Distorção Celeste
*Contado em 3º pessoa*
A balança tremia, de um lado o tempo do outro o espaço e no meio deles o pêndulo que media o equilíbrio oscilava. As técnicas que se chocaram naquela ilha deitada sobre o mar revolto causou efeitos que ninguém poderia explicar, talvez nem mesmo seus usuários.
Satoru Gojo e [Nome] Kismet, espaço e tempo, o espaço-tempo.
Algumas partes de Gunkanjima já pareciam ser locais isolados do atual plano físico em que eles se encontravam. Aquele mesmo prédio que [Nome] passou um bom tempo sentada fora reduzido a nada, em certo ponto no céu onde seus golpes se chocaram a distorção fazia os pingos de chuva ficarem lentos.
No chão, explosões causadas pelo restante das minas carvoeiras perfuraram o solo até atingirem o mar inundando uma parcela da cidade fantasma com uma água turva e salgada, um líquido que se manteve pegando fogo até mesmo sob a chuva gélida.
Ambos treinaram juntos durante anos e também tiveram pequenas discussões, mas nada comparado ao cenário de terror que assolou aquela terra abandonada. Eram velozes, tão rápidos que simples olhos humanos não conseguiriam acompanhar suas formas, e fortes como nenhum outro par de seres humanos.
O alojamento localizado no centro desprezado da cidade se dividiu em três partes antes de ser obliterado e um raio vermelho repelir os restos na direção contrária que fora lançado, seria um ataque catastrófico em vários níveis se um fio de luz azul não tivesse os impedido de se chocar contra o chão.
Satoru lutava do alto enquanto [Nome] preferia olhar as coisas debaixo, embora todos seus ataques tenham sido sérios, até mesmo aqueles que pareciam ser fatais acabavam dissipados. Por mais que o espaço ganhasse peso na balança, o equilíbrio universal parecia os neutralizar no final.
A grega era melhor quando lutando a distância então Satoru tinha certa vantagem sobre isso, mas também sabia que a namorada conhecia cada um de seus movimentos e tinha uma capacidade surpreendente para pensar em soluções e chegar até ele.
Conhecia sua força porque eram iguais.
[Nome] lançou seu ataque, os blocos massivos de cimento que foram arremessados em sua direção pelo homem -foram cortados em pedaços pequenos e lançados para o alto como uma chuva de meteoros- entretanto não foi preciso mais do que a manipulação do infinito de Satoru para evitar que as rochas o acertassem.
-Ficou sem ideias? - disse fazendo sua voz soar mais alto que a tempestade - Pareceu um ataque desleixado [Nome]-chan não passou nem perto de me acertar.
A mulher tinha os dois braços abertos e parecia visivelmente cansada, mas os olhos ainda tinham aquele brilho selvagem que Gojo tanto admirava. O corte na cabeça feito num ataque anterior sangrava, criando em seu rosto uma pintura bárbara que combinava com o sorriso largo e cruel moldado em sua boca. A imagem e semelhança de uma deusa do caos.
-Não era a minha intenção - a mulher passou a língua no canto da boca limpando o sangue que por ali escorria - Uma sugestão, não se transporte agora querido.
Satoru sentiu seu corpo recusar suas ordens só então percebeu o fio de cor púrpura que estava ligado em suas costas, era Trama.
[Nome] usou as rochas de distração e no momento em que ele se descuidou foi ligado a técnica de persuasão, ilimitado era inútil contra aquelas linhas entrelaçadas ao tempo. Os escombros que estavam ligados a milhares de fios foram puxados então com uma força tremenda Satoru caiu em direção ao chão, seu corpo abrindo uma cratera no solo causando uma onda de choque.
-Você é um pé no saco quando está lutando no alto.
[Nome] respirou fundo antes de passar o lenço encharcado pelo rosto manchado de sangue. Teve que trancar a linha do destino a sete chaves, sem arrependimentos ou sentimentos trocados, a dor de cada um seria única e exclusiva daquele momento.
Quase não teve tempo de se desviar de alguns metais arremessados em sua direção, um piscar de luz azul e seu movimento ficou lento e usando em seguida as linhas de Aisa imbuídas pelo próprio poder de Satoru impediu que fosse acertada cortando sua passagem por eles. Os ferros passaram direto por sua forma voando para o outro lado e causando uma nova explosão.
-Quando Yu morreu, você deu a sua energia pra mim - disse encarando sua mão e os fios que eram controlados por ela - Nunca se perguntou o que podia ter acontecido se eu consumisse tudo?
Satoru se levantou do meio das pedras batendo as mãos nas roupas e empurrando uma placa grande do que costumava ser a rua para o lado, a mistura de água e sujeira centenária era grotesca, limpou as mãos como conseguia e jogou os cabelos molhados para trás para ter um visão clara de sua oponente - Não pensei na hora, muito menos depois dela.
