[CAPÍTULO 03]

Mesmo depois de cinco dias, Jimin não conseguia esquecer o episódio macabro que revirou sua vida de ponta cabeça. Ele se esforçou para abandonar as imagens horríveis de seus pais mortos, mas sua mente sempre as empurravam à sua consciência quando ele menos esperava.

Todos os dias, sem exceção, ele foi para o cemitério observar o túmulo de seus pais. Às vezes, ficava apenas sentado na grama sob a névoa gelada em silêncio, sentindo uma dor excruciante por ler o nome deles numa pedra. Suas calças sempre ficavam encharcadas de orvalhos quando era hora de ir embora.

Claro que Jimin buscou por terapia, mas inicialmente foi aconselhado a vivenciar o luto, ainda que não se sentisse capaz disso. A morte tem uma carga pesada e difícil de ser compreendida, uma hora a pessoa existe, na outra ela deixa de existir no mundo. A coisa toda ainda o deixava estupefato e letárgico de tanta tristeza, ele realmente duvidava que pudesse sobreviver a isso por tanto tempo.

Ninguém sabe sobre a dor do luto sem antes experimentá-la e agora Jimin estava sentindo na pele esse pesadelo particular. A vida de seus pais tinha sido arrancada deles sem aviso prévio. Essa é a coisa mais covarde do ser humano: tirar a vida de alguém antes que o destino o fizesse por conta própria.

Pensar nisso fazia uma dor aguda esfaquear seu estômago com pontadas de náuseas, o deixando intoxicado com seu próprio sofrimento. Se Jimin pudesse, ele teria se jogado entre aquelas balas para proteger sua família daquele assassino. Assassino.

Seus sonhos com aquele estranho sujeito se tornaram frequentes. Dúvidas quanto a sua identidade o preencheram dia e noite, lançando seu sono para fora de seu alcance. Namjoon tentou algumas abordagens para fazê-lo dormir, mas todas as tentativas eram falhas, a não ser que fosse algum remédio barato que forçasse seu sono à tona.

Mas agora não importa, pois Jimin estava decidido a voltar para a empresa. Sabia que receberia olhares penosos de todos os ângulos e que estaria nas manchetes de jornais como sendo o herdeiro prestes a assumir sua posição em apenas cinco dias após a tragédia que abalou o país.

Ele havia colocado óculos escuros para disfarçar as olheiras, um paletó preto ajustado ao corpo, camisa social e gravata, peças indispensáveis em seu ambiente de trabalho. Havia repórteres na entrada do edifício, estes que começaram a equipar suas câmeras quando o viu sair do carro.

Park Jimin! Precisamos falar com você! – uma repórter disse enquanto corria na direção dele.

Jimin se apressou para dentro do prédio ao mesmo tempo que seus seguranças barraram o movimento dos repórteres com os braços, como se fosse uma espécie de cerca humana. Eles continuavam a fazer perguntas e enfiar os microfones contra o rosto do rapaz, o suficiente para fazê-lo desviar o rosto para o outro lado.

Como você está se sentindo com a morte de seus pais? – outra mulher perguntou, perseguindo-o.

As pessoas querem saber o motivo pelo qual o assassino te deixou vivo. – um outro jornalista comentou.

Você teve alguma coisa a ver com esse homicídio? Por que o assassino mataria seus pais e te deixaria vivo como testemunha?

Quais são seus planos para o futuro da empresa?

Sem dizer nada, Jimin passou para dentro do saguão do edifício e deixou os repórteres amontoados na porta principal como formigas. Ele estava começando a suspeitar que por trás da fachada especialista daqueles repórteres haviam interesses contraproducentes. Afinal, de um jeito ou de outro eles desejavam atingi-lo.

Jimin pegou o elevador sozinho, e, aproveitando que não havia se esbarrado com nenhum funcionário, tirou os óculos para se ver no espelho. Ali, pelo menos, ele se sentia seguro para olhar sua aparência. E ela estava destruída. Olheiras escuras nas pálpebras inferiores, olhos vermelhos e cansados pela insônia e lábios ressecados por baixo do gloss labial.

Ele gostava de passar o tempo escolhendo produtos para a pele, roupas que combinassem, acessórios que, para ele, se adequavam com a sua personalidade, tais como anéis e correntes. Sem mencionar que Jimin também gostava de tatuagens, ele tinha uma nas costelas, mas somente uma, pois não achava reconfortante marcar seu corpo inteiro com tinta.

A porta do elevador rolou para o lado e vários olhares se voltaram na sua direção quando a imagem dele se tornou evidente. Pessoas que estavam andando pararam subitamente para olhá-lo, outras interromperam suas atividades para observá-lo à distância.

Quando Jimin planejou voltar para a empresa, de alguma forma pensou que poderia ser visto como uma parede branca, onde os funcionários não iriam parar para encará-lo com aqueles olhares de pena.

Porém, se enganou.

Em seguida, ele pôs os óculos no rosto e deu um passo para fora do elevador, incomodado com todo aquele silêncio. Jimin lutou contra a vontade de dar um sermão em quem estava olhando-o com compaixão, porque não queria parecer fraco às vistas deles, mas sua garganta travou na tentativa de dizer alguma palavra.

