Capítulo 11
Haenim, Reino da Luz. Hyunggwangshi, Clã da Luz, 11-12-978.
— In Su, fique com o Hyun, eung? — Ryo Su beijou o filho, abraçando-o e arrumando as tranças rubro negras no cachecol.
— Não se preocupe mamãe — a voz dele não vacilou nenhum momento, segurando forte a mão do mais novo, que bateu continência.
— Ryo Su! — Jo Han chamou. — O Norte nos espera!
— Hong Joo, você vai ficar com a Hyun Ji? — perguntou, ainda curvada para sua cria, adiando a separação. Hong Joo assentiu. — Se as coisas apertarem, Yeon Ju falou que pode ajudá-la.
In Seok saiu da casa, segurando suas bagagens numa mochila, dando um beijo no rosto do filho, que segurava as lágrimas bravamente.
— Hey, meu guerreiro! — In Seok o abraçou. — São apenas dez dias, eung? — In Su balançou a cabeça positivamente, limpando o nariz, que corizava.
— Voltem bem — pediu, vendo seus pais se afastarem.
Hyun Shik agarrou o busto de In Su, dando-lhe um abraço apertado.
— Você vai ficar comigo, Hyung! — anunciou num tom animado, recebendo um sorriso como resposta.
Hong Joo os levou para casa, acendendo a lareira. Estava frio demais.
— O que querem ouvir? — perguntou, segurando um grosso livro, enquanto as crianças estavam ao chão. Hyun Ji pediu para ficar com Min Sun, e assim foi feito.
— Mamãe, conte aquela história do outro dia! — Hyun Shik sugeriu animado.
— Gostou da história do deus do tempo?
— Hae Tae? — In Su questionou, sorrindo pela face surpresa de Hong Joo. — Já li sobre em um livro velho — revelou.
— Já sabe ler, In Su? — indagou, sendo respondida por um sinal de "pouco" feito pelos dedos dele. — Então, vou lhes contar. Hae Tae, o deus da proteção! — Hong Joo atuou, cativando a atenção dos pequenos, que tinham olhos brilhantes e atentos à história.
— Mas ele não era o deus do tempo? — In Su, absolvido pela história, pontuou curioso.
— Sim! Ele é, mas também o poderoso guardião contra elementos mais destrutivos de todas as dimensões. Mas ele possui muitos poderes, como a capacidade de parar, retroceder ou avançar rapidamente através do tempo — fantasiou, deixando os garotos encantados. — Seus filhos sãos os Haichi. Criaturas como ele, com longos chifres e coloridos. São como um grande cachorro com uma majestosa juba. Sabem onde ele mora?
— Yeon Deung Hoe! — Hyun Shik rapidamente respondeu e Hong Joo acenou.
— Muito bem, filho. Conte à In Su como é Yeon Deung Hoe!
— É colorido e cheio de lanternas — abriu os braços, simbolizando "muitos". — É sempre uma festa lá, Hyung! Tudo brilha e uma proteção de chamar guarda o lugar.
— Apenas os escolhidos de Hae Tae podem entrar em Yeon Deung Hoe — Hong Joo explicou. — É um dos nossos sóis. O que se põe por último. Tem boas relações com Palk. Alguns celestiais possuem contratos com os Haichi. São poderosos demais, o que deixa os outros celestiais com medo, os chamando de espiões de HaeTae, traidores.
— Isso é horrível! — In Su bradou, mostrando-se irritado. — Não podem falar isso deles apenas por terem um contrato com outro deus.
— Exatamente, In Su — Sorriu. — São guardiões fiéis aos seus contratantes. Protegem com suas chamas com sua vida. Uma relação de um yinw com um Haichi é linda.
— O que é Yinw, Ahjuma? — In Su interpelou.
— É celestial querido. Nossa raça — elucidou. — Antes de falarmos nossa língua atual, existia a Língua dos Antigos. Uma língua universal para todo ser na Dimensão Sagrada.
— Yinw — In Su e Hyun Shik repetiram, encantados.
— Mamãe conte a ele sobre Chiha Yo Changgun! — Hyun Shik pediu com olhos grandes.
— Ah, você quer dizer o guardião do Limbo? — o pequeno assentiu. — Dizem que ele é um velho mal humorado que veste cinza. Ele recebe os seres que morreram e os guia para seus fins. Alguns descansam pela eternidade, alguns outros, os maus, tornam-se espectros. Os bons podem ter vários caminhos... dizem que quando um ser mágico perde a sua magia, ele vaga por todo limbo, já que Chiha Yo Changgun não os mostra o caminho. Ouvi umas senhoras na vila falarem, que já viu alguns celestiais voltarem a vida! — sussurrou.
— Então se ficarmos sem energia, podemos voltar? Não morremos? — In Su indagou.
— Sim querido. Se seu corpo não tornar ao pó. Se não a alma vagará pela eternidade.
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O grupo corria pela trilha da floresta, seguindo ao norte.
Já estava amanhecendo quando alcançaram Wangshi, onde se juntariam com o exército das sombras e do ar.
