O Casamento
28 de Abril
Nova York, 6:13 PM
Brunna POV
Finalmente recebi alta e pude voltar pra casa, já não aguentava mais ficar naquele hospital. Eu ainda sentia algumas dores mas nada que os analgésicos que o médico receitou não resolvessem.
Lud estaciona o carro na garagem e sai dando a volta nele me ajudando a sair. Minhas costelas ainda estavam doloridas, por isso era necessário uma ajuda a mais. Subimos de elevador até nosso andar, ela coloca a pequena mala no chão e abre a porta me dando passagem. Assim que entro vejo nossos familiares e amigos ali reunidos e não pude evitar o choro.
- Surpresa! - Sorrio ao notar que eles se controlaram para não gritar.
Encaro Lud atrás de mim e ela sorria abertamente. Minha mãe vem até mim e me abraça com todo cuidado que conseguia.
- Que saudades de você minha filha! - Ela me solta e percebo que minha mãe chorava. - Eu tive tanto medo de...
- Mãe! Eu tô bem! - Limpo suas lágrimas com as pontas dos dedos e ela sorri.
- Você tem certeza, meu amor? - Sil se aproxima me dando um beijo na bochecha. - Tô te achando tão magrinha. Ela não tá magra Mia?
- Parece um palito!
- Eu tava no hospital né...
- É, mas agora tá em casa! - Minha mãe diz.
- Isso! Você precisar comer!
- Recuperar suas forças.
- Eu sei mas...
- Vem comer! - Sil nos chama e elas entrelaçam seus braços nos meus, uma de cada lado.
Ok, como se já não bastasse uma mãe doida e superprotera na minha vida, agora tenho duas.
Me sento na mesa com certa dificuldade e todos fazem o mesmo logo em seguida. Lud se senta ao meu lado me dando um beijo casto. Ela começa a me servir e todos já engatam uma conversa animada. Eu amava o fato da minha família ser incrivelmente animada. Poderia acontecer o que fosse, todos estaríamos juntos tentando passar pelas dificuldades com a maior alegria do mundo. Eu me sentia completamente abençoada por tê-los em minha vida.
O almoço seguiu muito bem. Renatão e meu pai se entendiam tão bem que quase pareciam a mesma pessoa, os dois logo trataram de engatar em uma série de piadas de tiozão fazendo todos reviraram os olhos com o humor duvidoso. Sil e Mia tentavam manter a pose mas não conseguiam segurar o riso por muito tempo. Meus cunhados, como sempre, ficaram se engalfinhando o tempo todo e Brunno se divertia às suas custas. Lud permaneceu quieta o almoço todo, parecia distante e pensativa. Dava pra notar que algo a incomodava mas eu não iria confronta-la naquele momento.
Depois de passarem a tarde toda em nossa casa, aos poucos, todos foram indo embora. Eu já estava um pouco cansada e o efeito dos remédios foram se dissipando.
Depois de me despedir de cada um deles resolvi sentar um pouco no sofá. Lud havia os acompanhado e mal percebi quendo ela voltou. Subo as escadas com certa dificuldade mas sem muita dor, assim que chego no quarto vejo ela saindo do banheiro. Minha mulher levou um susto quando me vê e vem até mim na mesma hora.
- Brunna! Tá doida?! Subiu sozinha?
- Eu tô bem amor...
- Não! Você não pode fazer esforço!
- Não era esforço, era só uma escada.
Ela me encara com um olhar de reprovação e eu me rendo. Sussurro um desculpa e ela somente beija o topo de minha cabeça me ajudando a deitar na cama. Reparei que minha mulher ainda tinha aquela expressão preocupada e aquilo já estava começando a me incomodar.
- Amor?! - Chamo enquanto ela tira os tênis dos meus pés.
- Hum?!
- Tá tudo bem?
Lud me encara curiosa.
- Tá, por que?
- Você ficou quieta o tempo todo. Mal conversou, nem ria direito das piadas. Aconteceu alguma coisa?
Ela respira fundo e então dá a volta na cama se sentando ao meu lado.
- Lembra daquelas mensagens que eu andava recebendo?
Busco em minha memória e somente tenho alguns flashes.
- Acho que sim...
- Eu... Sabia quem as mandava.
- Quem?
Ela respira fundo e abaixa o olhar.
- Bianca.
Meu estômago se embrulha só de ouvir aquele nome.
- Ela tava te mandando?
- Sim.
- E você sabia disso e não me falou nada?
