[CAPÍTULO 16]

Após entrevistar Jimin para entender as particularidades do caso, Jungkook parou em uma cafeteria que ficava próxima da delegacia para refletir. O lugar era famoso na cidade pela calmaria e privacidade.

Ele recolheu a brochura de dentro da maleta e ficou relendo tudo o que escreveu da entrevista nas próximas horas. Sua análise só foi interrompida quando Seokjin surgiu de repente para informar que Jimin queria vê-lo.

A princípio , o advogado achou estranho Jimin exigir vê-lo de novo, sendo que eles conversaram há poucas horas , mas Jungkook varreu esse pensamento para longe e decidiu aceitar o chamado de seu cliente.

Talvez, pensou o advogado, ele quisesse confessar mais detalhes do caso. Quanto mais informações Jungkook tivesse, melhor seria a sua atuação defensiva.

Ao retornar para a delegacia, Jungkook foi instruído a conversar com Jimin na ala das celas. Ele seguiu por um corredor com paredes cinzas e esperou o guarda autorizar seu acesso quando alcançou a grade que dividia os compartimentos.

Jungkook se aproximou da cela em que Jimin estava, observando-o sentado no chão. Desta vez, no entanto, sua postura parecia diferente da que ele viu na sala de interrogatório.

Os olhos do prisioneiro viraram em sua direção e ali Jungkook pôde observá-los mais escuros, frios e impiedosos. Ele não se sentiu intimidado, no entanto.

— Deseja conversar comigo, Park? — ao ouvir as palavras do advogado, um sorriso divertido desenhou os lábios do prisioneiro.

— Park... — ele repetiu, parecendo se divertir com aquela palavra. — Seokjin te falou sobre mim?

— O que ele poderia dizer sobre você?

— Eu não sou como ele. — Jungkook estava começando a achar que Jimin estava imerso em um profundo delírio. Tudo nele parecia diferente do primeiro encontro. — Eu sei tudo o que aconteceu no dia do homicídio porque fui eu quem os matei.

Naquele momento, Jungkook soube que estava diante da segunda personalidade de Jimin. Ele sabia que havia uma grande possibilidade dessa versão manipular o discurso para culpabilizar Jimin, então teria de ficar atento aos detalhes.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Jimin ergueu-se do chão, enquanto sorria diabolicamente, e caminhou em direção às grades. Jungkook, entretanto, não recuou.

— Você não se lembra de mim, Jeon? — Jimin perguntou com a voz ácida, buscando provocá-lo. — Não se lembra do que éramos?

— Por que eu me lembraria de você? — ele respondeu, igualmente afrontoso. — Fui apaixonado pela sua outra versão, não por você.

A resposta do advogado fez o rapaz apertar as mãos contra as barras de metal, fazendo os nós dos dedos ficarem brancos. Jungkook percebeu o movimento dele, mas fingiu não dar importância.

— Eu os matei por sua causa! Foi por você! — Jimin esbravejou, agarrando-se às barras de ferro. — Você me pediu para fazer isso quando disse que eu devia me libertar. Eu só existo graças a você.

Essas, definitivamente, não eram as palavras que Jungkook esperava ouvir da outra personalidade de Jimin. Ele queria saber sobre os detalhes do crime para construir uma defesa, mas tudo o que estava saindo dos lábios de Jimin não passava de acusações.

Decidido a recuperar o objetivo da entrevista, o advogado, portanto, falou:

— Você disse que sabe o que aconteceu na noite do crime. Pode me contar do começo?

— Meus pais te odiavam assim como eu te odeio agora! — ele confessou amargamente, ignorando a pergunta do outro. — Eu dei ouvidos a você e agora estou preso! Não tenho mais nada a perder.

Naquele momento, Jungkook entendeu que a identidade perversa de Jimin o culpava pela morte dos pais e o reconhecia como o responsável por contratá-lo para assassiná-los.

Embora não tenha conhecimento sobre a área, Jungkook supôs que a mente da segunda identidade estava convencida de uma realidade inexistente, onde o advogado ordenava a morte do casal em busca de vingança.

— Você está dizendo que eu te contratei para matá-los, é isso? — perguntou o advogado, buscando compreender a complexidade por trás dos pensamentos delirantes de Jimin.

— Eu cumpri com a ordem e agora quero meu pagamento — respondeu Jimin, dando a Jungkook a certeza de sua dúvida. — E então, quando pretende me pagar?

O advogado abriu um sorriso.

— Estou começando a pensar que você não é o protagonista. — Jungkook percebeu que suas palavras afetaram o ego da identidade. — Você não sabe nada sobre o Jimin nem mesmo sobre o assassinato. O seu objetivo em me trazer aqui não é para confessar e sim para me culpar por algo que não fiz.

— Você quer ouvir minha confissão? — Seus dentes rangeram e suas mãos, suadas e firmes, apertaram ainda mais as barras. — Eu os matei com a arma do meu pai, a mesma que ele usava para me ameaçar. Usei o silenciador para os vizinhos não ouvirem e atirei ao vê-los distraídos.

Jungkook ouviu a confissão dele atentamente, mas, desta vez, não anotou nada como costumava fazer.

— Quer saber mais? — Ele colocou o rosto entre os ferros da cela e abriu um sorriso suasório. — Eu fiz tudo isso no corpo do Jimin. Ele é tão culpado quanto eu, você não pode salvá-lo da condenação.

— O que está tentando fazer?

— Quero mostrar a você que o seu amado já era. — Sua voz inclinou para algo mais insensível e ignóbil. — Eu o destruí quando matei os nossos pais, eu dei ao Jimin a chance de viver em liberdade como você disse para fazer.

— Em que momento eu disse que você tinha de matar seus pais para que ele vivesse livre? — Jungkook estava tentando coletar informações e a única maneira era mergulhar de cabeça no delírio da identidade.

— Não te interessa. — Sua resposta disse ao advogado que a fala dele não passava de um blefe.

— Eu sei o que está tentando fazer — ele pontuou com a expressão neutra. — Você quer causar uma confusão para que o Jimin não seja inocentado e quer me usar como bode expiatório.

Jimin sorriu.

— Você sabe como funciona a nossa consciência, Jeon? Quando eu estou acordado, ele está dormindo, mas quando ele está acordado, eu também estou — respondeu. — Para o seu desprazer, eu sou o protagonista.

— Como você faz isso?

— Não existe um manual, apenas aprendi a controlar a outra personalidade. — Ele sorriu como se aquilo fosse uma grande conquista. — Sabe o que isso significa, não sabe? Enquanto eu estiver acordado, o Jimin não viverá em paz porque eu não deixarei.

Jungkook estava começando a entender o jogo dele, mas não se deixaria levar pela manipulação de suas palavras. Antes que pudesse formular uma ideia, a voz de Jimin interrompeu seus pensamentos.

— Quero que você cumpra com a sua promessa, caso contrário, eu vou me manifestar na hora do julgamento e todos da bancada saberão o que o Jimin fez — ameaçou.

Naquele momento, Jungkook decidiu que buscaria as informações sobre o paradeiro de Jimin e da sua outra identidade com o psiquiatra que o atendeu. Com o relato profissional, ele conseguiria entender as manifestações da segunda personalidade e criar uma defesa.

— Eu preciso ir, mas ainda vamos conversar muito — disse o advogado para a surpresa do outro, que segurou as grades com mais força.

