XXXIII

Quem é viva sempre aparece :)

Ainda na festa: 

SANZU

Estar aqui aturando essa gente estúpida quando eu poderia estar entre as pernas da minha mulher é algo que acaba com o meu humor. Para completar, ainda preciso dar um jeito naquele brasileiro maldito que vive dando em cima do que é meu e parar de brigar com Kim. Nossas brigas estão cada vez mais constantes e isso está me irritando.

— Pelo visto se resolveram. — Takeomi tragou o cigarro e depois me ofereceu um.

— Não faço ideia do que você está falando.

— Ah, claro que não, essa marca no seu pescoço deve ter sido feita por uma prostituta. — Revirei os olhos. — Trate minha cunhada bem e meu sobrinho também. Enfim — ele tragou novamente — aquela tal de Yketerina é muito esperta. Quando minha cunhada falou que nos daríamos bem, não imaginei que fosse tanto.

— Dois ordinários, claro que se dariam bem. E então?

— Ah, ela é interessante, tanto que já estou organizando um rastreio imperceptível. Pelo pouco que conheço de Kim nesse seu quase um ano com ela, essa mulher tem conexão direta com as famílias principais e, se queremos descobrir quem fodeu com o nosso negócio, colocou a polícia na porta do Cassino da Coreia, vou precisar investigar a fundo.

Concordei com Takeomi e dei as devidas ordens. Depois retornei para o lado de Manjiro, que estava observando a rainha rir conversando com outro homem, e sei que só não vai mandar matá-lo porque, senão, ela ficará revoltada.

Todos acham que a rainha da Bonten é um mero pião e até foi, mas depois que assumiu seu lugar se tornou tão perigosa quanto o rei. A única diferença é que ela é ainda mais silenciosa.

Manjiro suspirou encarando o salão até que Hajime se aproximou, deixando o presente dele largado no canto ao lado de dois seguranças, e depois nos olhou:

— Aquela ali é o nosso alvo, Linh Smith, e pelo visto está acompanhada. — Segui o olhar de Koko e me deparei com uma bela mulher. Agora já sei de onde os traços mais marcantes de Kim vieram.

— Então se apresente, é evidente que é uma compradora. Afinal, não faz o menor sentido essa mulher estar aqui. — A ordem de Mikey fez com que Hajime sorrisse e se afastasse calmamente. Eu, por outro lado, estou observando atentamente aquela que deve ser minha sogra.

Ao que parece, Kim ainda tem muito a me dizer.

Momento Atual

KIM

Eu não acredito que estou aqui. Sanzu tem horas que parece que a droga consumiu por completo o seu cérebro! Meu digníssimo marido desgraçado resolveu me obrigar a segui-lo até o que parece ser um clube de BDSM. Logo na entrada, todas as paredes são escuras e a iluminação contrasta perfeitamente ao ponto de que, quem entrar aqui jamais dirá que é um clube para foder. Porém, quando descemos as escadas, o ambiente muda completamente: paredes vermelhas, quartos com janelas de vidro deixando claro para quem assiste e impedindo de quem pratica assistir. O veludo e o cheiro do local são excelentes, não tem sequer um traço de sexo, drogas ou bebidas. Na verdade, é incrivelmente limpo e muito bem organizado, mas ainda assim é um local para lavar dinheiro.

Adentramos um corredor um pouco mais minimalista e seguimos até a única porta ao fundo, onde o letreiro dourado claramente de ouro se fazia presente. Só pela decoração e requinte desse lugar, sei que pertence a Kokonoi.

Sanzu encarou a porta entediado e depois abriu, encontrando um homem amarrado na cadeira e completamente arrebentado.

— Esse não é o responsável pela propina para a polícia? — Haruchiyo perguntou e o segurança assentiu. Meu marido tirou do bolso um cigarro e colocou na boca, olhou para mim esperando que eu o acendesse e, a contragosto, o fiz. Depois ele soltou a fumaça e se aproximou do homem, apagando o cigarro na mão dele, puxou a arma do coldre e o encarou.

— Vou perguntar uma única vez, cadê a porra do dinheiro? — Notei o homem gemer de dor antes de respirar pesado.

— Eu... eu... Não sei. — A arma de Sanzu já estava na cabeça dele.

— Então não serve para nada.

— Não, senhor, espera... — O barulho da pistola, por mais silenciosa que fosse, se fez presente, sujando a decoração atrás de si. Eu não desviei o meu olhar conforme a cabeça do homem pendeu para frente e parte de seus miolos estavam pelo local. Haruchiyo guardou a arma e olhou para o segurança.

— Acione a equipe de limpeza. Quanto foi recuperado?

— Cem mil dos trezentos. Acho que ele investiu tudo na educação dos filhos. — Uma maleta foi posta na mesa e meu marido revirou os olhos antes de massagear as têmporas.

