37° "Chuva sem tormenta"

Assim que cheguei em casa, com Juno e minha treinadora, que agora morava comigo, fui obrigado a voltar aos treinos, exercícios, um atrás do outro, parecia que a moça queria me ver morrendo, suava feito um porco, após os muitos exercícios ainda precisei treinar técnicas de luta.

Vitória me ensinava golpes, mas o que ela mais gostava era de me meter a porrada. Juno observa de longe, não tinha vontade nenhuma de se envolver.

Minha defesa melhorou bastante, e era bom que melhorar já que agora Vitória estava me batendo com tudo minha velocidade estava incomparável, eu conseguia acertar golpes em Vitória, e ela precisava se defender, a diferença do outro dia é simplesmente a diferença de um satélite natural e de uma estrela, eu tinha brilho próprio.

_ Ganhou uma grande força Karl_ Ela falou se afastando. Mas não a deixei longe por muito tempo, deu uma rasteira rápida tirando ela do chão, com o controle que eu tinha agora a empurrei para perto com o vento em um movimento com as duas mãos, cerrei os punhos e forcei o vento a trazer ela até o meu golpe. Era uma prensa.

Buf. Fez um som abafado. O vento se espalhou numa onda de choque que fez a grama ao redor deitar-se.

Vitória se encolheu no ar, protegendo o abdômen e a cabeça com braços e perna, minhas mãos estavam presas em seu ante braço e canela. Ela suspirou, aliviada, estaria acabada se aquilo tivesse a acertado.

_ Também melhorou a velocidade._ Ela falou abafada quando se encolhia. _ Mas não o suficiente.

Ela se esticou de vez, não tive força para segurar. Os meus braços se abriram, estava com a guarda totalmente exposta, Vitória também estava com aguarda aberta, além de estar pairando acima de minha cabeça, entretanto ela tinha experiência.

O ar começou a esquentar de baixo para cima. ar em volta de Vitória estava tão frio que deu para sentir a pressão do ar mudar e criar um vórtice entre nós dois.

Girei, a mudança de temperatura moveu o ar mais rápido do que eu, meus pés saíram saíram chão com o ciclone criado em mim. Não foi duradouro, mas rápido o suficiente para me desestabilizar. Ela ajudou com um empurrão, caí e ela desceu calmamente como um balão e sentou nas minhas costas.

_ Como é fácil. Você não vai conseguir me derrubar uma vez?_ ela tirava sarro, acompanhando com tapinhas.

_Fale a verdade, você estava lutando a sério?_ perguntei.

_ Contra você? Não é necessário._ respondeu.

_ E porque está suada?_ questionei olhando pelo ombro.

Ela excitou.

_ O ar quente, já te explique essas coisas.

_ É a primeira vez que a vejo tão assustada Vitória._ Juno falou sentada na escada da entrada da casa. Vitória olhou séria lembrando da plateia_ quando se encolheu, seus olhos estavam arregalados.

_ Como eu não vi isso?_ falei sorrindo.

_ Ela estava encolhida_ Disse Juno.

_ Isso não aconteceu _ Disse ela se levantando rápido.

_ Olha, duas coisas inéditas num dia. Você está vermelha!

_ Agora essa eu vou Guardar na memória_ Falei surpreso.

_Urg.

Vitória entrou, pela primeira vez emburrada, sem fazer piada. Rimos, entramos logo após.

_ Como você está?_ Juno encostou abraçando o meu braço.

_ Você diz emocionalmente?

_ Óbvio! O físico eu estou sentindo._ Ela disse apertando meu braço hipnotizada.

Eu ri desajeitado.

_ Estou bem, pelo menos me sinto melhor que antes._ Olhei para Vitória indo em direção ao banheiro com uma toalha, ela me mostrava o dedo do meio._ Ela me distrai bastante, consegue me bater mais do que eu posso aguentar, isso me faz dormir um pouco mais tranquilo.

_ Seus olhos dizem o contrário.

_ Eu não estou 100%, não tenho como ficar.

_ Eu te entendo Karl.

O assunto morreu aí, a noite já estava esfriando, Juno disse que ia dormir em minha casa, não neguei.

Tomei meu banho e me sentei na cama, esperei ela sair do banho dela.

_ Karl!?_ ela disse me olhando pela fresta da porta._ Eu não lembrei de trazer roupas para dormir.

_ Eu não me importo com isso_ Eu disse rindo.

_ Sem graça, me traga algo pra vestir._ Ela disse, não viu graça na piada.

Procurei algo. Minhas roupas eram grandes para ela, peguei uma calça de moletom, porém não tinha nenhuma blusa limpa dos últimos dias de treino além da que eu estava usando.

Entreguei as roupas para ela. Ela fechou a porta e se vestiu, saiu de lá um pouco envergonhada, não era o tipo de pessoa que costumava dormir na casa de outras pessoas.

