Chamada Primordial
Senti o coração disparar de nervoso quando coloquei a chave na porta e abri, a princípio não havia ninguém no andar debaixo, respirei aliviada e segui para a cozinha colocando o pacote que tinha em mãos sobre o balcão, pegando em seguida uma garrafa de água na geladeira.
Aqueles momentos com Megumi e Tsumiki foram mais do que necessários, apesar do meu primo ter solto a minha mão antes de entrar na casa. Chegava a ser fofo como ele se preocupava - à sua maneira é claro - lembrava um pouco Toji nesse aspecto.
Mesmo estando de costas ouvi passos se aproximando e diferente da madrugada não me escondi. Encarei o fundo da garrafa como se tivesse algo de interessante ali, com a mente mais nítida vejo o quanto a atitude foi boba.
-Comprou o celular? - sua voz soou normal, mas tinha um tom de riso no final. É claro que ele não deixaria o pequeno bilhete passar despercebido.
-Sim - virei para o encarar de frente, dois podiam jogar esse jogo. - Dormiu bem?
Nossos olhares trocaram algumas faíscas, ele sabia que estava me referindo ao travesseiro pois desviou estrategicamente a atenção para o saco da padaria sem retrucar meu comentário, se dando permissão ele abriu o saco pescando de dentro um doce qualquer.
Olhei para os meus pés disfarçando o riso - Então... Que horas precisamos sair?
-Depende. Se usarmos meu teletransporte apenas de tarde, se quiser dirigir. - ele se virou para ver o relógio na parede - Em uma ou duas horas.
Satoru não tinha licença de motorista, não precisava, mas eu particularmente gostava de dirigir. Ainda mais se fosse por uma estrada tranquila. - Acho que prefiro dirigir, se não for um problema pra você.
Ele balançou a cabeça dizendo que não se importava, disse algo sobre pedir para trazer um carro da escola e sumiu por um instante voltando com um folheto do nosso destino.
-Para saber o que colocar na mala - foi o que disse antes de voltar toda sua atenção para a comida.
Agradeci e subi, o impresso era de um Spa Resort em Hakone onde a atração principal era desfrutar de uma noite estrelada de frente para a montanha do parque nacional Fuji-Hakone-Izu e com vista para o monte Fuji. As impressões no panfleto me passavam uma sensação intimista e romântica, piscinas de águas naturais, restaurantes e toda experiência que apenas um local tradicional como aquele poderia fornecer.
Não era tão longe, pouco mais de 90 minutos de estrada.
Meu coração se apertou, ele deve ter colocado bastante esforço em achar um lugar como aquele e planejar a viagem.
Coloquei o papel na cama e me atentei em começar a fazer a mala, normalmente esses lugares oferecem roupas mais adequadas, então não precisava me preocupar tanto. No canto do closet que nós dividimos, em meio às roupas de grife que Satoru insistia em me dar, reparei em dois cadernos de capa de couro.
Os diários de Akio-san e Theodore Kismet, meus pais - o biológico e o verdadeiro - os peguei da prateleira e voltei para a cama me sentando nela, em seguida puxei os barbantes e folheei as páginas já amareladas, oxidadas pelo tempo. Apesar de tê-los recebido a anos não me lembrava de ter lido com afinco seus conteúdos, quem sabe tinha algo ali que passou batido num primeiro momento e poderia me ajudar a resolver questões atuais.
Como planejado, a escola mandou um carro e em poucas horas já estávamos no carro a caminho do nosso destino. Eu dirigindo e Satoru confortável no banco do passageiro, ao meu ver seria uma viagem quieta com apenas uma música aleatória tocando na rádio e dando algumas notícias nos intervalos. Mas não era estranho, era um silêncio calmo com sentimento apaziguador.
Cerca de quarenta minutos de viagem depois tivemos a primeira interação, quando os dois esticaram a mão em direção ao rádio para aumentar o volume numa música conhecida, nossos dedos se tocaram de leve e eu recuei deixando para que ele mexesse no aparelho. Ainda sentindo uma energia estática percorrer meu corpo por conta daquele pequeno contato, nesse momento um toque de celular estridente soou, sendo padrão de fábrica só poderia ser do meu aparelho novo.
Desviei o olhar para o celular um segundo para ver que o número desconhecido tinha um DDI que começava com +30.
-É Akira - comentei, ele não costumava ligar - Pode atender?
Ele mexeu alguns botões e logo o toque mudou para a rádio - Satoru Gojo falando e antes que diga algumas palavras de amor pra mim Akira, saiba que está no viva voz.
-É bom que tenha me avisado, porque [Nome] não pode atender?
-Está dirigindo.
Do outro lado da linha ele suspirou fundo - Talvez você queira parar no acostamento [Nome], não tenho boas notícias.
Apertei o volante - É muito urgente?
-Sim, não estaria atrapalhando a viagem de vocês se não fosse.
Por sorte vi uma parada para viajantes no caminho, e disse para que esperasse um momento para que eu estacionasse. Assim que parei em uma vaga pedi para meu "irmão" continuar, Satoru estava apreensivo pois sabia que Akira não atrapalharia a viagem a bel prazer e que sim devia ser algo importante.
Aproveitei para alongar as mãos enquanto pedia para ele falar.
-Não tem uma maneira fácil de dizer isso. Então vou direto ao ponto, achamos um rastro da Gaia.
