XXII
SANZU
Aquela ceninha ridícula me deixou puto, aquela vadia não aprende a quem pertence, respirei pesado ao me sentar na cadeira ao lado do rei e aguardei que aquele desgraçado ao qual terei prazer em matar se sentar ao lado dos Haitanis.
Ran sorria de forma vitoriosa, ele é o pior "amigo" que alguém pode ter e agora eu não consigo desvencilhar meu olhar do maldito Terano com aquelas patas na minha mulher, talvez eu possa cortar alguns de seus dedos para que aprenda seu lugar, mas, no momento tenho que manter a concentração nos próximos passos da Bonten afinal algum idiota continua tentando desafiar nossos domínios.
KIM
Dirigir como se estivesse sem rumo, mesmo sabendo exatamente para onde eu iria, era voltar a uma época tumultuada em minha vida. Não que agora não esteja, só que... As coisas estão começando a parecer fáceis.
Ao parar no sinal, as palavras de South vieram a minha mente.
"Tome bastante cuidado com o seu pai. Aquela regra de não confiar em ninguém continua valendo, mesmo que ele seja o seu sangue."
Eu sei que não posso confiar, sei que tudo rege pela regra da gangue e acima de tudo sobrevivência ainda assim deveria ser mais fácil por se tratar de mim, a filha, a pessoa que deveria assumir o cargo e mesmo assim é difícil de admitir o quanto isso dói. No fundo, eu sempre sou uma peça de manobra, não importa o quanto eu fuja e o quanto eu tome as rédeas da situação, continuo presa a esse sistema e eu não posso quebrar.
Pois se eu cair, não haverá ninguém por mim e não posso me permitir fraquejar.
Respirei fundo antes de passar a marcha e voltar a dirigir e não pude deixar de pensar em como minha vida era mais fácil quando eu estava no Brasil e até mesmo parecia importar para alguém.
Eu estou há tanto tempo longe de casa e ainda assim me sinto tão bem. Depois de tudo o que aconteceu, finalmente me sinto livre.
TERANO me beijou com vontade, me erguendo lentamente, eu estou tremendo muito, a única relação sexual que tive foi fruto de violência e abuso, então não conta, fora que estou me esforçando para não ter um gatilho sequer, mas, minhas mãos trêmulas me entregaram.
-- Se não quiser, pode ficar tranquila gatinha, não vou te forçar a isso. -- Ele saiu de cima de mim e beijou meu ombro, depois desse dia foi fácil estar com ele e com o tempo viemos a namorar. Estar com South sempre foi um deleite, sempre foi fácil e acima de tudo atemporal. Eu nunca estive tão livre e fora de mim conforme vivi pela primeira vez, mas aquela maldita ligação. Aquele maldito pedido de ajuda me fez jogar toda essa sensação fora.
OFF
Eu não consigo parar de chorar, nem sei porque estou chorando ou a causa dessa memória tão boa, merda. Fiz a curva na pista com uma mão só enquanto com a outra eu seguro a arma, acho muito bom meu pai está em cada quando eu chegar lá, do contrário eu vou destruir tudo que estiver na minha frente, afinal ele me prometeu e uma Promessa para um Moon nunca deve ser quebrada.
[...]
Eun-ji me encarava de maneira afiada e descontente, a governanta que sempre escondeu o nome a mando do meu pai parecia nervosa ao me ver parada na entrada da casa com a arma a mão.
-- Senhorita Moon, que bom vê-la. -- Sorriu falsamente.
-- Conta outra Eun-ji e eu sou Sanzu agora, porque não me diz onde está o meu pai e pensa bem antes de mentir. --Apoiei o cabo da arma na minha cabeça.
-- Ele viajou -- ela foi firme, com esperado de um ser humano treinado pelas mãos do meu pai. Respirei fundo apontando a arma para ela, desviei centímetros e atirei de primeira acertando seu braço de raspão.
-- Vamos tentar de novo. -- Notei que ela deu alguns passos em direção ao aparador.