— Você não pode me deixar aqui! Só eu posso controlar o Jimin! — ele gritou. — Se quiser salvá-lo, tem que me libertar primeiro!

— Te vejo mais tarde.

Ele virou-se de costas e dirigiu-se até a saída, ignorando os protestos do prisioneiro. Jungkook não podia dar a ele o que tanto desejava, não enquanto não soubesse o que, de fato, Jimin enfrentava em seu interior.

Jungkook perguntou ao guarda que vigiava as celas onde ficava o escritório do psiquiatra. Ele estava decidido a entender quais eram as condições de Jimin e quais caminhos essas condições poderiam levá-lo.

Apesar de sentir-se atraído por casos complexos, Jungkook não estava certo se deveria mergulhar de cabeça em um caso que envolve seu antigo amor. Qualquer demonstração de uma ligação afetiva, por menor que seja, pode arruinar o futuro de Jimin e a carreira de Jungkook.

Depois de localizar a sala descrita pelo guarda, Jungkook bateu na porta para avisar ao médico sobre a sua presença, recebendo uma autorização para entrar. O homem, sentado em uma poltrona, recebeu o advogado com um olhar curioso.

— Posso ajudá-lo, Jeon? — ele parecia já o conhecer, afinal.

— Quero entender as condições psicológicas do meu cliente — ele informou, fechando a porta às suas costas. — O nome dele é Park Jimin.

— Você é Jeon Jungkook? — Havia um pequeno sinal de fascínio por trás da pergunta do Dr. Hyunsu.

— Sim.

— Então você é a representação da fantasia dele... — Seus dedos esfregaram o queixo em uma breve observação. Jungkook apertou as sobrancelhas, confuso. — O que gostaria de saber sobre as condições do Sr. Park?

— Quero entender quais critérios o senhor avaliou para chegar ao diagnóstico de TDI. — Ele aproximou-se da mesa de Hyunsu, sendo convidado a sentar-se. — Eu não posso atender o meu cliente em condições delirantes.

— Ele não está preso em um delírio quando a outra identidade se manifesta, Jeon. — explicou-lhe. — Jimin troca de identidade para se proteger do ambiente. Ele não está acostumado com esse lugar, a outra identidade, em contrapartida, parece mais familiarizada. Então, não se assuste se a segunda personalidade aparecer com mais frequência nas próximas horas.

— O que pode me dizer sobre esse transtorno?

— Em resumo, a memória e o sentido de realidade do Jimin se tornaram fragmentados. Ele divide a consciência com a sua segunda identidade, mas cada uma delas tem a sua própria maneira de perceber, de se relacionar e de pensar.

— Isso significa que uma identidade não faz ideia de que a outra também habita a mesma consciência?

— Exatamente — respondeu. — Até o momento, Jimin não sabia que a outra personalidade existia. Agora, no entanto, ele sabe, mas não consegue acessá-la ou senti-la. Isso é praticamente impossível.

— Eu conversei com a outra identidade e ela parece saber tudo o que acontece com o Jimin. — Hyunsu balançou a cabeça como se já esperasse por aquilo. — Como ele pode saber tudo o que o Jimin faz?

— Ele não sabe — disse. — Jimin parece estar sempre em um estado de fuga, então é comum que isso tenha causado uma amnésia dissociativa na consciência dele. Devido a isso, a outra identidade pode ter assumido o controle e aparecido com mais frequência.

Naquele momento, o advogado chegou à conclusão de que deveria afirmar diante das autoridades que Jimin sofre de um transtorno dissociativo e que, quando uma identidade está ativa, a outra fica adormecida.

No entanto, ele teria de provar que durante o assassinato quem estava ativa era a identidade secundária, o que não seria uma tarefa fácil. Ele pensou na possibilidade de solicitar exames neurológicos durante a transição das personalidades para ver como o cérebro reage.

— Como podemos confirmar, materialmente, que o Jimin sofre desse transtorno, Sr. Hyunsu? — Jungkook perguntou.

— Essa é uma pergunta que muitos profissionais fazem, Jeon — respondeu. — Podemos observar o fluxo sanguíneo cerebral, respostas cardiovasculares, padrões emocionais e sensório-motores de cada alteração identitária, dependendo, obviamente, do processamento de memória. Essas respostas neurais podem comprovar que há duas consciências diferentes coexistindo em um mesmo cérebro.

— O senhor já atendeu pacientes com o mesmo transtorno do meu cliente?

— Pouquíssimos — respondeu, suspirando. — Já atendi um paciente que alegava estar cego, mas as outras identidades enxergavam. A depender de cada tipo de personalidade, outras alterações funcionais podem ser identificadas.

— Então essas alterações podem ser observadas na tomografia?

— Totalmente.

— Estou certo de que a acusação alegará não ter provas suficientes para comprovar que quem estava no controle no momento do assassinato era a outra personalidade.

— É difícil afirmar quem estava no controle na hora do crime, mas, ao conversar com o Jimin, eu pude perceber que ele não fazia ideia do que aconteceu.

— Existe alguma possibilidade de ambas consciências ficarem ativas ao mesmo tempo? — Jungkook perguntou, pesquisando suas opções.

— Em alguns casos, sim. Pode acontecer de uma dessas identidades não possuir amnésia nessas transições e participar de outros estados de personalidade. — explicou-lhe. — Talvez a outra identidade do Jimin consiga acessá-lo em momentos específicos, mas acredito que não seja o caso.

Jungkook estava começando a compreender o caso e, até o momento, uma boa defesa estava sendo construída com aquele diálogo.

— Quero convidá-lo a participar da audiência e dar seu testemunho sobre o estado mental do meu cliente. Você aceita, Sr. Hyunsu?

O médico demorou a respondê-lo, mas não parecia inclinado a recusar o pedido.

— Eu estarei lá, Jeon. — confirmou.

▸▸◂◂

UM MÊS DEPOIS

Jungkook entrou no tribunal usando um paletó escuro e segurando uma pasta com toda a papelada do caso. Ele dirigiu-se até a banca de defesa, onde a cadeira do réu estava localizada, porém, vazia.

Há vinte dias, Jimin teve de responder à acusação e, a partir de uma decisão processual devido à ausência de materialidade do fato, a audiência foi remarcada para a próxima etapa.

Na primeira audiência, a réplica da acusação foi pautada na insuficiência de provas que comprovam a transição de identidades no momento do crime. Sabendo disso, Jungkook reuniu o máximo de evidências e de testemunhos para apresentar na decisão final.

Ele estava certo de que não poderia impedir o julgamento de Jimin, mas talvez conseguisse um hospital de custódia com liberdade condicional. Esse, definitivamente, seria o seu acordo se houvesse alguma condenação.

Um momento depois, Jimin foi trazido por uma dupla de policiais. Ele usava uma vestimenta formal, mas suas mãos estavam algemadas. Jungkook o observou cuidadosamente, tentando identificar qual identidade estava presente naquele instante.

A julgar pela expressão cabisbaixa e o olhar triste, o advogado supôs que ele ainda estava em seu estado comum. Nos últimos dias, Jimin começou um tratamento medicamentoso para conter os sintomas, mas nem sempre funcionava.

Os policiais o colocaram sentado ao lado de Jungkook e, em seguida, recuaram, ficando a poucos metros de distância para manter a segurança. Jimin olhou ao redor do lugar, vendo alguns rostos familiares.

