6. O suborno de Sirius


REMUS
PONTO DE VISTA

10 de outubro de 1976

flashback

Remus Lupin estava sentado em uma das mesas da biblioteca, cercado por pilhas de livros de poções e teorias mágicas. A luz suave da tarde filtrava-se pelas janelas, criando um ambiente acolhedor e tranquilo, ideal para estudo. Ele estava absorto em suas anotações quando a voz inconfundível de Sirius Black irrompeu pelo silêncio.

Remus! exclamou Sirius, puxando uma cadeira e se jogando nela com um ar dramático. Precisamos conversar.

Remus olhou para ele, levemente cético.

Sobre o que, Sirius? Espero que não seja sobre suas últimas travessuras com James e Peter.

Sirius fez uma careta.

Não, não, isso é secundário. O que realmente importa é Eleonora.

Remus levantou uma sobrancelha, a atenção imediatamente capturada. Eleonora Bastetrix era a garota dos cabelos ondulados castanhos da Lufa-Lufa com quem ele tinha trocado alguns olhares e conversas e foi apaixonado por 4 anos. Mas, antes que pudesse se perder em pensamentos, Sirius prosseguiu.

Você precisa começar a dar em cima dela! Sirius insistiu, a empolgação evidente em seu tom. Se você fizer isso, Freya vai perceber que tem alguém que a admira, e eu vou ter uma chance com ela.

Remus fez uma careta.

Você está falando sério? Não posso simplesmente usar Eleonora como parte do seu plano. Isso não é justo para ela.

Sirius revirou os olhos, gesticulando como se fosse óbvio.

Justo ou não, a verdade é que eu preciso de uma chance! E quem melhor do que você para fazer isso? Ela já olha para você com aqueles olhos admirados. Basta dar um passo!

— Você acha ela bonita? — Remus perguntou despreocupadamente

— O que? — o moreno de cabelos longos ficou confuso com a pergunta

— Acha?

— Bom, erm, claro, Eleonora é uma garota bonita. Na verdade a mais linda da Lufa-Lufa, se me permite...— não conseguiu terminar a frase sem ser interrompido

— Pense então Sirius...— começou se levantando da mesa onde estava — Como ela ficaria com uma cicatriz enorme em seu rosto.

— Ah Moony, pelo amor de Deus! Ela nem vai saber — exclamou indignado — E mesmo se soubesse ela ainda ia te querer, Nora te adora, todo mundo vê isso.

Eu não sei... Remus começou, hesitante. Ele se preocupava com os sentimentos de Eleonora, não queria que ela se sentisse manipulada ou usada.

Sirius, percebendo a relutância do amigo, começou a apelar.

Olha, eu sei que você é um cara sensato e tudo mais, mas eu realmente gosto da Freya. E você sabe o quanto eu sou péssimo em assuntos do coração. Por favor, Remus! Eu te pago em livros trouxas, edição ilimitada, aquela que você queria!

Os olhos de Remus se iluminaram por um momento ao ouvir a promessa do livro. Ele hesitou, lutando contra sua consciência.

Você sabe que eu não deveria fazer isso, Sirius.

Claro que deveria! Sirius insistiu, com um sorriso persuasivo. Pense em quantas histórias incríveis você poderia ler. Um título como "Como Conquistar Seu Coração" poderia até te ajudar a entender melhor os sentimentos.

Remus suspirou, sabendo que Sirius estava jogando sujo, mas a ideia de ter aquele livro irresistível na mão era tentadora. Ele balançou a cabeça, sentindo-se dividido.

Eu realmente não quero machucar Eleonora, Sirius. E não quero que ela pense que estou fazendo isso só por você.

Sirius fez uma expressão de entendimento exagerada.

Eu prometo que será apenas um impulso gentil para você! Pense nisso como uma ajuda mútua. Além disso, você sabe que ambos se dariam bem. E se Freya não notar, eu não posso perder essa chance!

A tentação crescia dentro de Remus, e ele finalmente se permitiu um pequeno sorriso.

Um livro trouxa edição ilimitada ?

Sirius acenou fervorosamente.

Fechado!

Remus respirou fundo, sua mente já cheia de dúvidas, mas a determinação de Sirius era contagiante. Ele finalmente assentiu.

Tudo bem, mas você deve prometer que não vai me deixar em apuros depois disso.

Sirius sorriu amplamente, a vitória em seu rosto.

Combinado! Dê um jeito de fazer isso antes que eu perca a oportunidade com Freya!

E assim, enquanto Remus tentava se convencer de que estava fazendo a escolha certa.



Enquanto eu esperava no pátio, o ar parecia mais frio do que de costume, ou talvez fosse apenas o nervosismo. Minhas mãos estavam enfiadas nos bolsos, não porque estivesse realmente frio, mas porque de alguma forma aquilo parecia me manter ancorado. Quando vi Eleonora se aproximando, senti meu coração disparar. Ela estava usando uma saia vermelho. Simples, mas... caramba. Nunca tinha visto algo tão bonito. Fiquei olhando por um segundo a mais do que deveria, completamente sem palavras.

Respirei fundo e tentei parecer casual, mas a verdade é que ela me deixava nervoso de um jeito que eu não conseguia controlar.

— Uau... — foi tudo o que consegui dizer inicialmente. Ridículo, pensei. Mas era a única palavra que vinha à minha mente.