Namjoon passou pelo corredor à frente e parou quando notou a presença de seu amigo. Ele tinha ficado então com uma expressão mista de preocupação e surpresa no rosto. Sem demora, Namjoon abriu caminho entre as pessoas daquele setor e alcançou Jimin com facilidade, logo envolvendo as mãos em torno de seus ombros.

– Jimin, o que está fazendo aqui? – ele murmurou para ninguém mais em específico. – Eu pensei que fosse ficar em casa descansando. Você ainda não está preparado para voltar ao trabalho...

– Se eu ficasse mais um segundo naquela casa minha cabeça ia explodir. – ele replicou, surpreendendo-o. – Eu estou a um passo de enlouquecer, Namjoon.

Namjoon olhou para ele com uma espécie de atenção receosa, lentamente retirando as mãos dele, apesar de desejar, em seu íntimo, abraçá-lo. Antes de dizer alguma coisa, seus olhos deslizaram ao redor, se perguntando se todos em volta haviam notado seu apego à Jimin.

– Voltem ao trabalho! – ele disse para o pessoal e muito lentamente cada um retomou suas atividades. Em seguida, voltou-se para Jimin, havia uma peculiaridade que só existia quando ele o olhava. – Olha, Jimin, não precisa fazer isso agora. Eu e o Hoseok estamos cuidando de tudo. Nós interrompemos as atividades da mão de obra e todas as etapas do projeto por um tempo.

Hoseok é um gênio da engenharia corporativa, cuja única função na empresa é de projetar áreas de trabalho e construção do espaço, sendo, portanto, um especialista em campos de tecnologia. Ele é tratado como um mago das ciências exatas, principalmente por conter um senso de análise racional dos fatos como ninguém.

Namjoon, por outro lado, era responsável pelo marketing do ambiente e o design interior, onde oferecia, portanto, as ideias e os valores da marca para a qual eles trabalhavam. Assim como também era encarregado de legitimar o contrato oficial com o consumidor. Todas essas funções pertenciam ao pai de Jimin, mas que foram formalizadas ao filho após a sua morte. No entanto, Namjoon tinha estado encarregado disso durante sua ausência.

– Volte com o projeto, não podemos atrasar mais do que já atrasamos. – Jimin falou tranquilamente, embora estivesse tenso por dentro. – Precisamos bater a meta que o meu pai estipulou.

– Compreendo. – ele disse. – Mas ainda aconselho que a equipe tenha tempo de se recuperar primeiro desse trauma, incluindo você.

– Eu vou ficar bem.

– Você está dizendo isso há cinco dias e continua chorando sozinho. – Jimin engoliu uma densa camada de saliva e abaixou os olhos. – Cuide-se, Jimin. Dê um tempo para si mesmo.

– Jimin! – uma voz exclamou, fazendo o rapaz erguer os olhos. Hoseok estava se aproximando com seus típicos óculos de grau. – É bom vê-lo de novo. Sinto muito por tudo que aconteceu. O senhor Chung-ho e a senhora Minji eram pessoas adoráveis, com certeza farão falta.

– Obrigado. – foi tudo o que ele disse, não prolongando muito o assunto. – Como estão as coisas por aqui?

– Estamos resolvendo algumas atividades do projeto. Namjoon me disse que iria dar uma pausa nas obras, mas tudo está sendo executado de acordo com o prazo estabelecido. Eu fiz alguns esboços para o término do projeto, se você quiser ver está na minha sala.

– Sim, claro.

– Jimin, por favor... – Namjoon interrompeu, sendo gentil e bem-intencionado.

– Eu quero fazer isso, ok? Quero que meu pai sinta orgulho de mim. Me deixe fazer isso.

Namjoon recuou um pouco e acenou. Ele não podia culpar Jimin por estar cumprindo com o papel que lhe foi deixado. A corporação precisava de um empreendedor e ninguém melhor do que o herdeiro de tudo para assumir a posição.

– Senhor Park Jimin! – dessa vez uma voz feminina o chamou, elegante e doce, o atirando para fora daquela conversa particular. Três pares de olhos se voltaram para a secretária se aproximando. – Desculpe interromper, mas gostaria de avisar que o detetive Kim Chul está lhe aguardando na sua sala.

Houve um silêncio chocado. Jimin ficou imóvel, empalidecido com a notícia. Seu estômago se retorceu quando parou para imaginar o motivo que o levou até lá, certamente Kim Chul trazia notícias, más ou boas. Podia sentir suas próprias mãos escorregadias quando pensou na possibilidade de ele ter encontrado algo a respeito do mascarado e isso foi despertando sua consciência gradativamente.

De repente, ele atravessou o caminho entre os três e seguiu cegamente para a sua sala. Namjoon olhou para ele como se quisesse ir atrás, mas se sentiu desesperadamente desconfortável por não o fazer. Hoseok, no entanto, se forçou a ficar em silêncio enquanto encarava Namjoon com os olhos fixados na direção que Jimin foi.

Alcançando a porta de seu escritório, Jimin a empurrou com um pouco de pressa e parou quando viu uma figura sentada de costas, virada para a parede de vidro que dava para a cidade. Quando fechou a porta em um clique, o detetive girou a cabeça por cima do ombro e colocou o que pareceu ser uma xícara sobre a mesa.

