CHAPTER 10. you will protect me, right Drew?

10. VOCÊ IRÁ ME PROTEGER, NÃO É DREW?

🥊 Drew

Hoje era sexta-feira e era dia de Ariel dormir em minha casa. Observava a garotinha de cabelos escuros olhando para as árvores que passavam rapidamente pelos seus olhos castanhos. Uma música do pen drive de tia Aurora tocava e deixava o ambiente confortável, mesmo ninguém estar conversando.

Quando Tia Aurora estacionou seu carro em minha casa, Ariel correu em disparada ao meu cachorro, que nos esperava com o rabo abanando. Assim que ele a viu, pulou em seu colo fazendo Ariel se desequilibrar e cair na grama, mas nada que machucasse.

Meu pai me esperava na porta com Asher em seu colo, enquanto o bebê passava a mão pela barba rala do mais velho.

— Oi, garotão. — Ele sorriu passando a mão por meu cabelo. — E olá, bela princesa.

Ariel sorriu e pulou para depositar um beijo na bochecha do meu pai e correu para dentro de casa, dando um abraço quente em minha mãe.

— Como foi a aula, crianças? — Tia Aurora questionou, sentando-se na mesa em que o café já estava posto.

— Eu não sou mais criança, tia! — Murmurei e ela levantou os braços em forma de rendição, fazendo com que meus pais rissem.

— Se já não é mais criança, não irá se importar de cuidar da Ari hoje, não é? — Perguntou e eu neguei rapidamente, animado com a idéia.

— É sempre um prazer cuidar da Pimentinha.

Ariel era como um furacão. Não para quieta sequer um segundo. Sempre queria brincar e eu ia atrás dela para qualquer lugar. Éramos uma ótima dupla.

Ari havia acabado de completar oito anos e dizia já estar grande o suficiente para assistir programas de lutas comigo e com meu pai. Ela adorava e sempre que podia, pegava meu celular e escapava para pesquisar no youtube. Era uma garotinha muito esperta.

Quando minha mãe colocou o bebê Asher para dormir e saiu com tia Aurora, meu pai pediu uma pizza imediatamente e ligou a televisão. Estávamos planejando de assistir Mercenários assim que Ariel completasse oito anos. Tia Aurora e minha mãe não poderiam nem sonhar que meu pai estava deixando nós dois assistir esse tipo de coisa.

— Tio Trey, hoje não vai ter filme da Barbie?

— Hoje você irá assistir algo muito melhor, Pequena Sereia. Só não conte para a sua mãe. — Os dois sorriram cúmplices e Ariel se ajeitou ao meu lado, aninhando-se em meu abraço.

— Você irá me proteger, né Drew?

— Sempre, Pimentinha.

Quando olhei novamente para a cachoeira e vi que Ariel não estava mais em meu campo de vista, eu me desesperei. Quando vi Jason vindo em minha direção junto com Asher, me desesperei mais ainda.

— Cadê ela? — Perguntei antes que os dois pudessem parar de caminhar.

— Viemos perguntar se vocês sabem onde ela está. — Asher respondeu simples.

— Ela falou para onde estava indo? — Diana questionou e Asher deu de ambos, olhando para Jason.

— Ela saiu da água pra pegar cerveja. Mas já faz quase quinze minutos. — Respondeu.

Se algo acontecesse com ela, Tia Aurora nunca mais olharia na minha cara. Querendo ou não, eu estava sendo responsável por Asher e Ariel.

Soltei a latinha de cerveja de Diana e subi em uma pedra alta que tinha, conseguindo uma visão mais ampla da cachoeira. Haviam muitas morenas de biquíni aqui, não seria tão fácil achá-la.

— Ela está lá! — Diana apontou para um lugar um pouco distante e eu pude ver Ariel brigando com um cara bem mais alto que ela. — Que cara babaca!

Diana começou a caminhar e logo eu, Asher e Jason começamos a segui-la. Estava pronto para separar aquele homem quando ele caiu no chão. Olhei assustado para Ariel e ela bufou, arrumando seu cabelo que ele havia desarrumado. O cara estava no chão se contorcendo, com as mãos em suas partes íntimas enquanto a garota proferia milhares de xingamentos.

— Que cara escroto! Vocês acreditam que ele começou a me assediar só porque eu não quis dar a última cerveja pra ele? — Ariel estava indignada. — Esses homens são palhaços demais.

— E não é? — Diana concordou com Ariel e eu fiz careta, olhando de lado para a minha namorada. — O que foi? Ariel tem total razão.

Revirei os olhos e dei de ombros. Não tinha nem como negar.

Quando já se passava da meia noite, Diana e eu fomos embora. Eu poderia ser considero como um velho para as festas. Não bebia e não ficava até tarde da noite nesse tipo de evento. Costumava dormir tarde apenas em dias de luta, já que sempre acabam tarde e depois rolava ou a Happy Party ou a Sad Party, como Zach gostava de chamar.

Quando chegamos, eu e Diana tomamos um banho e fomos direto dormir. Hoje o dia havia sido longo e eu queria acordar cedo para conseguir fazer uma trilha e chegar antes do almoço. 

— Tio Trey, o Drew vai ficar bem? — Ariel perguntou e eu sorri para ela, achando graça de sua preocupação.

— Foi só um cortezinho. Até casar passa. — Meu pai respondeu e ela suspirou, entregando um copo de água para mim. 

— Obrigado, Pimentinha.

Ela sorriu e sentou-se no chão. Papai ajeitou minhas luvas e posicionou-se no meio do ringue, esperando que eu desferisse outro chute. 