Ele deparou-se com Namjoon, Hoseok e Seungwan sentados lado a lado. Para ser sincero, Jimin não esperava ver os seus amigos na audiência após descobrirem que foi ele quem matou os pais.

— Como está se sentindo? — Ele ouviu Jungkook perguntar ao seu lado.

— Nervoso — respondeu.

— Vai dar tudo certo. — Jimin o encarou sem qualquer expectativa no rosto.

— Eu desaprendi a acreditar em promessas. — Sua sinceridade não impressionou o advogado. — Mas eu acredito no seu potencial. Todos dizem que você é um ótimo advogado de defesa.

Jungkook não teve tempo de calcular uma resposta, pois as portas do tribunal se fecharam quando o juiz adentrou calmamente, fazendo todos se levantarem para recebê-lo. Naquele momento, o coração de Jimin acelerou, ciente de que agora o tribunal estava em sessão.

Após o juiz sentar-se, todas as pessoas presentes também sentaram. Jungkook olhou para a advogada de acusação, pescando um vislumbre de vitória nos olhos dela.

— Senhores e senhoras do Júri, o réu foi indiciado por homicídio doloso, mas quero informá-los, com antecedência, que uma acusação não é prova. No âmbito do Direito, o réu não pode ser considerado culpado preliminarmente, tendo direito a uma ampla defesa. — O juiz fez a abertura, olhando, em seguida, para a advogada de acusação. — Sra. Kim, sua equipe está preparada para começar os pronunciamentos?

— Sim, Meritíssimo. — A mulher respondeu, erguendo-se da cadeira com cortesia.

Ela caminhou até o centro do tribunal, ficando de frente para a bancada de júri, em seguida disse:

— Senhores e senhoras do Júri, Park Jimin assassinou brutalmente os próprios pais. Ele tomou em suas mãos o direito de tirar a vida de duas pessoas que fizeram de tudo para vê-lo feliz. Park Jimin nada mais é do que um assassino. A motivação? Não sabemos. — Jimin não se abalou com aquelas palavras, pois ele já esperava ouvi-las. — Provavelmente, vocês ouvirão que o réu não tem antecedentes criminais, mas devemos levar em consideração que ele agiu como um carrasco violento e matou duas pessoas a sangue-frio.

Ela fez uma pequena pausa, olhando, de relance, para Jimin.

— O que leva um filho a matar os próprios pais? — A mulher prosseguiu. — Se ele assassinou brutalmente pessoas da família, o que ele não pode fazer com um desconhecido em um bar?

— Especulação! — Jungkook protestou.

— Vocês, Júri, têm o poder de restaurar a justiça nesse país, colocando atrás das grades um criminoso como Park Jimin. — Ela ignorou a interferência de Jungkook e finalizou a sua fala. — Obrigada, Meritíssimo.

A mulher retornou para o seu assento com a mesma elegância. Jungkook pescou a sombra de um pequeno sorriso se formando nos lábios dela, indicando satisfação.

— Sr. Jeon, está pronto para fazer a sua declaração de abertura?

— Estou, Meritíssimo.

Jimin o assistiu levantar-se da cadeira, confiante, e andar deliberadamente para o centro do salão. Todos os olhares se voltaram para ele em uma crescente expectativa.

— Peço a vocês que imaginem uma criança inofensiva sendo trancada no porão de sua casa e proibida de interagir com o mundo. Imaginem essa criança sendo torturada psicologicamente e obrigada a seguir as ordens de etiqueta de sua família. Essa criança que os senhores e as senhoras imaginaram se chama Park Jimin, que, acima de tudo, foi uma vítima — ele declarou. — O Sr. e a Sra. Park fizeram coisas que nenhum pai ou mãe deveria fazer com uma criança. Mesmo que eles não estejam em julgamento agora, suas atitudes para com o próprio filho deixaram marcas severas e desenvolveram um quadro psicológico irreversível.

Jimin ficou impressionado com a sensibilidade das palavras de Jungkook, mas ele não tinha certeza se a estratégia de humanizar o júri funcionaria. Ele olhou para os amigos novamente, buscando neles um pouco de força, mas não avistou Namjoon com Hoseok e Seungwan.

— Meu cliente foi diagnosticado com Transtorno Dissociativo de Identidade, um quadro muito complexo que não pode ser controlado sem um processo psicoterapêutico eficiente. — Jungkook deu continuidade, trazendo a atenção de Jimin para si. — Se não podemos controlar nossas emoções, nossos traumas e nossos medos, como o meu cliente poderá controlar um transtorno severo? Como ele saberá quais são as identidades que vão aparecer em diferentes circunstâncias? Ele não tem esse poder. Então, gostaria de pedir que olhem para Park Jimin como um ser humano em suas condições vulneráveis. Obrigado, Meritíssimo!

— Vamos dar continuidade. Sra. Kim, por gentileza. — O juiz a chamou cordialmente.

— Eu gostaria de chamar uma testemunha, Meritíssimo — ela informou, aproximando-se com seus saltos elegantes. — Kim Namjoon, amigo íntimo do réu.

Os olhos de Jimin deram um fraco solavanco diante daquele nome. Ele olhou para Jungkook, confuso, esperando que ele tivesse a resposta para as suas dúvidas. Naquele momento, Jimin não soube o que esperar do discurso de seu amigo.

Namjoon dirigiu-se até o assento de entrevistados e sentou-se. Em nenhum momento os olhos dele caíram sobre Jimin, fazendo-o ter a impressão de que ele estava evitando-o. Jimin não podia negar que estava se sentindo traído.

— Kim Namjoon, você é melhor amigo do réu há muito tempo, provavelmente deve conhecê-lo como ninguém. — A advogada começou a dizer enquanto formulava uma pergunta. — O que ele dizia a você sobre os pais?

— Jimin não tinha uma boa relação com os pais, quase sempre brigavam.

— Por quê?

— Ele não queria assumir a empresa do Sr. Park. — Jimin o encarou com tanta raiva que suas mãos se fecharam em punhos sob a mesa. — Uma vez ele me disse que, se pudesse, faria tudo isso desaparecer, todas as responsabilidades, todos os compromissos para com a construtora.

— Você percebeu alguma diferença no réu semanas antes de ele matar os pais?

— Às vezes, Jimin me tratava mal. Éramos muito próximos, mas de um tempo para cá ele tem se mostrado indiferente, arrogante e insensível. — Assim como Jimin, Hoseok e Seungwan se mostraram igualmente chocados com as falas de Namjoon. — Ele era considerado um péssimo exemplo para a empresa. Depois que o Sr. e a Sra. Park morreram, Jimin virava a noite em boates e motéis.

— Para um filho enlutado, ele escolheu bem como aproveitar o seu momento de reclusão. — A advogada atacou. — Poderia nos dizer o que Park Jimin te contava sobre as brigas com o pai?

— Ele ficava revoltado quando o Sr. Park o obrigava a participar das reuniões. Jimin começou a se ausentar da empresa e o seu tio, Dongyul, assumiu o seu lugar. — Ele fez uma pequena pausa. — Dongyul me pediu para ajudá-lo nos assuntos da corporação porque eu já conheço os processos internos.

— O réu falava sobre os sentimentos dele em relação aos pais?

— Raramente.

