Capítulo 04
Aaron Forbes
- O quê? Isso é ridículo, eu não vou fazer isso! - Digo a contra gosto sustentando o seu olhar. - Tu não podes mudar a minha vida desta forma, a seu belo prazer, tu não sabes nada sobre mim, ou como eu gosto de trabalhar para eles, eles são como uma família para mim.
- Tu já tens uma família! — grita irritado e eu recuo, ele me fita, massageia as têmporas e suspira. — Não me irrites Aaron.
- Irritar-te? Tu és um desgraçado, um filho da mãe arrogante que acha que pode fazer tudo o que bem entender da minha vida que eu não irei questionar, eu não sou uma marioneta nas suas mãos ou da sua família, eu não pretendo me demitir Kian Labonair. - Retruco encarando os seus olhos verdes me fuzilarem irritados. Foda-se!
- Então eu sou um desgraçado arrogante que só faço o que quero? - ele sorri friamente e eu sinto o arrepio na minha espinha. - Não me provoques e cale a boca antes que eu te arrebente.
- Tu não podes...
- Eu posso! - me interrompe soca o volante - Quando vai entender que eu posso o que eu quiser! Tu vais pedir demissão não te quero a trabalhar com os Bertuolo. - bufei de raiva.
- Que droga! O que eles te fizeram? Qual é o seu problema? Nem tudo gira a sua volta, nem toda a gente é sua inimiga sabias? Faça o que quiser comigo, conte para a sua família não me importa, eu não vou me demitir, isso está fora de questão. - desafiei.
Ele me olha trincando o maxilar visivelmente irritado e furioso, não recebi uma resposta sua, eu havia perdido a noção do perigo ao desafiá-lo desta forma, mas que se dane! Eu não iria permitir que ele se envolvesse desta forma na minha vida e a dirigi-se a seu belo prazer, ele está louco se acha que vou me demitir, é deste trabalho que eu sobrevivo, como vou pagar as minhas contas? Os meus estudos? Com a sua arrogância ou prepotência? Eu não dependo de ninguém e nunca precisei depender, não será ele que vai mudar isso.
*****
O carro para em frente ao restaurante na Little Italy, mal desço e ele arranca deixando-me a comer fumaça. Idiota, arrogante, prepotente e estúpido!
Definitivamente o meu bom humor foi pelo ralo da sanita, num maremoto chamado Kian Labonair. Sigo para dentro do restaurante, o movimento estava fraco por ser de manhã, vejo a Pietra arrumando as mesas.
— Ciao! - digo, Pietra me fita e arregala os olhos ao me ver.
— Dio Santo! Aaron! — disse vindo até mim me abraçando — Aonde você se meteu? Estou desde ontém tentando ligar para ti, estamos todos preocupados, a Nonna quase não pregou o olho de preocupação, o que houve?
— Calma. — falo sorrindo encarando a preocupação nos seus olhos. Era bom estar de volta a normalidade, sem o nervosismo de ter que lidar com Kian. — Eu estou bem, tive um...um acidente quando ia entregar os pedidos, fui ao hospital para fazer uns exames e levei a moto a oficina, peço desculpas por ter preocupado a Nonna e pelos prejuizos que causei com os clientes.
- Dio Aaron! Os clientes não são importantes, quer dizer são mas não como tu, és da família e por fazer parte desta família devia ter me dito quando ligou ontém a noite.
- Eu sei, me desculpa. - peço, ela estava com uma cara bem brava, sorriu e me puxou para outro abraço que eu retribuo. - Aonde estão todos?
- A Mamma e a Nonna nas compras, o Babo, resolvendo alguns assuntos da família. — disse com um grande sorriso estampado no rosto. — Não fazes ideia de quem está de volta. - disse eufórica.
— Quem? Diga logo Pietra!
— Mariano, mio fratello "o meu irmão", ele está de volta. A tua paixão secreta e platônica, o teu crush.
— Paixão secreta de quem? — ouço a voz atrás de mim e me viro encarando-o ali, o rosto sonolento e os cabelos bagunçados, passou as mãos pelos seus fios castanhos e sorriu doce para mim. — Aaron!
