Escola Irmã



Ajustei minhas vestes olhando no espelho de nosso quarto, Satoru parecia ainda bem confortável deitado na cama, não poderia pedir algo diferente afinal o sol nem sequer havia nascido e minha missão pelo dia pedia uma partida ainda de madrugada.

Olhei a bolsa em cima do colchão, pretendia voltar ainda hoje, porém teria que estar preparada para qualquer outra casualidade. Se fossem dias comuns poderia apenas usar minhas habilidades, mas Ieiri me disse para evitar por algum tempo, teria que me locomover até Kyoto via transporte comum, ou seja, 3 horas de viagem de trem e baldeações.

Sentei-me na beirada da cama fazendo um carinho no rosto do homem, ele apenas respirou fundo e a segurou minha mão contra o rosto.

— Precisa mesmo ir? Mande Akira mexer um pouco a bunda e correr atrás de documentos — reclamou —, aquele velho encostado.

Dei risada — De onde veio toda essa revolta? Sente tanta saudade de mim assim? Com certeza Akira sairá da Grécia para ver uma possível pista de Gaia em Kyoto.

— Deveria.

Abaixei para beijar seu rosto e em seguida sua boca, mantive a testa contra a sua até tomar coragem para me afastar. Poderia ser apenas um efeito do espaço-tempo, mas a cada dia parecia mais difícil se afastar. Ou era apenas uma desculpa minha para passar o maior tempo possível com o homem que amo, se nesse momento desse ouvido as minhas vontades reais continuaria ali entrelaçada entre seus braços, sentindo o calor de sua pele.

— É o primeiro dia de Yuta, pelos céus não se atrase. — tomei forças e levantei contornando para pegar minha bolsa, cada minuto a mais se tornava perigoso — O garoto já tem suas próprias inseguranças, não precisa se sentir abandonado também.

— Não vou me atrasar, você não está aqui mesmo. Minha má influência preferida — o encarei incrédula, sem-vergonha — Mande lembranças do grande Satoru Gojo aos velhos.

— Diz o diretor Gakuganji e os conselheiros? — segurei a porta para sair.

— E Utahime também.

Ajustei alça da bolsa e balancei a cabeça rindo — Vou tentar voltar de tarde, espere por mim Phillip.

— Sempre Bela-Adormecida.

Desci as escadas com um sorriso bobo brincando nos meus lábios, vi o carro da escola que me levaria até a estação parado na frente da casa, mas antes de conseguir abrir a porta da frente mãos seguraram minha cintura, me virando, e em seguida me prensando contra a porta.

— E meu beijo de despedida? Você é tão fria [Nome], é uma técnica para me manter interessado? — olhos de Satoru eram naturalmente brilhantes, mas naquele momento pareciam duas estrelas — Porque está dando certo, acho que vou me apaixonar de novo por você.

— Dizem que amar alguém é se apaixonar pela mesma pessoa todos os dias.

Seu rosto se aproximou do meu a ponto de nossos narizes se tocarem, dizendo com voz baixa uma frase que para nós significava tanto quando "eu te amo" — O que você vê [Nome]?

— Nós, um futuro e eu me atrasando se não me deixar sair de casa de uma vez. — Satoru sorriu e me beijou. Acenando da porta enquanto eu entrava no carro para seguir o meu caminho. Por sorte ele estava vestido apropriadamente, calças de pijamas escuras e uma camiseta branca.

— Bom dia senhorita, a acompanharei até a estação, um assistente de Kyoto ira recebe-lá em sua chegada.

— Tudo bem, obrigada pela informação.

Então o carro partiu, o sol não surgiu no céu até que eu estivesse na metade do caminho e como as informações diziam realmente havia um assistente me esperando do lado de fora, mas não sozinho. Utahime estava com ele.

Apesar de não ter um contato muito próximo com a mais velha, mantínhamos uma boa relação e chegamos a fazer algumas missões em conjunto. Bocejei e apertei meu ombro enquanto andava em sua direção, as poltronas eram confortáveis, mas era demais para minha coluna.

