XXXVI

RINDOU

Ran me encarava com um sorriso. Após acabar com as energias de Kim e passar a noite inteira entre as pernas dela, eu a deixei descansar.

Aquela mulher é uma delícia e isso só me faz desejá-la cada vez mais. Sanzu vai falhar e, quando isso acontecer, ela será minha.

Merda, eu não acredito que estou puto com aquele drogado. Como pode ter uma mulher dessa? Chamem de inveja se quiserem, repúdio ou qualquer outra porra, mas Kim Moon é demais para ele.

Ran me encarou sorrindo, presunçoso, e revirei os olhos.

— Você sabia desde o começo que era só por uma noite e tome muito cuidado com Sanzu a partir de hoje. — Ele mexia no copo sorrindo de forma orgulhosa. — Bom, eu vou indo, antes que minha adorável esposa tente fugir.

Tive de rir.

— Você não fez nada hoje. Não deixe o Mikey descobrir esse seu novo entretenimento.

Meu irmão não se importa com certas regras, mas eu sei que isso poderia ferrá-lo por tempo indeterminado.

— Sinceramente, Rin, o que eu faço da minha vida privada é problema meu. Eu não vou mudar essa forma de pensar porque o Mikey quer um casamento com cada país. Thalita é minha e vai continuar assim até eu morrer.

Às vezes acho que meu irmão é um obcecado por essa mulher, não tem outra explicação. Passaram-se dez anos e ele continuou louco por ela e foi durante aquela missão em Fukuoka que a encontrou, e hoje foi um belo exemplo de sua obsessão. Ran se negou a aproveitar tanto quanto eu, e, em outras épocas, teria amarrado a princesa sem pensar, se aproveitado de todos os buracos sem deixar marca, dessa vez deixou tudo para mim e não tenho do que reclamar, essa mulher deveria ser minha.

Respirei pesado, percebendo que não faria diferença discutir com ele nesse estado de paixão. Então, vou esperar que o bom senso retorne e perceba que tal relação nunca dará certo.

O ambiente estava silencioso, mas carregado de tensão, e eu sabia que Ran havia calculado cada palavra que disse. Ele sempre fazia isso, manipulando situações e emoções como um maestro controlando uma orquestra. No entanto, era impossível ignorar a provocação que ele lançava como uma isca — ele queria me testar, ver até onde eu iria com o meu interesse crescente por Kim.

— Thalita, pode ser sua — murmurei, girando o copo em minhas mãos enquanto observava o líquido âmbar dançar sob a luz. — Mas Kim... Kim é diferente.

Ran arqueou uma sobrancelha, aquele sorriso presunçoso ainda estampado no rosto.

— Diferente? Ou você está apenas se convencendo disso porque não conseguiu o que queria?

Ignorei o comentário, mas a verdade era difícil de engolir. Kim Moon havia se infiltrado na minha mente de uma maneira que ninguém mais conseguira, e cada vez que eu pensava nela, algo dentro de mim queimava. Ela não era como as outras mulheres que passavam por mim sem deixar rastro. Ela deixava cicatrizes.

— Só cuide para não deixar isso se transformar em fraqueza, Rin. — Ran terminou seu drink e me lançou um último olhar antes de sair. — Fraqueza é algo que o Mikey não perdoa. E eu também não.

O silêncio voltou ao ambiente depois que ele saiu, mas as palavras de Ran ecoavam como uma maldição. Eu sabia que estava jogando com fogo. Sanzu era imprevisível, um risco que ninguém em sã consciência escolheria enfrentar. Mas quando se tratava de Kim, eu estava disposto a tudo.

Mesmo que isso acabasse me levando até aquela maldita sala.

— Antes de eu ir, você notou como a Akashi está mais cheia? Se Sanzu conseguiu essa proeza, terei de parabenizá-lo e dar minhas condolências a ela. — Riu amargo e eu acompanhei sua linha de raciocínio.

— Impossível, Kim não seria tão burra de engravidar daquele drogado. — Afirmei.

