Capítulo 2: verdades sejam ditas
No sábado de manhã, Jimin foi acordado com os gritos de sua mãe. Pela primeira vez em sua vida ele ouvia seus pais discutirem, e pelo visto a situação era bem complicada.
Ele não iria intervir, deixaria que eles se resolvessem, mas então ouviu seu nome ser citado e resolveu levantar ver o que estava acontecendo.
— Não me importa quem seja, ninguém vai tirar meu filho mim!
— Por que alguém faria isso mãe?
Assim que Jimin entrou na sala, sua mãe correu o abraçar enquanto chorava.
— O que aconteceu aqui? – o garoto não entendia o que estava acontecendo, seu pai estava com uma marca de tapa no rosto e sua mãe chegava a soluçar com o choro – alguém pode por favor me explicar.
— Filho... – o Sr. Park não sabia bem o que falar, era nítido seu nervosismo diante da situação – nós vamos dar um passeio mais tarde, só eu e você.
— Pra onde vamos?
— Surpresa.
— Tá bom, mas o que aconteceu? Por que estão discutindo?
A Sra. Park largou seu filho e olhou para o marido, eles se comunicavam com o olhar, era uma situação muito complicada e certamente contar para Jimin deixaria tudo pior.
— Problemas de negócios, apenas arrume sua mala, sim? Sairemos pelas onze da noite.
— Minha mala? Por que?
— Eu te explico no caminho.
Por mais que Jimin passasse o dia todo perguntando, seus pais evitavam falar sobre o assunto da discussão, muito menos falavam para onde seu pai o levaria.
Como não sabia o que esperar, fez a mala o mais diversificada possível, não queria ser surpreendido com alguma ocasião que não possuísse a roupa adequada.
Antes de sair, a Sra. Park foi lhe abraçar, ela chorava e apertava forte murmurando sobre sentir falta de seu filho.
— Mas mãe, eu não vou embora pra sempre, eu volto logo.
Com essas palavras a mulher começou a chorar mais, Jimin não entendia tanto desespero mas beijou o topo de sua cabeça e prometeu que voltaria em breve.
Já no caminho, Jimin via o centro da cidade se afastando, eles seguiram por uma estrada que levava ao interior, as árvores adquiriram a paisagem enquanto os prédios e casas ficavam para trás.
Durou meia hora de viagem até que eles parassem em uma fazenda. O Sr. Park ainda se negava a responder as perguntas do filho.
Uma idosa saiu da casa simples e foi até o carro, ela sorriu e entregou um cartão logo indo para o celeiro abrir a porta. O carro foi guiado para a estrutura, assim que entrou, a mulher fechou a porta e foi até as luzes, para a surpresa de Jimin uma entrada surgiu no chão, eles seguiram com o carro por ali até um estacionamento subterrâneo cheio de carros de luxo.
— Filho, acho que eu preciso te dar algumas respostas.
— Sim, você deve.
— Eu tive alguns problemas, sabe eu não sou a pessoa que você acha que sou, eu decepcionei minha família, na verdade não sou digno nem de te chamar de filho.
— Pai, tá tudo bem, a gente da um jeito juntos.
Assim que Jimin sorriu o coração de seu pai partiu em pedaços, pela primeira vez ele chorou. Ele chorou por perder uma das pessoas que mais amava, ele chorou por ver a bondade nos olhos daquele inocente que achava que conseguiria lhe ajudar, ele chorou pois sabia que seu filho iria ao inferno na terra e tudo era culpa sua.
— Eu fiz coisas muitos erradas Jimin, eu me arrependo disso, céus como me arrependo! Mas eu não posso escapar, eu tentei tirar vocês desse país para ficarem seguros mas não consegui.
— Do que você está falando?
— Eu não tenho coragem, só peço que não me odeie, pegue a mala e me siga.
Sem saber bem o que dizer, Jimin obedeceu. Eles foram até um elevador, havia um botão dourado nele e um espaço para cartão, o Sr. Park usou o que a idosa havia lhe entregue eles começaram a descer.