Kim Chul levantou-se e reverenciou o rapaz. Jimin deu um passo adiante, podia sentir o próprio coração batendo forte entre as costelas. Ele estava vagamente consciente de que o detetive segurava um lenço nas mãos, provavelmente para enxugar o suor da calvície.

– Bom dia, Jimin. Eu soube que você estaria na empresa hoje cedo, então decidi falar pessoalmente com você.

– Trouxe alguma informação?

O detetive o olhou como se estivesse prestes a lamentar por ele, mas somente gesticulou para que se sentasse. Jimin o encarou totalmente confuso enquanto caminhava na direção de sua cadeira, onde sentou-se em silêncio e cruzou os braços acima da mesa.

– Então, o que o trouxe aqui? – perguntou ele, tentando soar firme, embora estivesse desesperado por dentro.

– Tentamos achar algum caso recente que fosse similar a esse, mas infelizmente essa circunstância aconteceu isoladamente. Não há nenhum registro nos últimos meses que se pareça com este fato.

– O que isso significa?

– Que, provavelmente, o assassino conhecia sua família. Ele sabia a hora de entrar, como entrar, o que fazer e onde fazer sem ser visto pelas câmeras, e também tinha acesso ao sistema de segurança. Se ele não os conhecia, certamente estava observando a rotina de vocês a um longo tempo.

– Então pode ser alguém próximo? – essa opção o deixou atordoado ao ponto de fazê-lo se sentir deslocado na poltrona.

– Possivelmente. Seus pais tinham algum inimigo? Você sabe, essas concorrências de empresas sempre acabam gerando conflitos externos. – o detetive observou, apesar de seu tom de voz não possuir nenhuma sugestão real.

– O que o senhor quer dizer com "inimigo"? – ele ouviu Kim Chul suspirar.

– Vamos supor que você seja o assassino e planejou esse massacre contra uma família poderosa. Você, como criminoso, deixaria uma testemunha para trás? – Jimin pensou, logo balançou a cabeça para os lados. – É exatamente isso que uma pessoa faz quando está com desejo de matança. Mas o assassino que matou seus pais não teve intenção de causar um massacre, e sim de cumprir com segundas ordens.

– Espere um pouco, você está dizendo que o cara mascarado é um assassino de aluguel?

– Você também teria sido uma vítima se o que ocorreu fosse uma ceifa. – Jimin esfregou o rosto como se a coisa toda tivesse dado um nó na sua cabeça. – Normalmente, um assassino de aluguel mata apenas a pessoa que lhe foi mostrada, outras além daquela não entra no pagamento. Se o mascarado que os matou não conhecia sua família, então certamente alguém o pagou para isso.

Jimin realmente não sabia o que pensar sobre aquilo. Um pesadelo, talvez. Isso tudo só podia ser um terrível pesadelo, no qual ele não sabia como acordar. Era como se ele estivesse andando em círculos sinuosos, incapaz de encontrar a saída.

Aquela informação foi como um soco na boca do seu estômago. Ele procurou mais profundamente na sua memória, mas nenhum rosto estava lá. Jimin queria alguma opção, qualquer coisa que ele pudesse se agarrar para, em suma, dar sentido a toda aquela história.

Perguntou-se brevemente se aquilo tudo poderia ser um grande engano, se o assassinato de sua família ocorreu por equívoco e na realidade o tal assassino cometeu um erro de identidade, afinal de contas, Jimin não conseguia pensar em ninguém com desejo de morte contra sua família.

– Senhor Park, eu preciso de todos os nomes dos sócios de seu pai. Parentes distantes dos quais sua mãe já teve algum desentendimento também entram na lista. – o detetive disse em acréscimo, mas algo em seus olhos diziam que aquela conversa estava longe de terminar.

– Claro. Namjoon tem todos os registros. – ele falou, sua voz tomando um tanto de gás.

– Seria bom que você também passasse na delegacia para fazer um retrato falado. As características são essenciais.

– Mas eu não vi o rosto dele.

– O físico ou a máscara também serve. – Jimin engoliu a náusea que rolou através de seu estômago e meramente balançou a cabeça. – Sei que a memória não é o melhor elemento para um caso tão delicado quanto esse, mas você foi uma testemunha ocular e talvez consiga se lembrar de algo durante o processo.

Ele não tinha tanta certeza de que a aparência do sujeito penetraria seus sentidos durante o relato. Na realidade, a maior parte das características que Jimin conseguia se lembrar era das órbitas pretas por trás da máscara, calças apertadas e enfiadas dentro das botas altas e de um pequeno risco na mão dele, mas não podia garantir se era de uma tatuagem ou de um fiapo de roupa.

– Hoje não vai ser possível. – seus cílios piscaram como se de repente ele tivesse se recomposto. – Pode ser amanhã pela manhã?

– Claro.

– Quando – ele começou, pausando por um segundo. – Quando o senhor encontrar esse cara, me dirija até ele. Quero olhá-lo nos olhos.

– Está falando do assassino ou da suposta pessoa que o pagou?

– Os dois. – Jimin parecia sofisticadamente calmo, mas sua voz estava dura como concreto. – Não importa quem sujou as mãos fazendo esse serviço, a pessoa que o pagou também participou disso e eu tenho o direito de saber quem foi.

– Você será informado de tudo de antemão. – garantiu, levantando-se no tempo seguinte e esticando sua mão. – Amanhã, então?

