XXIX

NARRADORA

A cena chegava a ser engraçada, como Hajime falou que precisava de todos, Mikey ordenou que até as mulheres estivessem presente e mesmo a contragosto Kokonoi encarava a garota de óculos na porta.

Ali em uma sala muito luxuosa e acolchoada estavam Ayumi Sano, Kim Sanzu, Senju Kurokawa e o presente de Hajime e enquanto Mikey conversava afastado com a rainha, Takeomi aproveitou para ironizar:

-- Vocês levaram a ideia de diversificar e dominar realmente a sério! -- Apontou para a sala em que as mulheres estavam: -- Uma filipina para o rei, uma coreana/vietnamita que se tornou minha cunhada e para fechar com chave de ouro cambojana. Koko, eu quero ser o padrinho! -- Takeomi gargalhou.

-- Só se for no inferno. -- O humor de Kokonoi estava péssimo, ele não queria que a garota estivesse ali, mas, Mikey mandou.

-- E até onde eu sei você não deveria estar todo alegrinho, a deliciosa da sua cunhada queria te arrumar uma russa gostosa, conhecida dela. -- As palavras de Rindou fizeram com que Sanzu limpasse o cano da arma.

-- Você continua me devendo Haitani maldito, então é melhor calar essa boca ou acha mesmo que esqueci o que você fez? -- Sanzu sorriu de forma sádica, estava puto e para piorar Kim, na noite anterior se trancou no outro quarto, ele teve de se conter para não estourar a porta na base do tiro visto que a mulher está grávida e não quer que nada atrapalhe a gestação e, no fundo, odiou a ideia de ter que dormir sem ela, mas isso ainda não está fixo na cabeça do rosado, quando, na verdade, estava detestando a curta separação.

Manjiro voltou momentos depois e encarou os principais membros na sala antes de sentar na cadeira da presidência e deixar as mulheres a vontade na sala reservada, e sem conexão sonora com a que estavam. Não importa qual fosse o assunto, as mulheres da Bonten não deveria se meter, porém, continuam vigiadas.

-- Você me tirou de um evento extremamente importante, Koko, se vim aqui à toa saiba que haverá consequências. -- Mikey se recostou na cadeira cruzando as pernas e Hajime respirou fundo, estava irritado demais para que a curta ameaça fizesse efeito.

-- Primeiro temos que resolver o problema que surgiu no cassino da Coreia. -- Kokonoi informou, mas Takeomi ergueu a destra:

-- Estou resolvendo isso, Kanji também já está investigando.

-- Nesse caso vou para o que é realmente importante. -- Hajime apertou um botão e as janelas da sala escureceram, impedindo que as mulheres os vissem. -- Teremos problemas a longo prazo com a união de Sanzu se não convencemos de vez os coreanos a se unir à Bonten. -- Hajime afirmou atraindo a atenção de todos.

-- Continue Koko. -- Mikey ordenou.

-- Com as informações concedidas por Sanzu, eu fiz um levantamento geral sobre as pessoas ao redor de Kim, que não estavam no radar. -- Hajime apertou um botão e uma tela desceu, as imagens que se seguram foi de uma mulher linda em trajes sociais, cabelos curtos o tom da pele e os olhos idênticos ao de Kim.

-- Essa, meus caros, é Linh Nguyen mais conhecida como Linh Smith a mãe de Kim, ela é filha ilegítima de um almirante americano do exército que presta apoio à cúpula presidencial -- a tela mudou novamente -- Esse é TaeHyun Moon o pai de Kim atual responsável pelas maiores empresas na área siderúrgica e metalúrgica da Coreia do Sul.

-- Até agora só vimos gente com dinheiro Koko, os pais da minha mulher são tão podres de rico quanto a gente e daí?

-- E daí Sanzu que a organização que eles estão é de outro nível! -- Hajime estava impaciente e Takeomi sorriu se levantando e acendendo um cigarro:

-- A cinco anos atrás foi descoberto um esquema de notas fraudulentas, um escândalo que envolveu seis países diferentes e em todos eles ocorreram atentados ou a chamada "limpeza" para mascarar a verdade, vocês lembram disso? -- Takeomi começou a se posicionar.

-- O problema é que, a culpada por jogar a merda toda no ventilador e explanar que se a droga estava entrando nos Estados Unidos, por exemplo, por meio de transporte aéreo militar, foi porque o governo permitiu, está sentada naquela salinha ali. Ela delatou muita gente graúda e alguns líderes que participavam do esquema de tráfico humano, que inclusive o pai dela era um dos grandes traficando mulheres sem se importar se eram crianças, adolescentes, adultas, grávidas, bebês, barriga de aluguel, a porra toda.
Esse esquema criminoso é uma conspiração e tanto que une inúmeros países como se cada pata do escorpião estivesse em um local diferente. -- Takeomi concluiu.

