Capítulo 02
Kian Labonair
Paro o carro em frente a mansão da minha família, abro a porta e desço encarando os seguranças vejo o Carl o chefe de segurança da família vindo em minha direção.
— Kian, está tudo bem?
— Sim, estão todos em casa? — pergunto olhando a construção vitoriana ao fundo da propriedade.
— Sim. Aconteceu alguma coisa?
— Nada que eu já não tenha resolvido, vou falar com os meus pais. Mande alguns homens para fazer uma limpeza no meu apartamento, quero que resolvam tudo e o organizem, ainda está noite voltarei para lá. — ele me olha e assentindo afasta-se para cumprir a minha ordem.
— Desça Aaron. — digo encarando-o ainda dentro do carro, os seus olhos castanhos me fitam com medo antes de abrir a porta receoso e descer do carro, eu me sentia intrigado olhando para ele, mal conseguia esconder o medo que sentia por mim, confesso que isso muito me agradava, o medo mantinha as pessoas sob controle e eu precisava controla-lo pois por um deslize do destino ele tinha presenciado tudo o que aconteceu e, segundo as regras da minha família ele seria um problema, um que eu precisava dar solução, tinha que falar logo com o a minha família e resolver esse assunto.
Ele não era tão alto, era magro com um bom porte físico, os cabelos raspados num corte militar e sem barba, a cor negra da sua pele saltava a vista, os seus olhos amendoados encaravam a casa com espanto, mordeu o lábio inferior inquieto sem saber o que fazer.
— Vamos. - Oriento e sigo em frente em direção a casa com ele atrás de mim, abro a porta e entro cedendo passagem para que ele entre, o som de vozes e risadas vinham da sala de jantar, seguimos para lá, a mesa estava posta e sentados nela estava a minha família, os meus pais e as minhas irmãs numa conversa animada.
— Olhem quem resolveu nos brindar com o ar da sua graça — disse Odeth com deboche direcionando a nós a atenção de todos. — E tão bem acompanhado. — sorriu matreira encarando o Aaron atrás de mim.
— Eu sempre desconfiei dos seus gostos irmão, todo esse ar misterioso e solitário. — comentou Olenna e ambas sorriem.
— Meninas parem! — pediu a voz da razão, a minha mãe Meredith. Encarei os olhos do meu pai que me estudavam e ao homem ao meu lado. — Que bom que chegou a tempo do jantar, sentem-se. — Aaron estava parado atrás de mim, sigo até a mesa e puxo a cadeira para ele, que me olha sem entender o que realmente se passava e em seguida a minha família desconfiado. — Não tenha receio querido, sente-se. — ele assentiu e acatou o pedido da minha mãe sentando-se e eu fiz o mesmo sentando-me ao seu lado.
— Como te chamas querido? — perguntou a minha mãe para ele visivelmente desconfortável ao meu lado e sentado naquela mesa, olha para ela sentada a esquerda do meu pai na cabeceira da mesa, Odeth e Olenna estavam ao seu lado e nós do lado oposto comigo no lado direito do meu pai.
— Aaron, senhora.
— És o novo namorado do Kian? — perguntou Olenna inconveniente como sempre e eu acredito que logo o veria corar constrangido, olhou para mim sem resposta e encarou as mãos.
— Duvido que seja um caso, raramente merecem estar a nossa mesa. — disse Odeth limpando os lábios com o guardanapo, as duas sentiam um prazer mórbido em me irritar.
— Calem-se as duas. — peço encarando-as vendo-as sorrir com divertimento. — O Aaron é apenas um amigo, não é? — fito-o e ele a mim e assente.
— Sim...
— Seja bem vindo a mesa da nossa família Aaron. Não ligue para a conversa desmedida das minhas filhas ainda estou a tentar educa-las. — disse o meu pai e eu sorri vendo os seus rostos de indignação.
— Isso foi desnecessário papai.
— Olenna... — adverte e a vejo se calar. — Sou o Alfred, está é a minha esposa Meredith e as minhas filhas Odeth e Olenna.
— É um prazer... — os empregados aproximam-se e nos servem.
— Eu preciso falar com o senhor sobre um assunto importante. — digo ao meu pai.