— Obrigada por vir Utahime, é bom ver um rosto familiar num lugar desconhecido.

O sorriso que ela me deu foi gentil, e o assistente se ofereceu para pegar a minha bolsa, disse que não precisava e em seguida ele indicou o caminho do carro.

— Aposto que a viagem foi cansativa, pode descansar um pouco se necessário [Nome].

— Não é preciso, mas se possível gostaria de passar em um café. Podemos seguir direto depois disso, não temos tempo a perder.

Ela concordou e dessa maneira foi feito, o local era diferente, mas mesmo assim tinha algo de familiar na atmosfera. O diretor me recebeu, e desde que eu o vi pela primeira vez parece não ter mudado nem um pouco, estava velho e enrugado como sempre.

— Kismet-san, já faz algum tempo. — me cumprimentou assim que entrei na sala —, como tem andado?

— Bem diretor — me sentei a sua frente — Antes de continuar, Satoru Gojo manda seus cumprimentos.

Sabia que eles se odiavam, o velhote também não era uma das minhas pessoas favoritas. Afinal estava envolvido na missão em que Haibara morreu visto ser um conselheiro, também deve ter votado a favor da execução de Yuta. Eu sabia não ser sua pessoa favorita, a estrangeira com mais poder que se podia controlar, mas como estava ali em visita oficial teria de aguentar.

— Pelo menos alguns modos você conseguiu colocar na cabeça daquele panaca [Nome], fico feliz por isso.

— Eu tento Utahime. — respondi vestindo minha usual máscara, encarando o velho com firmeza e intensidade — Mas não é sobre ele que se trata minha visita, Akira me informou que vocês tem registros sobre uma possível movimentação de Gaia.

— Sim, depois que Kimura-san passou o aviso, nós começamos a nos atentar um pouco mais a boatos. — a mulher comentou com as mãos no colo mantendo a cabeça baixa — Os nomes que ele mencionou, os das garotas, encontramos um registro antigo de sua origem.

— É bom que Tóquio tome as decisões certas dessa vez — diretor Gakuganji disparou, como uma lâmina afiada.

— Desculpe diretor, não compreendo.

Utahime me estendeu algumas folhas com informações — Veja por si mesma.

Mimiko Hasaba e Nanako Hasaba, eram as duas que Akira disse estarem recebendo o suposto dinheiro de Gaia. Depois de Miller e a trupe dos rebeldes gregos tropeçaram nas movimentações com os nomes de Vega e Ryker, foram nessas duas garotas que encontraram o fim da linha.

Até então desconhecidas.

Senti a respiração travar e um nó se formar em minha garganta, a folha presa entre meus dedos tinha informações que poderiam mudar por completo o rumo de nossas ações. Ambas garotas, eram da vila que Suguru Getou massacrou antes de fugir e se tornar um criminoso.

Demorou alguns meses até que Satoru me contasse de fato quais foram suas últimas palavras com, até então, seu melhor amigo: um mundo onde só existissem feiticeiros jujutsu.

Olhando agora parecia bem óbvio, uma política explícita de 'se não pode com eles, junte-se a eles'. Abaixei o papel sem realmente ter o que falar, vim para uma pista, mas parecia ter encontrado muitas respostas, respostas essas que ninguém estava preparado para descobrir.

Se não fosse o suficiente ainda havia menções a essa organização chamada 'globo estelar', um nome para despistar aqueles que os conheciam como Associação Recipiente do Tempo o mesmo grupo religioso que planejou a morte de Riko Amanai, contratando meu tio Toji Zenin.

— Sei que deve ser muito para digerir, [Nome]-san — Utahime comentou — Só tivemos as informações confirmadas nos últimos dias.

Limpei a garganta — Realmente, e pensar se tudo isso esteve praticamente embaixo de nossos narizes e nunca descobrimos.

— Me pergunto o porquê — o diretor alisou a barba comprida e grisalha —, até parece que não queriam que essas informações emergissem.

