O dia melhorou após a distração, decidi sair e ir a praça novamente, o céu agora com nuvens espaçadas replicava um dia de primavera, mesmo que a poucos do inverno frio, o calor acolhedor trazia as pessoas as ruas e os faziam caminhar livres. Sentado no mesmo banco de sempre em uma praça sem poder pintar, eu observava as pessoas passarem por mim com várias cestas de comida e acompanhados por família ou namorados.

Durante alguns minutos o barulho das pessoas e do vento nas árvores me consolou, depois vi alguém conhecido se aproximando.

Acenei e sorri, um tolo, o ambiente me fez esquecer de que eu estava invisível. Pipper vinha caminhando lentamente com sua cesta de lanches, era o dia de se encontrar com Hannah e eu. Sem me notar, o que já se tornou comum, ela se sentou ao meu lado no banco de madeira.

Ela estava linda como sempre, seu cabelo desgrenhado e solto, sua expressão era de desanimo, ela parecia procurar algo na praça, seus olhos corriam cada pessoa que passava.

_ Esse, com certeza, seria um dia perfeito pra ele pintar, caso estivesse aqui._ Pipper parecia desanimada, tinha certeza de que me procurava._ acho que ele já estaria aqui se vinhessem.
Ela percorria os olhos nas pessoas esperando um milagre aparecer.

Eu sabia, quem ela estava procurando, ela esperava com uma cesta de lanches no lugar que eu costumava aparecer para pintar, Hannah provavelmente estava muito ocupada para se lembrar.

Ela ficou em silêncio, desanimada talvez por não ter conseguido arrumar alguém para dividir, ela pegou um pão recheado e prendeu na boca.

_ Hannah não é de se atrasar_ falou de boca cheia._ o El é um relógio humano, e Karl provavelmente não está aqui.

Caminhando lentamente, apareceu outra beldade vindo da outra direção.

_ Olha como a concorrência é perfeita, difícil é ser mais perfeita que isso_ Pipper falava de boca cheia.

Eu travei, era tão linda quanto Pipper comentou, aproveitando o sol a moça vinha de short e uma blusa folgada que provavelmente não deveria ser o tamanho dela, porém ficava perfeito mesmo que jogado e folgado, Juno vinha caminhando arrastando a beleza do local.

_Olá Srt. Mystar_ disse Pipper convidativa.

_ Oi Pipper_ respondeu Juno se aproximando_ me chame pelo meu primeiro nome, fico constrangida com você me chamando assim.

_ Tudo bem, é o costume do trabalho, acabo chamando todo mundo assim.

_ Eu entendo, tem coisas que o trabalho trás pra vida,_ Juno olhou para a cesta parada em cima do banco_ você está esperando alguém?

_ Hm?_ Pipper esquecera-se da cesta_
Ahh, a cesta, não..._ Pipper ficava cada vez mais vermelha_ quer dizer estava, mas ele não vem... quer dizer, eles... quer dizer... Não. Não estou esperando ninguém!

_Você me parece nervosa_ Juno deu uma risada compreensiva_ se estiver esperando algum rapaz eu posso ir embora.

_ Não... não é isso, pode ficar, e... eu acho que estou sozinha._ ela deu um suspiro.

_ Então posso te fazer companhia?

_ Quer dizer sentar-se?_ Pipper parecia um pouco envergonhada_ sim, sim pode, claro.

Pipper puxou seu lanche e deixou Juno sentar, eu me encostei para que as duas sentassem, mesmo que não me notassem.

_ Com quem você marcou de se encontrar?_ Juno perguntou curiosa.

_ Com ninguém, na verdade eu esperava que as pessoas estivessem aqui.

Juno olhou para ela.

_ Você trouxe lanches para uma pessoa que nem sabia se viria?

_ Eles mereciam agradecimentos até melhores, infelizmente o que eu sei fazer de melhor é comida._ Pipper parecia insatisfeita com seu agradecimento._ Devem estar ocupados para não vir, não são de se atrasar.

_ Seu lanche é tão bom quanto a pintura que fiz, o importante é que é de coração._ eu disse.

