Capítulo 09

Haenim, Reino da Luz. Hyunggwanshi, Clã da Luz, 31-03-978.

Os guerreiros paralisaram ao ter o vislumbre apocalíptico que pairava sobre suas cabeças. Uma luta entre si já não tinha mais importância.

Dragões sobrevoavam ao longe, atacando o pequeno planeta com impiedosas rajadas de magia.

Estáticos, congelaram seus olhares para o céu, quando a urgência se apoderou de Kwan Sook, que logo virou na direção de Hyun Seung, agarrando o seu colarinho e o acordando para a realidade.

— Onde diabos Palk está? — Kwan Sook exasperou, olhando para o olhar perdido de Hyun Seung, que tornou à seriedade. — Eu estou falando com você, seu desgraçado! Onde está aquela maldita divindade?!

— Nas Torres de Platina — pontuou firmemente, se soltando do aperto do general vulpino e olhando para as suas tropas. — Shin chamou as divindades para uma reunião.

— Inacreditável — sorriu de canto, indignado. — Atenção! — Chamou seus soldados. — Agora não é hora de um ataque! Nossa divindade, mais uma vez, nos abandonou à própria sorte. Vamos nos defender nós mesmos desses malditos infernais.

Quase que imediatamente após terminar sua convocação, lançou um olhar de desdém à Hyun Seung e abriu voo, indo em direção ao planeta em chamas, seguido por seus soldados. Os invasores ao Leste logo seguiram o exemplo dos seus colegas, atendendo ao clamor da destruição.

Olhando incisivo para Ryo Su e Jo Han, Hyun Seung acenou com a cabeça e assobiou, reagrupando.

— Quero o maior número possível de Imperiais disponíveis nessa batalha. — Hyun Seung anunciou, convicto. — Yeon Ju, me desculpe por querer que esteja longe da batalha, mas sua baixa visão pode ser um perigo para sua vida na escuridão dos planetas baixos — o celestial de fogo assentiu com a cabeça. — Você e In Seok, avisem aos demais. Mandem pegar seus equipamentos e levarem suas bundas para proteger o maior número de Jha Phür que conseguirem. Os animais precisam sair de lá urgentemente.

— Mande apenas metade dos soldados, — Ryo Su corrigiu — não sabemos o que os Vulpinos podem fazer enquanto nossa guarda estiver baixa ou até um possível ataque de infernais... qualquer cuidado é importante.

— Acionem os sinalizadores do castelo e entrem em contato com os usuários de magias mentais. Precisamos avisar do perigo aos líderes das capitais dos clãs — Jo Han orientou, já abrindo suas asas.

Os dois celestiais concordaram e levantaram voo em direção à cidade, enquanto o general líder olhava para seu bando de trinta soldados, três coronéis e dois capitães.

Balançando a cabeça positivamente, suspirou e Ryo Su assoviou. Um grande lobo de fogo pulou por suas cabeças, aterrissando ao seu lado e se agachando. O lindo Ywës uivou quando ouviu choros ao longe das criaturas que estavam sendo massacradas pelas mãos dos infernais.

— Vou pegar os Phür. Tentem segurar o máximo possível — com sua última ordem, o general voou em direção ao planeta, sendo seguido pelos demais celestiais.

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O som de espadas ceifando as vidas dos pobres animaizinhos ecoava em meio àquela destruição, enquanto os pequenos corriam para todos os lados aos berros, fugindo como podiam aos ataques infernais avançando grotescamente, quando a força celestial dos vulpinos aterrissou.

O lugar estava envolvido em um breu mais escuro que a noite, mal podiam ver muito à frente, devido à ilusão dos habitantes do planeta, que deixavam o céu mais escuro quando ameaçados.

— Que diabos... — Chae Song sobressaltou ao se aproximar de Kwan Sook.

— Palk está nas Torres de Platina — anunciou, sacando sua espada e a colidindo com o primeiro infernal que pôs seus olhos ao avançar na massa que se aproximava. — É por nossa conta.

Os militares vulpinos o seguiram.

A cada passo que davam, ceifavam infernais e bestas da escuridão sem dó, abrindo caminho para os pequenos animais serem pegos por Hyun Seung, pondo-os nas costas do Ywës e os levando para as terras de Haenim.

