CHAPTER 15. serene and fraternal look
15. OLHAR SERENO E FRATERNO
A luz do sol refletia na água transparente da piscina. Meus dedos dedilhavam nas cordas do violão preto em meu colo, formando uma melodia qualquer. Meus pensamentos estavam longe.
Havia mandado uma mensagem me desculpando para Vince. Ele não havia respondido e eu não mandaria mais nenhuma. Era escolha do garoto me responder ou não.
Além de tudo, era óbvio que Vince estava me evitando. Ele não havia nem ido à praia, coisa que nunca faltava. Mesmo que eu estivesse errada, não perderia meu tempo enviando milhões de mensagens para alguém que ainda está de cabeça quente.
— No que está pensando minha menina? — Mamãe me olhava carinhosa, segurando seus sapatos de salto alto com as pontas dos dedos.
— Nada demais. — Sorri, tentando driblar o reflexo do sol em meus olhos. — Como foi seu encontro ontem?
— Não foi o que eu esperava. Acho que não vale a pena me relacionar agora. — Murmurou decepcionada. — E como foi a luta?
Pensei por alguns instantes, achando algum jeito de responder essa pergunta sem dizer algo que pudesse prejudicar Andrew.
— Não foi o que eu esperava.
Aurora gargalhou e deitou sua cabeça em meu ombro, dando um longo suspiro.
No começo da noite, Asher e Liz vieram jantar conosco. Asher permaneceu em silêncio o jantar inteiro como se temesse algo que saísse de minha boca. O segredo não era dele, mas ele tinha medo da mesma forma.
Quando nossas mães saíram e nos deixaram sozinhos para limpar a cozinha e fazer o que elas sempre faziam — tomar uma ou cinco garrafas de vinho na sacada — Asher continuou em silêncio. No começo da noite eu estava achando graça, mas naquela altura do campeonato já me deixava incomodada.
— Como o Andrew está? — Asher olhou para trás assustado, conferindo se não havia ninguém nos ouvindo. — Dá pra você relaxar um pouco?
— Desculpa. Guardar um segredo é tenso. — Bufou. Eu estava impressionada, afinal, Asher era um fofoqueiro nato. — Ele está bem. Ainda sente dores, mas Diana está tomando conta dele.
O fato de Diana estar cuidando dele me aborrecia. Eu queria cuidar de Andrew.
— Pediu também para agradecer o café da manhã. O café esquisito da manhã. — Fez cara de nojo, despertando-me uma gargalhada. — Sábado já é o seu aniversário. Animada?
— Só se faz dezoito uma vez. — Asher revirou os olhos com a piada manjada. — Os convites foram enviados ontem por correio. Espero que essa festa saia perfeita.
— Tia Aurora vai estar na festa?
— Não. Vamos tomar café da manhã juntas e depois eu voltarei para casa organizar tudo. — expliquei e ele assentiu, animado. — O que foi?
— Você é uma das pessoas mais populares da escola. Até os universitários vão vir.
— Asher, além de ser meu aniversário também é o Halloween. É óbvio que os universitários vão vir. — Dei de ombros convencida.
— Até o bonitão de Barkeley? Qual o nome mesmo? Justin?
— Jason. E sim, ele com certeza virá.
Asher me olhou sapeca e eu franzi as sobrancelhas, sem entender o que ele queria dizer. O garoto permaneceu em silêncio, enquanto secava os pratos e guardava em seu devido lugar.
— Você pode me dizer o porquê dessa sua cara de quem vai algo?
— Jason e Vince. No mesmo lugar. Os dois querem você, os dois vão competir por sua atenção e eu aposto... — Fez uma pausa dramática, deixando-me ainda mais curiosa. — que não vai ser para eles que a senhorita dará atenção.
— O que você quer dizer com isso, pirralho?
— Pelo amor de Deus, Ariel! Você teve um sonho erótico com o meu irmão, fez café da manhã para ele, abandonou o Vince para cuidar dele. Não ache que eu sou idiota. Sou uma velha fofoqueira, observo tudo.
E era verdade.