_ Sei que ele teria gostado_ Disse Pipper sorrindo.

_ Bem o melhor que podemos fazer é sempre o melhor._ Juno disse_ desculpa as perguntas, mas eu os conheço?

_ Conhece sim, são o Karl, a Hannah e o El. Vocês conversam bastante na cafeteira.

_ O Karl também?_ Juno pareceu pensar um pouco._ agora que falou quando fui a casa dele vi um quadro pintado, era você.

_ Sim ele me fez outro dia quando estava pintando a paisagem, apareci com lanches e ele me pintou o quadro.

_ Entendi, por isso veio com lanches, esperava encontra-lo.

_ Sim!_ Pipper sorria, mas desanimou_ infelizmente ele sumiu, parou de ir a cafeteria e não vem pintar.

_ Ele sumiu pra uma viagem fiquei sabendo, só não sei se é a verdade, me pareceu algo tão estranho.

_ Karl não é do tipo que some sem motivos.

_ Ele disse que foi ver a família.

_ isso eu já não sei, ele não fala muito de sua família.

_ Ele só falava muito quando estava empolgado, ele quase não conta histórias de sua vida._ Juno falava destraida.

_ No fim das contas ele não esta aqui, e tenho uma porrada de lanches prontos, quer dividir comigo?_ Pipper falou percebendo que o assunto se tornou um pouco depreciativo.

_ Comer sempre anima certo? _ Juno deu uma risada.

_ Vou ajuda-las_ comentei_ estou aqui para comer sem que me notem, isso pelo menos é algo muito bom.

_Vamos, pegue alguma coisa.

Os lanches de Pipper eram excelentes, todos muito bem preparados, e feitos em casa, era de se notar que nada foi comprado em uma padaria qualquer.

Enquanto elas se distraiam saboreando as comidas eu pegava alguns pedaços e experimentava, uma dádiva eu diria, uma delicia, eu estava com gula na verdade, porém era ótimo comer aquilo.

O sol das três finalizava o último dia de Outono, radiante, mas agora perdendo seu calor, enquanto estávamos fazendo o lanche e o dia ia esfriando o vento se forçava a aumentar, jogando as folhas e os cabelos ao ar, tirando todo o calor que o sol ainda trazia em si, às 4 horas o sol já não tinha calor, e conforme foi descendo os pelos do corpo se arrepiavam como um gato raivoso, o vento gelado soprava devagar e sempre.

Quase ao anoitecer as meninas se levantaram depois de muito conversar.

_Estava ótimo, muito gostoso,_ Disse Juno ao se levantar do banco_ mas está muito frio e eu ainda vou ir ao trabalho hoje.

_Tudo bem, eu também estou com frio, e a hora passou que eu nem vi, é melhor eu ir para casa arrumar minha bagunça, ou estou ferrada pra passar a semana_ Disse Pipper cordialmente se levantando também.

Se despediram e saíram cada uma para um lado.

_ Tchau meninas, foi um prazer ouvir suas conversas_ eu ri,_ bem queria ter falado mais, porém vocês estavam tão empolgadas que nem me deixaram dizer nada.

Me encostei, não sentia frio era um prazer ficar ali.

Elas ainda caminhavam cada uma para um lado quando no meio do lindo por do sol o céu ficou claro novamente, parecia que estava amanhecendo as 6 da noite.

o clarão iluminou a tudo que estava ao meu redor, as duas meninas desviaram o olhar do céu agora com um brilho escarlate.

Meu corpo vibrava com a luz que o tocava, era como se eu estivesse sentindo a energia da luz carregando a armadura, era como tomar um banho de sol durante uma manhã de sol cansado quente e reconfortante.

A luz foi ficando mais fraca e desapareceu, o por do sol parecia agora quase completo, estava mais escuro do que antes. Um barulho assobiava no vento, algo estava caindo, do meu ponto de visão um ponto azul veio do céu até o chão. Ele vinha crescendo e se distanciando de outro ponto colorido no céu, passar tanto tempo sendo míope acabara não facilitando a visão de luzes no céu.