_ O que há?_ Perguntei com ar de graça.

_ É estranho dormir na sua casa.

_ Não se preocupe, aqui não há nada para se preocupar, além de uma mulher louca por torturas dormindo aqui do lado._ Dei um sorriso. A puxei pelo pulso para perto._ A não ser tão tenha medo de mim.

_ Nem se eu quisesse, sua cara boba não assusta ninguém._ Ela pegou no meu cabelo e fez um cafuné, sua expressão mudou._ Porque não desiste? Poderíamos viver outra vida longe daqui.

_ Seria como abandonar meus amigos!

Ela suspirou.

_ Estou com medo Karl, sei que você tem treinado, mas não sei o que pode acontecer.

_ O que vai acontecer não depende de nós, neste momento só podemos aproveitar o tempo que temos juntos.

_ Eu sei Karl._ Ela pensava em muitas coisas, mas estava cuidando de mim._ Eu me preocupo com você, sei de tudo o que passou, mas o que vai acontecer com o restante dos seus amigos se algo acontecer com você?

_ Se nada acontecer comigo, nada vai acontecer a eles! Vocês são tudo que eu tenho pra proteger agora, por isso estou treinando.

_Não! Você está treinando porque espera a vingança, e a vingança pode vir acompanhada de mais um desastre. Não se acha egoísta? Você pode está arriscando a vida de Pipper, de Polo, de Vitória, a minha, ou até mesmo a sua!

_ Entendo seu ponto de vista, em partes ele não está errado, se eu tiver a oportunidade eu vou quebrar com alguém específico, mas estou aqui para que não aconteça novamente o que houve antes. E agora temos Vitória!

_ Antes você tinha o El, e mesmo assim não teve efeito.

_ Compreendo, mas dessa vez, se ou quando acontecer algo, vamos estar preparados, você não vão precisar me ver no hospital novamente.

_ Assim espero Karl. É bom saber que temos você para nos proteger.

Ela me olhava destemida, preocupada, e feliz, da sua forma feliz.

_ Mudando de assunto... Tenho uma dúvida, uma muito perspicaz._ Ela disse com um sorriso malicioso.

_ Diga._ Respondi percebendo a direção de seu olhar.

_ Por que você está sem blusa?

Olhei para baixo, depois nos olhos dela, dei um sorriso infantil.

_ Não faço a mínima ideia._ ela sorria alegre, entretanto com um pesar que só se notava em seu olhar.

_Idiota._ Ela me puxou num abraço apertado, retribui agarrando sua cintura.

As roupas folgadas me faziam sentir o calor do seu corpo. Os ombros agora largos quase que sobressaíram sua cintura, escorando em seu quadril. Seus seios escoravam a minha cabeça, era uma posição confortável.

Meus pensamentos ruins sumiam só de estar perto dela, quando mais próximos eu estava, mais o mundo ao meu redor parecia não importar.

_ Gosto daqui._ Falei quebrando o silêncio._ Do seu abraço, me faz esquecer o mundo ao redor.

_ Também gosto quando você está perto, me aquece, literalmente._ Ela me folgou me dando espaço para olhar em seus olhos. Com a ponta de um dos dedos ela tocou a minha pele e fez cara desapontada._ Você é muito quente!

_ Você gosta disso, e eu costumo esquentar cada vez mais perto de você!

_ Deuses.._ Ela suspirou.

A troca de olhares foi intensa. O silêncio voltou, mas acompanhado de um beijo caloroso. As mãos de Juno vieram ao meu pescoço, meus braços que antes circulavam seu quadril agora subiam por entre o tecido da blusa e sua pele, criando o contato que pouco a pouco subia, até que tocou seus macios seios, que foram acariciados. Uma das mãos quentes puxou as pernas para o colo fazendo sentar-se sobre o meu colo.

Segurando-a pelas costas Levantei a blusa que ela usava e com beijos e mordidas os lábios desceram enquanto puderam, até encostar no primeiro destino, quase como o abraço anterior ela abraçava minha cabeça em volta dos seios. A blusa foi ao chão.

A intensidade subiu, ela pedia por mais. Deitei ela na cama as roupas começaram a desaparecer em instantes. O beijo colado e a pele na pele era insano. Meus lábios passearam naquele corpo, cada segundo e cada beijo deixava mais farta a vontade. Parei quando me vi entre suas coxas, um paraíso no horizonte, olhar nos olhos dela daquela direção.

_ Faça silêncio, não queremos alertar a nossa convidada no outro cômodo._ disse mergulhando entre suas coxas.

Daqui em diante os detalhes são por conta da imaginação...

Suados e quentes, assim estávamos no fim da noite. Ao fim, me deitei ao lado dela, puxei a coberta para cobri-la, seus pelos arrepiavam dos pés até a cabeça, com o vento que soprava por debaixo da janela.