Jimin lhe devolveu o gesto com educação e acenou. Ele tentou ignorar a sensação de vazio dentro dele e focou no problema atual. Não importava se ele estava perturbado com os últimos acontecimentos, tinha de esquecer sua dor interior e concentrar-se em ajudar a investigação, pensou ele, pois nada se resolveria se continuasse sofrendo eternamente.

Apenas mantenha a cabeça no lugar de hoje. Ele disse a si mesmo, encorajando-se.

Com disciplina, Jimin acompanhou o detetive até a porta de saída e abriu-a para ele. Logo de cara encontrou Namjoon, a mão erguida como se estivesse prestes a bater, mas que imediatamente foi recolhida para baixo. Kim Chul acenou para o recém-chegado e despediu-se de Jimin com um balanço de cabeça, em seguida partiu pelo corredor. Namjoon reaproximou-se de Jimin e então adentrou a sala.

– Eu deveria ter esperado mais um pouco, não é mesmo? – Namjoon comentou, rindo um pouquinho de sua inconveniência.

– Está tudo bem. Ele já estava de saída.

Jimin tinha fechado a porta às suas costas e agora estava encostado contra ela. Ele tentou não demonstrar os efeitos da conversa com o oficial da polícia para o seu amigo, pois sabia como Namjoon ficava preocupado quando tocavam no assunto. Talvez tenha cogitado contar resumidamente a conversa, mas ele não se sentiu preparado para falar daquilo em voz alta, pelo menos não a parte em que seus pais foram uma espécie de produto para uma negociação clandestina.

– O que veio fazer aqui? – Jimin perguntou curiosamente, visto que Namjoon não trazia nada nas mãos. Zero papelada.

– Eu sei que não está sendo nada fácil para você lidar com toda essa pressão, mas eu estive observando que você não está saindo do quarto, geralmente não aparece para almoçar, então pensei: "o que será que ele me diz de um jantar?" – Namjoon mordeu o lábio em expectativa.

– Um jantar?

– É. Eu sei que não é o melhor momento para pensar em diversão, mas eu gostaria de te alegrar um pouquinho, fazer você sorrir nem que seja por um segundo. – Jimin não disse nada, então ele prosseguiu com suas investidas. – Eu vou entender se quiser recusar. Você não está com cabeça para sair com ninguém, então-

– Eu aceito.

– O quê?

– Que horas você prefere? – a boca de Namjoon tinha rapidamente se partido em surpresa.

– Pode ser depois do expediente.

– Ok. – ele sorriu um tico. – Depois do expediente.

Namjoon não tinha estado muito confiante de que ele diria sim, por isso nem havia escolhido um restaurante para tal ocasião. Ele tinha passado a maior parte da noite formulando uma maneira ideal de convidá-lo, mas percebeu que não precisou de tanto esforço para convencê-lo.

Jimin devia estar cansado dessa rotina interminável, da espessa cobrança de seus sócios, da lembrança penetrante do episódio macabro, de não conseguir fingir que estava tudo bem. Namjoon tinha consciência de que o quarto era o seu refúgio para chorar, e que quando ele saía de seu casulo particular, tudo nele mudava, inclusive sua expressão, para algo mais neutro.

– Posso passar na sua sala depois? – Jimin chamou sua atenção brevemente. Ele o encarou. – Eu tenho que separar uma lista para entregar ao detetive Chul.

A princípio, tinha pensado em dar essa tarefa para Namjoon, pois ele estava por dentro de tudo, mas Jimin não quis sobrecarregá-lo com suas coisas, portanto optou por fazer por conta própria.

Namjoon não soube dizer porque havia ficado frustrado com aquelas palavras ao ponto de não o responder no primeiro minuto, no entanto, sua cabeça fez que sim. Talvez ele quisesse ficar um pouco mais na presença de Jimin. Esse pensamento arrancou um ardor por todo seu rosto, especificamente em suas bochechas.

– Te pego às seis. – Namjoon garantiu instantaneamente e então andou para fora do escritório. Jimin sorriu quando o sentiu passar ao seu lado e bater a porta.

No segundo seguinte, toda emoção desapareceu do rosto de Jimin e ele inspirou fundo pelo nariz, como se não tivesse certeza da decisão que tomou. Seus olhos perderam o foco por um instante e sua mente ficou absorta em pensamentos. Jimin não se sentia pronto para voltar com sua rotina normal, ainda que tentasse esquecer um pouco o que aconteceu, tudo era muito recente e pesava sobre suas costas como chumbo.

Depois de ficar remoendo sua tomada de decisão, ele arremessou cada pensamento para longe e andou até sua mesa, onde ligou seu computador e remexeu o banco de dados da empresa. Kim Chul havia dito que o assassino supostamente foi pago para executar o serviço, o que significava que o mandante provavelmente conhecia sua família.

Nas últimas semanas houve algumas discussões entre seu pai e outros sócios acerca dos níveis técnicos dentro da empresa, um episódio que levou o seu tio, Park Dongyul, a deixar a sala furiosamente e não retornar mais. Jimin nunca foi com a cara dele e nem o considerava de sua família, pois suas intenções eram voltadas, muitas vezes, para o próprio interesse.