Ela sorriu, tímida, e isso me atingiu de um jeito que me fez perceber o quanto eu estava enrolado. Ela respondeu com um "obrigada" e, em seguida, me elogiou também. Acho que sorri, mas honestamente, minha mente estava ocupada demais tentando processar o que estava acontecendo. Será que ela também estava nervosa?

— Vamos? — estendi minha mão, e ela a aceitou.

Seu toque. Era a coisa mais simples do mundo, mas, naquele momento, senti uma conexão diferente. Começamos a caminhar em direção a Hogsmeade, e o silêncio entre nós, longe de ser incômodo, parecia mais uma espécie de compreensão mútua. Eu não sabia exatamente o que dizer, então deixei o som de nossos passos preencher o espaço entre nós por um tempo.

O que ela estaria pensando? Será que estava tão nervosa quanto eu?

Finalmente quebrei o silêncio. Queria falar algo comum, normal, para aliviar um pouco o clima.

— Então... como foram suas aulas essa semana? Ouvi dizer que você está se esforçando em várias matérias extras.

Ela riu. O som era tão agradável, tão relaxante. E, claro, era uma risada às custas do Snape. Como eu poderia não gostar disso? Ele estava em uma das aulas extras que ela pegou. Snape sendo... Snape. Tentei manter a conversa leve, mas uma parte de mim se sentia curiosa sobre como ela lidava com ele. Eu sempre o via sendo um completo idiota com todo mundo, então o fato de Eleonora dizer que ele era quase educado com ela era intrigante.

— Você parece conseguir manter a paz com pessoas complicadas — comentei, e não pude deixar de sorrir.

Ela deu de ombros, minimizando a própria habilidade. Mas, honestamente, isso era algo que eu admirava nela. Eleonora tinha essa capacidade de ver o melhor nas pessoas, ou pelo menos de tentar entender os outros. Algo que eu nunca consegui fazer completamente. Minha vida, meu segredo, sempre me fez manter uma certa distância das pessoas, exceto dos Marotos.

Quando ela mencionou ser da Lufa-Lufa, sorri. Sempre achei que a casa dela combinava perfeitamente com a pessoa que ela era.

— Sempre admirei a Lufa-Lufa, — eu disse, genuinamente. — Vocês são equilibrados. Não posso dizer o mesmo da Grifinória, às vezes.

Ela riu, e o som era tão natural que me deixou ainda mais à vontade. Nossa conversa fluiu com facilidade depois disso, como se toda a tensão inicial tivesse desaparecido. Falamos sobre nossos amigos, e eu percebi o quanto ela valorizava Freya e Logan, da mesma forma que eu valorizava James e Sirius.

No entanto, quando a conversa chegou aos meus amigos, uma sombra de preocupação sempre me acompanhava. James e Sirius... eram minha família, mas às vezes eu me sentia responsável demais por eles. Eu sabia que não teria coragem de falar sobre isso com Eleonora, pelo menos não ainda.

Nós andamos por Hogsmeade, paramos em uma loja de doces e sentamos em um banco. Eu estava tão imerso na conversa que o tempo parecia se distorcer. Ela me contou sobre o pai, e pude sentir a tristeza em sua voz, mesmo que ela tentasse mascarar. Eu sabia o que era sentir-se perdido, viver uma vida de incertezas e carregar segredos. Eleonora era mais forte do que imaginava, e eu não pude deixar de dizer isso a ela.

O sol começou a se pôr, e o ar ao nosso redor mudou. As cores no céu formavam um cenário perfeito, mas eu mal notava. Tudo o que conseguia ver era Eleonora, a forma como ela sorria, a maneira como seus olhos brilhavam.

Foi então que percebi que estava hesitando. O impulso de beijá-la estava crescendo, mas eu sabia que precisava ser cuidadoso. Não queria apressar as coisas, nem estragar o que tínhamos. Finalmente, tomei coragem e falei.

— Eleonora... — comecei, minha voz mais firme do que eu esperava. — Eu queria fazer isso de forma correta.

Eu via a surpresa nos olhos dela, e isso me deixou ainda mais nervoso, mas continuei.

— Eu queria te beijar... mas só se você também quiser.

O momento de silêncio que seguiu pareceu eterno, até que ela assentiu. Meu coração disparou, e me aproximei, colocando minhas mãos gentilmente em seu rosto antes de inclinar-me para beijá-la. Foi tudo o que eu imaginava e mais. O mundo parecia desaparecer ao nosso redor, e, por um instante, éramos só nós dois.

Quando o beijo terminou, eu fiquei sem palavras. Tudo o que consegui foi sorrir para ela.

— Isso foi... — tentei dizer, mas Eleonora completou.

— Perfeito — ela disse, e eu sabia que não poderia ter descrito melhor.

Voltamos para o castelo de mãos dadas. Era estranho como algo tão simples podia parecer tão significativo. Cada passo, cada palavra trocada era especial. Ela me fazia sentir... normal. Com ela, meus problemas, minhas inseguranças, pareciam menores. Eu não sabia onde isso tudo ia dar, mas pela primeira vez em muito tempo, eu não estava preocupado com o futuro.

Quando nos encontramos com os amigos, a brincadeira começou imediatamente. Freya, como sempre, não perdeu tempo em me provocar sobre estar de mãos dadas com Eleonora. Ela puxou Eleonora para longe antes que eu pudesse responder, e tudo o que consegui foi acenar e sorrir para ela, já ansioso pelo nosso próximo encontro.

— Até amanhã, Eleonora, — eu disse.

E, pela primeira vez em muito tempo, eu me senti verdadeiramente em paz.

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