Avançando bravamente sob as ordens de Ryo Su e Jo Han, que rapidamente se juntaram à linha de frente ao interceptar os ataques infernais, o batalhão celestial, trajado em um uniforme azul escuro, travou espadas com as feras de Dalnim que abocanhavam os pequenos cabeçudos sem dó, em meio a grunhidos de socorro.

— O que diabos... eles estão apenas atacando desordenadamente! — Ryo Su apregoou, dando assistência à Cha Min, o qual finalizou o alvo.

— A maioria dos infernais não possuem capacidades de pensamento e raciocínio. São puro instinto — o ancião esboçou um sorriso sem dentes para a general, por sua vez, hesitando por um momento.

Rapidamente, o corpo de Cha Min foi envolvido por uma aura sombria, fazendo os cabelos dele flutuarem com a energia que o circundou, e levantou o braço em direção à Ryo Su, onde estacas de sombras atingiram os infernais que saltaram sobre ela. O ancião mais uma vez sorriu, segurando firmemente a rappier que empunhava, e correu como um flash para a multidão de inimigos, alternando entre os golpes mágicos e magias poderosas, que despedaçavam seus alvos em cinzas em poucos segundos.

E, lentamente, a luz da noite voltou a iluminar o planeta, revelando os inimigos.

Ryo Su suspirou e ergueu dois dedos para cima, olhando furtivamente para Soo Jong e Hyun Ah, que imediatamente dispararam suas flechas junto aos demais arqueiros, destruindo boa parte a retaguarda do exército inimigo, que logo começou a congelar com o vento que os atingiu.

Os olhos de Jo Han brilhavam num vermelho intenso, enquanto ele, em conjunto com Ik Tae, atacava com uma sincronia perfeita, trocando de posições, assistindo um ao outro e alternando entre ataque e magia.

A neve de Ik Tae começou a cair sobre os infernais como uma tempestade furiosa, enquanto o gelo de Jo Han os empalava com o mando do conjurador, que habilmente atacava.

Rapidamente, Woo Suk levantou sua mão, chamando a atenção de Hyun Ah e Seon Mi, a garota de cabelos loiro escuros, que segurou firmemente sua espada e se aproximou de Woo Suk, assentindo com sua cabeça.

Alternando entre os ataques com as espadas, os dois avançaram com uma estratégia pesada, usando o máximo do teleporte de Woo Suk para coordenar o vácuo de Seon Mi, enquanto Hyun Ah assistia ambos com suas flechas.

Mas os infernais não ficaram quietos. Logo começaram a abrir caminho, se espalhando pelo território e atacando pelos flancos laterais, onde os Vulpinos rapidamente se aproximavam para dar sua assistência.

O fogo já tinha domado a floresta dos pobres animais. Já haviam corrompido as águas e o ar com o odioso miasma. Era um planeta morto com um irritante cheiro adocicado e sangue.

Um flash passou por perto da cabeça de Chae Song, que foi empurrado por Hyun Seung quando o general saltou e interceptou o golpe com sua espada.

— Preste atenção no que diabos você está fazendo! — exasperou olhando de soslaio para aquele ao chão.

— Está matando sua raça, Hyun Seung? — o general vulpino alfinetou quando Hyun Seung brandiu sua espada e decepou os braços do seu oponente, ficando a ponta da espada no crânio do infernal logo em seguida.

— Se são minha raça, seu maldito vulpino, também são do seu líder — bradou entre dentes, seguindo e atacando um outro que ameaçou atacar Han Mi, uma garota com expressão vazia que lutava ao lado de Baek Ho, o jovem mercenário que conheceu numa missão antiga, e se juntou aos Vulpinos apenas por achar que eram mais fortes.

— Palk deveria estar envergonhado de deixar que infernais façam uma festa nos seus domínios — Hwan Yeo bradou após se desvencilhar de um corpo, arremessando-o em cima de dois outros, derrubando-os em fractais de sombras que se ergueram do chão e sangraram os oponentes.

— Pontual demais um ataque após uma reunião na Torre — Jo Han gritou de onde estava. — Duvido que tenham aparecido justo aqui sem serem detectados. Devem ter usado alguma magia.

— Maldita audição de uma Kumiho — Kwan Sook falou após atear fogo em grande parte dos infernais ao redor de Ryo Su, que gritavam em agonia, fazendo a celestial recuar para não ser atingida pelas chamas.

