda não me decidi. Mas provavelmente vou ser a Chapéuzinho Vermelho.

Chapeuzinho Vermelho era o conto favorito de Margot. E além de tudo, ela adorava dizer que vermelho caía muito bem com o seu tom de pele.

Será que o amigo gostosão do Andrew vai ir? — Sorriu animada. — Espero que vá. Ele é tão...

— Gostosão?

Sim!

Ver Margot suspirar por um homem era algo muito... surreal. Margot suspirava por carburadores, rodas cromadas, bancos de couro e não por... homens.

— Talvez ele venha. — Dei de ombros. — Amiga, tenho que ir. Asher chegou.

A garota do outro lado da tela revirou os olhos e assentiu. Dei um tchauzinho rápido e desci as escadas ainda mais rápido. Asher apertava a campainha freneticamente, como se estivesse fugindo de alguém e precisasse urgentemente entrar em algum lugar para poder se esconder.

— Você sabia que dezoito anos não é a idade que perde a audição? — Resmunguei, assim que abri a porta.

Fui surpreendida por um abraço caloroso e forte, praticamente me deixando sem oxigênio. Asher fez com que meus pés saíssem do chão e girou-me repetidas vezes.

— Feliz aniverween! — Disse eufórico, assim que me soltou. — Esse é o seu presente!

Asher apontou para a porta novamente e logo uma figura masculina, loira e alta apareceu em meu campo de visão. Jason carregava um sorriso entusiasmado e um olhar vibrante. Meu coração se encheu de felicidade e eu praticamente pulei em seu abraço.

— Nossa, a minha recepção não foi tão alegre assim. — Asher reclamou.

— Nem acredito que está aqui! Você está tão... lindo!

— E você está tão... velha! — Brincou e eu ri, dando um soco em seu ombro. — Seu presente, abra.

Peguei a sacola e tirei o laço que lacrava o embrulho. Uma nécessaire transparente carregava vários tipos de cremes, adesivos e coisas que não conseguia distinguir o que era. Mais no fundo da bolsa havia uma caixa com uma esponja elétrica de limpeza facial.

— Você deu um vibrador pra ela, cara? — Asher perguntou chocado e Jason gargalhou, negando com a cabeça.

— Minha mãe falou que você ia gostar. Eu não sei muito bem o que mulheres gostam de ganhar... gostou? — Dava para notar a vergonha no seu tom de voz.

— Eu adorei, Jason! É tão cheio de frufru!

— Alguém pode me explicar o que é isso? — Os olhos de Asher estavam vidrados no aparelho que vibrava em sua mão. — Tia Aurora vai ficar brava com você, Jason.

— Isso é uma esponja de limpeza facial, mané. — Peguei o aparelho de sua mão e Asher fez careta. — E isso é um kit spa day. Vê se não é a coisa mais perfeita do mundo?

— Forever 21... — O mais novo leu na caixa. — Irmão, você não faz estágio numa livraria? Como tem dinheiro pra comprar esse tipo de coisa?

— Se chama economia, Ash. — Jason revirou os olhos e Asher deu de ombros, oferecendo a sua caixa.

— É a minha vez de dar o seu presente.

Reuni toda a minha coragem para abrir o presente, afinal, era de Asher que estávamos falando. A qualquer momento poderia sair uma cobra daquele embrulho, o que eu não duvidava nada.

— Sem medo, Ari.

Rasguei o papel e abri a caixa. Tirei tudo que tampava o presente e sorri nasalado ao ver o que estava dentro. Uma t-shirt azul claro tinha uma foto minha e de Asher bordada da parte esquerda da camiseta. O garoto levantou seu moletom e pude perceber que ele também usava a mesma camiseta, só que num tamanho maior.

— Eu que fiz. — Comentou orgulhoso. — Você disse que adorava lembrar desse dia. Quis eternizar de alguma maneira.

Eu já estava emocionada. Asher envolveu-me em um abraço aconchegante e depositou um beijo no topo da minha cabeça.

— Agora sim recebi um abraço digno.

A festa já havia começado lá embaixo. Asher e Jason haviam terminado os preparativos enquanto eu me arrumava e acabou que os dois começaram a fazer a recepção dos convidados também.

Olhei-me no espelho pela última vez e sorri satisfeita. Meu cabelo estava arrumado numa trança lateral e minha boca marcada com o batom vermelho — apesar de não fazer parte da fantasia.
Eu usava uma regata esverdeada que ia até o meu umbigo e um short curto e preto de cintura média. Usava um coldre duplo nas duas coxas, que seguravam as armas de brinquedo que eu havia comprado junto com a fantasia.