-- E como os russos se enquadram nisso? Porque aquele tal de Kaesa não conseguia tirar os olhos dela. -- Rindou perguntou curioso, Mikey fixou o olhar em um ponto qualquer enquanto pensava e então respondeu:

-- Dívida de sangue. -- A resposta veio de Mikey, o líder agora olhava com afinco para os papéis que Takeomi colocou na mesa. -- Se o esquema caiu, como o dinheiro foi lavado?

-- Através das indústrias farmacêuticas da Rússia. -- Hajime novamente mexeu na tela mostrando Kaesa, o homem que mais parecia austero em sua aparência.

-- Eu não sei o que aconteceu entre ambos, mas Kaesa e TaeHyun tem um pacto inquebrável e até onde consegui descobrir aquele Russo de merda queria a Kim para ele. -- Sanzu afirmou.

-- E quem não iria querer? -- Ran comentou. -- Pare para pensar, se a garota desandou com todo o esquema, ela sabe de alguma coisa ou tem algo guardado consigo e qualquer organização que se preze iria querer ter.

-- Sendo assim se Kim for pega não esperem que a mate e sim que a torturem até obter o que querem, eu não sei qual é o joguinho que ela está fazendo. Mas foi boa o suficiente para se manter intacta até agora. -- Takeomi encarou a sala onde a cunhada estava conversando e sorrindo calmamente e então os olhos do instrumentador brilharam, como se uma luz se acendesse na mente dele.

"Porra, essa garota é imprevisível." Pensou ainda sorrindo.

-- Ela é uma bomba relógio prestes a estourar -- Hajime divagou.

-- Koko você precisa relaxar, está caducando e falando merda. -- Rindou ironizou.

-- Para de pensar com o pau Haitani! -- Hajime devolveu.

-- Calem a porra da boca! Kim não pertence a nenhum de vocês para agir desse jeito, se essa bomba estourar vai ser comigo, então não se metam! -- Sanzu afirmou.

-- É aí que se enganar Haruchiyo seu casamento se tornou público, quem conhece a Bonten entendeu o recado. -- Kakucho encarou o copo sobre a mesa e o pigarrear de Mikey fez com que todos ficassem em silêncio.

-- Se ela sabe demais, basta continuar quieta. -- Manjiro ordenou. -- Agora de resto creio que Sanzu seja capaz de extrair ou até mesmo convencer a esposa a cooperar com as informações, afinal ela é responsabilidade sua, ou devo entender que está abrindo mão e posso entregá-la a outro?

A voz densa de Manjiro fez com que todos endireitassem a postura, principalmente Sanzu, que por um segundo desejou que Mikey calasse a boca.

-- Ninguém vai encostar um dedo nela, independente de quem seja. -- As palavras do rosado não foram vistas como um desafio ou sequer uma ameaça, foi apenas uma afirmação de que se cruzassem tal linha ele mataria qualquer um e só por esse motivo Mikey sorriu minimamente.

-- Excelente. Mantenham os planos de avanço, faltam apenas algumas gangues para aderir ao nosso sistema. Agora vamos para a próxima pauta, Ran eu quero que você trabalhe com Hajime irão para o Havaí e Rindou vai com Takeomi para China verificar nossas novas boates.

Todos respirarem pesado, o clima não era dos melhores, deixando algo entalado nas gargantas como se entendessem que a conversa estava pela metade, mas nada se assemelhava a face inexpressiva de Sanzu. O rosado se sentia ludibriado e estava louco para chegar em casa e por a conversa com a esposa em ordem, mas por hora teria de se contentar com as ordens do rei que tanto adorava.

[...]

KIM

Faz tempo que estamos aqui, obviamente sendo bem servidas, seja com comida e bebidas, mas, sinto que algo está errado. E por algum motivo sei que devo me preparar para o pior.

-- Você não fala? -- Senju perguntou desinteressada para a mulher que somente apertava o vestido, eu conheço essa reação, é a mesma que vi no último leilão que ajudei a desmantelar. Essa garota foi... Traficada.

-- Pode falar querida, se estiver com algum problema eu mesma resolvo. -- A voz da rainha se fez presente e me calei, estava prestes a sair daqui arrumando confusão.