Se Park Dongyul estava envolvido no assassinato, então por qual razão não foi determinado que Jimin também fosse morto? Afinal, ele sempre deixou claro que não concordava com as propostas apresentadas por Dongyul. De qualquer modo, Jimin comentaria com o seu detetive sobre seu tio. Ele era um membro da família e consequentemente devia ter interesse em possuir a empresa.

Ele fez uma careta para o seu próprio pensamento e relaxou na cadeira enquanto imprimia as páginas com todos os nomes necessários. Jimin refletiu sobre o seu futuro como proprietário e chegou a conclusão de que teria que mudar a estética da empresa ou passaria a vida associando-a ao seu pai. Não que isso fosse um problema, ele apenas não se sentia preparado para sentar-se na cadeira de Chung-ho e assumir o seu lugar devidamente.

A sala de seu pai tinha sido fechada, assim como a coordenação gerenciada por sua mãe, dois lugares dos quais Jimin ainda não teve coragem de entrar. Por mais que ele tentasse correr atrás de sua rotina normal, não podia negar que a necessidade por respostas não o permitia fazer. Talvez o jantar com Namjoon fosse a melhor forma de apaziguar sua mente, fazê-lo esquecer brevemente os últimos episódios e, quem sabe, iluminar seu humor.

Sim, Jimin tinha um pouquinho de esperança nisso, apesar de não demonstrar nenhum esforço para tal.

▸▸◂◂

O trajeto até o Tavolo 24 demorou cerca de dez minutos, um ínterim para Jimin sentir o clima da cidade noturna. Ele tentou se comportar de maneira natural, o suficiente para que Namjoon não pensasse que ele estava entediado com o passeio. Esporadicamente eles desenrolavam uma conversa, sendo Namjoon o principal incentivador em todas elas. Jimin não estava saturado como muitos poderiam pensar, ele apenas não conseguia sustentar um humor feliz por muito tempo.

Lá estava o restaurante com suas paredes de vidro e luzes douradas, a fachada iluminava o nome do estabelecimento com pontos de luz. O restaurante não estava cheio, mas havia uma quantidade considerável de pessoas dentro do estabelecimento. Namjoon estacionou o carro em um trecho vazio e ambos saíram. Jimin puxou seu casaco mais para junto de seu corpo quando sentiu uma onda gélida de ar por baixo das roupas. Namjoon acionou o alarme do veículo e aproximou-se dele para seguirem juntos para dentro.

Havia muitos veículos do lado de fora, motos paradas em vagas diferentes, pessoas perambulando pela noite com amigos e um grupo de jovens divertindo-se na calçada posterior. O ar tinha um odor longe de cigarro e gasolina misturado com o cheiro de comida que vinha do restaurante.

Uma mesa adiante na fileira da frente estava vazia, então Namjoon apontou para ela assim que a avistou antes de sair andando. Jimin o seguiu logo depois, olhando de relance à sua volta e percebendo olhares de inconveniência em sua direção. Suas orelhas começaram a arder enquanto sentia os olhares fixos e curiosos nas suas costas, pesando como chumbo.

O Tavolo ficava no mesmo bairro de sua empresa, então certamente muitos o conheciam tanto pela popularidade de sua família quanto pelo acidente. A família Park provocou um crescimento expressivo na balança comercial nos últimos anos, sendo líder no mercado industrial da capital. Os pedidos foram aumentando com o tempo e hoje eles estavam empilhados com inúmeros projetos de obra.

– O que vai querer? – Namjoon perguntou, sorrindo, e gesticulou para o seu cardápio sobre a mesa.

Jimin observou que o atendente já estava parado perto deles com uma caderneta e um lápis em mãos. Então ele apresentou-lhe um sorriso de desculpas antes de ler o menu do cardápio.

– Acho que fico com os mariscos e um soju.

– Vou querer o mesmo que ele. – Namjoon adicionou. – Mas traga uma sobremesa para acompanhar.

O jovem rapaz escreveu os pedidos e em seguida ausentou-se. A tensão tomou conta de todos os músculos do corpo de Jimin quando ele observou os olhares bisbilhoteiros que ainda o encaravam de longe. Nunca se incomodou em receber olhares, ou melhor dizendo, em ser cortejado por outras pessoas, mas no presente momento ele desejou estar em qualquer lugar, menos naquele restaurante.

– O que está achando desse lugar? – seu amigo chamou sua atenção e ele o encarou.

– É como imaginei que seria. – seus lábios se contraíram em um sorriso gentil. – A propósito, a quanto tempo você visita esse lugar?

– Para ser honesto, seu pai me apresentou. Tem quase três anos que venho aqui. – Jimin deu-lhe um sorriso torto, mas não havia humor em seu gesto. – É um lugar tranquilo, mas hoje nem tanto. Alguns pratos estão na promoção, então é típico encher de pessoas.

– Em outras circunstâncias eu estaria animado por estar no meio dessas pessoas. Hoje parece que sou o centro das atenções, mas de um modo ruim.

Namjoon paralisou momentaneamente, engolindo. Jimin sentiu uma terrível humilhação e arrependimento após o que disse, fazendo uma sensação de beliscar crescer em seu peito. Namjoon fez um esforço enorme para trazer algum divertimento para ele e mesmo assim sua recepção deixava a desejar.

– Me desculpe. – Namjoon disse. – Posso cancelar o prato e podemos voltar para casa.

