XXI

NARRADORA

Nem todas as ações estão em nossas mãos, não importa o quanto tenhamos ditado os passos do nosso próprio destino.

Kim se encontrava levemente alterada, já que era seu casamento iria aproveitar, não só ela, como as demais amigas, nada que os fizesse passar vergonha, apenas se soltar o suficiente para curtir o casamento. As fotos do álbum renderiam belas recordações enquanto Sanzu sentado à mesa com Mikey vigiavam as mulheres.

-- Está feliz Sanzu? -- A voz do líder saiu calma e chamou atenção.

-- Não poderia estar mais satisfeito, meu rei. -- Brindaram lentamente.

-- Agora controle a sua esposa, em breve iremos até o pai dela. -- O rosado sorriu convencido enquanto a mulher se aproximava.

-- Desculpa incomodar, mas vou roubá-lo rapidinho Mikey. -- Kim segurou na gravata do rosado que riu com aquela atitude.

-- Fique a vontade é seu casamento. -- E assim o segundo no comando se levantou seguindo a mulher que agora segurava em sua mão enlaçando os dedos.

-- Haru vamos tirar as fotos, Senju não para de falar sobre isso e acho que ela está com a razão. -- Ele apertou a cintura da mulher para que parasse de falar.

-- Docinho, você está tão interessante assim, eu quero ver depois. -- se abaixou para beijar o pescoço.

-- Haru, não começa.

-- Se não você aceita. -- Ele Ironizou conforme seguiam para a área de fotos.

-- Dessa vez não querido, eu muito mal estou conseguindo fazer xixi em paz, então não tenho vergonha alguma de assumir meus limites, você me quebrou. Idiota seria se eu simplesmente ignorasse os avisos do meu corpo e desse pra você de novo, quando não consegue agir com carinho. -- Kim afirmou e um sorriso se formou nos lábios dele, no fundo, gostava de ter uma mulher tão imponente em mãos.

-- Cinco dias, é tudo o que vou te dar, depois vai ficar de quatro pra mim e bem quietinha. -- Sanzu sussurrou e ela riu de leve.

-- Sonhar não custa nada meu bem, agora vamos fazer mais fotos.

E assim ambos passaram parte daquela comemoração, quando tudo acabou, os principais membros da Bonten estavam levemente fora de si e se algum mafioso fosse esperto o suficiente para atacar, teria se infiltrado nessa festa.

[...]

KIM

Minha cabeça doía muito, meus olhos pareciam grudados de tão difícil que foi abrir e ao levantar percebi que estou nua, alisei meus fios bagunçados e encarei o meu lado da cama vazio, me levantei e busquei pelo roupão e quando estava terminando de cobrir meu corpo a porta foi aberta:

-- Bom dia, docinho dormiu bem? -- Sanzu sorria com uma xícara em mãos, deu um gole e me entregou.

-- Café sem açúcar, você estava impossível ontem. -- Apertei meus olhos e ele sorriu.

-- Me diz que eu não transei com você.

-- Dessa vez estava bem-falante querida e se esquivou muito bem, mesmo que eu ainda queira te fazer suplicar. -- Revirei os olhos.

-- Você só me conta as coisas pela metade, Sanzu!

-- Você vai lembrar com o tempo agora que tal descer pra tomar café? Temos um dia cheio pela frente. -- Ele seguiu até o closet e quando voltou estava de terno completo, se aproximou de mim e deu um beijo no meu ombro, a mão agarrou meu corpo apertando minha bunda e resmunguei.

-- Ainda está doendo? Francamente Kim.

Revirei meus olhos.

-- Deixa eu te açoitar por cinco minutos com força pra você ver cretino.

-- Se puder lidar com a foda depois, eu faço questão dr te deixar me amarrar e me fazer sangrar.

Engoli em seco sem demonstrar qualquer emoção, esse homem vai me quebrar se eu fizer isso, então, prefiro não arriscar. Uma coisa é estar com um cara que tem noção do que faz e outra é estar com... Ele.

-- Agora agiliza, delícia, vamos voltar para o Japão depois do almoço. -- Fiquei um pouco confusa com essa decisão.

-- Espera aí e a cede da Coreia?

-- Não se preocupe com isso, voltaremos ainda esse mês. -- Sanzu pegou um relógio e terminou de se arrumar. -- Parece que meu sogro está fora do país, então teremos um tempinho e nem se preocupe em levar muitas coisas.

