XXVIII
SANZU
Eu mal estacionei o carro e já saí puxando ela.
-- Sanzu, dá pra me soltar? Você está indo rápido demais. -- Eu revirei os olhos, antes de parar e pegá-la no colo, foda-se o que ela quer, está grávida e eu não vou correr riscos.
Adentrei o hospital com ela no colo, pela porta discreta que dava para a sala direta do médico da Bonten. Encarei o médico que já estava devidamente preparado.
-- Ela passou mal e estava sangrando. -- Afirmei colocando minha mulher na maca.
-- Eu estou bem Sanzu.
-- Quem vai dizer isso é o médico docinho e acho bom você não fazer esforços, meu filho está aí dentro. -- Kim revirou os olhos e o médico se aproximou antes que começássemos a discutir.
-- Posso? -- O doutor afirmou.
-- Claro Rinten está esperando o quê?
-- Senhora Sanzu, o que está sentindo? -- Ele pegou o estetoscópio e a máquina de medir pressão manual.
-- Eu estou bem. -- Ela respirou pesado -- Apenas com um pouco de cólica.
-- Hum... Eu vou examiná-la, como está grávida pode ser que se trate dos percalços do início da gravidez.
-- Não estou grávida, doutor. -- Kim afirmou, porra... Que mulher difícil...
-- Sim, você está. Rinten faça um exame de sangue para acabar com a marra dela. -- Revirei os olhos e o médico concordou.
-- E se eu...
-- Nem termina essa frase Kim você não tem que querer! -- Ela só faltou atirar em mim e só pelo olhar sei que está imaginando alguma forma de me matar.
Rinten tirou o sangue dela após aferir a pressão e só assim iniciou os testes, cada um sendo acompanhado pelos meus olhos. Quando acabou ficamos no aguardo do resultado do exame de sangue e ao chegar ele abriu, leu e entregou para Kim.
-- Meus parabéns senhora Sanzu, está com sete semanas de gravidez.
Os olhos de Kim ficaram opacos e seu rosto pareceu congelar diante da afirmação.
-- Agora vamos aos testes preliminares -- o doutor pediu para que Kim se trocasse e como se fosse um robô ela obedeceu, ele deixou claro o que faria e me explicou, no começo não gostei nem um pouco, mas como se trata de saúde não vou interceder e óbvio que fiquei do lado dela durante o exame de toque. Dá próxima vez vou arrumar uma médica mulher, se bem que eu acho que já transei com uma... Talvez ela ainda seja útil para alguma coisa, como, por exemplo, atua na profissão dela.
-- Ambos estão bem, o que a senhora sofreu foi um sangramento de implantação e isso ocorre quando o embrião se fixa no útero, causando uma pequena ruptura nos vasos sanguíneos, se houver a presença de gosma com sangue nessa fase é normal e não representa um risco para a sua gestação, cólica também é algo corriqueiro no início, além do sono excessivo. -- Kim escutou tudo em silêncio e eu também, a ficha ainda não caiu. Eu vou mesmo ser pai.
-- E o que mais? -- Perguntei.
-- Ah isso? Ela deve começar com um acompanhamento junto a uma médica ou médico de sua preferência e não deve se estressar tanto faz mal para ambos, relações sexuais muito extremas devem ser evitadas pelo menos até o quarto mês.
Tudo bem, não estava esperando por isso, mas eu aguento, fora que nem cheguei a transar com ela intensamente, não a amarrei do jeito que eu quero, nem utilizei os meus amados chicotes, ou todos os outros brinquedos, respirei fundo deixando essa perversidade de lado.
-- Hum... Como sou generoso deixarei que Kim decida essa parte, agora docinho, precisamos voltar. -- Kim estava muito quieta e quando olhei para ela estava de cabeça baixa vi por suas mãos que lágrimas pingavam no vestido e então ouvi o som de sua voz:
-- O quê? Não... Isso é impossível. -- Kim chorava feito uma criança e eu não consigo entender o motivo, uma gravidez não deveria ser motivo de tanta crise.
-- Vou deixá-los à vontade. -- Rinten saiu e encarei minha mulher que mais parecia estar em transe, respirei pesado tentando manter minha paciência.
Me abaixei e a encarei Já que aparenta estar em seu próprio mundo. Aos poucos balancei seus ombros tentando trazê-la à normalidade.