– Não. – Jimin tocou sua mão acima da mesa. – Eu não quis dizer isso. A verdade é que eu ainda me sinto afetado pelo que aconteceu, então isso me impede de agir como eu era. Mas estou aprendendo aos poucos como voltar a ser quem eu era antes de tudo isso. Então, podemos apenas focar em nós dois?

Namjoon sorriu, claramente satisfeito com o pedido dele. Não era fácil perder os pais tão jovem, assumir subitamente uma empresa renomada e fingir que nada daquilo o estava afetando. Contudo, Jimin estava buscando ser racional em circunstâncias abertas e coletivas, mesmo que tudo ainda fosse muito recente. Por isso, não podia permitir que seu humor sombrio influenciasse ocasiões como esta.

– Preciso comprar algumas cenouras para Suni, ele não para de comer minhas meias. – Namjoon mudou de assunto de repente, como se para esfriar a tensão. – Posso contar com você para me lembrar disso?

Jimin sorriu e acenou com a cabeça.

Suni era o coelhinho de estimação de Namjoon. Ele costumava lhe dar verduras pela manhã e frutas pela tarde como um verdadeiro cardápio de alimentação. Suni tinha preferência por morangos e quase nunca comia rações. Namjoon havia separado um cantinho especial para o seu bichinho, onde possuía cama e até mesmo um quintal ornamentado para que ele pudesse brincar.

O garçom retornou com os seus pedidos. Jimin recolheu o braço para que ele pudesse colocar os pratos. Mariscos era sua comida favorita, especialmente o arroz de frutos do mar. Jimin ergueu os olhos de seu prato e observou Namjoon dedilhando uma lagosta. Aquilo o fez sorrir um pouquinho, pois ele sabia que Namjoon não gostava de comer crustáceos e certamente ele só fez o pedido por sua causa.

– Tem certeza que quer comer isso? – Jimin perguntou, inclinando um pouco a cabeça para o lado.

Uma inundação de calor queimou o rosto de Namjoon e ele olhou para baixo rapidamente, rezando para não estragar o passeio.

– Oh, sim – ele respondeu com uma careta de confusão. – Não é minha comida favorita, mas com certeza não deve ser pior do que aquela torta de pêssego.

– Você passou muito mal naquele dia. – Jimin se lembrou. – O Hoseok teve muita dificuldade para te carregar.

– Nem me lembre desse vexame. Jurei para mim mesmo que nunca mais toco um maldito pêssego na minha boca.

Jimin deu uma risadinha curta com aquele comentário. Todos os olhares que antes pareciam fixados neles agora os ignoravam completamente. Mesmo com um nó na garganta, Jimin permitiu-se mergulhar na conversa, fingindo ignorar tudo ao seu redor, inclusive o caso que o detetive Chul investigava agora mesmo. Sua mente estava parcialmente dividida nas duas coisas, e enquanto comia, parou para pensar em retrospectiva.

Eles conversaram um pouco mais, beberam duas garrafas de soju, saborearam da sobremesa e ficaram debatendo sobre coisas aleatórias para passar o tempo. Alguns assentos estavam ficando vazios à medida que o tempo passava. O Tavolo começou a diminuir o fluxo de pessoas, certamente por causa do horário comercial, mas ainda haviam os estrondos dos motores de carros do lado de fora, indicando que a movimentação externa estava a todo vapor.

– ... foi nesse dia, aliás, que eu te conheci. – Namjoon finalizou sua história sobre a sua viagem para Miami no final de ano. – Sua mãe amou os meus projetos e pediu para que Chung-ho me avaliasse. Foi então que eu fui chamado para uma entrevista.

– Minha mãe sempre te elogiou. – Jimin comentou. – Ela sempre me disse que você tem uma mente brilhante. Eu acho que concordo com ela. Você tem uma solução pra tudo.

– Eu não diria que seja para tudo, mas definitivamente busco os melhores resultados.

– De qualquer forma.

Namjoon achou que aquele encontro não atenderia as expectativas de Jimin, mas ele estava reagindo bem, dando risadas com suas piadas desastrosas e até mesmo roubando as cerejas de seu prato. Tudo ficou instantaneamente quieto após aquela conversa. Quando Jimin não fez nenhum outro comentário, Namjoon disse:

– Eu achei que você fosse recusar meu convite. – Jimin o encarou e balançou a cabeça para os lados, sem dizer nada. – Sabe, antes a gente costumava visitar um monte de bares, casas noturnas, teatros e muitas outras coisas, mas agora você não tem disposição para isso. Claro que eu entendo os motivos, mas confesso que sinto falta de nossa antiga rotina.

– Deve ser por isso que os sócios do meu pai me veem como um irresponsável para assumir a empresa. – Namjoon ficou um pouco vermelho, então encolheu-se. – Eles acham que eu não faço nada além de ficar em bares. Você concorda com isso?

– Claro que não. – ele pôde perceber o quão desconfortável Jimin estava se sentindo com o assunto. – Existem milhares de pessoas que trabalham e se divertem. Você sabe a hora de ser um homem de negócios, como também sabe a hora de ser um cara de vinte e cinco anos que precisa aproveitar a vida.

– Essa diferença não importa para eles. Amanhã mesmo terá uma reunião para discutir os futuros projetos da empresa, e adivinha de quem foi a ideia? Dongyul, claro. Ele quer que eu dê uma sugestão crucial para o andamento da obra.