Ela dormiu pouco depois.

Minha mente voltou ao turbilhão. Me levantei, fiz um chá para me acalmar, Vitória parecia nesta tranquila dormindo, o que era raro, ela tranquila.

Me juntei a janela do quarto, abri o bastante para não acordar Juno deitada.

O céu estava pouco nublado, me prostrei olhando para as nuvens que se moviam lentas e contínuas, estrelas piscavam, sem deixarem seu brilho se perder, uma nuvem vinha desnorteada entrando na frente da lua, escurecendo ao meu redor.

Era gostoso poder sentir. Sentir o vento tocar e arrepiar a pele, sentir o toque de outras pessoas, poder ser visto, escutado, ter comunicação com o mundo ao meu redor me deixava melhor, todavia meus pensamentos não perdiam Hannah e El de vista, isso me doía muito.

Eu estava preparado agora, preparado para enfrentar o que surgisse na minha frente. Eu só não sabia que não estava preparado para o desfecho de tudo.

Olhei novamente para a nuvem que passava na frente da iluminação noturna. Levantei o braço aos céus, um braço preguiçoso, o dedo levemente se curvou na direção da nuvem, arrastei devagarinho de um lado ao outro da nuvem. Ela se dividiu em duas, como uma poeira sobre a estante.

_Bonito e dramático._ Disse alguém abaixo de mim

Me assustei, imediatamente me transformei cerrando os punhos, foi possível ver uma fagulha saindo de uma mão a outra.

Polo me olhava calmo de sua janela, parecia estar ali desde antes de eu aparecer, provavelmente observava a lua, e quando eu apareci se distraiu com seu afazer preferido.

_ Me observava Polo?_ Perguntei voltando ao normal, me acomodando na janela novamente.

_ Desde antes de você aparecer, acho que deveria usar uma blusa, assim não consigo me concentrar nas estrelas.

Sorri negando.

_ Eu queria me lembrar de qual a sensação de tomar o vento noturno._ Olhei para ele._ você é imperceptível.

_ Passei muito tempo fazendo isso, não é a primeira vez que fico daqui te observando calado, mas é a primeira vez que te vejo cortando uma nuvem apenas por uma iluminação._ ele disse me imitando._ Achei um tanto dramático, depois o Pulo com raios nas mãos... um tanto curioso.

_ Deveria ter sido mais letal? Assustador?

_ Não, prefiro o aspecto pacifista. Que você tem.

_ Sabe que eu não sou o bonzinho da história não? Eu não estou aqui para salvar mundos e governos, eu só quero me vingar de alguém.

_ Sei bem... Era nisso que estava pensando não é?_ ele me disse imitando meu rosto_ antes de Cortar o céu.

_ Mais ou menos...

_ Você não me engana Karl, tenho algum tempo de experiência nisso._ ele coçou a cabeça_ É uma pena que não posso ficar contigo.

_ Você sabe que já não é uma opção, não sabe?

_ Sei, eu te vi com Juno, você não abandonaria ela por nada nesse mundo, está extremamente apaixonado, e nem precisa te observar a noite para ver isso.

_ Não faço por mal Polo, mas ela me conquistou até com o jeito que ela anda.

_ Preferia quando eu imaginava o que você estava falando, você é fala mais do que eu esperava.

_ Me senti insuportável.

_ Não sinta, você é maravilhoso, em tudo que faz, e esse é o problema com você Karl, você gosta tanto dela que me irrita, e o pior é que eu acabei gostando da amizade dela também.

_ É..._ fiquei sem jeito.

_ Não se sinta assim._ Disse ele me observando._ Eu queria estar no lugar dela, não é como se eu fosse sequestra-la e te drogar pra conseguir isso. Sou adulto posso lidar com meus problemas, mas é um pouco chato não conseguir o que queremos.

_ Infelizmente se conseguirmos tudo o que queremos não teremos desafios, e a vida não terá tanta graça.

_ Eu sei disso também._ Ele me olhou_ conversar com você e um porre, prefiro apenas te observar, e mais divertido, não sinto esse redemoinho de emoções. Vou tentar dormir, posso te fazer um pedido?

_ Claro que sim.

_ Adoro dormir quando chove, você pode trazer uma chuva leve essa noite? Algo para trazer paz.

_ Por você Polo, até neve._ Falei brincando._ Você já me trouxe esse sentimento de paz outrora.

Ele foi saindo, fechando a janela.

_ E Karl, tente não morrer, e por favor, proteja Juno, você merece ela.

Assenti.

Ele fechou a janela.

Sem gastar energia eu trouxe uma leve chuva a noite, o céu se fechou, o vento trouxe uma combinação saudável para o sono. Bocejei, estava cansado.

Fechei a janela, ao som da chuva fina e me deitei com Juno, dormimos tranquilos o restante da noite.

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