— Como estou generoso, não irei cobrar. Agora, cuide do resto. — Sanzu pegou a maleta e me puxou com a outra mão. — Vamos, boneca. Eu apenas assenti e saímos daquele escritório. Ao retornar para o clube em si, vi quando uma mulher praticamente da altura dele se aproximou.

— Quem é vivo sempre aparece. — Ela literalmente ignorou a minha presença e deixou dois beijos no rosto dele. Meu marido sorriu de canto.

— Continua tão afiada, Sue. — A mulher então desviou o olhar para mim e eu sustentei.

— A sala vip está prontinha pra você se quiser. — Incitou, e eu respirei pesado. Sei exatamente que esse é o território deles, mas a minha paciência está acabando.

— Não vim foder hoje, querida. Apenas saia do caminho. — Sanzu sorriu tranquilamente. Esse mesmo olhar é tão perigoso e a mulher passou pelo meu lado, esbarrando em mim e aqui começou a confusão.

— Por acaso, além de surda, é cega? — Questionei enquanto a mulher parava de andar e me encarava por cima dos ombros.

— Pelo visto você precisa ensinar bons modos para o seu novo brinquedinho. — Ela ironizou e só por não ter tomado um tiro sei que deve ter alguma relevância entre eles, porém pra mim isso não importa.

— Ou colocar uma coleira em você. — A mulher me encarou com tanta raiva que apenas dei meu melhor sorriso vitorioso e, quando ela se virou vindo na minha direção, o olhar mortal de Sanzu a fez recuar. Porém, para mim, não era o suficiente.

Eu sei das minhas falhas e no momento estou irritada demais para me conter.

— Apenas faça o que eu mandei, Sue. — Ele respondeu, e eu respirei pesado. Em um movimento rápido, me aproximei dele, enfiei minha mão no coldre, puxei a arma e apontei para ela. Mirei na lateral externa da perna esquerda e atirei, vendo-a se retrair de dor e ajoelhar momentaneamente. — Kim... Caralho.

Fui até a mulher e coloquei o meu salto em seu ferimento, obtendo sucesso em acertar de primeira. Ela elevou a mão, porém, meu marido, dessa vez, prestou para alguma coisa segurando nos cabelos dela e os puxando.

— Não ouse tocar um dedo nela ou você e sua família inteira morrem. Eu mandei você ir andando, não foi? — Sanzu afirmou.

— Essa vagabunda. — Apertei mais o salto.

— Pouco me importa o quanto você deu para ele, o que você fez ou faz e, muito menos, quem é. Mas a esposa de um dos executivos jamais deve ser desrespeitada por uma simples vadia, entendeu? Então coloque-se no seu lugar.

Tirei meu salto do ferimento e o limpei na roupa dela. Aproveitei para tocar com a ponta do salto no queixo e o empurrar, deixando-a ainda mais no chão. Ela me olhou com ódio, claramente queria me matar, mas é como dizem, querer não é poder.

Joguei meus cabelos para trás e caminhei como se nada tivesse acontecido. Eu odeio sair da linha e, para piorar, continuo segurando a arma de Sanzu. Sei que há penalidade quanto a isso, pois não se acerta as contas onde se ganha dinheiro, para não assustar os clientes. Não tardei em ver alguém aparecer correndo para ajudar a mulher a se levantar e, depois disso, uma faxineira. Sanzu se levantou rapidamente, arrumando o terno e caminhando em minha direção com todo o ar de superioridade que possui. Ao parar ao meu lado, ele segurou meu braço com vontade, apertando levemente.

— Em casa, teremos uma conversinha. — Eu travei a arma e me virei em sua direção, o beijando seguidamente antes de enfiar a arma no coldre e fingir que nada aconteceu.

— Se não melhorar como marido, não terá serventia. — Continuei caminhando como se não acabasse de desafiar o carrasco e segundo mais importante da maior organização criminosa do país

[...]

SANZU

De todas as coisas que Kim já fez ou falou, essa foi a gota d'água. Minha mulher esqueceu que não deve nunca me desobedecer, ainda mais em público. E o fato de ela estar grávida me limita muito na forma como devo e posso puni-la. O pior de toda essa merda é que fiquei extremamente excitado. Desde que saímos do clube, ela está em silêncio, mas preciso resolver isso rápido, pois Sue é uma subordinada do Mikey. Assim como Riko, que por ser irmã dela, permanece como secretária de Manjiro. Tem horas que a hierarquia é uma merda, porque eu não posso simplesmente permitir que isso fique assim. Foram duas infrações na casa de Hajime e sei que aquela puta vai cobrar.

Chegamos ao clube onde a minha reunião com os Haitanis aconteceria. Subi com Kim, agarrando a cintura dela como se fosse minha puta particular, mesmo que esteja bem longe disso. Assim que adentramos o andar da boate, vi o olhar presunçoso de Rindou e um sorriso de satisfação que me deixou irritado, como se algo fosse acontecer.

— Da próxima vez, façam o trabalho de vocês. — Entreguei a maleta nas mãos de Ran, que apenas sorriu vitorioso.