— Está tentando eliminar o que sobrou da família Ha, Kwan Sook? — ironizou, voltando a sua postura e batendo suas majestosas asas brancas, que tinham lampejos vermelhos em algumas penas.

— Seria o brinde da noite — retrucou, fazendo as chamas explodirem e os infernais gritarem com a dor de estarem sendo queimados vivos.

Zip!

Uma flecha passou por Ryo Su.

Zip!

Mais uma.

Ryo Su olhou para o final dos atacantes, constatando reforços.

— Soo Jong! — chamou a general. — Acha que consegue imobilizar o dragão?

— Não sozinho — assumiu, gritando da posição que estava antes de atingir outro infernal, que explodiu em chamas negras.

— Se concentrem no dragão ou isso nunca terá fim! Os reforços continuarão vindo um atrás do outro! — Ryo Su proclamou autoritária.

Rapidamente, Jo Han e Hyun Seung juntaram-se no ar à Ryo Su, seguindo por Cha Min, e começaram a brilhar em uma aura prateada, Ryo Su e Jo Han, Cha Min e Hyun Seung. Suas magias se fundiram com maestria, atirando uma gigantesca massa de energia guiada pela flecha de Soo Jong, que atingiu o dragão no peito, onde as escamas espessas eram mais finas. Ele urrou, cambaleou e caiu ao chão, esmagando alguns infernais com a queda.

— Ele não está morto! — Ryo Su advertiu e Seon Mi prontamente mirou sua magia na direção da fera caída.

— Hae Ko! — ela chamou! — A benção de Hae Tae!

Clamando pelo deus do tempo, sua aura se espalhou num som ensurdecedor, como badaladas de um sino ecoando pelo cosmo, e um cinza envolveu o corpo do dragão, que começou a definhar e tornar-se pó, envelhecendo e voltando ao nada.

A garota tossiu, pondo a mão na boca e expelindo seu sangue, mostrando à Ryo Su um sinal positivo com o polegar.

Rapidamente os infernais, que estavam começando a vacilar pelos números já reduzidos, começaram a conjurar magias mais ofensivas, atingindo os combatentes e matado três celestiais da linha de frente, que apenas putrefaram em poucos segundos.

O combate se sucedeu por mais cerca de meia hora, quando o último infernal foi tragado pela espada de Chae Song, quando os combatentes remanescentes caíram ao chão, exaustos.

Jo Han se aproximou de Ryo Su, arrancando-lhe do ombro uma flecha, e sentou, enquanto ela própria pressionava alguns ferimentos que insistiam em sangrar.

— O que diabos foi isso?! — Kwan Sook bradou, levantando-se e se dirigindo aos Imperiais.

— Exatamente o que parece, seu idiota — Soo Jong retrucou, arquejando. — Uma invasão enquanto Palk estava fora.

— Mais uma vez, Palk nos decepcionou... — Hwan Yeo lamentou, negando com a cabeça com os braços escorados nos joelhos.

— Palk está longe, seu asno! — Ik Tae reclamou, juntando o que sobrou das suas vestimentas, já que, mesmo sendo um nortenho, sentia o frio daquele infinito inverno.

— Um planeta do Reino da Luz foi dizimado! — Kwan Seok gritou, colérico. — Como um deus nem ao menos se deu conta dos choros das suas criaturas?! Quantos de nós ainda teremos que morrer pelas mãos de infernais? Quantos hoje, pais, filhos, maridos, não voltarão para casa?

— Uma verdadeira lástima, seu hipócrita desgraçado! — Hyun Seung se levantou, irritado, confrontando aquele que insistia em perambular pelo sangue derramado nas cinzas. — Palavras verdadeiramente bonitas para um homem que massacra esses mesmos pais, filhos e maridos!

— Sua raça de ideais falhos não sustentarão uma dinastia. Ideias pacifistas serão nossa ruína! — Kwan Sook retrucou entre dentes. — Seu bando que pede por equilíbrio apoia essa carnificina!

— Suas espadas estão tão sujas pelo sangue de celestiais quanto as nossas — Hwan Yeo constatou.

— Rapazes — Cha Min chamou a atenção. — Tivemos uma noite longa o suficiente, porque não damos ela como encerrada?

— Não quero ficar ouvindo baboseiras sobre quem está ou não errado. Aqui está frio. Um planeta morto não tem calor algum — Baek Ho se encolheu.