-- Eu sou Dara. -- Ela respondeu com timidez e foi a vez de Senju sorrir e se recostar na cadeira.

-- Ah, então você é o presente do Kokonoi? Que idiota, já tentou matá-lo?

Me surpreendi pela pergunta da minha cunhada e pelo visto a própria mulher também.

-- Eu... Não. Eu não tentei matá-lo. -- Ela respirou calmamente antes de ajeitar os óculos e por um minuto percebi que toda a tensão do corpo dela havia ido embora e ficou mais aliviada em saber que estou errada.

-- Um presente hein? -- A Sano ponderou. -- Senju dá uma arma para ela na encolha, tem câmeras aqui e não quero que Manjiro saiba disso ou teremos problemas.

Por um minuto contive minha vontade de sorrir, todas elas são absolutamente inteligentes para lidar com a gangue, só resta saber se essa nova inquilina também é.

-- Espera e se ela não souber lidar com isso? -- Questionei. Eu conheço muito bem a situação de um "presente", isso significa que ela foi sequestrada, dada ou vendida e que provavelmente faz parte de uma família/clã envolvido com a máfia e suas diligências. Quando é assim se pertencer a alguma família principal ou com ligação direta ao topo da ordem obviamente que não se há escolha, não importa se você é homem ou mulher. Nascer numa família como essa significa que sua vida não é sua e que você é apenas uma moeda de troca, para que o líder alcance o que deseja, não importa o quanto eles te amem.

-- Há, querida, você sabe como funciona. -- Senju sorriu encarando-a -- E ergueu a mão de Dara. -- Ela possui um anel de uma família respeitada, até onde me recordo são os Seng não? -- A mulher arregalou os olhos. -- Foi o que pensei. -- Senju riu -- Ou seja, alguém errou com o Hajime e ele é um mercenário de primeira, tem que lavar aquela grana direitinho. Que ridículo, agora você querida já sabe que se o matar, você morre. Então seja esperta e ponha essa cabecinha para funcionar.

-- Guarda aonde você sabe que ele não vai mexer. -- A arma foi entregue e a conversa sobre o assunto cessou. Mudamos para um assunto, mas calmo e fui capaz de conhecer um pouco melhor delas, inclusive minha cunhada que é formada em economia e eu não fazia a menor ideia de que Senju gerencia dois cassinos. Descobri também que a rainha viveu o tempo inteiro no convento e ainda nem completou vinte anos, coitada, a tal de Dara foi a que menos falou, mas deu a entender que foi entregue a Hajime pelas mãos dos Haitani e do meu marido, o que deve ter sido péssimo.

No fim, ninguém aqui teve muitas escolhas, além de Senju e apesar de tudo o que aconteceu, eu também não posso reclamar, pois, antes de retornar ao Japão, eu estava completamente livre no Brasil.

De repente a porta foi aberta pelo segurança e o líder da gangue parou na porta, olhou para a mulher de cima a baixo e seus olhos pareciam queimar de uma forma boa, a Sano se levantou e sorriu.

-- Daqui há seis dias teremos uma festa, espero vê-las bem à vontade. -- Comunicou seguindo até o Sano que apenas beijou a destra dela antes de nos dar boa noite e sair.

Hajime veio depois e encarou a garota com desgosto enquanto ela se encolhia, puta que pariu só de imaginar o tipo de situação que ela está passando e não poder fazer nada me dá nos nervos.

-- Vamos. -- Foi tudo o que afirmou enquanto ela se levantava e o obedecia.

-- Ei, trata a mulher direito Hajime, ela não é um cachorro seu merda. -- Senju afirmou cruzando as pernas, dava pra ver o ódio no olhar dele.

-- Você está passando tempo demais com o drogado do seu irmão. E o cassino hoje é seu, não estou a fim de trabalhar com aquele bando de puxa saco. -- Senju xingou baixinho, mas não disse nada, só se levantou e me abraçou.

-- Vê se não deixa meu irmão brincar com você Kim. -- Piscou. -- Se precisar estou há algumas portas de distância e ainda tenho o contato direto de um certo brasileiro. -- Essa última parte ela sussurrou no meu ouvido apoiando discretamente a mão na minha barriga, como estava de frente pra mim, sei que Kokonoi não viu. -- Bom se cuida.

-- Você também e qualquer coisa pode me procurar.

-- Eu sei benzinho, agora eu vou antes que a aura do meu irmão derreta essa sala. -- Conforme Senju foi em direção à porta, notei Sanzu parado sério e me encarando de cima como se tentasse conter a raiva.