A neve, que até minutos atrás era calma, começou a ficar furiosa com uma ventania vinda das montanhas do norte, obrigando o grupo de Hyunggwangshi a se enfiar na primeira estalagem que encontraram.
In Seok e Hyun Seung arrumavam os pertences enquanto um Jo Han avoado olhava para o lado de fora, contemplativo.
Hyun Ah arrumava os cabelos do marido, penteando-o e trocando algumas palavras carinhosas, absolvidos pela presença um do outro.
Naquela noite fria, nada melhor que algo para os aquecer, então Ryo Su prontamente armou uma fogueira na área logo à frente do quarto, queimando a madeira ferozmente.
As chamas crepitavam com o calor enquanto os flocos que ousavam se aproximar eram impiedosamente evaporados. Ryo Su, limpando as mãos nos tecidos das suas vestes, olhou para Jo Han, que observava distante o céu, olhando para as constelações do norte.
— Saudade de casa? — interpelou se aproximando do hwarang, fazendo-o voltar seus olhos para aquela que o chamava. Sorriu.
— Já foi à Kangsulshi? — retrucou. Sua voz embargada fez Ryo Su erguer uma sobrancelha. Ele raramente falava assim... imaginou estar cansado.
— Nunca fui ao extremo.
— Está sempre nevando... nunca há brisas fracas ou temperaturas ternas. Os pinheiros e carvalhos da floresta das lanternas tem uma folhagem esbranquiçada. Quando nascem no que deveria ser a primavera, elas são meio azuladas... no outono, são roxas — jogado em nostalgia, deu um sorriso de canto, entreolhando os olhos vermelhos da guerreira ao seu lado ao ter sua mão fria agarrada pelas quentes dela.
— Deve ser lindo — Sorriu brilhantemente.
— Lembra quando me perdi?
— Em 962 — mencionou de pronto. — Foi logo após o ataque à família Ha.
— Vocês me deixaram ficar. Mesmo estando abalados por tudo que aconteceu — segurou a mão de Ryo Su e ficou um pouco sério. — Meus pais sempre quiseram agradecer a você, Noona.
— O que eu podia fazer? Você era um fofo! — ela gargalhou.
— Pare de graças! — a censurou, envergonhado. — Eu tinha vinte e dois anos!
— Tinha cara de quinze! — provocou, esbugalhando os olhos com uma lembrança. — Deuses seus cabelos!
— Noona! — o rosto dele enrubesceu de imediato, como se tivesse acendido uma chama nas bochechas de Jo Han. — Eu estava correndo de um Whus Hwuk! Ele abocanhou meu cabelo, aquele lobo maldito!
— Eles estão mais para humanoides do que para lobos — Ryo Su explanou, levando a mão até o queixo e ficando pensativa.
— Tenta correr de um desgraçado daqueles. Mãos gigantes! — exagerou segurando os próprios cabelos e fingindo um choro alto, quase gritando.
— Okay, okay — ela sorriu, escorando-se com as mãos no gelado chão de madeira, arqueando as costas e espreguiçando, olhando para o céu nublado logo em seguida. — Me mostre bem a vegetação curiosa de Kangsulshi.
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Haenim, Reino da Luz. Arredores de Wangshi, divisa entre o Clã da Luz e o Clã da Água, 12-12-978.
Saíram cedo, logo após a tempestade de neve cessar. Após alternarem entre caminhar e voar, finalmente chegaram à lagoa lilás, onde desaguava para as cachoeiras da cidade mais à frente. Seguiram o fluxo do rio pouco congelado e logo avistaram a grande Sujong Suyouk, suspirando em um uníssono de alívio.
O que restou descongelado das águas das inúmeras cachoeiras que desciam pelos entornos do casarão do líder da família principal do clã, Kang. Era impossível seguir do cais dos portos para a principal ilha do extremo, onde aguardava o outro porto, voando, por mais rápido que fosse o celestial, a exaustão e o frio o consumiriam antes que ao menos sonhasse em ver a terra.
De todas as formas, navios saídos de Sujong Suyouk para Seorishi não eram comuns, de acordo com Jo Han, então teriam que buscar informações.
— Deveríamos seguir para Jaesaeng — Jo Han sugeriu após jogar sobre seus ombros sua bagagem, dando continuidade à trilha. — Um dia de caminhada, uma hora de voo seguro.
— A península é cheia de Wmes Ak — In Seok lembrou.
— Se tivermos sorte não encontraremos ninfas das águas em navios — Jo Han exprimiu num tom de afronta. — É mais seguro irmos para Jaesaeng.
— Vamos encontrar informações primeiro. Perderemos apenas algumas horas navegando, se formos à Jaesaeng, teremos mais um dia nas estradas. Sem contarmos que não podemos voar no extremo por mais de dez minutos — Ryo Su elucidou num tom calmo, amarrando sua capa sobre as costas e dando um solavanco para frente após seu pé prender numa estranha lama nas beiras da lagoa.
— Ouvi que os Kang não estão muito felizes com Palk após a queda do terceiro planeta — Hyun Ah se posicionou em passo apressado para acompanhar o grupo. — Imagino se nossa presença não causará tumulto na cidade.