Asher Hawk sempre estava na hora e no lugar errado — ou certo, depende do ponto de vista — no exato momento que algo interessante acontecia.
Aluno acusado de vender drogas no ginásio? Asher estava matando aula embaixo das arquibancadas.
Professores transando na sala de música? Lá estava ele, dentro do piano se escondendo dos valentões do ensino médio.
Assédio contra uma aluna do primeiro ano? Asher estava escondido na ventilação para não precisar fazer uma prova. Ele caiu em cima do garoto do terceiro ano. O coitado ficou dois meses no hospital.
Asher tinha um ímã para confusões. E eu não podia reclamar. Sempre tinha uma fofoca nova para ouvir.
— Eu não sei do que você está falando. — Dei de ombros, tentando escapar das acusações. — Andrew é apenas um amigo de infância. Além do mais, ele tem uma namorada de longa data.
— Amigo, Ari? É sério? — Bufou. — Deixa eu repetir uma coisa: você teve um sonho erótico com o meu irmão.
Asher era realmente um pé no saco.
— Eu te amo muito, mas se não calar a boca eu te afogo nessa pia. — Ele levantou as mãos em forma de rendição e ficou calado, me deixando completamente perdida em meus pensamentos.
Na manhã seguinte eu acordei sentindo uma imensa dor em meus ombros, costas e pescoço. Ao tirar a mão de Asher de cima da minha barriga e sentir meu ombro latejar, ouço gemidos e vejo o garoto abrindo os olhos e resmungo palavrões por ter sido acordado abruptamente.
— Que horas são?
Era segunda, tinha aula e eu havia me esquecido totalmente.
Faltava sete minutos para o sino bater e eu ainda estava em minha casa, completamente descabelada e com um bafo de onça.
Ao ouvir passos, observei minha mãe e Tia Liz descendo as escadas, elegantes e poderosas. As duas conversavam animadas e andavam sobre o salto alto como se estivessem andando com um tênis esportivo e super confortável.
— Por que não acordaram a gente? — Asher questionou fingindo frustração. Era óbvio que ele não estava nem aí. — Perdemos o nosso ônibus!
— Tudo bem, podem ir com o meu carro. — Mamãe jogou as chaves em minha direção e eu a olhei desconfiada, querendo descobrir o que estava rolando.
— Mas e você? Como vai trabalhar?
— Trabalhar? Querida, somos as chefes!
— Nós fazemos o nosso horário. — Mamãe completou a frase de tia Liz e lançou um sorriso confidente para a melhor amiga. — Não sei que horas voltamos, então divirtam-se e não quebrem nada. Mas vão para a escola.
Foi a minha vez de lançar um sorriso confidente para Asher. Começamos correr em direção ao banheiro, nos esbarrando e empurrando para tirar o outro do caminho. Asher acabou vencendo por duas coisas: sua força e velocidade.
Asher amava usar o meu banheiro por ser confortável e grande, além de ter um chuveiro "maravilhoso e potente". Portanto, tive que usar o banheiro social. O que era um saco.
Assim que terminei de escovar meu cabelo, voltei para o quarto e Asher já se encontrava em minha cama, pronto.
— Sai, preciso trocar de roupa. — Murmurei.
— Qual é, Ari? Eu já vi você de biquíni. O que tem? E não tem nada aí que eu já não tenha visto em outras mulheres. — Arqueei as sobrancelhas tentando assimilar o que o garoto havia falado. Sério isso?
Tudo bem, lingerie e biquíni eram tipo casamento gay e casamento hétero. Um é aceito e o outro não.
Tirei a toalha em volta do meu corpo e abri o guarda roupa, procurando algo bonito e confortável para vestir.
— O que você está fazendo, garota?! — Asher questionou assustado, fechando os olhos. — Eu só estava brincando, Ariel!
— Fica tranquilo, Ash. Você já me viu de biquíni. — Repeti as palavras do mais novo e ele bufou, desviando o olhar cada vez que eu o chamava.
Após vários resmungos de Asher dizendo sobre o quão estávamos atrasados, optei por vestir uma camiseta amarelo queimado, um short de lavagem clara e um all star da mesma cor da camiseta. Eu amava combinar meus tênis com a parte de cima do look. Talvez fosse a minha marca registrada.
