Capítulo 4
Terry estava vendo algumas notícias quando Leonard apareceu na varanda arrumado e se sentou em sua frente. Ele não tirou os olhos do celular para dizer nada
— Está bonito — Terry começou — Onde vai essa hora?
— Vou até a E.B. Tenho uma reunião com Elliot e um cliente
— Legal... — um silêncio constrangedor pairou entre eles, até o chef aparecer com o café da manhã deles
— A senhorita Cheyenne vai se juntar a nós? Posso fazer mais um prato
— Não, hoje não — Terry disse, guardando o iPad. Leonard quase deu graças a Deus em voz alta. Ele não suportava aquela mulher
— Tudo bem. Para o café da manhã preparei uma coisa especial — o chef colocou os dois pratos de creme brulée na frente deles. O maçarico estava com um problema e a chama demorava muito a sair, causando um barulho irritante.
Leonard tirou o olhar do prato e olhou para Terry, que parecia perturbado. O chef chamou ele algumas vezes mas ele não ouviu
— Terry! — Leonard estalou os dedos na frente dele — Tudo bem? Você se distraiu
Pela primeira vez, Leonard pareceu preocupado com seu pai, e isso o assustava muito. Não era o tipo de reação que ele costumava ter. Ou ao menos, demonstrar.
— Sim, tudo bem. Acho que só vou pular o café da manhã hoje
— Quer que eu chame um médico? — o chef perguntou
— Não, não precisa. Só vou dar uma volta e esfriar a cabeça
Depois que Terry foi embora, Leonard falou com o chef
— Ele tem estresse pós-traumático então por favor, não aperta mais essa coisa na frente dele, ok?
— Claro, senhor Silver. Sinto muito
— Tudo bem. Só não comente isso com mais ninguém e não pergunte a ele sobre. É um assunto delicado
— Sim, senhor Silver
Quando o chef foi embora, Leonard tomou seu café da manhã, mas não conseguia parar de pensar em como seu pai estava estranho na noite anterior e nesta manhã. Do nada um pedido de desculpas? Por que só agora ele quase implorava de joelhos o perdão de Leonard?
E o maçarico já tinha dado problema outras vezes, mas nunca havia trazido memórias traumáticas de volta. Não até agora.
Coincidentemente, isso havia acontecido depois da visita de John Kreese. Elliot contou que eles eram melhores amigos nos anos 80, mas obviamente não se falavam há anos já que Leonard não fazia ideia da existência dele até Elliot o mencionar.
Leonard estava decidido a conversar sobre isso com Elliot. Quando chegou na agência, ele estava analisando vários papéis e também assinando alguns
— Isso não está bom, precisa de mais azul celeste. E coloque tudo no imperativo — ele disse para uma das funcionárias — Leonard! Que bom que você chegou, as coisas estão a mil por aqui e preciso da sua ajuda para analisar uns e-mails. A Marvel já aceitou promover a LaRusso Auto e fechamos o contrato
— Mas já? Sem nem questionarem?
— Eu te disse que eles iam aceitar. Vamos para a minha sala
Eles entraram no escritório de Elliot que parecia ser o único lugar silencioso daquela agência. No entanto, estava tudo uma bagunça. Não era de surpreender, Elliot era muito agitado, parecia ter um desvio de concentração
— Elliot, eu preciso falar uma coisa com você. É sobre meu pai
Elliot fechou a cara, mas deixou que Leonard falasse
— Ele recebeu uma visita ontem, de John Kreese. Depois dessa visita ele foi até mim, implorar pelo meu perdão, dizer que eu sou o único que o impede de fazer besteira. E depois disso, hoje de manhã ele teve um episódio de estresse pós traumático. Ele não tinha isso há muitos anos
— Espera aí. John Kreese foi atrás do seu pai, depois de todo esse tempo?
— Sim
— Droga, a gente precisa contar pro Daniel. Ele se aliou ao Johnny Lawrence, e o Kreese quer dobrar o jogo. Ele está tentando levar seu pai de volta ao Cobra Kai. Quer acordar uma besta adormecida há décadas
— Acha que ele pode tentar ir atrás do seu irmão?
— Felizmente, ele não sabe onde Mike está. Não dá para entrar em contato com ele, mas eu vou ligar para a clínica por precaução. Pedir para que caso um John Kreese ou um Terry Silver o procurem, não deixem eles entrarem. Talvez eu também deva alertar Mike sobre isso
Então antes que se arrependesse, Leonard pegou o celular e digitou uma mensagem para o seu pai.
Eu te perdoo
Por favor, tenha cuidado e não faça NADA que o John Kreese tenha pedido.
Eu sei que a visita repentina dele tem a ver com os seus flashbacks de hoje cedo. Só fica longe de problemas, ok? Continua tomando os remédios do jeito que o médico mandou e você vai melhorar.
— Elliot, você me disse que foi tudo um jogo mental com Daniel em 1985. Terry se fingiu de bom moço e usou os treinos para machucar Daniel de propósito, até revelar que Mike era o aprendiz dele.
— Sim, foi exatamente isso. Meu irmão deu muita dor de cabeça para ele. Infelizmente, Mike perdeu a cabeça quando eu fiquei doente só com 1 ano e fez de tudo para arrumar dinheiro para o tratamento. Como você sabe, não deu certo. Mas depois meus pais conseguiram pagar a cirurgia. Eu tinha um problema respiratório muito sério. LaRusso é um cara legal, não merece passar por todo esse drama. Desde que John Kreese voltou, as coisas têm ficado piores.
— Ele tinha que ser parado. Não tem nada que possamos usar contra ele?
— Não. Ele sempre consegue se safar. Kreese já tentou matar Johnny Lawrence duas vezes, tentou matar Daniel uma vez e instigou os alunos deles a entrarem em guerra com os alunos de Daniel. Ele é um perigo, mas não existe nada que possa incriminá-lo... Espera. Tive uma ideia.
A ideia de Elliot era quase insana, mas funcionaria. Tinha que funcionar
— Eu topo — Leonard disse, quase sem acreditar que estava concordando com aquilo. Mas, era a melhor solução
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top