-- Temos compromisso docinho, vamos para casa. -- Ela pareceu recobrar a consciência e limpou os olhos, a maquiagem intacta enquanto se ergueu e me encarou.
-- Vamos. -- Kim continuou muda caminhando a minha frente lentamente enquanto encaro seu corpo tentando compreender suas reações, ela não ousou tocar na barriga e desconfio seriamente que terei de por um segurança atrás dela, pela reação não duvido nada que tente abortar o meu filho.
Assim que chegamos no saguão do prédio, percebi que Takeomi estava de saída e ele sorriu para minha mulher antes de vir até nós e a abraçar.
-- Meus parabéns, cunhada. -- Sussurrou, esse desgraçado! Kim apenas o encarou e depois olhou para mim.
-- Claro, eu estou um pouco cansada, vou subir na frente Haru. -- ela afirmou, mas nem fodendo que eu vou deixar.
-- Eu vou junto docinho, ainda tenho que trabalhar hoje, mas vou me dar folga, depois me resolvo com o chefe. -- Segui até o elevador com ela ainda quieta, quando entramos em casa e tranquei a porta notei Kim subir as escadas ainda de salto, algo que estranhei, ela costuma retirar ainda na entrada e subir com ele nas mãos.
Minha mulher tirou os sapatos e se encarou no espelho, estava claramente infeliz com a notícia e eu toquei a barriga dela em um carinho e sorri.
-- Pelo visto teremos que mudar algumas coisas. -- Afirmei a encarando pelo espelho, no entanto, ela negou tirando minha mão dali.
-- Eu não quero essa criança. -- As palavras de Kim me fizeram respirar intensamente e apertar de leve o braço dela, o soltando em seguida.
-- Você não tem que querer.
KIM
As palavras do doutor me deixaram extremamente desesperada, parece que estou em um frenesi ruim, com memórias cada vez mais turvas do que passei na minha vida e nem eu mesma as compreendo, meu batimento desregulou e em me sinto extremamente desesperada para acabar com a minha própria vida, borrões do que vivencie se misturam com a minha atual situação ao lado de Sanzu eu estou um caos e para completar tenho que lidar com Haruchiyo achando que tem algum controle sobre mim.
Eu não sou uma Moon à toa.
-- É claro que eu tenho, o corpo é meu Sanzu e essa criança só vai ficar aqui se eu quiser! -- Sei que é cruel dizer ou pensar dessa forma, mas só eu sei o quanto é arriscado trazer uma vida ao mundo quando se tem a minha posição e é por isso que eu me precavi tanto. Como foi que isso aconteceu?
-- Kim não começa com essa porra. Estamos indo tão bem docinho e não acho que você vai querer voltar ao início do nosso casamento. -- Haru sentou na cama e respirou pesado.
-- E só por isso acha que viramos uma família? -- Tive de rir. -- Me tratar bem, ou seja, fazer o mínimo e me foder constantemente para você é o suficiente? Deus, você consegue ser mais fodido do que eu! -- Deixei escapar sem me importar com as consequências e notei um sorriso ameaçador surgir nos lábios dele.
-- E o que mais você quer hein? -- Sanzu ficou de pé me encarando de cima. -- Para mim está reclamando demais, tente tirar essa criança para ver se não te tranco num hospital até ela nascer!
Gargalhei.
-- Faça isso querido, vamos lá! Eu sei quais são as consequências e você?
Sanzu se afastou e foi até o lado dele da cama, acendeu um cigarro e abriu as janelas do quarto.
-- Você está limando a porra da minha paciência! O que tem de errado hm? Não fica SATISFEITA COM PORRA NENHUMA! SÓ SABE RECLAMAR!
Massageei minhas têmporas.
-- PRIMEIRO ABAIXA O TOM! Agora presta bem atenção, você esqueceu quem eu sou Sanzu? Sabe a merda que essa gravidez vai dar se o meu pai e a minha mãe descobrirem? Você não entende nada!
Ele respirou pesado e veio até mim após apagar o cigarro, Sanzu me puxou para si e segurou meus braços.
-- Você não é mais uma Moon e nunca foi uma Smith ou Nguyen sei lá das quantas, você é uma Akashi porra! Acha que eu vou deixar alguém encostar em você? Que vai correr algum tipo de perigo sendo casada comigo? Se pensa desse jeito, é melhor começar a rever seus conceitos!
