Capítulo 6
ALGUNS MESES ANTES
Elliot estava no escritório terminando de avaliar os novos designs de uma campanha quando seu celular tocou. Quando viu o nome no identificador de chamada, seu coração começou a bater descontroladamente. Eles só ligavam quando havia algum problema, e já fazia muito tempo que isso não acontecia
— Elliot Barnes, em que posso ajudar?
— Senhor Barnes? Aqui é...
— Eu sei, é a reabilitação. Aconteceu alguma coisa com Mike?
— Ele quer falar com você
Isso foi inesperado. Por mais que os dois estivessem em bons termos, Mike nunca o procurava. Alguma coisa séria deve ter acontecido.
De repente, Elliot reconheceu a voz de seu irmão
— Oi irmãozinho
— Mike, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
— Está tudo bem Elliot, mas eu preciso falar com você pessoalmente. Pode vir aqui? O mais rápido que for possível?
—Eu estou indo agora. Espera aí, ok?
Elliot desligou o telefone e guardou as coisas de qualquer jeito na mala. Quando estava prestes a sair, encontrou uma de suas estagiárias chorando ao telefone
— Ela está bem?... Não não, eu já estou a caminho, precisa que eu leve alguma coisa?... Ok, me mantém informada que eu já estou indo
Ela desligou o celular e esbarrou com Elliot no corredor
— Senhor Barnes, me desculpe, mas eu preciso sair mais cedo
— Ei Isabela, está tudo bem? O que houve?
— Minha prima foi parar no hospital. Teve uma briga na escola, ela está muito machucada. Meu tio acabou de me ligar avisando, e eu preciso ir ver como ela está
— Meu Deus. As aulas começaram hoje e já teve uma briga?
— Não sei o que causou a briga, mas Samantha não está bem. Eu posso ir?
— Claro que pode, precisa de uma carona? Eu preciso sair também
— Não, não precisa. Mas obrigada
— Por nada. Se precisar de alguma coisa me ligue, ok?
Ela apenas assentiu e Elliot foi embora. O que quer que tenha sido essa briga na escola, ele podia descobrir depois. Agora ele precisava ver o que seu irmão precisava.
Ao chegar na clínica, Mike o esperava do lado de fora. Ele estava a cada dia melhor, estava forte, os olhos que antes estavam vazios agora estavam com mais vida e tudo nele parecia mais saudável
— Oi, pirralho — Mike deu um abraço de esmagar os ossos em Elliot
— E aí, grandalhão? Está tudo bem? Fiquei preocupado com essa ligação repentina
Elliot se sentou junto de Mike
— Eu estava no fundo do poço. Cometi muitos erros ao longo do caminho. Alguns irreparáveis. Quando você descobriu que eu estava aqui, te contei tudo que você não sabia. Mas faltou uma coisa muito importante
Elliot não disse nada, esperando que Mike continuasse
— Eu tenho uma filha, Elliot
Elliot começou a rir achando que era brincadeira, mas Mike estava sério
— O que?! Desde quando?
— Ela tem 16 anos agora. Quando me envolvi com coisas ilegais e fui preso antes de vir para a reabilitação, foi porque eu queria cuidar dela e da mãe dela. Mas eu não consegui
— Claro que não conseguiu, Mike. Isso não deu certo quando eu era criança, porque achou que daria certo agora?
— Você tem razão. Foi uma burrice e eu me arrependo a cada segundo. Fiquei com vergonha de contar isso a você, mas você tinha que saber. Meu terapeuta disse várias vezes para eu contar a você, mas eu não encontrava a maneira certa. Até agora.
— Está tudo bem, Mike. Como é o nome da sua filha? Onde posso encontrá-la
— O nome dela é Tory Nichols. Não sei se você viu as notícias, mas houve uma briga no colégio West Valley
— Eu ouvi algo sim. A prima da minha estagiária foi parar no hospital
— Irmão, ao que tudo indica foi Tory quem começou a briga. Não sei mais detalhes, mas eu preciso que você cuide dela. Não deixa ela ir para o reformatório, ela precisa cuidar da família dela. É só isso que estou pedindo, Elliot. Por favor
— Tudo bem, Mike. Vou fazer meu melhor.