Senti minhas costas tencionarem, e ajustei minha postura para confrontar o mais velho — Está insinuando que a escola de Tóquio esteve envolvida no ocultamento de informações? É uma acusação bem grave diretor.

— Não de maneira nenhuma, mas não posso deixar de pensar... Todos vocês frequentaram a escola juntos não é mesmo?

— Diretor — Utahime tentou apaziguar os ânimos, mas bati a mão na mesa com força, erguendo o queixo.

— Gakuganji-san, Gaia ou o que quer que esteja envolvido é o motivo pelo qual quase morri aos meus dezesseis anos. É aquela responsável pelo massacre a minha terra natal, além de ter sido a causadora da morte de Akio Kimura, alguém que amei como um pai. — o ar da sala estava denso. Podia sentir a energia amaldiçoada, que Shoko me mandou não usar, fluindo do meu corpo e mudando a atmosfera.

— É mais que um insulto, insinuar que algum de nós possa estar escondendo algo. Não com todo o sofrimento causado.

— Deixaram que ele escapasse quando jovem, quem sabe quantos acidentes poderíamos ter prevenido — me rebateu, o velho não estava disposto a recuar.

Pena para ele que eu também não.

— Se a política é matar antes de se tornar uma tragédia, qual o motivo de mestre Tengen ainda estar vivo? — Minhas palavras foram descuidadas de propósito, não tinha motivos para temer qualquer um deles, não mais.

Depois que a assimilação com o receptáculo de plasma falhou da última vez, mestre Tengen estava mais suscetível a ser uma maldição do que um humano. Essa informação era completamente restrita então, o diretor se levantou num salto, sua energia amaldiçoada entrando em conflito a minha.

— O que está dizendo, sua tola!

— Aquilo que o próprio mestre Tengen me disse — a fúria em seu rosto foi tomada por sentimentos de confusão. — Acha mesmo que alguém com a técnica da eternidade deixaria de visitar um feiticeiro que controla o tempo?

Fazia já alguns anos, mas em segredo o criador do jujutsu me chamou, no fim éramos mais parecidos do que eu gostaria. Dois que tinham a maldição do tempo nas mãos, para fins diferentes, mas ainda assim similares. Naquele dia soube de sua história, e os problemas que se originaram na noite que receptáculo de plasma morreu.

— Suponho que está na hora de partir, Utahime você-

O velho se interrompeu quando viu que a mulher estava paralisada, o tempo na sala parou no momento em que bati a mão na mesa. Depois da linha do passado despertar, meu controle estava ainda mais preciso e sorrateiro, Gakuganji estava na palma da minha mão e nem sequer se deu conta disso.

— Direi uma única vez diretor — arrumei os papeis e me levantei — Aqueles que destruirão as boas práticas jujutsu serão os mesmos que se recusam a mudar e abandonar os pensamentos arcaicos. Os que se escondem nas sombras com medo.

Soltei o tempo, deixando que voltasse a fluir na sala em seu fluxo normal. Voltei a colocar o sorriso em meu rosto — Muito obrigada pela recepção diretor, irei passar as informações para o núcleo de Tóquio, e Akira continuara investigando da Grécia.

— Espera, já? — Utahime se levantou passando o olhar entre nós dois. O diretor me olhava com seriedade, mas não ousou se pronunciar, apenas me dispensou com a mão.

Girei meu punho e respirei fundo, aparentemente já estava tudo bem usar minha energia amaldiçoada novamente. Enquanto o tempo esteve parado, fora do meu controle ele continuou normalmente pouco mais de uma hora se passou entre o começo de nossa reunião e o fim dela.

Uma distância tão grande para algo tão rápido, talvez devesse aproveitar o resto da manhã e dar uma olhada pela escola. — Utahime, está tudo bem?

Perguntei quando a vi com a mão na lateral da cabeça — Sim, está só uma sensação. Desculpe não pensei que seria tão breve, se deslocou tanto.

— Não tem problema, já que estou aqui podemos dar uma volta? Fora poucas às vezes que vim, quase não me lembro da escola.

— Claro, deve ter alguns alunos no treinamento — imediatamente ela parou —, pensando bem talvez seja melh-

— [Nome]-senpai!