Antes que pudesse pensar em avançar, foi surpreendido por um ataque direto de punhos, linhas restritivas tomaram suas pernas com o objetivo de o prender. A ordem usando Trama não tinha sido clara o suficiente para impedir que ele usasse o tele transporte por todo o restante da luta então o homem foi capaz de se livrar daquela pequena emboscada com facilidade.
Tinha algo incomodando Satoru, apesar de ser a dona do tempo [Nome] não tinha usado muito a linha diretamente nele. Seria algum efeito colateral ou poderia ser algo a mais?
-Espaço e tempo não podem ser separados, é uma unidade. Se eu tivesse ficado com a sua técnica... Tudo isso teria acabado. - [Nome] girou suas linhas, cortes imensos surgindo no chão ao seu lado - O que foi separado estaria junto novamente, não teria mais promessas ou contratos.
Com sua técnica do Brilho Vermelho Gojo lançou alguns escombros na direção dela aproveitando a chance para se aproximar e confirmar suas suspeitas. A linha azul então se fez presente a sua volta, ajudando a feiticeira a escapar de sua investida.
Não tinha nenhum problema com chrono.
A conclusão que teve depois disso fez seu sangue ferver então farto daquela situação avançou com velocidade em direção de [Nome], fazendo com que ela voasse e batesse com força num muro que ainda se mantivera de pé.
Sem técnicas ou barreiras, apenas ele.
Socos foram trocados e defendidos, seus corpos se chocavam com violência numa dança impiedosa e cruel que tinha como prêmio o fim de uma promessa amaldiçoada ou a permanência de um futuro envenenado pelo passado.
-Qual o seu problema? Até parece que desistiu de tudo!
A mulher bloqueou o ataque chutando Satoru na lateral do corpo em seguida, esbravejando os pensamentos presos em sua mente - Acha de verdade que eu estaria fazendo tudo isso se não fosse porque eu te amo?
Sem dar a chance de resposta cobriu o rosto do homem com a palma da mão, suas linhas cantaram e com um impulso puxou os fios que fizeram Satoru se chocar de frente com uma rocha ele então passou a mão no queixo sentindo um gosto metálico na boca, sua mão estava pintada de vermelho. Depois de cuspir no chão o pouco de sangue que veio com o golpe encarou o rosto da mulher.
- Só não quer ter a culpa de me levar pra vala junto de você. Não é amor, é egoísmo.
A chuva e o vento se rebelaram, espirais coloridas flutuando ao redor dos punhos cerrados de [Nome]; o espaço entre eles não tinha nada além de dor e um fio carmesim que pulsava vibrante, arrastado e forçadamente, como as batidas de um coração quebrado.
Metais começaram a ranger, se arrastando em direção a dupla. Os raios estavam perigosamente próximos, a pressão no ar aumentou, a chuva diminuiu seu ritmo e quando um clarão iluminou o cenário seu brilho congelou mantendo apenas uma silhueta desolada.
-Sim - sua voz era fria e sem emoção - Me perdoe por querer te salvar.
Tão rápido quando foi pausado o tempo retomou seu curso normal e junto com ele uma nova onda de ataques brutais.
O soco de [Nome] acertou seu antebraço que foi levantado em forma de defesa, em seguida usando o impulso do próprio corpo chutou-lhe o rosto, mas antes se afastar Satoru pegou seu tornozelo ainda no ar e a puxou colocando a mão em seu pescoço e a prensando contra o chão.
-Não pedi por isso. - uma resposta seca carregada de uma verdade cruel e um força que rachou o chão.
[Nome] não desviou do seu olhar enquanto estava presa entre ele e o solo lamacento, foi nesse momento que o homem viu a postura dela vacilar pela primeira vez. Mas logo aquele lampejo de culpa foi sufocado por quaisquer fossem seus outros sentimentos, a grega se aproveitou da lama escorregadia para chutar o joelho de Gojo e inverter suas posições, prendendo Satoru entre suas linhas restritivas enquanto ganhava altura e principalmente distância.
O dono dos seis olhos a seguiu com seu tele transporte, destruindo as paredes pelas quais passava durante a perseguição.
-Já teve mais de uma chance de me derrotar, ou pelo menos me impedir [Nome]! - gritou repelindo os escombros que podiam o acertar. A feiticeira estava se movimentando por dentro do restante dos edifícios abandonados se escondendo. - Poderia ter usado chrono e me parado. Admita de uma vez que também não está tão certa do que está fazendo!
-Fale do que tem medo! - ele mal conseguiu ver o corpo dela se movendo pelos buracos nas paredes e cansado daquele confronto sob os panos, juntou suas mãos tomando uma decisão.
Quando o poder de atração e o de repulsão se combinam, viram movimento e reversão possibilitando então eliminar da existência parte da matéria física.