-- Se tocar nessa merda eu atiro na sua cabeça, vai cair feito merda nesse chão caro. -- Adentrei de vez deixando o ambiente surdo, fazendo com que somente o som dos meus saltos ecoassem. -- Cadê meu pai Eun-ji? -- Apontei para a coxa direita.
-- Senhorita...
-- Cadê a porra do seu chefe, sua desgraçada! -- Desviei a arma mais uma vez e atirei em sua canela novamente de raspão, ela gemeu baixo.
De repente a porta do salão foi aberta e lá estava ele ao lado de alguns executivos que encarava a mulher que se segurava para não ajoelhar, fora o sangue escorrendo e manchando o chão.
-- Ora-ora, pelo visto um bom filho a casa retorna. -- Ele sorriu acendendo um charuto. -- Senhores conversamos depois. -- Meu pai estalou os dedos duas vezes e com isso quatro homens saíram da sala, os mesmo que abriram as portas e outros dois que vieram de dentro. -- Acompanhem os senhores até seus veículos.
Conforme os homens passaram por mim, abaixavam a cabeça ou a meneavam, eu simplesmente guardei a arma na cintura e caminhei em direção ao meu pai adentrando a salão e assim passando por meu pai lentamente.
-- Kim... Você me surpreende. -- Meu pai olhou para a governanta e respirou fundo. -- Mande o Sun cuidar dela. -- E o último segurança deixou a sala, meu pai fechou as portas e seguiu para a cadeira da presidência.
-- O que faz aqui, Kim?
Dei um sorriso irônico.
-- Pensei que estivesse com saudades papai.
Ele tragou mais uma vez antes de expelir a fumaça para cima.
-- Você sempre será a minha princesa, mas ultimamente tem gostado de andar com escória. -- Ele desdenhou me encarando.
-- E isso é culpa de quem meu pai?
-- Sua -- ele me encarou sério.
-- Minha?
-- Se tivesse ficado no seu lugar de herdeira e adentrasse o sistema, simplesmente não teria que te vender para a Bonten como uma puta barata!
Dessa vez fui eu a gargalhar.
-- Se tem uma coisa que eu não sou, é barata, papai.
-- Claro que não você é uma princesa e não poder matar aquele seu noivinho de merda com minhas próprias mãos está me deixando nervoso, mas a sorte deles está acabando. -- Ele serviu dois copos de whisky. -- Então, meu bem, me conte... Com quem está a sua lealdade? Com os seus ou aquele gangster conseguiu te dobrar?
Meu pai empurrou um copo de whisky em minha direção e eu bebi de primeira enquanto ele degustava a bebida lentamente o encarei claramente furiosa.
-- A minha lealdade pertence apenas a mim mesma, foi você quem me ensinou isso papai, agora me diga onde está Jaewon? -- O olhar dele demonstrou um pouco de surpresa antes de terminar o copo. -- Eu sei que não o matou. -- Meu sorriso amargo percorreu minha face antes de encarar o meu pai. -- Afinal ele é o bastardo que o vovô tanto queria, não é mesmo? O filho, o erro com sangue cem por cento puro diferente de mim não é? Afinal, Hyunwon não cansava de dizer como eu aparentava ter nascido suja e ser a desgraça da famil...
-- KIM! -- Meu pai se descontrolou. -- Se veio até aqui para reivindicar isso, saiba que Jaewon está extremamente longe de você.
Encarei meu pai um pouco desnorteada, pais devem proteger os filhos, mesmo que seja contra seu próprio sangue.
-- Então me explique isso:
"Acho bom você não estar aqui pelas próximas semanas meu bem, pois, não haverá líder que te deixe longe de mim.
Estou morto de saudades de você Kimy e em breve vou reaver o que por direito é meu.
PS: Não vim sozinho, minha adorável sogra não vê a hora de estar com você."
Narrei as palavras da pequena carta e apesar de sempre se manter impassível notei o olhar dele brilhar, não adianta negar, ele ainda ama a minha mãe.
-- Pai? -- Chamei por ele.
-- Isso é impossível, a sua mãe não sai do Cairo há algum tempo, ela fixou residência por lá.
-- Isso não faz sentido. -- Deixei meu pensamento ecoar e meu pai respirou fundo se levantando e vindo em minha direção deixando um beijo em meus cabelos.