— Mariano, q-quando voltou?
— Ontém a noite. — disse se aproximando de mim. — Não vai dar um abraço no teu fratello?
— Deus me livre de ser seu irmão. — brinco e ele sorri me puxando para um abraço abertado, sinto o bater acelerado do meu coração ao sentir o calor do seu corpo, o seu cheiro tão característico, retribuo o seu abraço sentindo o seu corpo perto do meu. Ele estava realmente de volta.
— Mi machi, piccola "Que saudades de ti pequeno" — murmurou inalando o meu cheiro e eu me afasto encarando os seus olhos, desvio o olhar para o chão sorrindo sem graça.
— É bom ter-te de volta! — digo
— É mesmo? — pergunta com um sorriso preguiçoso no canto dos lábios e eu assinto coçando a nuca, sem saber o que fazer, era sempre assim quando ele estava perto, um desastre e Pietra se divertia com isso e desconfio que ele também.
— As coisas ficam muito paradas sem você, tu dás vida à esse lugar. — admito.
— Mais que história é essa? Então e eu? — Pietra põem as mãos na cintura indignada. — Eu nunca vou esquecer dessa facada no meu coração Aaron.
— Não faz drama Pietra, você entendeu.
— Entendi coisa nenhuma, sou bem vingativa, vai ter volta Aaron Forbes, ou não me chamo Pietra Bertuolo. — ela me joga o guardanapo no rosto e eu sorri.
— Que cheiro é esse? — pergunto.
— Dio mio! É hoje que a Nonna me mata, as pizzas! — ela sai em disparada para a cozinha, eu e o Mariano nos olhamos e caímos na gargalhada.
— Não sei perche a Nonna, deixa a cozinha com a Pietra, ela é um desastre!
— É, a cozinha não é o seu forte. — comento sorrindo para ele.
— Eu tinha saudades disso e de você também, quando cheguei interrompe uma conversa sua com a Pi, sobre amores secretos, algum garoto roubou o seu coração na minha ausência piccola? — engulo em seco sentido o meu rosto aquecer, desvio o olhar dos seus, coço a nuca inquieto um acto involuntário que denunciava o meu nervosismo.
— Pare de me chamar assim, tu não és tão mais alto do que eu e, sobre a tua pergunta... — quis dizer que não mas por momentos a imagem de um certo Labonair surgiu na minha mente, balanço a cabeça afastando aquele pensamento e desperto com os estalar de dedos do Mariano em frente ao meu rosto.
— Voltou? — sorri sem graça e assinto.
— Sim, respondendo a sua pergunta, ninguém. — término de dizer quando a sua mão segura a minha nuca e surpreendendo-me sinto os seus lábios beijarem os meus, arregalo os olhos surpreso sem acreditar que aquilo estava realmente a acontecer, o meu coração acelera e o meu corpo amolece em contacto com o seu, correspondo o seu beijo sentido o gosto dos seus lábios, junto à uma estranha sensação de conforto no meu peito, ele acaricia a minha nuca e eu os seus cabelos, ele então quebra aquele contato cessando o beijo, encaro os seus olhos e ele os meus entorpecido e ambos sorrimos.
— Porque fez isso? — pergunto confuso sentido os meus lábios inchados e dormentes. Ainda com o seu gosto.
— Porque quis, andei pensando em algumas coisas durante esse tempo que estive na Itália. — o seu polegar acaricia o meu rosto. — Pensando em nós dois.
— Nós...
— Aaron! — a minha pele arrepia ao ouvir aquela voz, quebro o contacto visual com o Mariano e os busco, os olhos verdes gélidos, encaravam os meus tão profundamente, uma faísca passou por eles carregada de um sentimento qualquer que eu desconhecia.
— Kian!
— O que fazes aqui Labonair? — perguntou o Mariano pondo-me atrás dele, nem a sua pergunta ou qualquer outra coisa foi capaz de quebrar aquele contacto visual que estabelecemos um com o outro — Como te atreves a vir aqui? — então os seus olhos me deixam para finalmente dar atenção a ele.