Olhei para o aparelho em choque, e em seguida para meu acompanhante me perguntando se ele havia escutado o mesmo que eu.
-Tem certeza Akira? Já nos deparamos com traços falsos antes. - questionei nervosa pela informação - Pode ser mais um.
-Não, Miller fez questão de confirmar inúmeras vezes. É real. Estão operando novamente, só não conseguimos identificar o que querem.
-E como vocês tropeçaram nesse assunto? - Satoru perguntou - Sei que eles sumiram do mapa por anos.
-Um feiticeiro Africano disse que um estrangeiro andou recrutando alguns deles para uma missão, tudo que conseguimos foram alguns registros de transferências milionárias para alguns lugares do mundo. - e continuou - Mas uma delas é regular, acontece todo mês.
-E de quem é? Para ter mencionado deve ser importante.
-Duas garotas aí no Japão, Mimiko Hasaba e Nanako Hasaba. Não conseguimos muita informação ainda, mas Nonato segue procurando. Sabemos que é da Gaia porque achamos relações com os outros setores... E o nome de Vega e Ryker aparece em algumas operações antigas.
A informação pareceu ser demais para a minha cabeça e me forcei a apoiar a testa no volante - Ótimo, tudo que eu precisava.
-Sei que não foi um bom momento, tá legal? Mas não sabemos o que eles querem, podem ir atrás de você de novo até onde eu sei, preciso que se cuide [Nome]. - e Akira continuou - Vocês dois.
-Eu entendo Akira - respondi por fim - Você está certo em avisar, e provavelmente é o único que se preocupa o suficiente pra fazer isso. É só que...
Deixei a voz morrer sem ter forças pra terminar apertando a direção entre os dedos enquanto fechava os olhos. Uma chance para recomeçar, era o que queríamos, tempo para reatar laços. Mas nem isso parecia que o universo queria proporcionar.
-Foram dias difíceis. - Satoru completou em meu lugar, senti sua mão correr as minhas costas de maneira reconfortante até subir ao meu pescoço e massagear ele de leve com movimentos circulares. Imediatamente meu corpo reagiu relaxando e soltando os músculos tensionados. - Para todos nós.
-Imagino que sim... - Akira respondeu com tom de dúvida - Era isso. Desculpe por atrapalhar a viagem.
-Não foi a primeira e nem vai ser a última. Vamos superar.
-Tem sorte que eu gosto de você garoto Gojo. - Akira respondeu do outro lado antes de se despedir - [Nome] falo com você quando voltar.
E dito isso ele desligou nos deixando novamente no silêncio. Engoli seco antes de me virar para o homem, ele viajava com os óculos ao invés das faixas, suas orbes brilhantes me encarando por cima das lentes escuras.
-Sente que às vezes suas habilidades são uma maldição?
-Quando jovem com frequência - deu de ombros me respondendo - Hoje já não tanto, não teria encontrado algumas coisas ao longo da minha vida se fosse diferente. Então maldição ou não, depende do ponto de vista.
-Gaia e Prometheus, tiraram meus pais biológicos, mataram meus colegas do monastério, condenaram Akio-san, deixaram essa... Essa... Falha do passado pra me matar. - listei com a voz exasperada não conseguindo conter a minha indignação ou lágrimas raivosas que se acumularam nos cantos dos meus olhos.
-Até onde vai a crueldade deles? O que mais vamos ter que sacrificar para acabar com isso de uma vez?
-Não tenho uma resposta para nenhuma delas. - me disse com sinceridade, tirando a mão das minhas costas e colocando sob aquela que apertava o volante - Akira disse que ainda não tem informações. Já estamos avisados, seriam loucos de tentar fazer algo com nós dois juntos...
A frase morreu com um tom de voz cínico e zombeteiro que me alertou que não vinha algo bom depois disso - Quero dizer, viu como ficou a ilha.
Senti a vergonha tomar meu rosto, pela frase que tratava o "incidente" de maneira leviana e por ele estar segurando a minha mão - Satoru não é hora pra brincadeiras, não... Mencione esse assunto desse jeito.
Minha companhia teve a coragem de rir - Desculpe, mas é verdade. Somos fortes sozinhos [Nome], mas juntos... Bom, não acho que tenha alguém forte o suficiente para conseguir fazer algo.
-Desculpe se te ofendi, feiticeiro jujutsu mais poderoso - liguei o carro com objetivo de continuar a viagem.
-Você disse, anos atrás. - respondeu mantendo o sorriso contido no canto da boca - Que somos o casal jujutsu mais forte de todas as eras.
Nisso ele soltou a minha mão para apoiá-la em minha coxa enquanto se virava para ver a paisagem. - Só estou repetindo.
N/A: Ihhhhhhhh, tipo... Assim... Ahhhhhhhhhhh, esses dois JQAPOWDXMQOINOXNJSL.
É sobre isso amores, não tem o que falar. Sei que "gaia" é um assunto delicado. MAS quem pegou a referência já pode imaginar com o que e com QUEM eles estão envolvidos.
Aviso meu, fiz um instagram pro perfil. Eu posto umas coisas lá, notícias, frases, umas fotos, coisas das fics. Se quiserem me seguir é @/ iamhksan acho um bom lugar pra bater um papo e interagir.
Até mais, Xx!
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