Jujutsu Kaisen
Pilastras de madeira vermelha estavam na minha frente, a pouca iluminação prejudicava a identificação do meu adversário. Uma das linhas que deixei de armadilha disparou revelando sua localização, corri na direção contrária constatando no canto de minha visão um vulto escuro se movendo. Desviei do primeiro ataque vendo as garras afiadas tirando lascas dos pilares, sorri sabendo que caíra na minha emboscada, linhas cantaram e logo o primeiro dos meus problemas estava preso.
Escondi-me no canto respirando devagar esperando uma nova localização, podia ouvir seus passos, mas sons poderiam ser ilusórios. Ele era esperto, se relaxasse por um segundo estaria em sérios problemas.
O restante das chamas amareladas se apagaram, usei o topo das estruturas para me manter no alto e ver as coisas por outra perspectiva. Nos anos de juventude odiava qualquer menção da minha técnica com 'mulher-aranha', mas se for ver ao fundo realmente existem semelhanças, só não poderia adimitir isso a Satoru.
Dali consegui ver por onde meu atacante andava, se estivesse no chão com certeza já teria sido pega, mas sorte a minha que apesar de inteligente ele ainda era um pouco imaturo. Linhas se prenderam nos seus pés e o ergueram no ar, assim como a criatura que o acompanhava, saltei para o chão apenas para ser recepcionada por brilhantes olhos esmeraldas.
Levantei a mão em sua direção — E morreu — Cutuquei a testa de Megumi sinalizando a minha vitória.
O meu primo estava com uma careta enquanto balançava de ponta cabeça, o local de treino se iluminou em seguida — Já falei para você parar de se apoiar tanto nos seus shikigamis, poderia ter me acertado diversas vezes se dividisse a sua força.
Soltei a minha técnica e o rapaz caiu no chão com um som abafado assim como seus cães divinos capturados.
— Além de pensar só na estratégia pense em como pode se envolver na luta também, olhar de fora não vai te salvar sempre.
O jovem suspirou se levantando liberando a sua técnica em seguida — É eu sei.
— Vamos treinar no campo semana que vem — baguncei os fios escuros no topo de sua cabeça antes de o guiar pelo ombro para o lado de fora. — Ver se tem habilidade com alguma arma amaldiçoada.
A claridade do dia nos atingiu em cheio, com a sala de treino tão escura causava um certo desconforto. Pisquei algumas vezes até me ajustar — Parece que terminamos um pouco cedo, o que acha de irmos à cafeteria?
—Tanto faz.
Balancei a cabeça, e bati um pouco da poeira das minhas vestes ajustando o tecido azul no ombro. Yaga-san conseguiu a permissão para que Megumi se mudasse para a escola, visto que Tsumiki fora vítima de uma maldição desconhecida. Pessoas de todos os cantos do país vieram para opinar, mas nenhum conseguiu de fato dizer o que aconteceu, seu quadro continua estável.
Andamos lado a lado até a loja de doces simpáticas que tinha nos arredores da escola, desde jovem frequentei ali com Haibara e Nanami, depois com Akira, e agora ia com o meu primo. Os donos já me conheciam e indicaram para eu sentar na mesma mesa na janela de sempre, a garçonete que aprendi ser filha do casal de proprietários veio nos atender.
— O mesmo de sempre [Nome]? — me perguntou sorrindo.
— Sim, mas faça dois dessa vez e um pedaço de brownie também. — pedi e logo em seguida ela se afastou.
Da janela conseguia observar a rua e também todas as pessoas que passavam em direção a Escola Metropolitana de Práticas jujutsu. Olhei meu relógio, ainda tinha algum tempo até meu próximo compromisso.
Minha companhia parecia digitar qualquer coisa no celular, apoiei o rosto na mão esquerda e estiquei a livre para abaixar o aparelho chamando alguma atenção.
— Será que podemos conversar como uma família geralmente faz, ou sair para comer algo com sua prima é tão estranho assim?