Passei o perfume e suspirei, descendo os degraus e encontrando as pessoas animadas em minha casa.

— Essa festa está incrível e acabou de começar! — Lola berrou ao meu lado, claramente tonta. — Tem problema se eu pegar um dos seus presentes?

— É óbvio que tem.

— Ah, nem queria mesmo.

De longe eu já avistava Asher e Jason, fantasiados de militar e jardineiro sexy, respectivamente. Os dois conversavam com os amigos de Andrew. Zach e Austin, se não me falha a memória. Zach se vestia de policial e Austin de lutador.

— Olá meninos! — Cumprimentei.

— Você está uma gata! — Asher abraçou-me de lado. — Essa é a minha garota!

— Feliz aniverween, Ari. Já colocamos seu presente lá. — Austin desejou e eu sorri agradecida, olhando para a pilha de presentes que Asher havia organizado.

— Aproveitem a festa, rapazes.

Comecei a caminhar pela festa conferindo se estava tudo no seus conformes.

Adolescentes bêbados, check.
Adolescentes fantasiados, check.
Adolescentes que eu não fazia nem ideia de quem eram, check.

Estava tudo muito bem organizado.

De longe pude ver Andrew e Diana entrando na casa. Diana vestia-se de anjinho, enquanto Andrew era o diabo. Ele não parecia muito feliz com a escolha.

— Ei, te achei! Finalmente! — Vince sorriu. — Queria te dar o presente pessoalmente, mas acabei deixando lá com os outros.

— Tudo bem. Está curtindo a festa?

— Agora que eu vi você vestida de Lara Croft estou curtindo ainda mais. — Respondeu malicioso. — Quer fazer alguma coisa depois da festa?

— Eu adoraria, mas um amigo irá dormir aqui.

— É o jardineiro sexy perto da caixa de som? — Questionou e eu assenti. Vince tentou esconder a expressão de poucos amigos, mas falhou miseravelmente. — Tudo bem, feliz aniverween.

— Obrigada, Vince.

Horas depois eu estava destruída. Já se passavam das duas da manhã e ninguém havia ido embora ainda. O energético parecia estar fazendo efeito.

Por outro lado, Lola já estava caída no chão do quarto da minha mãe e Cassie tentava fazer ela se recompor. Pela demora, não estava funcionando.

Asher estava sentado ao meu lado, com a cabeça encostada em meu ombro. Sua respiração era ofegante, como se tivesse dançado sete músicas seguidas.

Eu precisava de um pouco de calma. Por ter esquecido de chavear meu quarto antes de descer, aquele lugar não era um dos melhores para relaxar. Quando notei Cassie e Lola descendo as escadas, lembrei que o quarto da minha mãe estaria livre naquele momento. Corri antes que mais alguém entrasse.

Senti a brisa gelada bater contra meu rosto assim que abri a porta que dava acesso à sacada. A música continuava muito alta, mas aqui de cima não era tanto quando lá embaixo.

Estava num transe tão bom que nem havia notado quando Andrew parou ao meu lado e ficou me observando até eu perceber sua presença.

— Cansou da sua própria festa? — Questionou e eu ri nasalado, dando de ombros. — Você está linda de Lara Croft. Mas não lembro dela usando batom vermelho.

— Isso já é coisa minha.

Andrew sorriu sem mostrar os dentes e se debruçou contra a grade. A noite estava linda e algumas pessoas ainda passeavam na rua.

— Como estão seus machucados?

— Estão melhores, graças a minha médica particular.

Meu Deus, Andrew parecia ainda mais lindo perante a lua. Seus olhos, apesar de mais escuros, estavam vibrantes. A vontade de beijar sua boca era incrivelmente forte, mas eu jamais me colocaria nessa situação.

Senti sua mão esquentar a minha e virei-me para ele. Seu rosto estava tão próximo do meu que eu poderia sentir a sua respiração. O hálito fraco de energético misturado com alguma bala me fazia querer cair em tentação ainda mais.

Senti que eu estava me aproximando. E o pior: senti que Andrew queria o mesmo que eu. O que eu estava fazendo?

Antes de qualquer coisa acontecer, fomos interrompidos por um casal entrando no quarto aos amassos. Me distanciei de Andrew rapidamente e saí do cômodo, deixando-o sozinho e minha mente cheia.

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