-- O que você espera da mulher que te abandonou? -- A voz dele estava mais ácida que o comum e apesar das palavras sei que esta se referindo mais a si mesmo do que a mim e sinceramente eu não tenho como demonstrar o que isso realmente me causa na hora.
-- Tem razão. Mas o que eu espero de você é que cumpra a sua promessa. -- Fiquei de pé e ele alisou meu cabelo.
-- Não duvide do seu pai querida. -- Ele sorriu. -- Agora acho melhor você voltar para aquele contrato de merda, em breve vou causar um verdadeiro caos e te trazer de volta ao seu lugar. -- Meu pai abriu as portas e revirei meus olhos.
-- Espero que esteja disposto a lidar com a guerra que vai criar.
Ele simplesmente gargalhou.
-- Eu nasci para isso querida e logo verá que você também.
Simplesmente segui meu caminho até a entrada, mas antes de sair resolvi pegar algumas coisas no meu quarto, subi as escadas luxuosas até o corredor do segundo andar, adentrei a porta que correspondia ao meu quarto notando que tudo estava exatamente como deixei, me apressem em trancar a porta e fui até a penteadeira a arrastando dali, até que o corte do papel de parede provençal ficasse à mostra, abri lentamente e vislumbrei meu cofre intacto, digitei a senha e abaixei para que fizesse a biometria ocular, depois que abriu peguei a única coisa que havia lá dentro, ou seja, um pen drive, escondi em meu sutiã e refiz tudo deixando como se nunca tivesse tocado ali. Depois me sentei em minha banqueta e deixei as lembranças do tempo em que eu era feliz ou pensava ser vasculharem por minha mente, antes de abrir o pequeno porta joia em formato de bailarina que deixo no local e peguei o colar que estava ali dentro. Depois tomei a bailarina em mãos e segui até a porta, quando desci as escadas dei de cara com meu pai.
-- Se não se importar vou levar comigo. -- ele estendeu a mão e entreguei o objeto ao qual meu pai colocou para tocar.
-- Sua mãe sempre gostou muito dessa música. -- O porta joia abriu vazio e meu pai o fechou me entregando. -- Lembranças te deixam fraca Kim.
Passei por ele e respirei fundo.
-- Elas me lembram quem sou e que jamais serei como você papai. -- Eu deixei a casa dele sem olhar para trás, adentrei o carro e coloquei o objeto no banco do carona. Liguei o veículo e respirei pesado, sentindo minhas lágrimas fluírem conforme a mansão ficava para trás.
[...]
SANZU
Os carregadores já haviam deixado nossas coisas no avião, já que a porra da minha mulher sumiu e quem teve de arrumar as coisas dela fui eu, pelo menos achei algumas coisas interessantes que farei ela usar pra mim. Há Kim vai preparando esse corpinho por que eu não vou pegar leve com você em momento algum.
Respirei fundo bebendo um pouco de champanhe enquanto Ran me olhava com um sorrisinho.
-- Perdeu algo aqui por acaso? -- Encarei o Haitani mais velho que riu brevemente.
-- É engraçado te ver tão impaciente, parece até que se importa com ela. -- Jogou como quem não quer nada e revirei os olhos.
-- Sofreu algum tipo de amnésia Haitani? Kim é a minha mulher e eu me preocupo com tudo o que é meu.
-- Ela é uma pessoa seu drogado e não um dos seus bibelôs -- Rindou se meteu.
-- Ela será o que eu precisar que seja. Agora parem de se meter na porra da minha vida e entrem logo nesse avião! -- Respirei pesado. Mikey havia ido na frente com a rainha, Kakucho, Kanji e Senju. Tanto eu quanto Kim deveríamos estar nele também. Sempre viajamos juntos, agora quanto há terceiros envolvidos preferimos jatos fretados e viajamos pela ordem de liderança justamente pelas reuniões internas que acontecem, mas graças a cretina terei de ir junto aos executivos e para balancear Kanji foi no meu lugar, já que Takeomi parece querer me supervisionar.