Megumi desviou os olhos e soltou o celular, se afundando na cadeira da frente encarando a mesma janela que estava eu observando anteriormente — Quer falar sobre o quê?
— Qualquer coisa realmente — respondi cruzando as pernas — Compartilhamos o mesmo sangue, mas parecemos mais distantes do que nunca. Se é sobre Miki, estava junto quando disseram que-
— Não é — interrompeu —, não tem nada a ver com ela.
— Você tem coisas demais para cuidar, não precisa ficar de olho em mim — respondeu ele de uma vez — sei me virar sozinho.
Uma conversa parecida já havia acontecido quando ele se mudou, até então ele nunca havia presenciado a rotina de um feiticeiro jujutsu de verdade. Também não sabia com profundidade os meus problemas.
Não tive como esconder as visitas constantes a Shoko para tratar do meu problema — literal — com o passado e também outras informações sobre a minha técnica. Megumi ouviu com atenção as histórias da minha juventude, o que perdi e o que ganhei em seu lugar. Também descobriu nessa mesma noite o motivo da briga que tive com Satoru a alguns meses.
— Me explique o porquê de toda essa piedade de repente. — agradeci pelo pedido posto em nossa mesa — Não é característico de você.
— Só estou dizendo que você devia cuidar de você antes de se preocupar comigo.
— Megumi, olhe para mim — o chamei —, eu sempre farei de tudo para proteger quem considero família. Você não é um fardo, nunca foi. Não estou me sacrificando para poder ter um dia ou outro na sua companhia.
Ele não sustentou meu olhar se voltando para as delícias que estavam em sua frente, queria me proteger, mas me afastando não era o melhor método de fazer isso. Por mais irônico que soe, aprendi na pele que era uma péssima saída.
— Estou organizando o próximo dia de ritual — mudei o assunto não querendo o pressionar mais — Vamos nos preparar para te conseguir um novo shikigami, já sabe qual invocar?
Dessa maneira a conversa fluiu mais tranquilamente sem uma pressão estabelecida, poderia ser considerado injusto ele já ter um treinamento antes de ingressar na escola, mas a maioria das famílias jujutsu preparam suas crianças praticamente do berço. Não faria mal ele ter alguma experiência real, afinal quando se começa no primeiro ano não se tem ideia de quem seria seus colegas de turma.
Embora, no fundo da minha mente eu torcesse para ele ter companheiros tão bons quanto os de Maki. Sim, a outra renegada Zenin. Quando a época de aulas se aproximou ajudei a garota a se instalar desenvolvendo alguma proximidade, o talento dela era natural e brilhava intensamente quando tinha qualquer tipo de arma amaldiçoada em mãos; era como uma extensão de seu próprio corpo.
Toge Inumaki e Panda completavam a classe de novatos sob os cuidados de Satoru Gojo. Pelo menos era isso até alguns dias atrás, ele receberiam um novo aluno em breve, não tive muita informação de Yaga-san, mas sabia ser uma matrícula especial.
Deixamos o café quando o sol começava a se por, bem a tempo de ver o mesmo grupo que estava em meus pensamentos voltando de uma provável missão. Sozinhos.
— Não me diga, ele largou vocês em algum prédio abandonado e desapareceu. — perguntei andando de encontro aos jovens.
— E alguma vez ele faz algo diferente? — Maki ralhou — Pelo menos tinha um assistente para nos trazer de volta. Honestamente não sei como você aguenta ter um relacionamento com ele.
Suspirei — Às vezes também me pergunto isso, mas vocês são bons se eu fosse a sensei também não me preocuparia. Uma turma de gênios.
Seus rostos tomaram uma coloração avermelhada em resposta ao meu elogio, não pude deixar de sorrir. — Não fiquem muito tempo aqui fora, Megumi conversamos depois sobre a data da invocação.