O brilho do Vazio Roxo acertou em cheio o prédio em que [Nome] estava se escondendo, causando a perda de seu esconderijo. Enfim conseguiu ter uma visão clara.
Satoru ativou sua técnica de lapso de brilho azul, usando seu próprio corpo de referência e forçando com que viesse em sua direção enquanto gritava com raiva para os ventos - Diga a verdade!
-Eu não quero morrer! - o grito que rasgou por sua garganta veio acompanhado de um trovão selvagem enquanto suas linhas cortavam o ar com um som agudo.
-Então pare de tentar entregar a sua vida pra mim e lute por ela em primeiro lugar!
O choque das técnicas fez o chão ruir, nem mesmo o céu aguentou sua força se partindo e dissipando as nuvens de tempestade. O mar agora adentrava o meio da ilha que fora dividida em duas, de ponta a ponta uma vala simplesmente apareceu, ou melhor, toda a matéria que ocupava aquela área sumiu.
Ambos estavam ofegantes e se olhavam nos olhos separados apenas pelo água que invadiu o canal recém feito.
-O que você vê, [Nome]?
Uma brisa fraca dançou ao redor das duas figuras, enquanto isso no horizonte o sol começava a nascer trazendo uma nova manhã e junto dela seu calor aconchegante. A distorção que causaram foi tão grande que mal perceberam que ficaram ali por uma noite inteira.
[Nome] abaixou a cabeça se mantendo em silêncio, somente quando os primeiros raios de sol acariciaram seu rosto e iluminaram as lágrimas que escorriam de seus olhos foi que falou.
-Nada - sua voz soou embargada, dolorida e abatida - Eu não vejo nada.
O silêncio do contrato que os mantiveram juntos através do século foi quebrado, Satoru sentiu através do fio o cansaço, o medo, desejos e inseguranças que [Nome] guardou.
-Mas eu quero ver você, todos os dias. Até que a morte tire eles de mim.
A frase tomou todo o restante de sua força fazendo suas pernas fraquejarem, e antes que pudesse alcançar o chão Satoru a segurou pela cintura com firmeza, mantendo seu corpo perto e pressionado contra o seu próprio como se precisasse de uma prova de que a mulher estava realmente ali.
- Sempre vou estar por perto quando precisar ser salva, mesmo que seja de si mesmo.
Os dedos dela apertaram a camisa do homem com força e seu choro foi abafado por um abraço, Satoru segurou a cabeça dela contra o próprio peito fazendo um carinho em seu pescoço, estranhamente estava quente diria até mesmo febril.
Não julgou tão incomum depois de lembrar que ambos passaram a noite na chuva.
O feiticeiro jujtusu interrompeu seu próprio pensamento quando sentiu o que restou da ilha embaixo de seus pés tremer, [Nome] pareceu ficar mais quente e seu choro foi substituído por uma tosse insistente.
Se afastando com a mão da boca reparou na mancha vermelha que escorria entre seus dedos, a mulher sentiu sua pele ficar mais quente e os batimentos acelerarem mesmo que o ar não estivesse fluindo para seu pulmão. Cada ação de seu corpo num ritmo diferente, se curvou para frente perdendo por um momento todos seus sentidos e no momento que tocou o chão com a mão só pode ouvir um som.
Seu coração, batendo tão rápido que se tornou lento, e mais lento até que subitamente. Parou.
E voltou.
[Nome] perdeu o brilho dos olhos antes de desmaiar. Gojo sentiu um choque percorrer o fio que os ligava e viu com sua habilidade ocular, a onda azul que percorreu toda a extensão da ilha.
Sem perder tempo, tomou a então namorada nos braços e se afastou do local. Ela parecia respirar calmamente, o calor instantâneo se dissipou e seu rosto estava tranquilo livre das frustrações que antes a atormentavam. Aquele poder parecia diferente dos efeitos colaterais da Dádiva das Moiras que ele já havia presenciado e o fato dele mesmo não ter sentido o fez pensar que era algo diferente, talvez não tão prejudicial mas uma técnica descontrolada.
Um poder imenso desgovernado.
Mirou a ilha fantasma, aquele local antes destruído parecia intacto como se a briga dos dois nunca tivesse acontecido.
Satoru ajustou [Nome] em seus braços antes de se transportar para a escola técnica de práticas jujutsu de Tóquio. Deixaria para pensar naquilo depois, quando estivessem juntos.
N/A: Hue hue olá meus amores!
Sabe que eu amo vocês, e amo meu casal também. Não sei se as coisas vão ficar tão bem depois da briga, porque né, verdade duras foram ditas.
Mas o tempo cura, e veja só [Nome] é a dona dele.
Vejo vocês semana que vem! Xx
Ps. eu fiz um tiktok da ilustração do cap passado, "meio animada" se quiserem olhar está no meu perfil lá @/iamhksan e está no meu twitter @/haikutrio também só precisa voltar um pitico.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top