Alguns dias depois do acidente se passaram e Elliot procurava por sua sobrinha. Foi quando ele descobriu que ela fazia karatê no Cobra Kai, o dojô que ele havia tentado comprar de Johnny Lawrence incontáveis vezes. No caminho para Reseda, ele encontrou Johnny na rua, carregando várias latas de cerveja e já bebendo algumas
— Sensei Lawrence!
— Ah, você de novo?! Me deixa em paz, cara
— Escuta, eu não vim atrás de você para tentar comprar o Cobra Kai de novo, só quero conversar. Minha sobrinha está estudando lá e eu preciso do endereço dela
— Então vá perguntar para o sensei do Cobra Kai, que pro seu governo, não sou mais eu. Agora me deixa em paz
Como assim, Johnny não era mais o sensei do Cobra Kai?!
— Que história é essa?
— Não é da sua conta, mas se quiser tirar o Cobra Kai do Kreese dessa vez, você tem meu apoio
Johnny foi embora antes que Elliot o incomodasse com mais perguntas. Mas Elliot estava muito perturbado para pensar em fazer outra pergunta
"John Kreese e Terry Silver são dois pesadelos. Depois do fracasso em 1985, eles me largaram a minha própria sorte mesmo depois de eu implorar por ajuda."
Elliot cerrou os punhos e foi até o Cobra Kai. Por mais que ele quisesse agredir Kreese até a morte, ele precisava ter cuidado. Esse homem era muito perigoso. Portanto, Elliot foi apenas procurar saber sobre Tory
— Sensei Kreese?
O mais velho se virou para ele e deu um sorriso
— Nós estamos fechados agora. Mas se quiser conversar sobre matricular alguém, eu posso te dar ouvidos
— Não quero matricular ninguém. Vim aqui saber sobre Tory Nichols
Kreese semicerrou os olhos para Elliot
— Agora estou te reconhecendo. Você é Elliot Barnes, não é? Aquele jovem empresário
— Eu não vim aqui para conversar sobre o meu trabalho, eu só vim aqui saber sobre a minha sobrinha.
— Então você é tio dela? Por que ela nunca falou sobre você?
— Não é da sua conta. Eu preciso do endereço dela. Tenho certeza que o senhor deve conhecer a atual situação de Tory depois da briga na escola. Ela precisa de um adulto olhando por ela.
Kreese assentiu, enquanto encarava Elliot.
— Ok, venha até minha sala e eu posso procurar isso para você
Depois de procurar em várias pastas, Kreese encontrou o endereço de Tory e entregou a Elliot.
Ele dirigiu até o condomínio em que Tory morava e tocou a campainha. A garota atendeu e a princípio, não conseguiu dizer nada, o choque estava estampado em seu rosto
— Oi — Elliot disse com um aceno e sorriu Tory saiu do apartamento e fechou a porta
— Senhor Barnes? O que faz aqui? Como descobriu onde eu moro, por que está aqui?
— Tory, a gente precisa conversar. Infelizmente eu não sei como tornar isso menos estranho, já que a gente não se conhece e você não faz a menor ideia do porquê eu estou aqui
— Ok... — ela já estava achando estranho o bastante, mas o que quer que Elliot Barnes quisesse com ela com certeza não podia ser pior do que o que ela estava vivendo no momento
— Tory, o seu pai me mandou aqui. Eu sou seu tio
A expressão dela se transformou rapidamente e Elliot viu que aquilo seria muito difícil
— Eu não quero nada de você, sai daqui
— Tory...
— Sai daqui!
— Me escuta... — ele segurou o braço dela, e ela direcionou um soco nele, mas Elliot desviou, sem dificuldade. Ele também tinha truques na manga, afinal seu irmão mais velho era o 'Bad boy do Karatê'
— Eu já fui suspensa da escola e já estou na condicional. Não posso me meter em mais brigas e não posso arriscar perder meu emprego. Então vou pedir mais uma vez, saía daqui
— Tory eu posso te ajudar a cuidar da sua mãe e do seu irmão, prometi ao seu pai que eu faria isso
— Meu pai nunca deu a mínima para mim. E nem você. Eu não preciso da sua caridade
— Eu não vou desistir de você assim, Tory!
Mas ela não o ouviu. Voltou para casa e bateu a porta na cara dele. Realmente, aquilo seria mais difícil do que Elliot imaginou.
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