Peguei meus óculos de sol e as chaves da BMW estacionada em minha garagem e aproveitei para tirar uma foto com Asher — que relutou o tempo todo. Adolescente era um bicho muito chato.
Enquanto estávamos na estrada cantando ao som de Chris Brown, me ocorreu uma ideia absolutamente... sem noção.
— Ash, onde seu irmão treina?
— Scorpion Academy, por quê?
— É muito longe?
— Uns quatro ou três quilômetros daqui. E de novo: por quê?
— Acho que vamos fazer uma visitinha para ele. — Sorri animada, enquanto Asher tinha um ponto de interrogação gigante no rosto.
Assim que eu coloquei o endereço no GPS e fiz o retorno, Asher se tocou. Ele me olhou confuso e eu sorri, dando de ombros. Hoje não teríamos prova e nem nada do tipo, então não faria mal cabular aula.
Quando cheguei no edifício, algumas pessoas saiam e entravam com uma bolsa grande no ombro. Eu não esperava que Andrew estivesse aqui, afinal, da última vez que eu vi ele o garoto estava um trapo.
O lugar era amplo e bem grande. Não tinham ninguém com menos de 15 anos aqui. Bom, era o que parecia pelo porte físico de cada um.
O mesmo homem que eu vi com Andrew na Arena estava aqui também, com os braços cruzados olhando para o ringue. Ao seu lado estava uma cabeleireira escura e desarrumada que eu reconheceria de longe.
— Vejo que não está em casa descansando. — Ao ouvir minha voz, Andrew virou-se rapidamente para mim. Sua expressão assustada se transformou em uma expressão relaxada assim que notou quem era.
— O que estão fazendo aqui? Vocês não deveriam estar na escola?
— Você deveria estar de repouso. Ninguém cumpre regras aqui. — Asher sorriu presunçoso para o irmão mais velho, que revirou os olhos e bufou.
— Você é a garota desaforada que invadiu o meu próprio camarim. — O homem careca se aproximou de nós.
Observando-o com mais atenção notava-se que ele tinha uma beleza realçada. Apesar das suas expressões de velhice perto dos olhos, ele não parecia nada cansado. Seu porte físico era muito melhor do que o meu e pelas poucas palavras que havíamos trocado já dava para notar seu sotaque britânico. Bom, não era de se admirar que ele fosse inglês por sua gentileza e hospitalidade.
— Ariel Burkhardt, muito prazer. — Ele franziu o cenho, como se tentasse lembrar de alguma coisa.
— Burkhardt?
— Você deve ter conhecido a mãe dela. Fizeram faculdade na mesma universidade. — Era como se algo houvesse se despertado em sua mente e ele assentiu, apertando a minha mão, finalmente.
— Claro, filha de Aurora Burkhardt. Não dá pra esquecer as maçãs do rosto que vocês duas têm. — Disse. Agora estava um pouco mais relaxada. — Mas o desaforo não puxou dela, com certeza. Do Jeremih talvez.
— Você conheceu ele?
— Tivemos nossos momentos juntos. Eu era um grande amigo do pai de Andrew e ele não curtia muito isso. Odiava o fato do melhor amigo querer lutar profissionalmente.
— É, Jeremih nunca foi muito fã desse tipo de coisa.
Antes que ele pudesse questionar qualquer coisa, os dois garotos que estavam no ringue pararam ao seu lado. Ambos tinham a respiração ofegante e carregavam uma garrafa enorme de água na mão.
— Olá bela moça, sou o Zach. Está pensando em treinar aqui?
— Ela é a garota que socorreu o Andrew no outro dia, idiota. — O garoto moreno, que parecia tão alto comparado ao treinador e tão baixo ao lado de Andrew, pronunciou-se dando um tapinha fraco na nuca de Zach. — Sou o Austin, sobrinho do Ray.
— Ariel.
Austin me lançou um olhar carinhoso. Não como o de Zach, que era amigável e ao mesmo tempo "predador". Austin mantinha um olhar sereno e fraterno, me deixando mais confortável lá.
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