"Pega leve idiota, seja lá qual for o motivo do seu chilique, meu sobrinho está ali dentro."

Ele não disse nada, apenas encarou a irmã de forma fulminante pela provocação e adentrou a sala, Sanzu me estendeu a mão e quando aceitei ele a apertou de leve antes de me trazer para ele e colar nossos corpos, se abaixo levemente e beijou o meu pescoço.

-- Quando chegarmos em casa vamos ter uma conversinha querida.

Sei que a voz baixa e densa era para me assustar, mas estava falhando miseravelmente, apenas dedilhei seu peito calmamente e o encarei.

-- Claro, querido, vamos?

Cada resposta minha parecia o deixar ainda mais irritado, Sanzu respirou fundo e sorriu de forma irônica antes de começar a caminhar e esperar que eu andasse ao seu lado, pelo visto minha noite vai ser longa.

COREIA DO SUL

TAEHYUN

Jaewon estava me dando problemas, desde que prendi meu maldito filho em casa, já recebi relatos de mortes extremamente violentas e para piorar o cassino daquela ganguezinha de merda ficou sobre os holofotes após uma morte no estacionamento, claro que logo foi abafada por alguém com dinheiro o suficiente para retirara da imprensa, mas o estrago já está feito e faz anos que eu não me sinto tão animado.

Uma guerra, um encontro com a minha mulher e sei que será ela a estourar essa bomba, no fim fiz bem em criar Kim comigo do contrário não conseguiria tirar a rainha de seu castelo e Linh, você que me aguarde, pois, quando eu pôr as minhas mãos em você, nunca mais sairá daqui, nem você, nem minha filha.

Batidas na minha porta tiraram o meu foco e pronunciei um famigerado entre, assim Eun-ji adentrou sorrindo segurando uma jarra, ela continua debilitada pela brincadeirinha da minha princesa, mas foi criada por mim, então aguenta.

-- Mestre, bom dia. A senhorita Yekaterina traz notícias. -- Fiquei ainda mais eufórico, finalmente uma pupila de valor que não costuma falhar.

-- Então fale de uma vez!

-- A senhorita avisou que estará no Japão para o evento beneficente e mandou entregar-lhe isso. -- Eun-ji se aproximou e deslizou pela mesa um envelope de convite.

-- Ela sabe que não sairei da Coreia, por que se dá ao trabalho? -- Divaguei.

-- Ela disse que o senhor responderia exatamente isso e pediu para informar que Kaesa tem certeza de que a senhora Moon irá à festa, parece que a sua esposa finalmente vai começar a agir. -- Elevei meu copo e ela serviu, bebi lentamente.

-- Saia Eun-ji e se certifique de que conseguiram sedar aquele filho da puta. -- Minha governanta me obedeceu e eu peguei meu telefone animado. Então quer dizer que minha adorada mulher vai agir antes do previsto? Ah cada ação de Linh fico ainda mais animado.

O telefone foi atendido no terceiro toque:

-- Pelo visto ainda tem o meu número.

-- Tenho bem mais do que isso, preciso que me faça um favor.

-- TaeHyun sinceramente não me interessa, não temos mais nada em comum.

-- Não fale desse jeito com o seu sogro

Ele gargalhou.

-- Vê se eu estou na puta que pa...

-- E se eu disser que minha filha está em perigo?

O silêncio dele indica minha vitória, sempre foi assim.

-- Vai haver uma festa em alguns dias e acredito que você foi convidado. Tudo o que eu preciso é que você vá até lá. Yekaterina e Linh estarão no mesmo ambiente, então sabe bem o que pode acontecer.

-- Se estiver mentindo, eu vou meter uma bala na sua cabeça depois de te desfigurar.

Dessa vez tive de gargalhar.

-- Não exagere ou posso esquecer todos os favores que trocamos e devolver na mesma moeda South.

O brasileiro não disse mais nada, apenas desligou o telefone e voltei a relaxar na minha cadeira. Infelizmente ele se apaixonou pela minha filha e sempre que eu puder e precisar usarei isso ao meu favor, afinal o amor é muito útil quando ele realmente é verdadeiro e sei que esse imbecil morreria por ela se fosse necessário e já não posso dizer o mesmo sobre Kim, algo mudou depois que passou a viver com aquele rosado desgraçado e eu não estou gostando nenhum um pouco dessa nova versão tão confiante e desafiadora da minha garotinha.

Felizmente isso é fácil de quebrar.

Apresentei o nome de duas OC'S  além de Kim para vocês, faltam só duas :)

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