— Obrigada, Namjoon! — Ela sorriu em agradecimento e virou-se para o juiz. — Sem mais perguntas, Meritíssimo.

— A defesa, por gentileza. A testemunha é de vocês agora. — O juiz direcionou a sua fala à Jungkook.

Jimin não fazia ideia de quais perguntas Jungkook faria para Namjoon, mas, a julgar pela sua expressão, acreditava que ele tentaria o encurralar em contradições.

— Kim Namjoon, é verdade que o senhor entrou na propriedade do meu cliente sem o consentimento dele? — Jungkook perguntou, fazendo a testa de Namjoon formar alguns vincos.

— Eu fui atrás do Jimin porque estava preocupado com ele.

— Essa não foi a pergunta que te fiz. O senhor entrou ou não na casa do meu cliente sem a autorização dele?

Namjoon engoliu em seco.

— Sim, mas...

— O senhor assume que tentou de todas as formas afastá-lo da empresa por ele estar de luto?

— Eu não tentei afastá-lo, ele se afastou por conta própria!

— O que o senhor faria se a sua casa fosse invadida pelo seu "melhor amigo" e descobrisse que ele tirou uma cópia da sua chave? — As palavras de Namjoon ficaram presas na garganta. — Não acha compreensível Park Jimin se afastar de você após presenciar seus comportamentos estranhos?

— Conjectura infundada! — protestou a Promotoria.

— Deixe-me reformular: o senhor tem agido estranhamente na presença do meu cliente, inclusive feito perguntas que te ajudassem a descobrir uma forma de assumir o lugar dele na empresa. — Jimin observou como as palavras de Jungkook afetaram Namjoon, deixando-o momentaneamente inquieto. — Do que o senhor seria capaz de inventar para tirar Park Jimin do seu caminho e, finalmente, exercer o cargo que tanto almejou?

— Especulação! — A advogada contestou, erguendo-se da cadeira para enfatizar sua fala.

— Sem mais perguntas por enquanto, Meritíssimo. — Jungkook finalizou, retornando para o seu assento.

— A testemunha está dispensada. — Após a liberação do juiz, Namjoon levantou-se com hesitação, olhando para Jimin em seguida.

Um sentimento de indignação se intensificou no peito de Jimin, golpeando-o mais depressa do que ele poderia conter. Ele gostaria de verbalizar todos os xingamentos que seu cérebro estava enviando naquele momento, mas tudo o que ele fez foi encarar Namjoon com puro ódio.

Ele esperava ouvir tais palavras de seu tio, não daquele que se dizia ser seu melhor amigo. Jimin, finalmente, percebeu que o único interesse de Namjoon era ocupar o seu lugar na empresa e ele foi capaz de revelar todas as confissões de Jimin só para obter esse prestígio.

— A acusação gostaria de prosseguir? — a pergunta do juiz despertou-o de seus pensamentos, fazendo-o afastar o olhar.

— Claro, Meritíssimo. — desta vez, quem tomou a fala foi um homem.

Ele se aproximou de uma televisão exposta e começou a exibir as imagens do exame de autópsia. Jimin sentiu vergonha, medo, dor e arrependimento simultaneamente quando se deparou com as fotos.

— Eu gostaria de chamar ao tribunal Yoon Jaewon, médico-legista. — o advogado de acusação anunciou.

O homem se aproximou do assento de testemunhas em silêncio. Jimin observou que aquele era o médico responsável por realizar a autópsia de seus pais. Ele tinha cabelos grisalhos e algumas rugas evidentes no rosto, resultados, obviamente, da idade.

Jimin sentiu as paredes do estômago se contraírem no momento em que seus olhos caíram, novamente, nas imagens exibidas. Ele sabia que a Promotoria usaria essas fotos para incriminá-lo, afinal o assassinato foi cruel.

— Senhores e senhoras do júri, quero que observem essas imagens com muita atenção. Nelas, podemos ver todos os detalhes deste assassinato brutal. — O advogado se dirigiu ao médico em seguida. — Senhor Yoon, poderia explicar aos jurados o que as imagens nos mostram?

— Foram recolhidos quatro projéteis em cada um dos corpos. Cada projétil foi localizado nos mesmos lugares em ambos corpos: duas no coração e duas no cérebro. — Jimin percebeu que após a fala de Jaewon, os jurados se entreolharam brevemente. — As cápsulas pertencem a uma arma calibre 22.

— O Sr. Park possui uma arma do mesmo calibre — pontuou o advogado. — Prossiga, Sr. Yoon.

— Encontrei resquícios de vidro nas unhas da Sra. Park, o que sugere que, provavelmente, ela pegou um jarro para se defender.

— Se defender do quê? De um possível ataque?

— A acusação está direcionando a resposta do entrevistado, Meritíssimo! — Jungkook protestou.

— Deixe-me reformular: o senhor encontrou pedaços de vidro nas unhas da Sra. Park, o que indica que ela não morreu instantaneamente, correto? — O advogado de acusação perguntou.

— Sim, o que a matou foi o segundo tiro que acertou a cabeça.

— Pela distância do disparo, o senhor afirma que o réu estava próximo dela?

— Foi um disparo de curta distância.

— Isso indica, portanto, que Park Jimin estava olhando nos olhos da mãe quando disparou contra o rosto dela. — concluiu o homem de frente para a bancada de júri. — O quão insensível este homem é a ponto de matar os pais à sangue-frio enquanto os encarava nos olhos?

Jimin não conseguia se enxergar como esse monstro que a acusação estava criando para a bancada de júri. Ele, claramente, não podia reduzir os seus erros a um estado psicológico, mas, também, não queria se ver como uma criatura que, dentro dele, nunca existiu.

— Meritíssimo, isso é tudo, por enquanto — disse o representante da Promotoria, encerrando sua fala.

— Vamos dar uma pausa de quinze minutos — disse o juiz e bateu o martelo na madeira.

Todos começaram a se levantar de seus assentos e a se dirigirem até a porta dupla que dava para o lado de fora do salão de audiência. O guarda ao lado de Jimin o conduziu com Jungkook até outra porta, esta que ficava na lateral do salão.

Eles alcançaram um corredor amplo, com poucos assentos de madeira distribuídos, e avistaram, à distância, algumas pessoas que estavam assistindo ao julgamento e entre elas, Namjoon.

Os olhos de Jimin cruzaram com os do rapaz e, naquele momento, enquanto o encarava, ele sentiu um crescente ódio no seu peito. Jimin queria correr até ele e cuspir na sua cara, mas estava tão magoado que seus pés não obedeceram às suas vontades.

Naquele momento, desejou que a sua outra personalidade, mais destemida e sanguinária, aparecesse. Ele gostaria de ter a ousadia dela, quando precisasse.

De repente, ele viu Hoseok chegar por trás de Namjoon e o empurrar. O rapaz se desequilibrou, mas não o bastante para cair no chão. Ele se virou de frente para o autor do empurrão e ficou surpreso quando observou a face indignada de Hoseok.

— Você ficou louco?! — Jimin ouviu Hoseok perguntar a ele. — O seu discurso pode foder com o futuro do Jimin! O que deu em você?!

— Hoseok, se acalme! — Seungwan parecia apreensiva enquanto tentava conter os nervos do namorado.

— Se eu soubesse que você ia testemunhar contra ele, eu teria te trancado na sua casa. — Hoseok prosseguiu, indignado.