– Vou estar com você. Dongyul é ambicioso e quer fazer de tudo para ocupar seu cargo. – a expressão no rosto de Jimin era de cansaço agora. – Mas essa posição é sua por direito. Ele não vai interferir nisso.

– Ele é irmão do meu pai, não duvido que consiga. Ele vive dizendo que tem mais direito do que eu.

Um momento depois, o celular de Namjoon vibrou no bolso. Ele remexeu os bolsos, localizando-o, e então percebeu que havia uma mensagem na tela. Pela cara que ele fez, a mensagem não parecia ser agradável. Jimin ficou subitamente inquietante com o silêncio dele, mas se manteve calado por educação.

– É o Hoseok. – por fim, ele disse, a expressão em seu rosto era de desculpas. – Ele esqueceu as chaves da casa dentro do meu escritório.

– Ah – Jimin balançou a cabeça, certo de que tinha entendido o recado. – Eu vou com você.

– Desculpe estragar nossa noite.

– Não diga bobagens. – Jimin fez uma careta para o comentário dele. – Essa noite foi boa. Eu me diverti muito. Mas agora não podemos deixar o Hoseok dormir no relento.

Namjoon riu.

– Me espere aqui, vou embalar duas tortas para nós. Limão, certo? – ele comunicou, deslizando a cadeira para trás. Jimin ofereceu-lhe um sorriso e fez que sim.

Quando Namjoon caminhou para longe, Jimin aproveitou para olhar pela janela. Ele não estava prestando muita atenção na movimentação dentro do Tavolo, seus olhos se fixaram nas pessoas andando pela calçada. Havia uma casa noturna adiante, as luzes iluminavam a travessia em diferentes cores.

Pessoas de todas as idades estavam entrando e saindo. Ele se lembrou do quanto amava dançar, de todas as vezes que fez palhaçadas no meio da rua com Namjoon e Hoseok após beber além da conta. Quase nunca ficava com ninguém em festas, mas quando ficava, geralmente acabava acordando em uma cama de motel. Isso aconteceu três vezes no máximo.

Agora ele não tinha ânimo para voltar a fazer o que fazia, era como se algo tivesse drenado toda sua energia, não deixando nada para trás além de um desânimo terrível. Passou-se um lampejo pela sua mente, o fazendo lembrar de como as coisas tinham mudado, inclusive ele mesmo.

Se vendo sozinho, Jimin deslocou seu peso para fora da cadeira e fez um gesto para Namjoon, dizendo-lhe em um aviso silencioso de que o esperaria lá fora. Ele lhe devolveu o gesto, os cantos de sua boca se voltando para cima. Um minuto depois, Jimin deixou o Tavolo. Ele podia facilmente ver as sombras das pessoas na penumbra da noite como meros vultos.

Ele deixou os olhos viajarem em um círculo lento ao redor da rua, o suficiente para perceber que haviam muitos jovens fumando em becos escuros e pessoas pichando muros em construção. Jimin se concentrou novamente na casa noturna, quase inclinado a escanear o interior da pista de dança. Fumaça de gelo seco escapava para fora do lugar e o barulho da batida estremecia o chão sob seus pés.

Depois de pensar se seria uma boa ideia ou não, Jimin desistiu no último segundo. Ele não podia se divertir enquanto seus pais estavam mortos. Podia sentir o gosto da corrupção quando cogitava tal coisa. Ainda não era hora para pensar em diversão, tinha que viver o luto e se acostumar com a morte súbita de seus pais antes de considerar entrar em uma boate.

O carro de Namjoon estava do outro lado da rua. Jimin fechou o zíper de seu casaco e então atravessou a rua. A espessa bruma fazia seus olhos ficarem um pouco embaçados, o fazendo desconhecer a distância exata até o veículo parado.

– Cuidado!

Pela borda da visão, Jimin viu um borrão agressivo e então um corpo se lançou contra o seu, o tirando do meio da rua. Um carro passou em alta velocidade, por pouco Jimin não foi atropelado. Ele não pegou nada além de um vislumbre fragmentado e um forte cheiro de gasolina pelo ar. Seu corpo tinha atingido a parede à frente, se não fosse pelo corpo que o segurou, ele certamente teria se arranhado no concreto.

O espetáculo rendeu vários olhares de todos os ângulos. Jimin não tinha prestado muita atenção no ambiente, seus olhos estavam fixados no braço que o segurava em torno da cintura. Tatuagens desenhavam a pele de seu braço e desapareciam dentro da manga curta de sua blusa.

– Você se machucou? – ele perguntou com gentileza. Jimin finalmente o encarou, assustado.

Ele o observava com a testa meio franzida, seus cabelos eram pretos e chegavam ao nível das bochechas. Jimin tinha ficado aterrorizado com o que aconteceu segundos atrás, mas enquanto o encarava, percebeu que essa sensação foi diminuindo, inclusive a sua frequência cardíaca.

– O que... O que aconteceu?

– Um carro desgovernado quase te pegou. – como se a coisa toda começasse a fazer sentido, Jimin recuperou a compostura, sentindo o braço dele o soltar lentamente. – Você estava distraído.