Revirei meus olhos, pelo visto essa conversa não vai nos levar a lugar nenhum. Me afastei um pouco e prendi meus cabelos.
-- Vocês subestimam demais os seus inimigos, quando descobrir do que seus aliados são capazes é bom estarem preparados.
Segui para o banheiro, preciso de um banho e esfriar minha cabeça antes de agir, a partir do momento que essa gravidez vazar eu passo a ser um alvo, dos grandes e quando nascer eu me torno automaticamente descartável, a criança terá meu sangue e por mais que meus pais estejam velhos um herdeiro sempre será um herdeiro.
Meu Deus, que vida de merda foi essa que eu me meti.
NARRADORA
Sanzu não ignorou as palavras de Kim, quando a morena seguiu para o banheiro, ele ligou para Koko desconfiado de que os motivos da Scorpions ceder tão facilmente não foi pela ajuda do FBI:
-- Koko conseguiu as informações que pedi? -- Sanzu estava tão sério que até mesmo Hajime estranhou. O rosado sempre foi impecável no "trabalho", mas dessa vez parecia haver algo a mais.
-- Era para ter falado na reunião, mas enfim, eu descobri muita coisa. Precisamos conversar com Manjiro agora, já tomei a liberdade de contatá-lo e o líder vai estar aqui amanhã pela manhã. Todos nós precisamos estar nessa reunião Sanzu.
Kokonoi respirou fundo antes de sorrir.
-- Agora eu entendo o motivo de vocês quererem tanto essa mulher. Ela mexeu com gente grande, colocar líderes de gangue no bolso é uma coisa, mas mexer com o de algumas nações é realmente interessante. Agora eu vou desligar, parece que minha querida não aprendeu a se comportar! -- Um grito foi ouvido ao fundo e Hajime desligou o telefone, deixando Sanzu ainda mais curioso.
[...]
COREIA DO SUL - SEUL
ESTACIONAMENTO DO CASSINO DA
BONTEN - 7:20 PM
A cara desfigurada do segurança não apareceria nas filmagens, muito menos o desespero em sentir os ossos quebrando.
-- Eu te mandei ficar de olho nela, paguei uma fortuna para comprar a sua irmã daquele drogado de merda e te dei um único trabalho, cuidar do que é meu e você simplesmente deixou que viajassem sem você?
-- Mas chefe eu não... -- Apanhou novamente, o platinado respirou fundo apoiando a arma na cabeça.
-- Você não tem mais serventia pra mim. -- O barulho mínimo da arma com silenciador acabou com o sofrimento do homem enquanto a mulher assistia tudo de longe.
-- Terminou com o seu showzinho? -- As luvas estavam nas mãos, os dedos deslizaram suavemente pelo óculos luxuoso assim como todo o resto.
-- Linh não seja tão cruel, eu só quero ver Kimy quanto antes! Já foi um saco deixar aquela fortaleza que meu pai mora, agora sinto falta da minha querida e amada irmã.
-- Você parece bem próximo dela. -- A mulher indagou tragando um cigarro em uma ponteira de ouro. -- Fico feliz em saber que minha filha teve com quem contar por tanto tempo.
-- E sou! Digamos que Kimy é tudo para mim, eu sempre fui o suficiente para protegê-la, mas meu pai virou o jogo. -- Sorriu de lado enquanto a mulher o encarava.
-- Joguem o corpo na caçamba de lixo e notifiquem a imprensa -- ela se aproximou do homem morto e pegou algo no bolso, um marcador para ser mais precisa, esquentou com a ponta do cigarro e encarou o peito coberto. -- Abram a roupa dele -- quando foi feito, ela deixou que a marca percorresse o peitoral bem no meio antes de se afastar.
-- Eu espero para o seu bem que, o quê disse a respeito da minha filha seja verdade. Pois se for, não deixarei que um único ser dessa ganguezinha fique em pune.
O platinado se aproximou.
-- Eu a quero tanto, ou até mais do que você. Não duvide do que eu sou capaz de fazer por ela e diferente do meu pai, eu não tenho fraqueza alguma.
A mulher sorriu pela resposta.
-- Nesse caso, vamos começar, fiquei fora do jogo por muito tempo, mas agora a líder da Huang sou eu e benevolência não é o meu forte.
As palavras delas fizeram com que o homem sorrisse e em breve os problemas bateriam na porta de Kim.
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