— Para todos os casos, existem vilarejos nos arredores da floresta lilás — Woo Suk lembrou.
— Está insano? Uma tempestade está se aproximando e temo que teremos raios! — In Seok apontou para as nuvens escuras que rodopiavam o céu.
— Não seja pessimista, meu bem. Tentaremos o que estiver em nossas mãos — Ryo Su contrapôs, dando um escorão no ombro de Hyun Seung, que estava calado demais para o seu normal. — Está amargando o dia com essa sua cara. O que aconteceu?
— Tenho um mal pressentimento — revelou olhando para as nuvens. — Parece um mal agouro.
— Fala de Hyun Shik? — Jo Han se intrometeu entre os dois, sussurrando para que apenas os envolvidos ouvissem. — Não seja assim, Hyung. O garoto está seguro com Hong Joo. Apenas alguns dias.
— Deixamos Hyunggwangshi sem muita proteção. Ik Tae, Soo Jong e Seon Mi estão de prontidão, mas não acha estranho que ataquem o extremo, onde sabem que não tem chance alguma contra a força da própria natureza? — interpelou o guerreiro de cabelos negros, dando uma lufada de vapor frio ao suspirar.
— Acha que é uma armadilha? — In Seok redarguiu curioso, incluindo-se na discussão.
— Certamente, Hyung — Hyun Seung assentiu com a cabeça, coçando os cabelos e arrumando a touca sobre os fios. — Não acho que deveríamos ter baixado a guarda na capital.
— De todo modo, chutaremos as bundas deles de volta para Kodaeshi e voltaremos para casa — Jo Han declamou animado, seguindo em frente e pulando pelas pedras de gelo do lago, logo alcançando as vielas da cidade.
— A força que temos em Hyunggwangshi é suficiente. Se concentre no nosso dever aqui. Para todas as dúvidas, mandarei um familiar à Palk — Ryo Su o tranquilizou, conjurando um familiar de fogo, semelhante à um pássaro pequeno, entregando-lhe uma mensagem. Entre as chamas, içou voo para sul, em direção ao palácio do deus da luz.
Sem muitas conversas, seguiram numa caminhada rápida para não chamar a atenção de uma alma sequer. Como Hyun Ah havia alertado, os Kang pareciam apoiar os Vulpinos, o que os fez deixar a guarda alta. Assim como mandaram um mensageiro à Palk, poderiam mandar um para os anciãos.
A capital da água, por ser relativamente grande e de difícil mobilidade pelos córregos e pequenas lagoas por toda cidade, levou mais tempo do que o esperado para chegar aos vilarejos mais ao norte, onde os portos se estendiam.
Era quase noite quando chegaram.
Com um animador, "o próximo navio parte ao raiar", foram à hospedaria do navegante, onde sua mulher os serviu ótimos pescados do mar do norte e uma quente bebida nortenha. Licor de mel... doce e forte.
Ryo Su, segurando uma garrafa quase vazia, ancorou-se ao pescoço de Jo Han, encarando-o com uma carranca preocupada.
— A guerra... — ela deu início à uma fala embargada pelo álcool — vai nos tirar ainda muitas coisas. É difícil saber quantos de nós restaremos de pé.
— Não fale assim, Noona. Vamos todos terminar isso de pé, triunfantes e erguendo uma bandeira de orgulho e honra — retrucou, segurando-a e sentando à janela, onde um banco de madeira clara era banhado pela pouca luz da hospedagem.
— Uma guerreira sente quando sua jornada está acabando. Temo que a minha torne a ser mais curta do que sinto — revelou com um sorriso triste, soltando-se do amigo e o olhando vagamente.
— Não fale besteiras...
— Se eu partir... — o sorriso tornou ao constrangimento e ao medo — cuide de In Su.
— Como eu disse, Noona, não fale besteiras — repetiu, convicto. — Segurará seus netos e bisnetos. Não quer ver sua família crescer e voltar ao antigo esplendor?
— Seria um sonho... — devaneou em pensamentos. Num futuro distante em que o seu filho sorria sem as preocupações de uma guerra. Onde uma cria ia aos seus braços e repetia "vovó".
— Porque está com tais pensamentos?
— Apenas... — a embriaguez começou a mostrar sinais de se esvair e Ryo Su chacoalhou a cabeça, tentando voltar ao sóbrio. — Não quero que fique sozinho, Jo Han.
— Mudando de assunto, eung? — ela encolheu os ombros com uma expressão engraçada e ele sorriu em desistência. — Não estarei sozinho. Mesmo que não tenha minhas crias, viverei para ver suas crias crescerem e se tornarem homens e mulheres de honra. E terei o prazer de guiá-los.
— Me conforta sua presença...
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Vocabulário:
Wmes Ak (Serpente lilás): Semelhante a uma serpente do mar, com patas curtas desenvolvidas em nadadeiras com uma grande membrana nos braços, vivem na lagoa lilás e circundam todo o clã da água, ficando principalmente nos arquipélagos do leste. Geralmente dóceis, mas facilmente irritáveis.
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