Virei e deslizando como se tivesse corrido até ali estava Todou, muitos podiam não gostar dele e ele também não tinha um jeito com pessoas. Porém, por algum motivo ele tinha certo apresso por mim, e respeito também.

— Tarde demais — ri da desalação de Utahime e aguardei o garoto se aproximar.

— Senpai, porque não disse que viria?

— Assuntos oficiais, não podemos sair divulgando — respondi — É só uma passagem vou voltar para Tóquio em breve, tenho assuntos a resolver.

O garoto juntou as mãos — Como esperado da senpai da Takada-chan, tão responsável.

Fazia tanto tempo que não ouvia esse nome que quase me esqueci que Todou tinha essas, histórias que giravam em torno da idol Nobuko Takada. Quando nos conhecemos pela primeira vez disse que alguém elegante como eu só poderia ter sido senpai da Takada-chan — também tinha algo a ver com a minha altura —, não em incomodava realmente.

Não tinha uma ideia em mente então a seu convite fomos até o campo de treinamento, alguns rostos conhecidos do ano passado e dos primeiro anistas apenas um.

Mai Zenin, a gêmea de Maki. Quando chegou o momento de tirar a garota da família também ofereci ajuda a sua irmã, mas fui completamente rejeitada. Não conseguia entender suas ambições, Megumi também não era fácil, porém Mai estava muito mais distante e mesmo que eu tentasse a alcançar não teria retorno.

Noritoshi Kamo e Nishimiya estavam por ali também. Apenas duas figuras eram desconhecidas e se apresentaram como Miwa e Mechamaru. Kyoto tinha um grupo interessante de alunos.

— Não quero atrapalhar — levantei a mão — Podem continuar o treinamento estou apenas gastando algum tempo.

Era engraçado ter qualquer coisa relacionada a tempo saindo da minha boca. Todou segurou as minhas mãos e se ajoelhou — Me daria a honra de acompanhar num treinamento senpai?

— Todou-kun, é desrespeitoso segurar de tal maneira uma mulher comprometida.

— Ainda mais com Satoru Gojo — Nishimiya concordou.

A garota que se apresentou como Miwa, tombou a cabeça para o lado — Hum? Satoru Gojo?

— Eu sei querida Miwa, é estranho ver alguém tão gentil e bonita namorando um idiota como aquele.

Dei risada — Desculpe Todou, estou me recuperando, fico te devendo uma.

Nesse momento meu celular acusou uma mensagem, era da escola. Como responsável legal por Megumi e Maki sempre que acontecia algo com eles eu era imediatamente avisada. A garota foi para o hospital após sair em missão com o garoto novo, Yuta.

— Parece que eu ainda vou ter que partir antes do esperado — disse para os alunos — Utahime, obrigada por me acompanhar e pelos documentos, espero que possamos nos encontrar na próxima vez em melhores condições.

— Igualmente.

Afastei-me e puxei a linha do tempo, o fio azul enrolou nos meus braços a energia amaldiçoada fluiu pelas minhas veias. Num único instante saí dos terrenos da escola jujutsu de Kyoto para o corredor de um hospital, Yuta que parecia estar olhando para sua mão deu um pulo e um grito antes de cobrir a boca.

Satoru estava de pé ao seu lado e por um segundo pareceu surpreso — Já avisaram sobre Maki-chan? Não se preocupe ela vai ficar bem.

— C-como? [Nome]!?

— Desculpe, Yuta tenho alguns truques — me sentei ao seu lado no banco segurando com firmeza a bolsa e as informações guardadas dentro dela. Coloquei a mão no ombro do garoto o tranquilizando — Então, como foi seu primeiro dia?










N/A: Obrigada por ler até aqui.

Atualização no meio da semana é um luxo. Eu usei Todou por motidos de, entre todas as variações de romanização é a que eu acho mais agradável. E Kyoto ta na legenda do Crunchroll ao invés de Quioto então vou manter também. Me digam se incomoda.

Até mais, Xx

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