— Depois do jantar, sabes a regra sobre falar de trabalho a mesa — encaro os seus olhos e assinto. O jantar se seguiu com as minhas irmãs tecendo perguntas ao meu convidado que as respondia quando não se sentia constrangido, a minha mãe assim como o meu pai apenas o observava. O seu celular toca atraindo a atenção de todos na mesa, ele os fita constrangido.
— Me desculpem...
— Tudo bem, nós não trazemos celulares a mesa, assim não perdemos os velhos hábitos e desfrutamos de bons momentos em família, pode entregar o seu a Sally, quando terminar-mos ela o devolve. — disse o meu pai com um sorriso caloroso, vejo-o engolir em seco e me fitar, eu assinto e ele entrega o aparelho a Sally.
— Quase não tocou na comida, não gostou?
— Claro que sim, está tudo ótimo só estou sem apetite, não me sinto muito bem, tenho o estômago embrulhado. — responde.
— Um chá de ervas será um excelente remédio, tomaremos um chá depois do jantar. — vejo-o sorrir e assentir. Depois do jantar segui com o meu pai, a minha mãe e irmãs até ao escritório Aaron ficou sobre os cuidados da Sally.
— Quer nos contar o que aconteceu? — pergunta o meu pai sentado no sofá ao lado da minha mãe.
— Tentaram me matar está noite no meu apartamento. — vejo o olhar surpreso do meu pai e a preocupação estampada no rosto da minha mãe. — Foram os homens do Enrico.
— Com certeza uma retaliação por termos morto o Giovanni e ficado com o seu território. — murmura o meu pai.
— Quanto tempo faz isso? Eles não se arriscaria a dar início uma guerra por algo que aconteceu a treze anos atrás — comentou a Olenna pensativa.
— Os Bertuolos nunca esqueceram isso e essa retaliação é a prova.
— Aonde entra aquele rapaz nesta história toda meu filho? — perguntou a minha mãe bebendo o seu chá encarando os meus olhos.
— É um entregador, presenciou tudo o que aconteceu.
— E porque ainda não o matou? — ela pousou a xícara sobre a mesa e cruzou as pernas entrelaçando as mãos sobre o seu colo. — É uma testemunha e sabes a regra sobre isso.
— Não deixamos testemunhas. — murmuro encarando os seus olhos. — Ele salvou a minha vida não posso simplesmente matá-lo.
— Ele despertou o sentimento de compaixão ao sociopata da família. — comentou Olenna irônica. — É sério isso?
— Ele me protegeu, um membro desta família, eu tenho uma dívida de gratidão com ele. — esclareço levando o copo com Whisky que tinha na mão a boca.
— Queres interceder diante da tua família por um desconhecido? — ouço a voz da Odeth e a fito ao lado do nosso pai. — Se ele continuar vivo pode denunciar a nossa família, é perigoso para nós e para os negócios deixá-lo vivo Kian.
— A sua irmã tem razão. — encaro o meu pai, as decisões na minha família sempre foram tomadas assim, com a participação de todos, desde cedo e nada era mais importante para cada um de nós do que a família. — Esse assunto não é discutível.
— Querido, por favor não nos esqueçamos que o rapaz salvou a vida do nosso filho, isso deve ter peso sobre a tua decisão, tenho a certeza que o Kian pode se responsabilizar por ele, não é meu filho? — assinto encarando a minha mãe Meredith Labonair era uma mulher perigosa e bastante persuasiva, a matriarca de toda a família com grande influência sobre o meu pai. — Então eu acho que podemos dar a ele uma oportunidade, caso se torne uma ameaça a nossa família será morto sem qualquer perda de tempo como qualquer outro contratempo.
— Podes te responsabilizar por ele? Garantir que não será um problema Kian? — pergunta o meu pai, olho pela porta e o vejo sentado na sala, a cabeça baixa entrelaçando os dedos nervoso. Eu não queria me responsabilizar por uma criança, não precisava dele na minha vida.
— Queres morrer?
— Não... — murmura encarando os meus olhos. — Eu... eu não quero...
Suspiro e passo os dedos entre os cabelos.
— Eu me responsabilizo por ele.