— Talvez sim, talvez não. Talvez tenha sido a força ou não... Sob o teto deles, você não tem como saber o que acontece. — Ran afirmou encarando a tela do telefone e eu pensei a respeito. Kim não age como uma mulher que é violentada com frequência ou sofre um inferno nas mãos do carniceiro da Bonten, fora que ela não tem uma marca sequer no corpo, não recente, então se ela está realmente grávida, foi porque quis.

Porra princesa, espero que não tenha feito isso.

KIM

Meu despertar foi tardio, encarei o quarto ainda escuro e minhas roupas largadas na poltrona. Ran e Rindou acabaram comigo de uma forma tão deliciosa que eu não tenho do que reclamar. Esforcei-me calmamente antes de ficar de pé e, apesar do meu quadril estar doendo um pouco, isso não é nada, não depois de ser casada com Sanzu. O meio das minhas coxas está levemente dolorido e ainda assim fui capaz de manter toda a minha dignidade, me vesti calmamente e penteei meus cabelos com os dedos antes de encarar o espelho. Meu corpo está intacto, não há uma marca sequer dos Haitani além da lembrança em minha mente.

Essa com certeza foi uma das melhores transas que eu já tive...

A sala de jantar estava arrumada e Rindou me aguardava. Quando me aproximei, ele se levantou e parou ao meu lado.

— Bom dia, princesa. — Rin deixou um beijo em meu pescoço e, ao se afastar, me encarou, passando a língua no lábio inferior.

— Bom dia, Rin, dormiu bem? — Perguntei retoricamente e ele riu, puxando a cadeira para mim.

— Dormi tão bem que estou pensando seriamente em te raptar pra mim. — Riu e eu o acompanhei. Quando me sentei, tomamos café calmamente, conversando sobre trivialidades e um pouco do passado ignorando o fato de que eram quase meio-dia.

— Mentira que vocês usavam o cabelo assim. — Gargalhei quando ele me mostrou a foto. — Olha, eu prefiro o seu penteado atual, combina mais com você e suas tatuagens. — Ironizei, ambos os Haitanis têm um corpo lindo e tatuado assim como o meu marido.

— E você, hein? Riu da minha adolescência, mas não contou da sua. — Ah, se ele soubesse que eu não tive uma. Que, enquanto eles andavam com suas gangues, eu passava pelas situações mais hediondas possíveis. Senti minha carne tremer e respirei pesado. Eu não preciso lembrar disso, Won não está aqui.

— Digamos que, no meu país, alguém com a minha aparência não é bem-vista, se é que me entende. Eu fui criada dentro das paredes de uma mansão imensa, tive os melhores tutores e era tratada como uma princesa. Não há mais o que dizer.

Afirmei. É claro que havia muito mais, uma parte tão suja e repugnante que eu me recuso a pensar, algo tão atroz que se torna inviável de ser digerido em um café da manhã.

— Você não é arrogante, mimada, egoísta ou sequer uma vadia. Então vou entender que está escondendo boa parte da sua vida, querida.

Dei um sorriso mínimo, disfarçando.

— E quando vamos embora? — Troquei o assunto e ele sorriu calmamente.

— Minha presença é tão ruim assim que já quer escapar? – Ironizou.

— Sabe... A noite foi extremamente agradável, mas sabemos o quanto Sanzu vai infernizar se não fizermos o correto, não é mesmo? — Minha perspicácia o atingiu. De certa forma, os Haitanis esperavam que eu fosse uma mulher acuada, que meu casamento com Haruchiyo fosse um caos violento, mas não é bem assim. No começo, tivemos nossas desavenças, ele me feriu e eu retribuí, e não há nada de saudável nisso, mas agora, brigamos tanto por motivos cruciais e nos resolvemos na cama que eu nem sei mais em que pé estamos. Eu tenho sentimentos por Sanzu e inclusive estou sentido saudade dele, mas não posso me apegar a isso. Não até ter certeza de que ele não me fará sofrer ou me transformará em um mero descarte, como todos que passaram na minha vida.

A única exceção em toda ela foi Terano e continua assim.