— Boa noite, princesa. — Rindou cumprimentou minha mulher.

— Sugiro que faça com que seu irmão fique bem quietinho. — Ran puxou um cigarro e o acendeu, e Kim respirou pesado.

— Não está em posição de reclamar e, para piorar, ainda trouxe essa linda joia bruta para os negócios. — Talvez não esteja pensando direito.

Eu não fiz questão alguma de me importar, apenas sorri, deslizando a mão pelo quadril dela e a puxando para mim.

— Faça o seu melhor, Haitani. — E assim puxei Kim até o sofá. Ficamos ali conversando, até que notei quando um homem de fios brancos não parava de encará-la. Minha mulher não o viu, pois estava concentrada demais em discutir comigo. Logo ele adentrou a sala de reunião e eu desviei meu olhar para ela, segurando em seu pescoço e enfiando minha língua em sua boca em um beijo tão promíscuo que ela não conseguiu recuar, apenas aceitou e gemeu entre os lábios.

— Prefiro quando fica assim, caladinha ou gemendo meu nome. — Ele revirou os olhos conforme a soltei e a puxei delicadamente até o corredor. Há quatro portas: a primeira é uma sala particular onde usamos para reuniões e o pessoal está; a segunda é o banheiro; a terceira, um quarto; e a central, o escritório de Kokonoi, onde fiz com que ela entrasse e deixei dois seguranças, ambos do lado de fora. — Ninguém entra nessa sala, entendeu? Se não for eu, vocês morrem.

E assim segui para a minha reunião, onde eu finalmente veria o desempenho da minha sogra em negociar.

O clima parecia tenso quando entrei e dei um breve sorrisinho antes de me sentar na cadeira. Manjiro não participa de negociações inferiores; como líder, ele sempre está trabalhando com o melhor. Encarei a mulher à minha frente com interesse. Além de bela, eu não sei nada sobre ela, como se a mãe de Kim tivesse saído de um quarto escuro e viesse diretamente até nós. Não somos burros, e claro que tem alguma coisa acontecendo, então vamos dar corda, não é mesmo? Depois será só puxar e vê-la se enforcando.

— Então, senhora Smith... Vamos negociar. — Kokonoi afirmou, e ela estalou os dedos. Uma das mulheres que veio com ela colocou uma maleta sobre a mesa e a abriu.

— Podem conferir se quiserem. Há cem milhões de dólares em espécie. Dinheiro não é um problema, só preciso de recursos para iniciar uma verdadeira diversão, e vocês têm esse recurso.

Kokonoi cruzou os braços e depois estalou os dedos. Um dos homens que trabalha com ele veio com um aparelho para medir o dinheiro e verificar se não havia rastreadores, além de outro para a qualidade das notas. Como é meticuloso, ele dividiu o dinheiro no meio, conferindo não as primeiras notas, mas as últimas da mala. Quando atestou a qualidade e teve a certeza de que a organização não seria rastreada, ele fechou a maleta e me encarou. Eu não pude evitar de sorrir.

— Sabe, eu me perguntei o motivo de uma mulher como você querer comprar fentanil de uma fonte tão longe de casa. Atravessou o Cairo e, ao invés de ir até Seul, onde tem acordos firmes, veio ao Japão. Sejamos sinceros, Linh Nguyen, me parece que você quer algo bem mais valioso do que uma droga que mata mais rápido do que a heroína pura.

O olhar dela nem tremeu enquanto deixei claro que, nesse joguinho que está tentando implantar, estamos à frente. Pelo contrário, ela sorriu para mim e relaxou a postura.

— Ora-ora, pelo visto fizeram o dever de casa. — Essa mulher é uma víbora, e nem preciso de muito para perceber. Linh se levantou e ajeitou o blazer.

— Mande a droga para este endereço, em um carro de mudança. — A subordinada deslizou um papel pela mesa, e depois Linh me encarou por cima dos ombros. — Diga à minha princesa que estou com saudades e que não aprovo esse casamento.

Dei meu melhor sorriso, observando-a sair com a mesma classe com que chegou. Quando ficamos sozinhos, encarei Hajime, que estava com um olhar de raiva.

— Mande alguém segui-la. Eu quero matá-la pessoalmente. — O platinado respirou pesado, dando a ordem que mandei, e encarei os Haitani, que cruzaram os braços.

— Temos outras pendências a resolver. — Hajime afirmou ao encerrar a ligação, me encarando cheio de ódio. Porém, antes que pudesse dizer algo, meu telefone tocou, e ao atender, a voz de Takeomi soou irritada.

Parece que nossos inimigos fizeram o primeiro movimento.


Pelo visto o Mikey está ganhando.

O restante dos parentes da Kim, em breve teremos mais sobre o passado da personagem. Eu já escrevi algumas cenas, mas serei direta, preciso saber se preferem cenas de violência sexual e feminicídio explícitas ou implícitas

Abaixo as fotos de Linh Nguyen/Smith e Jaewon Moon.


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