Namjoon, em contrapartida, não disse uma palavra e Jimin sabia que ele estava se controlando porque estava em um lugar cheio de policiais e seguranças, o que impediria Hoseok de batê-lo.

— Por favor, Hoseok, vamos sair daqui. — Seungwan insistiu e segurou o braço do amado.

— Se o Jimin for condenado hoje, eu acabo com você, Namjoon. — Hoseok não deu a mínima para quem estivesse testemunhando a sua ameaça.

Dito isto, ele se virou e caminhou para longe com pegadas fundas, sendo acompanhado pela namorada, que tentava alcançar seus passos frenéticos. Namjoon se recompôs e arrumou o paletó, em seguida moveu-se para uma sala em companhia do advogado de acusação, que surgiu atrás dele e cochichou algo em seu ouvido.

— Eu estou fervendo de ódio — disse Jimin para Jungkook, que também assistia à cena em silêncio.

— É compreensível.

— Se eu pudesse, quebraria a cara dele inteira.

— Ameaças dentro de um Tribunal não vão te ajudar. Venha comigo.

Jungkook o conduziu até uma pequena sala nos confins do corredor. O policial que estava com eles os acompanhou até lá e, a pedido de Jungkook, os aguardou do lado de fora para que o advogado tivesse privacidade com o seu cliente.

Jimin seguiu até uma pequena mesa de madeira e sentou-se na cadeira mais próxima, ouvindo os passos de Jungkook às suas costas. O advogado trouxe dois copos de café, entregando um deles para o seu cliente.

Ele agradeceu-lhe com um sorriso pequeno e observou Jungkook sentar-se na cadeira à sua frente. Tudo ficou em silêncio por um instante, mas, logo, Jimin quebrou-o

— Eu estou encrencado, não estou? De zero a dez, o quanto eu vou me foder nesse Tribunal hoje?

— Por que acha isso?

— Veja só os advogados de acusação, eles estão me colocando como um monstro. — Respirou fundo. — Talvez estejam certos sobre isso, eu posso não ser um monstro, mas a minha outra identidade, sim.

— A sua segunda personalidade não está em julgamento hoje — respondeu. — Vamos tentar sensibilizar o júri para que eles vejam que você não controla as ações do seu corpo quando a outra identidade está ativa. O discurso do psiquiatra pode nos ajudar nessa investida.

— Por mais que ele diga que tenho esse transtorno, não há como provar que na hora do assassinato era a outra identidade que estava no comando.

— Independentemente disso, eu vou recorrer a um tratamento psiquiátrico.

Jimin suspirou e tomou um gole do café. Ele estava tão nervoso com tudo aquilo que não conseguia pensar em mais nada que não fosse a decisão final do juiz. Jimin estava quase convencido de que passaria o resto da vida na cadeia e o seu tio, em contrapartida, assumiria o seu lugar na empresa como sempre desejou.

— Eu chamei uma pessoa para testemunhar a seu favor, Jimin. — A informação de Jungkook fez os olhos de Jimin assumirem um aspecto surpreso.

— Quem?

— A sua governanta, Moon Yujin — A resposta dele despertou calafrios no rapaz.

Jimin sabia que por ela ter trabalhado na sua casa talvez tenha presenciado algo que o incriminasse ainda mais, afinal Yujin não sabia que o rapaz tinha duas personalidades distintas e que elas poderiam se manifestar a qualquer momento.

— Acredito que, por ela ter trabalhado na casa da sua família por longos anos, o testemunho dela colabore para a sua inocência — acrescentou o advogado ao perceber o receio estampado nos olhos de Park.

— Ela trabalha na casa dos meus pais desde que me mudei para Seul.

— Yujin, certamente, presenciou as torturas que você sofreu de seus pais. Podemos ligar o discurso dela com a confirmação diagnóstica do psiquiatra.

Por um momento, Jimin se sentiu esperançoso e confiante. Ele sabia que se fosse inocentado, as pessoas na rua o julgariam mesmo assim, mas, a depender do julgamento alheio, ele continuaria lutando pela sua liberdade.

Era a sua vida que estava em jogo, afinal.

— Jungkook, posso te perguntar uma coisa?

— Claro.

Jimin ficou em silêncio por um momento. Ele acreditava que Jungkook tinha respondido rapidamente porque achava que a sua dúvida estava relacionada ao caso.

— É uma pergunta que talvez você não queira responder — sinalizou, observando-o franzir a testa. Jimin pigarreou. — Quando você soube que fui embora para outra cidade, você pensou que eu tinha te abandonado?

Jungkook não reagiu como se a pergunta de Jimin o tivesse incomodado de algum modo. Isso é um bom sinal, pelo menos, pensou Park. Ele esperou ouvir um sermão ou qualquer coisa que o fizesse aceitar que aquele lugar não era apropriado para esse tipo de pergunta, mas a resposta de Jungkook o impressionou.

— Eu era só um adolescente quando você partiu, obviamente me senti rejeitado. — O coração de Jimin apertou. — Eu te amava muito e sonhava viver um futuro com você. Por mais que naquela época fôssemos jovens demais para entender sobre o amor, o que eu sentia por você era intenso e verdadeiro.

— Você não sente mais nada por mim? — Essa pergunta estava engasgada desde o momento em que Jimin o reencontrou.

— Nós crescemos e conhecemos novas pessoas, novos amores...

Jimin engoliu em seco, sabendo exatamente aonde ele queria chegar.

— Você já tem alguém na sua vida, não é? — ele desejou muito que a resposta de Jungkook não fosse a que ele já presumia que seria.

— Não, Jimin, eu estou solteiro.

Jimin travou perceptivelmente, desconhecendo o motivo de Jungkook ter mencionado o fato de conhecer novas pessoas. Ele não sabia se o advogado estava de olho em alguém ou só não queria que Jimin sofresse.

— Eu não consegui me apaixonar por ninguém depois de você. — Jimin confessou e abaixou os olhos como se as suas palavras fossem, de algum modo, vergonhosas. — Acho que a repreensão dos meus pais me fez desistir de encontrar um novo amor. Eu tinha medo de ser quem eu era na frente deles, na minha cabeça existia muita censura o tempo todo.

— Eu sinto muito que você tenha passado por tudo isso.

Jimin sorriu fracamente, seu gesto não tinha nenhum traço de humor.

— Foi por causa deles que ficamos todo esse tempo separados. — Ele encarou o advogado como se esperasse por uma resposta que não veio. — Eles destruíram a minha vida e o nosso relacionamento. Eu me culpo por ter permitido isso.

— Mas não foi culpa sua.

— Se eu tivesse resistido às torturas estaríamos juntos até hoje.

— Você era jovem demais para entender isso, Jimin. Não se culpe por algo que não estava ao seu alcance. — Jimin se surpreendeu quando as mãos de Jungkook tocaram as suas sobre a mesa. — Não quero que viva em função de mim e de um amor que já existiu, porque isso pode continuar te ferindo.

— Por que não podemos trazer esse amor para o presente?

As mãos de Jungkook começaram a recuar lentamente, mas Jimin as tomou de volta, fazendo as algemas em seus pulsos chacoalharem.

— Você não gosta mais de mim? — Jimin perguntou e começou a se sentir ansioso.

Ele sabia que certamente estava agindo com desespero, mas não podia ignorar o rugido dos sentimentos que ainda sentia por Jungkook. Por um tempo, Jimin o esqueceu, mas o amor que sentia por aquele homem continuava aceso e ardido como as chamas de uma fogueira.

