11. Balaço
ELEONORA
PONTO DE VISTA
25 de janeiro de 1977
O Salão Principal estava iluminado por um sol radiante que filtrava através das janelas, criando um espetáculo de luz e sombra nas longas mesas. O cheiro de bacon frito e pães quentes enchia o ar, enquanto os alunos conversavam animadamente sobre as férias de Natal e o primeiro jogo de quadribol do ano. Na mesa da Lufa-Lufa, a excitação era palpável. Eleonora e seus amigos - que invadiram sua mesa, de novo - se sentavam próximos, as vozes vibrantes de seus amigos se misturando ao som das colheres e pratos.
— Não posso acreditar que já tem quadribol hoje! — Freya exclamou, seu olhar brilhando de empolgação. — Graças a Merlin!
Eleonora sorriu, sentindo seu coração acelerar ao pensar na partida. Assistir quadribol sempre a fez sentir-se viva, especialmente depois de um longo período longe da escola. Enquanto devorava um pedaço de torrada, seu olhar se perdia na mesa da Grifinória, onde Sirius e James se preparavam para o jogo, prontos para mostrar suas habilidades.
— Vamos nos sentar na frente do Lago hoje? — Logan perguntou enquanto bebericava seu suco de abóbora. — Depois da aula da Minerva estou livre pelo resto do dia. — comentou recebendo um aceno das garotas
À medida que o café da manhã avançava, uma onda de nervosismo tomou conta da mesa. Amos Diggory, o capitão do time da Lufa-Lufa, levantou-se com uma expressão preocupada.
— Pessoal, preciso de atenção! — ele anunciou, a voz grave cortando a conversa. — O jogo de hoje é um dos mais importantes da temporada, tendo um peso gigante no ranking das casas. Porém, estou me sentindo mal e não posso jogar. Preciso de um substituto já que o co-capitão John Levis está na enfermaria. — ele passou os olhos pela mesa, analisando cada um de sua casa, parando em mim — Eleonora, se eu bem me lembro você sabe jogar, pode me substituir?
O silêncio caiu sobre a mesa. Eleonora parou de mastigar, a torrada quase caindo de sua mão. Uma mistura de emoção e ansiedade a invadiu.
— Eu? — Ela perguntou, tentando esconder o tremor na voz. — Mas... eu não jogo desde o quarto ano!
— Você era a melhor batedora! — Logan incentivou, batendo palmas. — Vai arrasar, Nora!
— É, você tem que fazer isso. — Freya apoiou, seu entusiasmo inegável. — Vamos lá!
Com um último olhar hesitante para os amigos, Eleonora assentiu. A adrenalina começou a fluir em suas veias. Levantou-se, sentindo um misto de nervosismo e empolgação.
[...]
A garota de cabelos encaracolados estava polindo sua vassoura - que a mesma não via a uns bons anos - quando foi interrompida por um grito estridente de uma voz conhecida, que caminhava até ela.
— Por Merlin você vai jogar? — o garoto com vestes da Grifinória e os cabelos desgranhados se aproximou.
— Está com medo de perder pra mim Potter? — provocou-o, dando um sorriso quando recebeu um empurrãozinho do mesmo.
— Jamais Nora. — ele sorriu bagunçando os cabelos da garota. — Mas, falando sério. Sempre achei que você jogava bem quando éramos crianças, mas agora, você acha isso prudente? Diggory te chamar de última hora? — era evidente a preocupação do garoto Potter com sua amiga, quase palpável — Você precisaria de treino.. e, e eu não quero que se machuque
— Não se preocupe James, eu vou ficar bem. Tive experiência recentemente com Logan, não estou.... totalmente, enferrujada.
O garoto assentiu, sorrindo orgulhoso.
Eles passaram seus primeiros anos de Hogwarts sonhando juntos em entrar para o time de quadribol de suas respectivas casas, e lá estavam eles.
— Faz muito tempo que eu não te vejo pegando em uma vassoura. — ele pausou limpando seus óculos — Bom, se bem que..eu nunca estive em um cômodo só com você e Moony, então...
As bochechas de Eleonora viraram um tom de vermelho carmesim após a fala obscena de seu amigo de infância, e ela logo se aprontou em estapea-lô.
— Ei! Calma, ai ai — disparou reclamações — Estava brincando sua chata!
— Para de falar besteira James! — gritou enquanto o garoto saia correndo dando gargalhadas.
[...]
A partida começou e a atmosfera do campo era elétrica. Os torcedores da Lufa-Lufa estavam vibrantes nas arquibancadas, segurando cartazes e gritando apoio. Eleonora, agora equipada com sua vassoura, voou para o campo, a sensação do vento em seu rosto a fazia sentir-se em casa. Ela observava os jogadores da Grifinória, especialmente Sirius e James, que se moviam com agilidade, prontos para atacar.
— Lufa-Lufa! — gritou a voz que a garota reconheceu ser de Freya, e a multidão ecoou.