— Eu vou levá-la após essa refeição. Mandarei a empregada arrumar suas coisas enquanto nos divertimos. — Rindou, parecia contrariado, mas acordos devem ser seguidos e se eu disser que não gostei de cada minuto ao lado dele, estarei mentindo, porém, ele não é o meu marido e eu não sou uma peça que se possa descartar com facilidade.

[...]

Minha casa estava escura, Rindou fez questão de me trazer até a porta e quando entrei ele sorriu.

— Se precisar de algo estou dois andares abaixo princesa. — Piscou deixando um beijo no canto dos meus lábios, minhas malas foram carregadas por um dos seguranças que subiram as escadas e deixaram no quarto como mandei. Fui direto para a cozinha pois senti vontade de comer algo doce e salgado ao mesmo tempo, esses desejos estão me matando e assim que fiz o que eu queria segui em direção a varanda, porém no meio do caminho a meia luz do corredor me chamou atenção e vi a sala de jantar arrumada para receber alguns convidados, quando pisei lá me assustei pelo clarão repentino.

— E então como foi a noite boneca?

A voz de Sanzu ecoou na sala, e meu corpo ficou tenso imediatamente. Ele estava sentado na cabeceira da mesa, um cigarro aceso entre os dedos, a arma na mesa e os olhos brilhando como se já soubesse cada detalhe. Sua presença era quase sufocante, uma combinação de charme e perigo que fazia meu coração acelerar, mas não de uma forma agradável.

— Não sabia que você estaria aqui. — Respondi calmamente, ignorando a pergunta e mantendo minha postura firme. Caminhei até a mesa e puxei a cadeira para sentar de frente para ele, como se fosse eu quem tivesse o controle da situação.

Sanzu inclinou a cabeça, soltando a fumaça devagar, o sorriso cínico crescendo em seu rosto.

— Você não respondeu, Kim. Como foi?

Minha mandíbula apertou. Ele não estava perguntando por curiosidade ou preocupação, mas para me provocar, para testar até onde eu iria sem quebrar.

— Foi agradável. — Respondi finalmente, tomando o cuidado de manter minha expressão neutra. — Como sempre, os Haitani são excelentes anfitriões. — A Ironia dançou em meus lábios, facilmente Rindou poderia disputar com ele no primeiro lugar em quem me deu mais prazer em uma única noite sem ser filho da puta.

O sorriso dele desapareceu por um instante, mas logo voltou, mais sombrio. Ele apagou o cigarro no cinzeiro, pegou a arma e se levantou, caminhando em minha direção. Cada passo parecia ensaiado, como um predador se aproximando da presa.

— Agradável, huh? — Ele parou ao meu lado, inclinando-se levemente para que sua voz fosse quase um sussurro, deslizando a arma pelo meu corpo. — Espero que tenha aproveitado bem, porque eu tenho minhas próprias maneiras de fazer você se lembrar de quem você pertence.

Eu não recuei, mesmo com a ameaça implícita. Meu coração batia forte, mas não daria a ele a satisfação de me ver fraquejar.

— Se isso é uma tentativa de marcar território, Sanzu, você precisa se esforçar mais.

Ele riu baixo, aquele som rouco que sempre me deixava em alerta, antes de por o dedo no gatilho e então rodar a arma entre os dedos travar e guarda no coldre.

— Ah, boneca... — Seus dedos deslizaram pelo meu rosto até o queixo, segurando-o com firmeza. — Eu não marco território. Eu conquisto.

— E eu não sou um troféu. — Retruquei, afastando sua mão e me levantando. Eu podia sentir o olhar dele queimando em minhas costas enquanto saía da sala, cada passo ecoando como um desafio.

A verdade era que eu não tinha respostas para o que sentia por Sanzu. Ele era um caos, uma tempestade que me puxava para dentro, mas também o único que havia me visto pelo que realmente sou, por mais que isso me irritasse. E enquanto subia as escadas, uma parte de mim sabia que essa noite estava apenas no começo.

Se eu não conseguir atualizar até dia 30 já vou desejando boas festas a todos <3

Cosplay por Ire6_eee

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