Com a sugestão de Cha Min, todos levantaram voo da terra, quando os celestiais com habilidades do clã de fogo incendiaram os corpos, dando um fim àquela luta.

— Palk não merece o trono que ocupa — Hwan Yeo anunciou ao chegaram novamente nos arredores da floresta alta. — Uma divindade que não se importa com o nosso sofrimento não deve governar.

Após o anúncio do prelúdio de um novo objetivo dos Vulpinos, o cair da neve começou mais uma vez.

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— Ah! — Ryo Su segurou um som de reclamação quando Min Ju passou um unguento na sua ferida.

— Mamãe, você falou que ia colocar os desgraçados do leste no lugar deles! — In Su bradou, puxando os cabelos de Ryo Su e vendo os ferimentos por todo o corpo da celestial.

— Algo aconteceu, meu bem...

— Por que parece que a sua bunda foi chutada? — ele murmurou, tentando ser discreto, mas a rouca voz infantil soou mais alto do que ele gostaria, arrancando risadas dos outros integrantes da sala.

— Não é bem assim, In Su! — Jo Han falou, fazendo-o soltar a sua mãe que implorava por ajuda pela dor dos seus ferimentos.

— Tio, o senhor também foi chutado — Hyun Ji falou, subindo no colo da sua mãe, que ficou com nada mais que arranhões. — Onde está o papai?

— Está dormindo, minha princesa — Hyun Ah falou docemente, não revelando que seu marido estava com exaustão mágica.

Após tratar de todos os feridos, In Seok pegou In Su, que insistia em querer ficar agarrado à sua mãe, e começaram a tentar ler algumas palavras de um velho livro de Min Ju, enquanto Hyun Seung brincava com o pequeno Hyun Shik, que gargalhava a cada careta que o pai fazia, balbuciando "papai" toda hora. Min Sun estava dormindo a horas. O esperado de um bebê.

— As coisas com os Vulpinos vão se complicar... — Ryo Su declarou, sentando ao lado de In Su e mostrando uma palavra, que ele habilmente reconheceu como "sol".

— O miasma de Kud está se espalhando muito rapidamente. — Min Ju constatou, lavando as mãos e acendendo mais algumas velas.

— Não acho que a invasão de hoje tenha sido unicamente para destruir um dos planetas baixos — Jo Han asseverou, sentando-se em uma poltrona. — O miasma... de certo que vieram difundir mais ainda sua névoa fétida.

— Haenim continua sendo invadida... isso é ruim o suficiente — Hyun Seung anunciou. — Devemos aumentar as rondas. Mandarei uma correspondência para as capitais.

— Mamãe o que vocês estão falando? — In Su perguntou, soltando o lápis de carvão e encostando o rosto no colo da celestial, que sorriu, afagando os longos cabelos do garoto.

— Uma coisa importante, meu amor. — Ele sorriu.

— Quando eu for grande eu vou entender? — Questionou com os olhos brilhando.

— De certo que sim. Você é inteligente! — In Seok segurou o garoto nos braços, levantando-se. — Vamos nos retirar para uma ótima noite de sono.

— Tenham um ótimo descanso — Ryo Su reverenciou e saíram da casa após In Su correr até o quarto de Min Sun, dar-lhe um beijinho na testa e se despedir dos seus dois outros amigos, correndo e segurando a mão dos seus pais.

— Papai — chamou. — Quando eu crescer, ainda vai ter luta? — O tom infantil dele fez Ryo Su sorrir.

— Esperamos que não, In Su. — In Seok respondeu docemente, olhando com tristeza para sua esposa. — Mas não precisa ter medo, meu filho. Vamos lhe proteger. Então você não tem porque lutar.

— Não preciso lutar?

— Claro que não, filho — Ryo Su o colocou no braço, mesmo com seus ferimentos reclamando. — Faça o que desejar.

O pequeno imediatamente caiu no sono ao ser posto em sua cama. Ryo Su acariciava os cabelos dele, o vendo tão calmo, dormindo tranquilamente.

— Sabe que ele não tem como escapar do campo de batalha, não sabe? — In Seok questionou tristemente.

— Sei... tenho plena consciência disso... ele é um dos guerreiros dourados... — ela murmurou baixinho como se quisesse que não fosse verdade. — Apenas queria que ele vivesse uma vida pacífica...

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