Eleonora se posicionou, focando no jogo.
Ela esquivava-se dos jogadores adversários com agilidade, golpeando a balaço que se dirigia ao seu time.
A cada ação, seu corpo reagia instintivamente, como se o tempo tivesse parado. A adrenalina a mantinha em alerta.
Ela sentia como se nunca tivesse parado com o quadribol.
Era familiar. O sentimento de estar fazendo algo que ela era naturalmente boa enchia seu coração de alegria.
Porém, em meio à agitação do jogo, seu olhar se desviou quando notou cabelos castanhos se adentrando na arquibancada amarela e preta.
Remus
O coração dela disparou, e a distração foi instantânea. Um balaço voou em direção a ela, e antes que pudesse reagir, sentiu chocar-se contra o corpo. O impacto a lançou para o chão.
A dor irrompeu em sua perna, e a visão se turvou por um instante. O murmúrio da multidão se transformou em um zumbido distante, mas logo os rostos preocupados de Logan e Freya apareceram ao seu lado.
— Nora! — Freya gritou, agachando-se ao lado dela, a expressão de preocupação clara. — Você está bem?
— Onde dói? — Logan questionou, a voz tensa enquanto examinava a perna dela.
A respiração de Eleonora era ofegante, mas a presença de Remus ao fundo, correndo para ajudá-la, acalmou um pouco sua mente. Ele estava ali, sua expressão repleta de preocupação e carinho.
— Não se preocupem, vou ficar bem — Eleonora tentou sorrir, mas a dor ainda a dominava. E, alguns segundos depois, tudo de repente escureceu.
[...]
A garota abriu os olhos lentamente, sentindo uma brisa suave que acariciava seu rosto. A luz filtrava-se pela janela da enfermaria, criando um ambiente acolhedor. Ela se moveu, notando a dor na perna, mas o desconforto parecia menos intenso do que antes. Ao seu lado, sentado em uma poltrona, estava Remus, os olhos focados em um livro, mas ele rapidamente levantou a cabeça ao ouvir o movimento.
— Eleonora! — exclamou, colocando o livro de lado e se inclinando para frente. — Você acordou! Como se sente?
— Oi... — Ela disse, a voz rouca, tentando se lembrar do que havia acontecido. — O que aconteceu?
— Você desmaiou após a queda. Estava a sete horas dormindo por causa do remédio que Madame Pomfrey te deu. — Ele sorriu, mas havia um toque de preocupação em seu olhar.
— Sete horas? — repetiu ela, espantada. — E você está aqui desde então?
— Sim, Freya e Logan revezaram para ficar com você. Eles estavam muito preocupados. — Remus falou com um tom calmo, mas os olhos dele brilhavam com a preocupação que não conseguia esconder. — Todos estavam esperando por você.
Eleonora sorriu, seu coração se aquecendo com o apoio dos amigos. Ela se sentou um pouco, tentando ajustar a posição da perna.
— E o jogo? — perguntou, um misto de ansiedade e curiosidade na voz.
— A Lufa-Lufa ganhou! — Remus sorriu amplamente. — Foi uma partida incrível. Você estava indo muito bem antes do acidente.
Ela fechou os olhos por um instante, absorvendo a informação. Uma parte dela se alegrava pela vitória do time, mas outra parte lamentava não ter conseguido terminar a partida.
— Não acredito que deixei o time na mão. — murmurou.
— Não, você jogou muito bem lá Nora. O time só venceu graças aos balaços você rebateu antes de cair. — Ele disse, sua voz firme. — Todos nós ficamos muito preocupados. Você estar bem é o que importa.
Eleonora observou Remus, o jeito como ele se importava a fez sentir-se um pouco mais forte. A dor na perna ainda estava ali, mas a presença dele tornava tudo mais suportável.
— E você, como está? — Ela perguntou
— Estou bem. — Ele sorriu de forma tímida, mas Eleonora percebeu que havia uma sombra de cansaço em seus olhos. — Só não gosto de ver você assim. Fiquei com medo de que tivesse sido algo sério..
Um calor subiu pelas bochechas de Eleonora. A sinceridade nas palavras dele a tocou profundamente.
— Obrigada, Remus. — Ela disse, sentindo a gravidade da conversa. — Significa muito para mim saber que você se importa.
Um leve silêncio se instalou entre eles, preenchido por uma conexão que parecia se fortalecer a cada momento. A enfermaria, que antes parecia fria e impessoal, agora era um refúgio seguro.
— Vamos ver se Madame Pomfrey deixa você sair logo, — Remus sugeriu, mudando de assunto. — Freya e Logan vão ficar felizes em saber que você acordou.
Eleonora assentiu, sentindo-se grata pela amizade que a cercava. E, enquanto Remus começava a falar sobre o jogo, ela se permitiu sorrir, sentindo-se um pouco mais esperançosa a cada palavra.
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