E Jimin só desejava que ele retribuísse o seu amor, apesar de entender que se ele o rejeitasse, era o direito dele.

— Eu estou conhecendo outra pessoa, Jimin. — a resposta de Jungkook foi como um soco no estômago de Park, que recuou o corpo até encontrar o espaldar da cadeira. — Ele não mora aqui. Não é nada sério, por enquanto.

— Eu já deveria prever isso.

— Eu não queria te falar até o encerramento da audiência porque sabia que isso te deixaria triste.

— É, você estava certo.

Ele ergueu-se da cadeira e jogou o copo com café no lixo, ficando de costas para o advogado por um momento. Ele não queria que Jungkook visse os seus olhos lacrimejados nem a sua respiração irregular.

— Jimin — ele o chamou, mas o rapaz continuou virado de costas enquanto tentava se recompor. — Podemos não falar mais sobre isso?

— Eu não consigo olhar para você e não sentir nada. — No momento em que Jimin se virou de frente para Jungkook, o advogado viu os olhos vermelhos e cheios de lágrimas de Jimin. — Tem noção do quanto isso está doendo em mim?

— Não devíamos ter tocado nesse assunto.

Jungkook se levantou rapidamente e antes que pudesse alcançar a maçaneta da porta, Jimin atravessou na sua frente e o segurou gentilmente pelos braços.

— Eu não quero que você se sinta culpado por não retribuir os meus sentimentos, mas preciso que saiba como me sinto perto de você.

— Jimin...

Com um impulso incontrolável, Jimin colou os lábios nos dele com uma certa urgência. Ele presumiu que a sua atitude arruinaria o andamento da defesa e até poderia afastar Jungkook definitivamente, mas ele não conseguiu conter o desejo de beijá-lo.

E essa certeza se intensificou quando o advogado não rejeitou o seu beijo.

As mãos de Jimin seguraram em cada lado do rosto de Jungkook à medida que o contato se aprofundava. O corpo de Jimin pareceu entrar em combustão no instante em que o advogado agarrou a sua cintura e o trouxe para perto.

Jimin resmungou um xingamento nos pensamentos quando se lembrou de que as suas mãos estavam algemadas e elas não poderiam explorar o corpo de Jungkook como ele gostaria.

Movido pela necessidade de se enterrar no beijo do advogado, Jimin o empurrou até a pequena mesa, que provocou um rangido no assoalho quando foi arrastada para o lado com o peso deles. Jungkook desceu as mãos até o quadril do outro e o ergueu do chão, colocando-o sobre a mesa e ficando entre as suas pernas.

Em poucos instantes, o momento entre eles esquentou.

Por um momento, Jimin desejou arrancar a sua roupa e foder com o advogado ali mesmo, mas isso estava fora de cogitação enquanto o guarda estivesse do outro lado da porta. Ele não poderia gemer como gostaria nem praticar a selvageria que tanto apreciava.

Mesmo que não soubesse que tipo de sexo Jungkook gostava, Jimin supôs que ele fazia parte da categoria dos românticos.

De repente, alguém bateu na porta, fazendo Jungkook cortar o beijo e se afastar imediatamente. Jimin pulou da mesa bem a tempo de ver a porta sendo aberta pelo guarda que o acompanhou até lá.

— A audiência já vai começar. — O homem fardado avisou e desta vez não fechou a porta.

Jungkook esfregou a testa como se tivesse cometido o pior dos crimes. Pouco tempo depois, ele já estava fora do alcance de Jimin e seguindo até a porta. O rapaz gostaria de perguntar se ele estava arrependido por tê-lo beijado, mas com a presença daquele policial tornava-se praticamente impossível dirigir qualquer tipo de pergunta pessoal a Jungkook.

Então, a única opção que lhe restou foi seguir para o salão de audiências e sentar-se em sua cadeira de réu. Ele olhou disfarçadamente para Jungkook ao seu lado, que assumiu uma postura profissional assim que pisou os pés no salão.

Todos retornaram para os seus assentos, inclusive o juiz, fazendo uma sensação de gelo atravessar os ossos de Jimin. O silêncio de Jungkook estava atormentando o rapaz, ele estava com medo de ele ter odiado o seu beijo ou de sua reação impulsiva prejudicar o desempenho do advogado na defesa.

— Retornamos à audiência do caso de Park Jimin. — informou o juiz, chamando a atenção de todos. — A defesa pode assumir a fala.

— Obrigado, Meritíssimo. — Jungkook levantou-se e ajeitou a gravata no pescoço, em seguida dirigiu-se até o meio do salão e ficou próximo da cadeira da testemunha. — Gostaria de chamar o Dr. Hyunsu para depor.

As portas do salão foram abertas e a imagem do psiquiatra emergiu para todos. Ele caminhou até o palanque e sentou-se na cadeira do entrevistado, fazendo o juramento padrão antes de se acomodar.

— Dr. Hyunsu, o senhor teve a oportunidade de conversar com o meu cliente durante a transição das identidades e pôde perceber um comportamento distinto entre elas — Jungkook pontuou. — Poderia explicar para o júri a complexidade desse transtorno.

— Como eu já havia dito, Park Jimin sofre de uma ruptura na consciência, onde a sua segunda personalidade se manifesta. Por mais que coexistam no mesmo cérebro, elas têm a sua própria maneira de pensar, agir e se relacionar com as pessoas à sua volta.

— Isso significa que quando uma identidade está "dormindo" a outra, portanto, está "acordada", porque elas não conseguem habitar a consciência Jimin ao mesmo tempo, correto?

— Exatamente.

— Como uma pessoa desenvolve esse transtorno? — Jungkook perguntou.

— Na maioria dos casos, o Transtorno Dissociativo de Identidade se desenvolve a partir de acontecimentos traumáticos. Deixe-me ser mais específico: uma mente igual a do Jimin tenta bloquear da consciência acontecimentos que lhe causaram extrema dor psicológica. É então que as identidades surgem, elas são uma forma alternativa para que o indivíduo não vivencie eventos estressantes.

— O senhor afirma que a segunda identidade do Jimin passou a existir a partir de um evento extremamente estressante para protegê-lo?

— Sim.

— Isso é tudo por enquanto, Meritíssimo — Jungkook informou, retornando para o seu assento.

— A testemunha é da acusação agora — disse o juiz.

A advogada da Promotoria assumiu o posto mais uma vez, dirigindo-se elegantemente até o meio do salão e ficando a poucos metros de distância da cadeira do entrevistado.

— Dr. Hyunsu, o senhor disse que as identidades não podem se manifestar simultaneamente e que elas possuem características próprias, criadas pelo próprio inconsciente do indivíduo. — ela pontuou. — Isso significa que a mente do réu fabricou um "assassino" para se proteger?

— O indivíduo não tem controle sobre as personalidades criadas. Elas são constituídas a partir dos desejos do inconsciente, provocadas pelo ambiente.

— Está dizendo que os desejos inconscientes do réu eram matar os próprios pais e para isso projetou uma personalidade que fizesse esse serviço?

— Estamos falando dos desejos inconscientes, senhora. Ninguém tem controle sobre eles, nenhum de nós, então posso assegurar que essa personalidade desenvolvida pela mente do Jimin surgiu para protegê-lo, não para servir como uma máquina de matar.