— Preste atenção na sua posição, Drew. — Disse. — Voce tem um chute forte, mas sua postura suga toda a ernegia, filho. 

Assenti e dei outro chute, recebendo um sorriso orgulhoso do meu pai. Ariel bateu palmas, mesmo não sabendo se eu tinha acertado ou errado. Ariel pegou minha toalha e jogou em minha direção, mas não fui rápido o suficiente para pegar, sendo assim, a toalha atingiu meu rosto.

Acordei a assustado e respirei fundo, como se eu estivesse trancando a respiração sem perceber. Olhei para Diana e a loira continuava dormindo, sem nem ter trocado de posição desde quando foi dormir. Ela sempre reclamava que eu roubava todo o cobertor dela. 

Levantei-me suavemente e saí do quarto, descendo as escadas e indo até a cozinha. Me assustei quando vi Ariel sentada no chão, comendo um pedaço de pizza. Ela ainda usava o short e a parte de cima do biquíni, me fazendo desconfiar se a morena havia chegado agora. 

— O que faz aqui? — Perguntei e ela me olhou assustada, com a boca cheia de molho. Isso me fez rir e ela se limpou rapidamente. — Chegou agora?

— Cheguei. — Sorriu sem mostrar os dentes. Sua boca estava cheia, então a situação ficava ainda mais engraçada. 

— Pode pegar a jarra de água para mim? — Pedi e ela largou o prato de pizza, desencostando-se da geladeira e me entregando a jarra. — Obrigado, Pimentinha. 

Ela sorriu e voltou a comer sua pizza. Assim que tomei a água, sentei-me no chão de frente para Ariel, que parecia estar muito faminta.

Observando ela com mais atenção, Ariel havia mudado muito mais do que eu pensei: parecia que seus olhos haviam escurecido ainda mais e seu corpo, obviamente, ficou mais robusto. Ariel continuava com as mesmas manias de quando tinha oito anos. Serelepe, sempre criava amizades facilmente e esbanjava sorrisos, totalmente diferente de mim. Éramos crianças opostas, que adoravam o mesmo filme e de ouvir histórias de terror embaixo do cobertor e apenas uma lanterna ligada. 

— Eu sonhei com mais uma lembrança do meu pai hoje. — Comentei, depois de muito silêncio. Ela me olhou pensativa e suspirou, deixando o prato de lado.

— E como foi?

— Estávamos no ringue. — Sorri com a lembrança. — Foi no dia que eu aprendi a dar chutes. 

Ela riu, parecendo lembrar do acontecido. 

O silêncio reinou novamente. Apenas a luz da lua, que adentrava pela janela da cozinha, iluminava o ambiente. O burulho do vento batendo nas folhas e os grilos cantando davam para ser ouvidos também.

— Você sente falta dele? — Questionei e ela me olhou, confusa. — Do Jeremih.

— Todos os dias. — Respirou fundo, olhando para cima e abraçando seus joelhos. — Acredita que ele nunca mais me ligou? Eu ainda tenho o número dele gravado na minha lista de chamadas.

— Eu ainda tenho o meu pai como contato de emergência. — Falei e Ariel riu anasalado, deixando transparecer sua tristeza. — Desculpa. 

— Por quê? 

— Por abandonar você. — Talvez eu pudesse estar enganado, mas sentia que Ariel esperava por esse pedido de desculpas há muito tempo.

Desde a nossa conversa na varanda, minha consciência pesou. Nunca havia pensado por esse lado. Nunca havia pensando estar abandonando ninguém. Ver Ariel saindo daquele jeito só me fez ter ainda mais lembranças da nossa infância feliz, antes da morte do meu pai. Talvez se ele não tivesse morrido tudo seria completamente diferente.

Ariel levantou e sentou-se ao meu lado, voltando a abraçar seus joelhos. Olhei para a morena e ela me olhou de volta, lançando um sorriso carinhoso. Vendo Ariel com o cabelo amarrado me fazia lembrar de dez anos atrás, época que ela vivia de vestidos fofos e de rabo de cavalo. Geralmente, com o rabo para o lado.

— Você lembra da vez em que eu caí na piscina? — Indagou e eu sorri, assentindo. — Foi o dia que eu mais tive medo. Na infância, claro.

— Eu estava ajudando meu pai no jardim e ouvi seus gritos. Nunca corri tanto. 

— Você poderia ter morrido. — Lamuriou. — Você estava embaixo do sol quente e do nada se jogou na água extremamente gelada.

— Valeria a pena, Pimentinha. — Suspirei e ela me olhou, deitando sua cabeça em meu ombro. — Você já me salvou tantas vezes.

— Eu sei. — Disse brincalhona e eu ri, sentindo seu perfume adentrar minhas narinas. 

Sua pele estava gélida e um pouco úmida. Sua respiração pegando eu meu peito nú fazia meus pêlos se arrepiarem e meu coração acelerar. Eu não estava gostando do que estava acontecendo.

— Eu vou dormir, Ariel. — Avisei, me levantando com delicadeza para não machucá-la. — Vá dormir você também.

— Não esqueça que você não é mais minha babá. — Piscou e eu ri, dando de ombros. — Boa noite, Drew.

Me aproximei de Ariel e segurei seu rosto, depositando um beijo demorado no topo de sua cabeça. Ela suspirou, levantou a cabeça e abriu os olhos lentamente, me dando a visão de sua íris aumentando. 

— Boa noite, Pimentinha.

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