O meu carro parou no hangar estacionando sem cuidado algum e ao abrir a porta pude ver minha mulher, que trazia algo em mãos além de ter uma arma na cintura, o carro do segurança parou logo atrás e ele veio correndo em direção dela. Kim tirou a arma e entregou a ele antes de vir em minha direção, o semblante muito sério, mas ao chegar perto ela sorriu de forma doce.
-- Me desculpe pelo atraso. -- Pediu como se não fosse nada e estou contando de um até dez para não arrastá-la pro banheiro do jato e resolver esse problema.
-- Onde estava querida? -- Ela não desviou olhar, nem mesmo quando peguei na cintura dela apertei um pouco, demonstrando que não gostei do atraso.
-- Eu fui à casa do meu pai, fui buscar isso. -- Só então me dei ao trabalho de olhar para a mão dela e notar que havia uma caixa de música em suas mãos. Mas que porra é essa? Por acaso estou lidando com alguma espécie de criança?
Respirei fundo para não deixar transparecer minha raiva.
-- Você se atrasou docinho e muito. -- Meu olhar de reprovação dizia tudo e ela simplesmente sorriu mais envolvendo meus ombros com as mãos.
-- Então não vamos atrasar mais. -- Kim me deu um selinho ficando na ponta dos pés e depois se afastou adentrando o avião e só por hora farei o jogo dela. Ajeitei minha gravata e fui até o segurança dela o encarei enquanto ele ficava na posição correta:
-- Onde ela foi?
-- Na casa do senhor Moon, senhor.
-- E por que da arma?
-- Garantia. Ela pediu a minha e entreguei.
-- E o pai dela estava lá? -- Questionei e ele negou. -- Excelente, seus serviços por aqui acabaram. Retorne para ao cassino vai trabalhar por lá até retornarmos.
Peguei a chave do meu carro e entreguei ao manobrista mandando que colocasse no avião de carga ao retornar para a escada do jato notei que Takeomi estava ali fumando e me encarando.
-- Sabe Haru você precisa se controlar mais ou vai perder essa mulher. -- Soprou a fumaça me oferecendo um cigarro e eu neguei. Puxei o dele, traguei e atirei para fora do avião.
-- Deixa que da minha mulher cuido eu.
Takeomi riu.
-- Se não souber, tem outros pra fazer por você. -- E assim adentramos o jato que minutos depois já estava no ar. Eu me sentei ao lado de Kim que continuou muda encarando a caixinha de música sem dizer nada e algo me diz que ela está mentindo e que aquele segurança também.
-- Esse objeto deve ser muito importante para você arriscar ser punida só para ir buscá-lo. -- Falei de forma entediada e ela não desviou o olhar da janela e nem tirou a mão que apoiava no rosto quando me respondeu:
-- Foi a única coisa que me restou de lembrança. -- Afirmou e por algum motivo sei que ela não está mentindo e de alguma forma senti que deveria fazer algo, de maneira bruta puxei Kim em minha direção ela estava tão desnorteada que nem conseguiu reagir quando a fiz encostar em meu peito e notei o braço dela arrepiado antes da respiração pesar e a mesma se render e eu gostei disso. Ela nunca demonstrou fraqueza e talvez essa seja a primeira vez...
-- Kim.
-- Hm? -- Ela sussurrou e antes que eu pudesse falar algo, Takeomi apareceu.
-- Desculpa atrapalhar casal, mas Ran está te esperando para a reunião, já que você é o cabeça Haruzinho. -- Revirei meus olhos.
-- Volto logo boneca. -- Me afastei e encarei Takeomi cheio de ódio.
-- Farei companhia para a minha cunhada e para de me olhar desse jeito, porra, eu sou seu irmão mais velho! -- Ele revirou os olhos e sai.
-- Se tocar nela você morre.
-- Olha Haru, esse seu ciúme é impressionante. -- Preferi não responder e fui em direção aos Haitanis de merda enquanto Takeomi se sentava ao lado dela, tem alguma coisa acontecendo e eu preciso de mais informações fora que não entendo por que raios estou me importando.
Taí o pai da Kim o Taehyun Moon.
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