Ela assente concordando. Respiro fundo tentando manter a calma.
- Por que?
Seus olhos se levantam e ela me encara.
- Eu não achei que fosse grande coisa. Só descobri quem era quando ela apareceu na empresa aquele dia.
- Mas você continuou recebendo.
- E continuei ignorando!
Um silêncio se fez presente e minha mente virou um turbilhão. Não sabia muito bem o que pensar. Desvio meu olhar do seu e encaro a TV desligada. Por que ela havia escondido isso?!
- Bru... - Ela toca meu braço e eu permaneço quieta.
Lud se levanta da cama e vai até a poltrona que tinha perto da porta. Ela se senta lá, apoiando a testa na mão.
- O que ela queria quando foi até a empresa?
- Ficar comigo.
Senti meu estômago se contorcer novamente.
- Ela queria vingança.
Seus olhos encontram os meus e uma expressão confusa surge em seu rosto.
- O quê?
- Você tirou tudo o que ela tinha! A empresa, o namorado... Ela queria fazer você sentir o que ela sentiu.
Um longo silêncio paira sobre o quarto e o único som capaz de ser ouvido era o de nossas respirações. Lud parecia pensativa, seu olhar era vago e ela brincava com os dedos batucando na poltrona.
Eu não queria ter que pensar nisso agora. Não queria brigar, não queria que nossa situação piorasse. Eu só quero paz e sossego.
Estico o braço na tentativa de pegar o remédio em cima do móvel mas sinto uma leve fisgada na costela. Lud escuta o gemido de dor quase inaudível e se levanta imediatamente vindo em minha direção.
- Já falei pra não fazer esforço!
- Mas não era esforço, eu só ia tomar o remédio.
- Mas você não consegue pegar, amor!
Ela me ajuda a sentar na cama e tira o comprimido da cartela o colocando na minha boca. Lud me entrega o copo com água e eu bebo tomando o remédio. Ela me encara com atenção e pude ver o carinho transbordando em seus olhos.
- Me ajuda a tomar banho?
- Pensei que não iria querer um hoje...
- Claro que quero! Não via a hora de me sentir limpa.
- É, cê tá precisando mesmo.
- Ei!
Ela ri e me dá apoio para levantar. Sorrio em resposta e caminhamos juntas até o banheiro. Lud ajuda a tirar minha roupa, eu estava com uma camisa de botão o que ajudou um pouco as coisas. Ela desabotoa minha calça e a tira junto de minha calcinha, percebi ela mordendo levemente o lábio inferior me observando completamente nua. Lud abre a torneira da banheira e me ajuda a sentar lá dentro. Ela tira suas próprias roupas ficando apenas de lingerie e entra junto comigo.
Seus toques era suaves, suas mãos percorriam toda a extensão de meu corpo da forma mais pura que conseguia, um silêncio gostoso e confortável paira sobre nós e pela primeira vem desde que acordei me sinto completamente bem. Eu fiquei chateada por ela não ter me contado sobre as mensagens antes ou sobre o remetente delas, óbvio, mas não era algo que queria trazer a tona agora. Eu só queria aproveitar nosso momento.
Assim que o banho acaba ela me tira da banheira, me enrola na toalha e sai de lá comigo. Fico em pé na beirada da cama esperando ela pegar meu pijama e me ajudar a vesti-lo. Deito novamente e ela me dá um beijo rápido dizendo que iria tomar um banho. Me ajeito melhor em baixo do edredom e decido esperá-la.
Acordo sentindo seus beijos leves e percebo que ela já estava vestida e deitada junto a mim.
- Oi, bela adormecida.
- Oi... - Minha voz sai meio falhada e rouca. Ela sorri franzindo um pouco o nariz e se aproxima mais.
- Bru.
- Hum?!
- Você é linda!
Fecho os olhos sorrindo e vou tateando seu corpo até chegar em seu rosto. Deixo um leve carinho ali e ela beija a palma de minha mão.
- Bru!?
- Hum?!
- Eu te amo!
Inspiro fundo e sinto uma paz enorme me atingir.
- Eu também te amo meu amor.
O silêncio se instaura mais uma vez e meu corpo relaxa. O remédio já começava a fazer efeito e o sono me atingia em cheio.
- Bru?!
- Hum?!
Ela faz uma longa pausa e então sua voz sai trêmula, tímida.
- Casa comigo?
Abro os olhos encarando minha esposa e sorrio.
- Nós já não somos casadas?