Jimin não respondeu aquela observação. Ele podia sentir o constrangimento inflando seu peito. As pessoas que antes pararam por curiosidade começaram a se dispersar, traçando seus caminhos de volta. Jimin suspirou e então disse:

– Obrigado. – um sorriso despreocupado brincou nos lábios do rapaz. – Se não tivesse sido você, provavelmente eu estaria morto agora mesmo.

– Não me agradeça. Eu fiz o que qualquer outro teria feito no meu lugar.

Jimin podia ver que ele tinha uma suave cicatriz na bochecha, talvez fosse uma marca de nascença ou quem sabe aquilo era fruto de uma briga selvagem. Jimin não soube definir muito bem qual destas opções se encaixava melhor nele, mas não pôde negar que ele tinha um inebriante cheiro de perfume amargo em suas roupas. E por um momento, se flagrou pensando no quanto gostava de perfumes amargos.

– Desculpe minha falta de educação. Me chamo Park Jimin. – ele esticou sua mão em cumprimento e curvou um pouco o tronco em reverência. O rapaz encarou seu gesto e retribuiu. – E você?

Jungkook franziu a testa como se tivesse sido pego desprevenido. Ele nunca dizia seu nome para estranhos, ou melhor dizendo, para pessoas que de uma certa forma estavam envolvidas em seu negócio. Quase sempre escondia sua identidade, e quando não o fazia, optava por mentir.

Ele tirou os olhos de Jimin por um instante, enquanto tentava refletir o que deveria dizer. Poderia mentir? Sim, era prático. Poderia achar uma desculpa para não ter que mentir? Também parecia uma opção considerável. Mas se ele estava buscando se aproximar de Jimin, não seria tão inteligente mentir, ainda mais sabendo que Park tinha um investigador em sua cola.

Se Jimin quisesse saber mais sobre ele, era só escavar o seu passado através de um detetive e bingo. Jungkook não tinha um passado muito agradável, sendo assim não pretendia deixar que Jimin descobrisse sobre ele. E para ser mais específico, sua profissão secreta também estava inclusa nisso.

– Jimin! – era Namjoon, ele estava atravessando a rua correndo.

– Desculpe, tenho que ir agora. – Jungkook disse, recuando lentamente uma pegada. Seus olhos estavam diferentes, mais decididos. – Foi um grande prazer conhecê-lo. Nos vemos por aí.

Jungkook se virou sobre os calcanhares, mas quando ele ameaçou caminhar, Jimin o segurou pelo braço num impulso. Jimin não podia simplesmente fingir que ele não tinha acabado de salvar a sua vida. Por motivos óbvios, ele sentiu que deveria agradecê-lo pelo que fez, mas da maneira certa.

– Espere – Jungkook o enfrentou nos olhos e naquele momento Jimin pôde ver o quão preto eles eram. – Ainda não sei o seu nome.

Jungkook elevou o canto da boca.

– Talvez um dia você descubra.

Dessa forma, ele enfiou as mãos no casaco e acelerou os passos em direção a uma moto preta dentro de uma vaga semiescura. Ele tinha aparecido para o salvar em um piscar de olhos, Jimin refletiu, e partiu da mesma forma, sem deixar qualquer vestígio. Jimin, portanto, se flagrou pescando os números da placa de sua moto.

O rapaz tatuado, cujo nome Jimin ainda não sabia, subiu na moto e segurou o guidão. Antes de apertar o acelerador e fazer o motor roncar, ele olhou para Jimin por cima do ombro e lhe ofereceu um sorriso torto, em seguida desceu o visor do capacete e saiu com a moto em alta velocidade.

– Jimin? – Namjoon o chamou novamente, o que pareceu soar pela quarta vez. Seu amigo finalmente desviou-se do motoqueiro e focou em seus olhos. – O que aconteceu com você?

– Quase fui atropelado.

Namjoon arregalou os olhos e segurou um de seus ombros com a mão livre, pois a outra segurava a sacola com as tortas.

– Você está bem? Se machucou?

– Estou bem. Não aconteceu nada demais. – o rosto de Namjoon ainda estava repuxado em preocupação. – Aquele cara estranho salvou a minha vida.

– Ok, é melhor irmos. – ele recolheu sua mão após puxar um longo fôlego. – No carro você me conta melhor essa história. Vamos.

Jimin balançou a cabeça e o acompanhou em seguida, olhando de relance na mesma direção que a moto dele tinha avançado. Podia parecer loucura, mas Jimin sentiu como se já o tivesse visto antes. Não poderia fingir indiferença depois de tudo o que aconteceu hoje. O que quer que tenha sido essa sensação, ele sabia que não devia ignorá-la.

Talvez não passasse de uma mera coincidência, mas a verdade era que ele tinha ficado envolvido nessa fina camada de possibilidade. Se Jimin o conhecia de algum lugar, ele estava disposto a descobrir de onde.

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oi bebês, como vocês estão? eu gostaria de saber as reais opiniões de vocês sobre killer (até esse momento) pq ultimamente ando me perguntando se vocês estão gostando err.

enfim, não vou falar muito aqui, espero que tenham curtido o capítulo, creio que os próximos serão melhores e maiores. Muita coisa promete, muita surpresa, muita coisa interessante. Me arrisco a dizer que killer vai surpreender muita gente ainda....

tenham uma boa noite e se cuidem! :)

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