A advogada piscou um par de vezes para afastar a surpresa da resposta. Ela ficou sem perguntas e todas as suas armas para o encurralar já tinham sido usadas. Portanto, ela disse entredentes:

— Sem mais perguntas, Meritíssimo.

— A testemunha está dispensada — determinou o juiz. — A defesa pode se aproximar.

Enquanto o Dr. Hyunsu se retirava, Jungkook pensava nas suas próximas palavras. Ele queria achar uma forma de conectar a afirmação do psiquiatra com o testemunho da governanta que ainda seria chamada.

— Senhores e Senhoras do júri, gostaria que prestassem atenção nas palavras que o especialista da área disse: "não podemos controlar os nossos desejos inconscientes". — Jungkook se pronunciou e dirigiu-se até a bancada do júri, ficando de frente para cada olhar que o encarava. — Isso significa que qualquer um de nós pode desenvolver um transtorno ao longo da vida, principalmente se a nossa composição genética está mais vulnerável, o que é o caso do meu cliente.

— Papo furado... — A representante da Promotoria murmurou, mas o seu resmungo caiu nos ouvidos do juiz.

— Peço que a acusação não interrompa o Sr. Jeon.

Jimin não pode conter o sorrisinho de satisfação.

— Gostaria de chamar a Sra. Moon Yujin para depor. — Jungkook convocou a mulher e a aguardou entrar pela porta da lateral.

A mulher dirigiu-se até o assento que o Dr. Hyunsu estava anteriormente com passos claudicantes. Jimin começou a se sentir nervoso quando observou a expressão desorientada da sua governanta. Ela parecia com medo e assustada.

Jimin engoliu em seco no momento em que os olhos de Yujin encontraram os seus e, imediatamente, desviaram, como se tivesse se deparado com uma assombração. Por um momento, ele temeu que a mulher estivesse com medo dele e não colaborasse para a sua defesa.

— Sra. Moon, quanto tempo a senhora trabalhou na casa da família Park? — a pergunta de Jungkook o expulsou de seus próprios devaneios.

— Tem quase duas décadas.

— O que a senhora poderia falar sobre Park Jimin?

De repente, ela olhou para Jimin enquanto respirava fundo. Jimin sentiu que alguma coisa estava muito errada com ela.

— Jimin sempre foi um garoto amoroso com as pessoas, ele gostava de ajudar ao próximo e de convidar os amigos da escola para brincar na sua casa, mas o Sr. Park não deixava.

— Me fale sobre a relação do meu cliente com o pai.

— O Sr. Park era muito agressivo com o filho, eu já presenciei inúmeras agressões físicas dele contra o Jimin. — Jungkook balançou a cabeça, um gesto que ela entendeu para continuar. — Uma vez ele trancou o Jimin no porão porque o viu brincando com outro garoto na porta de casa. Jimin não podia sair sem ser acompanhado de um segurança e, neste dia, o garoto estava sozinho, apenas ele e esse amigo.

— O Sr. Park costumava trancar o filho no porão? — Yujin balançou a cabeça em confirmação. — A senhora se lembra de mais alguma coisa?

— Nesse dia, o Sr. Park deixou o Jimin trancado a noite toda e eu não pude deixar de ir até lá de madrugada para vê-lo, quando todos já estavam dormindo. — ela fez uma pausa e suspirou. — Me lembro de ver aquele garoto chorando compulsivamente em um cantinho escuro, ele me implorou para ajudá-lo a fugir, mas eu não podia fazer nada porque os pais dele eram os meus chefes.

— O que a senhora fez?

— Dei água e comida para ele, depois busquei cobertores para aquecê-lo. O Sr. Park deixava o filho jogado naquele porão para sentir fome e frio. — ela olhou para Jimin, mas desta vez havia arrependimento por trás de seus orbes deprimidos. — Eu gostaria de ter denunciado a família Park quando tive a chance, mas o fato de eu estar trabalhando para uma família poderosa e rica me impediu de o fazer. Eles eram os meus patrões e se soubessem que eu estava conspirando contra eles, me demitiriam. E eu não podia ser demitida, afinal quem cuidaria dos meus filhos? Quem os alimentaria? Aquele emprego era a minha fonte de renda.

— A senhora afirma que presenciou vários momentos de tortura do Sr. Park contra o meu cliente?

— Sim, muitos — assegurou. — Eles maltratavam o menino sempre que podiam, por qualquer coisa que julgassem ofensivo para o nome da família. Jimin não tinha liberdade para sair, ele só escapava da prisão dos pais quando eles viajavam à negócio. Só quando ficávamos sozinhos naquela casa que o Jimin conseguia ser livre um pouco. Eu sentia compaixão pela alma daquele garoto, por isso o ajudava sempre que ele precisava, tomando cuidado para os meus patrões não descobrirem.

Jimin não conteve as lágrimas quando as memórias da sua infância trouxeram de volta os momentos em que ele era levado para o porão por supostamente desobedecer às ordens de seus pais.

Na época, Jimin sequer conseguia saber quais eram os erros que cometia, visto que frequentemente era agredido e posto de castigo por motivo algum. As punições diminuíram quando Jimin cresceu e começou a ganhar mais autonomia, embora nunca tivesse aprendido a fugir das asas dos seus pais.

Em vez de desaparecer do mapa, Jimin cedeu às vontades de sua família e permitiu que ela o algemasse com algemas invisíveis, deixando-o preso na pior prisão que existe: a sua própria mente.

— Sra. Moon, é verdade que existe um diário com frases escritas pelo meu cliente a pedido dos pais? — Jungkook perguntou após um momento de avaliação.

Jimin suspirou e limpou as lágrimas, olhando para as próprias mãos algemadas para fugir dos olhares clandestinos.

— Sim, é verdade. — ela assegurou com um suspiro pesado. — Esse caderno está guardado em uma caixa de papelão no porão em que ele ficava. Nele, Jimin escreveu frases horrendas sobre si e o garoto que amava na época.

— O que diziam as frases?

— Algo como "eu não mereço ser amado" e "Jungkook não existe mais".

O corpo de Jungkook enrijeceu quase imperceptivelmente. Tudo ficou em silêncio por um momento, mas o advogado rapidamente se recompôs, não permitindo que as pessoas percebessem seu pequeno devaneio.

— Podemos notar, então, que o meu cliente foi torturado, ameaçado e induzido a escrever coisas terríveis para satisfazer as vontades dos seus genitores. — ele disse, desta vez para a bancada de júri. — Diante disso, aquela criança que sofria encontrou um jeito de escapar: fugindo do seu próprio eu. Meu cliente desenvolveu um transtorno severo após sofrer com inúmeras torturas psicológicas e desde então essa tem sido a fuga dele.

— Não cabe trazer aqui o Sr. e a Sra. Park para esta audiência. — reclamou a Promotoria.

— Realmente, não podemos trazê-los aqui, mas se pudéssemos, saberíamos qual seria o destino deles. — Jungkook revidou. — Não estou tentando culpabilizá-los, até porque eles não estão aqui para se defender, a minha intenção é fazê-los perceber que o meu cliente desenvolveu um transtorno psiquiátrico para se defender das violências que sofria dos próprios pais.

Silêncio.

Pela primeira vez, os advogados de acusação não souberam que resposta dar.