-- Sem problemas vou ter que comprar tudo de novo.

-- E por falar nisso -- Haruchiyo riu antes de pegar um cigarro no bolso e acender, depois enfiou a mão no bolso direito do paletó e me entregou me envelope preto. -- Assim ficará mais confortável pra torrar meu dinheiro não é maldita?

Não pude deixar de sorrir.

-- Você reclama mais gosta, do contrário não estaria me dando um cartão Black.

-- Tem um milhão e meio lavado nessa conta, vê se não gasta tudo em um dia.

-- Isso é um desafio querido? -- Sorri para ele que retribuiu.

-- Eu tenho muita droga pra gerenciar mulher não dá pra fiscalizar cada centavo que você torrar!

Joguei meus cabelos na direção dele e acertei propositadamente seu rosto com as pontas e assim segui para o banheiro, mas não antes sem encerrar essa bela conversa:

-- E quem disse que eu sou mulher de centavos? Pra ser meu marido no mínimo se espera que o segundo no comando tenha uma conta BEM gorda, do contrário você vai falir gostoso meu bem. -- Sem deixar que ele respondesse, me tranquei no banheiro, encarei o cartão e não pude deixar de pensar que talvez eu possa me divertir com Haruchiyo.

SANZU

Essa mulher ainda vai me fazer matá-la, respirei pesado ao sair desse quarto sentindo minhas calças apertadas. A vadia é boa, muito boa e acima de tudo é minha, respirei pesado descendo as escadas e indo para sala, notei que haviam duas caixas sobre o rack da sala, estava prestes a mexer nisso quando meu celular tocou:

-- Seja rápido Ran. -- Afirmei.

-- Acordou de mau-humor, mesmo dormindo com uma gostosa ao lado? Que mixaria. -- Ironizou.

-- Vai se foder Haitani, ligou para encher a porra do meu saco ou tem algo de útil pra dizer?

-- Deixa de ser irritadinho e leva na esportiva. Agora sobre o trabalho, aquele aspirante a motoqueiro mordeu a isca e Murcho o pegou. Nosso convidado está na mala do avião muito bem amarrado e vigiado.

-- Excelente, darei a notícia ao rei. -- Desliguei o celular e só consegui pensar no que Kim falou ontem a noite, talvez eu consiga boas informações com esse idiota.

Kim estava uma delícia nessa roupa e para completar a falta de sobriedade a deixa ainda mais encantadora. Depois da festa retornamos para a cobertura com Senju e Takeomi enchendo a porra do saco que querem sobrinhos e o pior de tudo foi os ouvir apostando no fim das contas todos os membros da Bonten entraram nessa porra, revirei os olhos com Kim bocejando.

-- Boneca, vamos para o quarto. -- Ela apenas concordou antes de tirar os saltos e subir as escadas lentamente, adentramos o quarto e ela tirou a roupa.

-- Nem tenta Sanzu, eu falei sério. -- Ela se afastou e tive de rir.

-- Então é melhor se vestir.

-- Você sabe que eu gosto de dormir assim. -- Ela então seguiu para o banheiro e quando retornou estava de roupão, o tempo que demorou foi o suficiente para que eu tomasse um bom banho no outro banheiro já que Kim sempre leva uma vida debaixo d'água, aproveitei para deitar na cama e mexer no notebook visto que pedi para um dos empregados do Hajime levantar uma pesquisa mais afundo sobre a vida dela, creio que tudo o que descobrir não foi o suficiente. Kim simplesmente tirou o roupão e se deitou na cama, aí é covardia, porra.

-- Coloca pelo menos uma camisa sua safada.

-- Por que não está se aguentando? -- Ironizou, respirei fundo fechando o notebook e colocando sobre a mesa de canto, em um movimento rápido subi em cima dela que demonstrou espanto.

-- Sabe docinho, você me deve algumas explicações. -- Beijei seu pescoço.

-- Eu não te devo nada rosado, quem está com dívidas abertas é você, uma vez que ainda tenho as marcas do seu cinto na minha pele. -- Deixei um sorriso cínico e com isso tracei meus dedos por seu corpo nu.

-- Por que não me conta sobre aquela cicatriz nas suas costas? -- Dedilhei mais embaixo onde há outra cicatriz bem no baixo ventre. Ela me encarou e respirou pesado.