Afastei-me com um aceno fazendo um caminho já conhecido em direção a sala de Shoko, ao menos uma vez por mês eu perdia alguns minutos com a minha amiga. Tirando o passado venenoso usando sua técnica de reversão, o tratamento proposto parecia ter dado certo, visto que não tive nenhuma crise desde a primeira sessão.
Bati na porta recebendo um chamado logo em seguida.
— Chegou na hora — disse indicando uma das mesas de autópsia. — Desse jeito vou pensar que gosta.
— Devo ter algum desejo masoquista reprimido — respondi rindo e me deitando na mesa de metal gelado — Prefiro ficar mal por um dia do que quase morrer de taquicardia, então faça o seu melhor.
— Eu sempre faço, caso contrário não estaria viva.
A luz doentiamente branca estava bem em cima da minha cabeça, sendo a única coisa fixa que eu podia olhar. Fechei os olhos quando comecei a enxergar pontos pretos Shoko segurou minha mão e disse que iria começar.
O processo não era terrível, mas também não era agradável. Na hora não causava dor, mas me deixava destruída depois dele, náusea, febre, cansaço, por algum tempo me tornava completamente inútil. Por esse motivo alguém sempre me escoltava de volta para casa, naquela noite não foi diferente.
Um dos assistentes dirigiu até o local, somente tive forças de tomar um banho e me deixar afundar no colchão macio. Naturalmente o processo de reversão já é exaustivo, mas quando atua direto com a energia amaldiçoada é ainda pior. É como ter uma parte de si arrancada apenas para ser completa por uma peça nova, que cresce lentamente e se molda ao vazio deixado.
O ar se movimentou revelando a presença de mais uma pessoa no cômodo. Satoru provavelmente olhou as minhas costas por um momento
— Foi dia da Shoko? Como você está?
— Péssima.
Um riso encheu o quarto enquanto seguia provavelmente para o banheiro, fechei os olhos tentando ignorar os calafrios que percorriam as minhas pernas. Minhas mãos suavam frio e as cobertas que mantinha até os ombros pareciam não fazer efeito.
Sono veio para me embalar em direção ao mundo de Morfeu, mas antes que pudesse me entregar por inteira nos seus braços tranquilos outros me rodearam. Satoru me virou deixando que meu corpo descansasse completamente sobre o seu, suas mãos traçaram o caminho da minha coluna até encontrarem apoio na polpa da minha bunda.
— O que você está fazendo? — ajeitei o rosto em seu pescoço me intoxicando com seu cheiro doce.
— Está com frio, calor humano funciona melhor que um cobertor.
— Não precisa colocar a mão dentro do meu shorts para isso.
O riso rouco reverberou por seu peito e em seguida senti seus lábios beijando a base do meu pescoço — É confortável.
Suspirei, mantendo os olhos fechados — Deixou o primeiro ano sozinho de novo.
— Dessa vez sob ordens do Yaga-san, impedi o conselho de dar uma ordem de execução.
Essa informação me forçou a usar o pouco de força que tinha para afastar o rosto e encarar seus olhos — Como assim?
— A maldição do aluno novo é de grau especial e como tudo que o conselho não consegue controlar eles preferem destruir. — respondeu alguns dos fios claros caindo em sua testa — O garoto é bem depressivo, parecia já conformado com uma pena de morte não queria nem a chance de ingressar na escola.
— E o que você fez?
Satoru deu de ombros — O deixei com o benefício da dúvida, se estiver bem pela manhã devia fazer uma visita. Acho que vai entender melhor que eu os sentimentos que se passam na cabeça dele.
— É um pouco raro você ser tão sincero assim — provoquei voltando a minha posição original, pronta para voltar a caminhar pelas estradas do sono. Porém, agora segura nos braços de Satoru — Qual é o nome do garoto?
— Yuta Okkotsu.
N/a: Obrigada por ler até aqui! Se se possível comenta o que ta achando pra eu saber que ainda tem gente interessada kakakaka.
Até mais, Xx!
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