— Park Jimin era só uma criança quando tudo começou. — Jungkook prosseguiu. — O meu cliente nunca assassinou ninguém, sua ficha é limpa, o que aconteceu naquele dia foi uma fatalidade causada pelo intenso estresse psíquico que ele vivenciava em casa.

— Está tentando justificar um homicídio, Jeon? — a representante da Promotoria rebateu.

— Apesar das violências que o meu cliente sofreu, ele nunca desejou matar os pais. No entanto, naquele dia, ele não pôde conter os impulsos inconscientes da outra personalidade, que subitamente o dominou, sem qualquer aviso. Portanto, desejo que olhe para este caso com esses olhos. Isso é tudo, Meritíssimo.

Jungkook retornou para a sua bancada, mas os seus olhos não foram de encontro aos de Jimin. Ele se sentiu subitamente confuso, mas a sua confusão deu lugar a uma possível suspeita: os beijos que trocaram minutos antes afetaram o advogado.

— Quero que todos se retirem deste salão para que a bancada de júri vote. — o juiz determinou.

As pessoas começaram a se levantar de seus assentos e a caminhar em direção à porta dupla que dava para o lado de fora do salão. Jimin observou Jungkook pegar as pastas sobre a mesa e carregar consigo até a saída sem ao menos esperá-lo.

Por um momento, Jimin pensou que ele estava com raiva, mas ao vê-lo seguir para a mesma sala em que eles ficaram após o primeiro intervalo, ele soube que Jungkook, na verdade, estava aguardando-o para falar alguma coisa.

Jimin aproximou-se dele sob a guarda de um policial alto e robusto, mas não se atreveu a dizer nada na presença do homem. Por isso permaneceu em silêncio, desejando que Jungkook tomasse a iniciativa de lhe dirigir a palavra.

— Deixe-me a sós com o meu cliente. — Jungkook requereu, observando o policial assentir e fechar a porta.

— Eu já sei o que você vai dizer — Jimin adiantou a conversa, apertando os ossos da mandíbula. — Você vai dizer que o nosso beijo foi um erro, que não devíamos ter feito aquilo e que quando tudo acabar você vai sumir da minha vida para que isso não volte a se repetir.

— Eu ia dizer que a depender da decisão do júri, eu estarei aqui se precisar de alguma coisa.

Jimin se calou brevemente, surpreso.

— Pensei que estivesse morando em Nova Iorque. — observou.

— Eu moro aqui em Seul...

Quando Jungkook se interrompeu, Jimin decifrou rapidamente o que ele diria a seguir, mas, por algum motivo, voltou atrás. Portanto, Jimin decidiu pontuar mesmo assim.

— Mas o cara que você está conhecendo é de Nova Iorque, não é? — Jungkook suspirou, fazendo o coração de Jimin apertar com a possibilidade de estar certo em sua teoria. — Olha, está tudo bem. Você só está seguindo a sua vida, eu, por outro lado, continuo preso no passado.

— Não diga essas coisas, Jimin.

— Se eu pudesse escolher, estaria seguindo a minha vida também, mas com a sua aparição tudo voltou à estaca zero. — ele expulsou os seus sentimentos, decidido a não guardar nada consigo. — Eu ainda te amo, Jungkook, e por mais que você diga que não me ama, eu vou continuar te amando.

— Eu não queria te deixar assim...

— Não é sua culpa, é minha culpa. A minha mente achou que estaria me protegendo se eu te esquecesse, mas ela se enganou.

Jungkook ficou em silêncio, por mais que desejasse falar muitas coisas para Jimin. Ele não queria iludir o rapaz com falsas expectativas, pois estaria colocando-o em um lugar de dependência. Ele não duvidava do amor de Jimin, afinal a mente dele foi capaz de criar uma versão sua para satisfazer os desejos inconscientes, mas também não desejava machucá-lo.

Para ser sincero, Jungkook não imaginava que seu coração ia bater tão forte quando ouvisse o nome do rapaz saindo da boca de Seokjin. Ele acreditava, até então, que havia superado o que viveu com Jimin, mas o reencontro entre eles provou-lhe que estava enganado.

Quando o detetive o procurou para contar sobre Jimin, a primeira reação de Jungkook foi surpresa, a segunda deslizou próxima de expectativa. Ele antecipou a sua viagem para Seul não porque desejava defender a causa de Jimin, e sim porque queria vê-lo depois de ficarem tanto tempo longe um do outro.

— Obrigado por estar aqui — A voz de Jimin o arrancou de seu próprio devaneio. — Você poderia ter recusado esse caso, mas o aceitou mesmo sabendo que o nosso passado poderia interferir. Independentemente da decisão do júri, eu sou grato por tê-lo comigo nesse momento.

— Não me agradeça, Jimin, eu teria feito muitas coisas por você.

— Me amar não é uma delas. — acrescentou.

Jimin não queria transparecer que estava cobrando algum tipo de afeto de Jungkook depois de passarem tanto tempo afastados, mas não podia fingir que aquilo não o afetava. Depois de longos anos, ele ainda o amava como a primeira vez.

Isso o assustava às vezes e fazia-o se perguntar se o ser humano era capaz de experimentar um amor intenso por outra pessoa, mesmo que tenham vivido separados um do outro. Em alguns momentos, Jimin pensava que o que ele sentia por Jungkook superava todas as explicações plausíveis.

— Posso te perguntar uma coisa? — Jimin perguntou depois de refletir por um momento.

— Sim, claro.

— Nosso jantar está de pé? — Sua dúvida surpreendeu o advogado. — Você disse que iríamos jantar quando o caso terminasse.

Jungkook sorriu, um sorriso pequeno e encantador.

— Eu sou um homem de palavra, Park.

Ali, naquele momento, Jimin soube que não estava preparado para encarar a decisão do júri, caso fosse considerado culpado, e ficar mais tempo longe de Jungkook. Ele demorou muito para reencontrá-lo, não era justo perdê-lo novamente.

Agora que se lembrava de todas as barbaridades que seus pais cometeram contra si, Jimin não fazia questão de assumir o posto de seu pai na empresa. Ele queria largar tudo e desaparecer de Seul e de qualquer lugar com muita civilização.

Se pudesse, Jimin moraria em um lugar no meio do nada para não ter de encarar os julgamentos que ainda ouviria pela morte de seus pais. Pensar nisso o deixava nervoso, ansioso e aflito.

Eles ficaram naquela sala pelos próximos quinze minutos. A ansiedade estava corroendo todos os pensamentos positivos de Jimin, fazendo-o crer de que o resultado não o agradaria.

No momento em que o policial abriu a porta para avisá-los de que a audiência ia começar, a ansiedade de Jimin triplicou, deixando-o paralisado por um momento. Foi Jungkook quem o chamou para eles seguirem até o salão principal, embora Jimin não desejasse dar um passo para fora daquela sala.

Ele sabia que assim que o fizesse o seu destino estaria traçado. 

▸▸◂◂

Eu não acredito que passei tanto tempo sem atualizar Killer, mas depois de muito esperarem, finalmente vocês ganharam uma atualização. 

Antes, o meu intuito era produzir 15 capítulos, mas eu decidi escrever mais alguns capítulos extras para dar um final diferente à história.

Portanto, aguardem o próximo capítulo, que, com certeza, não vai demorar tanto pra sair como esse.

Obrigada por terem esperado tanto! 

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