-- Primeiro, se eu concordar com isso, terá que me dizer o motivo dessas maras.

-- Foram feitas pelo rei ainda criança, satisfeita?

Ela revirou os olhos.

-- O quanto sabe sobre a cultura da Scorpions?

-- O suficiente para saber que são três vezes mais violenta que a Bonten. -- Kim sorriu com meu comentário.

-- Exatamente, digamos que a marca das costas foi uma repressão por não cumprir com o meu trabalho já essa aqui -- ela pegou minha mão e passou por cima da cicatriz. -- Eu não faço ideia, não consigo me lembrar, mas está aí desde que eu tenho quatorze anos. -- Agora me conta o motivo desses casamento apressado com afinco.

Voltei a me deitar na cama e acendi um cigarro ao qual ela pegou e tragou, soltando o ar lentamente e me olhando com curiosidade, essa é primeira vez que a vejo fumar e gostei bastante.

-- Vejamos, você não vai lembrar de tudo isso amanhã mesmo, não é? Está tão bêbada que vai me responder tudo o que eu quiser. -- Dei de ombros e ela sorriu.

-- Isso mesmo querido, então fala de uma vez.

-- Acho que aquela tentativa de sequestro está ligada com os roubos que tivemos nas boates recém inauguradas daqui. Só preciso ter a certeza de quem é o mandante.

-- Ah é isso? Agora entendo por que querem tanto ver o meu pai. -- Ela me devolveu o cigarro. -- Fique sabendo que ele não vai ajudar.

Aqui fiquei atento as palavras dela.

-- Não sejam tão bobos, meu pai é extremamente tradicional. Ele nunca aceitará essa união e pode ter certeza de que deve estar planejando uma forma de me reaver.

-- Então posso pôr a culpa nas costas dele, é isso que está dizendo Kim? Porque eu posso muito bem matar o meu sogro e a culpa será sua.

Ela gargalhou se erguendo minimamente.

-- Não serei eu quem puxará o gatilho. Acho melhor você ir dormir, Haruchiyo, antes de fazer merda. Manjiro Sano pode ser o maior do Japão, mas não esqueça que a linha tênue que os mantém aqui pode ser quebrada a qualquer momento, e matar o líder da maior e mais forte gangue do país não me parece uma ideia inteligente.

Minha maldita esposa fechou os olhos, deixando-me com um gosto amargo na boca. Afinal, essa desgraça tem razão. Enquanto tudo não estiver calmo o suficiente para que possamos executar nossos planos completamente, devemos andar com cautela e agir minuciosamente. A Bonten sempre se valeu das sombras, mas dessa vez somos verdadeiros fantasmas.

OFF

KIM

Sanzu estava ao telefone enquanto eu encarava o que deixei no aparador da sala na noite anterior.

"Merda, meu remédio." Pensei, já pegando a pílula e enfiando na boca, a seco mesmo. Em seguida, segui para a sala de jantar, onde Sanzu me esperava.

Tomei café sem dizer nada. Ainda estou um pouco confusa com tudo o que posso ter dito ontem, e espero não ter me comprometido com nada. Massageei minhas têmporas, e ele me encarou sério.

-- Partiremos para o Japão em três horas. Pegue só o que precisa, entendeu? -- Sanzu afirmou, fechando o paletó e se levantando.

 -- Claro, querido. -- Resolvi entrar no personagem de esposa que não faz nada além de obedecer, pelo menos até lembrar da merda que eu disse ontem. Sanzu estranhou, mas não disse nada, apenas seguiu para fora do apartamento. Eu, bem, fui até o aparador e peguei a caixa que Ayumi Sano me deu. Vou guardar com muito carinho. Aproveitei que deixei no quarto e resolvi estrear o cartão, afinal, preciso de uma mala nova.

[...]

-- As lojas estavam tão sem graça; no fim, fazer compras sozinha é um saco. Comprei uma mala, e apenas isso; meu segurança está carregando enquanto aproveito para tomar um bom smoothie de banana. Depois de degustá-lo com calma, segui em direção ao saguão principal. O sorriso que foi dado em minha direção foi extremamente calmo, principalmente pelos olhos do loiro que me encarava. Nem percebi que meus pés se moveram em sua direção.