— Com a mesma ousadia que os teus homens tiveram para invadir o meu apartamento e tentar me matar! — pisco arregalo os olhos encarando o Mariano que cerra os punhos e trinca o maxilar irritado. — Pedi que deixassem os seus corpos em algum caixote de lixo perto de um dos vossos restaurantes, acho que deve ter conhecimento do ocorrido, ou caso alguém encontre teremos notícias nos jornais.
— Maldito...
Kian sorri friamente guardando as mãos no bolso do casaco e desvia a sua atenção para mim. — Porém, ainda não é este assunto que me trouxe até aqui, tens contigo um membro da minha família. — dou um passo para trás em choque, aqueles homens, eles estavam relacionados aos Bertuolo? Não, isso era verdade?
Os olhos castanhos do Mariano me buscam e eu o fito. — Sua família? — Pergunta encarando o outro homem ali presente. — O Aaron é membro da sua família? Isso é alguma piada de mal gosto Labonair?
— Vês algum dos seus sorrisos no meu rosto Bertuolo? Vamos Aaron, acho que já cumpriste com o seu objectivo aqui, nesta família.
— Tu trabalhas para ele? — meneio a cabeça em negação. — A minha família te recebeu e tu és um traidor?
— Não...
— Sim! — olho o Kian com ódio, como se atreve a mentir tão descaradamente sobre mim. — Ele é um Labonair.
— Não, eu não sou! — pontuo. — Tu, tu mandaste aqueles homens para o matar? — pergunto e ele desvia o olhar do meu. Então era verdade.
— Sugiro que dê meia volta e saia daqui! — fito a Pietra com a arma apontada a ele, a sua voz carregada de ódio e fúria, encaro os seus olhos, ela me fita e em seguida a ele. — Saia Kian!
— Baixe a arma Pietra, o seu pai já terá assuntos a resolver comigo pelo que fez, dispara essa arma e a tua família cai.
— Junto com a sua! — ele a fitou meneando a cabeça em negação com uma paciência inabalável.
— Não te enganes princesa, nós não somos iguais.
— Baixe a arma Pietra. — disse o Mariano, Pietra encara o seu irmão relutante.
— Mariano....
— Baixe-á — trêmula a contra gosto baixou a arma seguindo a ordem do irmão.
— Vamos Aaron! — eu o olho, olho para o Mariano e para a Pietra que me olhava com decepção, eu não era um traidor, eu nem sabia sobre essas malditas famílias, aperto os olhos e cerro os punhos caminhando em direção a ele.
— E pensar que a minha família te acolheu como parte dela, tu és um traidor desgraçado e vais me pagar por teres me engano durante todo este tempo Aaron! — ouço a ameaça da minha amiga, a sua voz estava trêmula. — Logo aprenderás que não se engana um Bertuolo!
Eu passo pela porta com ele atrás de mim, entro no carro, ele dá a volta e entra sentando-se no seu lugar.
— Como podes fazer isso? — sinto a ardência das lágrimas nos meus olhos, lágrimas de raiva e ódio.
— Disse alguma mentira? Põem o cinto!
— Dane-se a porra do cinto! Eu não sou um traidor, como foste capaz de dizer isso? — encaro os seus olhos cerrando os punhos com força contendo a vontade de desfigurar o seu rosto com socos.
— Tu não podes pertencer a duas famílias do crime, eu disse-te para pedires demissão! — rio sem humor.
— E a tua brilhante ideia foi tachar-me como traidor, um bufo! Quer saber vão pra merda tu e a tua família, tu és a pior coisa que aconteceu na minha vida, tu e a tua maldita família Kian! — tento abrir a porta mas ele segura o meu braço, os seus olhos me fuzilam com ódio e impaciência, toca a minha nuca e puxa-a com força aproximndo os nossos rostos, respiro ofegante, encarando toda a frieza que os seus olhos transmitiam.
— Eu disse que não iria te deixar morrer, eu assumi a responsabilidade com a sua vida, mesmo que tenha que passar por cima de ti, não me importa se me odeias ou o que pensas de mim, somos família e para o bem ou para o mal Aaron Forbes, nós protegemos a família! — me solta e eu me afasto põem a chave na ignição e liga o carro — Agora se já terminou a birra, põem a porra do cinto!
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