— Tudo bem, estamos conversados, a partir desta noite o Aaron é sua responsabilidade, faz parte da família e nós cuidamos da família Kian, para o bem ou para o mal. — encaro o meu pai. — Sobre o Enrico, ele irá perceber que não pode atacar um membro da minha família e sair em pune.
— Deixa-me cuidar deste assunto. — peço. — É a mim que eles atacaram, o pior de todos os Labonair saberei lidar com essa situação, não suporto que os meus inimigos pensem que podem chegar e atirar em mim que não haverá uma retaliação. — aperto o copo na minha mão irritado.
— Ai está ele, o sociopata da família Labonair! — encaro o sorriso orgulhoso nos lábios da Olenna.
— Eu preciso voltar para casa agora, tenho assuntos a resolver, obrigado pelo jantar mamãe. — me levanto da poltrona.
— Não entendo porque tiveste que sair de casa, respeito a tua decisão mais não aceito, e lembra te que a vida dele depende de ti. — assinto me aproximo e beijo o seu rosto, despeço-me dos meus pais e irmãs e saímos do escritório, Aaron se levanta ao nos ver.
— Nós já vamos. — anúncio vendo o seu olhar ansioso como se esperasse por alguma coisa.
— Foi um prazer ter-te connosco está noite, espero que venham jantar mais vezes. — disse a minha mãe.
— Vê se dá um jeito no Kian por favor. — faço uma cara feia para a Odeth e vejo-a se calar, sigo para a saída, Aaron os despede e caminha comigo até ao carro. Ele respira fundo e solta o ar aliviado por estar de volta.
— Vai me matar?
— Põem o cinto e não, eu não vou te matar, tu fazes parte da família agora. — falo já deixando a propriedade da minha família para trás.
— Parte da família, o que isso significa? — pergunta curioso para não dizer confuso.
— Que eu tenho que cuidar de ti, és o protegido de Kian Labonair. — encaro os seus olhos surpresos e acelero pela avenida em direção a casa, não tinha muito transito a essa hora da noite.
— Então se eu não vou morrer, eu posso ir para casa?
— Tu vais morrer se fores para casa, eu não confio em ti, a minha família não confia em ti, tu só estás vivo porque eu disse que me salvaste, caso contrário só sairias de lá morto, nós não deixamos testemunhas. — esclareço olhando a sua expressão chocada, sorri de canto.
— O que vocês são?
— Uma família, somos os Labonair, uma das principais famílias do crime organizado na cidade, uma família de assassinos então não pensa que pode brincar connosco ou tentar alguma gracinha, se o fizeres eu mesmo te mato. — termino a frase e o vejo engolir em seco e olhar para a janela.
— Devia te agradecer por ter mentido a sua família? Se não confia em mim então porque me defendeu?
— Porque você não quer morrer e se depender de mim tu não morres! — olho os seus olhos por instantes antes de desviar a atenção para estrada.
— Aonde é que eu vou ficar?
— Na minha casa, vai morar comigo.
— Obrigado, por não me matar. — não o respondo continuo a condução até chegar ao meu loft, estaciono e vejo o Carl a aproximar-se.
— Então?
— Está tudo resolvido, a limpeza está concluída, os vidros das janelas foram substituídos e está tudo organizado, removemos os problemas e não precisa se preocupar com a polícia. Deixarei alguns seguranças a pedido do seu pai.
— Não precisa, leve os seus homens, obrigado pelo bom trabalho Carl. — agradeço, ele assente e olha para o Aaron no banco ao meu lado. — Desse assunto eu cuido.
— Tudo bem Kian. — ele se afasta, viro-me para ele e o vejo encarar a sua moto com preocupação.
— Amanhã resolveremos a situação do seu emprego, não te preocupes com isso.
— Eles são como a minha família, devem estar preocupados com o meu sumiço, posso ligar para eles? — pede, olho-o em silêncio e concordo, ele tirou o celular do bolso, discou o número e ligou.
— Pietra, não te preocupes eu estou bem... Eu sei, tive um pequeno problema com a moto por isso não pude concluir as entregas... — mentiu — Eu falarei com os senhores Bertuolo amanhã e esclarecerei toda a situação... Sim eu estou bem mas preciso desligar agora. — ele encerra a ligação e me fita. — Obrigado por isso.
— Tu trabalhas com a família Bertuolo?
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top