-- Você não estava aqui ontem. -- Sussurrei, e ele sorriu.

-- Não me parecia uma boa ideia. Era capaz de roubar a noiva e acabar feito uma peneira. -- Mordeu o lábio inferior, olhando-me de perto. Com isso, pedi para os seguranças se afastarem um pouco.

-- Bom te ver, South. -- Ele beijou meu rosto conforme o abracei.

-- Digo o mesmo. Tenho uma reunião com Mikey agora, mas antes queria te dar um presentinho de despedida. -- Piscou. Senhor, eu queria que o presente fosse ele. Olha... Não dá.

Grudei em seu braço conforme fomos andando em direção à área correspondente aos executivos da Bonten.

-- Sabe, boneca, eu encontrei seu pai antes dele viajar. Aparentemente, Tae está muito irritado com uma divisão desproporcional de bens, mas aproveitou para me dar isso. -- Terano enviou a mão na jaqueta de couro e tirou de lá um envelope. -- Abra depois. -- E como foi o passeio na Rússia?

Nem me dei ao trabalho de imaginar como ele descobriu, já que Kaesa provavelmente entrou em contato com ele.

-- Bem sem graça e sobre aquele ataque.

-- Deixa isso pra lá, pretinha. Não sobrou ninguém vivo, e tive que viajar as presas depois. -- Pelas suas palavras, entendi que ele simplesmente se livrou dos problemas. Adentramos o elevador, e assim que paramos em frente à porta de Manjiro, ele deixou um beijo no canto dos meus lábios, pegando-me de surpresa.

--Não devo te ver por um bom tempo, amor, então direi apenas uma vez: Tome bastante cuidado com o seu pai. Aquela regra de não confiar em ninguém continua valendo, mesmo que ele seja o seu sangue.

Senti meu coração disparar e analisei o olhar de South, ele parecia estar determinado e, acima de tudo, um pouco irritado. Tratando-se do meu pai, eu não duvido de nada. Dei apenas um abraço nele, que retribuiu e respirou firme sobre os meus cabelos.
Da única vez que o vi assim foi quando teve problemas em sua terra natal e achou que eu estava morta, esquecendo-se completamente do quão boa eu sou com armas de fogo, quando a porta se abriu, Sanzu apenas me olhava com raiva e desgosto. Os orbes turquesas iam de cima abaixo, vislumbrando o que estava acontecendo, e Terano simplesmente bagunçou meus fios em um carinho curto antes de sumir dentro da sala. Haruchiyo continuou me encarando sério:

-- Vamos ter uma conversinha em breve. -- Sussurrou.

-- Claro, querido. Agora tenho mais o que fazer. -- A porta foi fechada com força, e retornei para a cobertura sentindo o perfume de South em mim. A primeira coisa que fiz foi me sentar no sofá e rasgar o envelope apressadamente, enquanto meu segurança levava a mala para meu quarto, como pedi. Corri com a leitura, sentindo meu mundo vacilar e meu coração disparar, assim como as lágrimas que pareciam querer vir com vontade.

"Acho bom você não estar aqui pelas próximas semanas meu bem, pois, não haverá líder que te deixe longe de mim.

Estou morto de saudades de você Kimy e em breve vou reaver o que por direito é meu.

PS: Não vim sozinho, minha adorável sogra não vê a hora de estar com você."


Me levantei tremendo. Isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto. Para me preservar, fui até o banheiro, despedacei o papel e joguei no vaso, dando descarga. Encarei-me no espelho e notei que minha respiração está cada vez mais curta e rápida. Assim, apertei as bordas do mármore, fechei meus olhos e contei calmamente até dez.

Eu não vou ser subestimada de novo. Ele vai ficar longe, nem que para isso eu tenha que matar alguém e mais do que nunca, preciso falar com meu pai. Sem pensar em mais nada, saí do banheiro, peguei a chave do carro de Haruchiyo e fui até a saída do apartamento. Sei que meu segurança está aqui.

-- Me dá a sua arma agora.

-- Eu não tenho permissão p...

-- Ou você me dá essa merda, ou eu mesmo dou um jeito de te matarem. -- Ele me encarou confuso e, a contragosto, entregou a arma. -- Quantos cartuchos reserva você tem?

-- Dois.

-- Vai servir. Vamos dar uma volta.

Estava ansiosa por esse capítulo até a próxima...

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