O som aumentava conforme o elevador descia, assim que as portas se abriram Jimin se viu em uma espécie de boate. As luzes avermelhadas tomavam conta do lugar, havia uma espécie de jaulas onde pessoas seminuas dançavam para os visitantes, em um canto havia uma espécie de leilão onde pessoas com coleiras eram mostradas como produtos, diversos homens de terno e gravata estavam por ali sendo servidos, não havia cadeiras apenas poltronas e sofás, Jimin já havia perdido a conta de quantos casais fazendo coisas obscenas ele avistou.
— O que é isso? – o garoto estava em choque, era informação demais para ele processar.
— Isso meu gatinho – uma voz fez os dois Parks se virarem, uma garota com os seios de fora, vestindo apenas uma saia curta demais, sorria enquanto segurava uma taça – é a melhor boate que você vai encontrar no país, Bangtan! Seja bem vindo. Aqui todos seus desejos podem se tornar realidade, não é mesmo Park?
— Vocês se conhecem?
— Claro! Quem você acha que me pagou isso aqui? – a mulher pegou nos seios balançando bem em frente ao rosto de Jimin – você é o que? A nova compra dele? Não sabia que ele gostava de gente jovem assim, mas se bem que você é um baita gostoso...
A mulher estendeu a mão para pegar nos braços de Jimin, mas o Sr. Park foi mais rápido segurando o pulso dela.
— Esse é meu filho, sugiro que fique longe dele.
— Trouxe o filhinho pra cá, é? Eu posso mostrar o lugar com o maior prazer pra ele.
— Eu vim falar com seu chefe, e ele odiaria saber que você encostou no meu filho.
Ao ouvir falar sobre seu chefe a mulher mudou sua postura, ela parecia incomodada e rapidamente se despediu e saiu.
— Quem era ela? Como ela te conhecia? Que lugar é esse? Me responda pai!
— Calma, vem comigo.
O Sr. Park levou o filho até o fundo daquele lugar, Jimin evitava olhar para os lados pois aquele lugar lhe dava arrepios, pensar que seu pai frequentava ali lhe revirava o estômago.
Eles chegaram a um corredor estreito, seguiram caminho até um grande segurança estar fortemente armado cuidando da porta.
— Somos os Parks, ele nos chamou.
O homem apenas assentiu e destrancou a porta, eles subiram alguns lances de escada antes de encontrar um novo segurança, o Sr. Park repetiu as palavras que disse ao outro fazendo o segurança lhes deixar passar também.
A sala que entraram possuía pouca decoração e usava apenas tons escuros. Um homem estava em pé de frente à uma janela que mostrava toda a boate, quando ele ouviu a porta fechar ele soltou a fumaça de seu cigarro.
— Fico feliz em saber que você decidiu me ouviu, parabéns Park.
— Quem é você?
Jimin não pode deixar sua curiosidade de lado, porém recebeu uma cotovelada de seu pai, o homem que estava em sua frente apenas sorriu e se virou, ele não aparentava ser muito mais velho que si e levava uma cicatriz em seu olho.
— Eu sou o maior criminoso do país, o dono disso tudo e muito mais, muitos me chamam de Agust D, mas a maioria prefere não me chamar, pois sabem das consequências disso. Eu, Jimin, sou quem tem em mãos a vida de sua família, sou eu quem com um estalar de dedos pode fazer quem eu quiser sumir da face da terra. – Agust sorria de canto, ele bateu o charuto em uma taça na mesa para as cinzas caírem – mas você também pode me chamar de "meu esposo".
— O que? – a surpresa de Jimin era nítida, ele estava com os olhos arregalados intercalando entre seu pai e o estranho – você enlouqueceu?
— Ah então seu papai não contou?
— O que ele deveria ter contado?
— Que ele perdeu você em uma aposta no meu cassino?
— Mentiroso! Meu pai nunca faria isso.
— Pergunte a ele então.
— Meu pai jamais faria algo que prejudicasse nossa família, não é pai? – Jimin olhando esperançoso, mas seu pai apenas se calou e abaixou a cabeça – pai?
— Jimin, Jimin – Agust sentou em sua cadeira e sorriu – as pessoas escondem muitas coisas, todos temos segredos. Alguns mais, outros menos. Alguns são revelados, outros não. Sabe Jimin, seu pai apostou alto, muito alto, ele entrou nos meus negócios, usou minha boate, usou meu cassino, mas esqueceu de usar a cabeça e a sorte. Acontece que ele possui uma dívida bilionária. Mesmo que eu tomasse todos os bens de sua família não chegaria perto de me pagar. Normalmente nesses casos eu os mataria ou usaria como meus empregados aqui na boate, mas eu deu uma opção para ele: me entregar você, agora você me pertence.
O garoto sentiu todo seu mundo desabar, aquilo não poderia ser verdade, ele não poderia ter virado apenas um prêmio de um jogo dessa forma.
— Sr. Park, saia! Você não me é mais necessário, aliás nunca mais quero ver você em minha frente. Se quiser usar meus estabelecimentos trate de não gastar mais do que possui.
O homem assentiu e se virou para Jimin, o garoto estava encolhido com os braços cruzados, quando ele foi o abraçar o mais novo se afastou.
— Não toca em mim! Eu te odeio! Eu tenho nojo de você! Você traiu a mim e a mamãe!
O Sr. Park abaixou a cabeça triste e saiu, Agust então saiu de sua cadeira e ergueu o rosto de Jimin segurando em seu queixo.
— E nós vamos pra nossa casa.
O criminoso sorriu e beijou os lábios do outro, mas Jimin não correspondeu, sequer se afastou, ele não sentia nada no momento além de raiva de seu pai.
— Espero que nossos próximos beijos sejam melhores, ou eu vou simplesmente te usar e depois jogar pra trabalhar emparedado na minha boate.
O rapaz engoliu em seco, não sabia exatamente sobre o que ele falava, mas julgava ter algo a ver com uma parede que ele avistou onde haviam buracos, e em alguns havia uma bunda exposta.
O casal seguiu por outra porta, ela saia em um elevador parecido com o que Jimin usou para entrar, porém ao invés do amplo estacionamento ele saia em um lugar com apenas um carro.
O motorista desceu para por a mala de Jimin no porta malas, o rapaz ficou no banco de trás com Agust enquanto o motorista os levava para o centro novamente.
Eles pararam em um posto de gasolina para abastecer, Agust desceu para comprar uma bebida, enquanto o motorista se entretinha em falar com o atendente do posto, Jimin abriu a porta do carro e saiu correndo.
Assim que ouviu a batida, o motorista olhou para trás desesperado, Agust quando saiu acabou derrubando o energético que tinha em mãos, rapidamente ele foi até o carro e eles seguiram atrás do rapaz.
Jimin correu o máximo que pode, para sua sorte em poucas quadras de distância ele encontrou um posto da Polícia. Ele entrou ainda correndo e foi até o balcão ofegante.
— Moço... Me ajuda... Agust... sequestrou...
— Calma aí, respira. – O policial saiu um momento e trouxe um copo de água para Jimin. – me explica com calma o que aconteceu, acha que consegue?
— O Agust D, ele me sequestrou, eu consegui fugir, por favor me ajuda ele quer matar minha família!
— A gente vai te ajudar, se acalme, respira fundo, eu vou chamar meu chefe.
O policial saiu e logo voltou com companhia, o homem ao seu lado olhava sério mas quando viu Jimin sorriu cortês.
— Boa noite. Sou o delegado Kim, você é o garoto que fugiu do Agust?
— Isso mesmo.
— Pode me seguir até minha sala, vou pegar formalmente sua denúncia.
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