- Sim, mas quero casar de verdade, sabe?! Foi tudo tão rápido que mal tivemos tempo de aproveitar.
- Como assim?
Ela se apoia sobre os ombros na cama.
- Eu quero me casar com você do jeito que tinha que ser. Com uma cerimônia, nossos amigos e familiares juntos, nossas mães chorando agarradas, votos de casamento... Sabe!?
Era engraçado ouvi-la dizer aquilo.
- Sei...
- E então?
- Bom, primeiro você teria que fazer um pedido oficial, sabe?!
Ela sorri e então desliza sobre a cama ficando mas próxima do móvel que tinha ao seu lado. Lud tira algo da gaveta e então volta pra perto de mim.
- Não seja por isso!
- O que você tá...
Ela coloca um dedo sobre meus lábios me impedindo de continuar.
- Só me escuta! Ok?
Balanço a cabeça concordando e então ela respira fundo e me encara.
- Minha vida tem sido uma montanha russa. Eu morri, revivi, fui pra um lugar que nunca imaginei que pisaria, fiz amigos, encontrei meu anjo da guarda. - Ela bate a ponta do dedo no meu nariz e eu sorrio. - E descobri que esse anjo era ninguém menos que o amor da minha vida! Eu nunca imaginei isso. Nunca imaginei nada disso e se alguém me disse a alguns anos atrás, que tudo isso aconteceria, eu iria rir na cara da pessoa. Mas aconteceu, e foi incrível! Foi a experiência mais doida da minha vida e se fosse preciso, eu reviveria tudo outra vez. - Seus olhos começam a marejar e sua voz fica levemente embargada. - Você me mostrou uma vida toda nova e me provou que sempre existe a a chance de sonhar com algo. Eu nunca sonhei em te encontrar mas aconteceu, e foi o acaso mais lindo de todos. E entao me ligaram informando que você tinha sofrido um acidente. Naquele momento eu senti meu mundo desabar. Vi tudo ao meu redor perder o sentido. Quando eu te vi naquela cama, toda machucada, frágil e desacordada, um aperto no peito me fez perder o ar e eu senti tanto medo de te perder. Eu não consigo mais ver uma vida sem você ao meu lado amor. Você é o quê da sentido a tudo. Você encheu meu mundo de cor, encheu meu ser de esperança e me fez sentir um amor que eu nunca achei que seria capaz de sentir. Eu sei que pela lei nós já somos casadas, mas eu quero elevar isso. Eu quero fazer parte de você não somente ao olhos e leis do homem. Eu quero ser sua de corpo e calma e quero que você seja minha da mesma forma. - Ela senta na cama e abre a caixinha preta de veludo revelando um anel lindo com uma pedra em formato de coração. - Brunna Gonçalves Oliveira, você aceita se casar comigo, de novo?
Meu riso se mistura às minhas lágrimas e eu mal conseguia ter forças pra falar. Encaro o anel e corro meus olhos até o rosto de minha esposa que estava banhado em lágrimas e tinha um sorriso tão grande quanto o meu.
- Sim!
Ela solta o ar que eu mal sabia que estava prendendo e então me beija. Com calma, delicadadeza e muito amor. Lud segura minha mão e então pega o anel deslizando no meu dedo.
- Eu te amo! - Vejo seus olhos brilhando e sinto meu coração se aquecer.
- Eu também te amo, muito!
Lud me beija novamente. Seguro sua nuca e ela segura minha cintura com certo cuidado. Ficamos ali alguns minutos apenas aproveitando o beijo e eu me permito pensar que, dessa vez, tudo finalmente daria cerro.
[...]
18 Maio de 2019
Nova York, 11:03 AM
Ludmilla POV
- Como eu tô?
- Linda!
- Obrigado.
Daiane bebe mais um gole de champanhe e eu me encaro no espelho pela décima segunda vez.
- Tô com fome!
- Você comeu não tem meia hora.
- Ok.
Ando até o outro lado do quarto e encaro a movimentação pela janela.
- Acho que vou vomitar...
- De novo?
- Eu não vomitei!
- Mas disse que ia três vezes.
- Verdade.
Volto pro meu lugar me sentando na cadeira em a frente penteadeira.
- Da pra parar de balançar essa perna?
- Não!
- Ok! Chega! - Daiane vem até mim e começa a massagear meus ombros. - Deus, parece que seu corpo foi feito de concreto.
- Eu sei. Tô nervosa!
- Tô vendo!
Ela me encara pelo reflexo no espelho e sorri.
- Você sabe que já são casadas né?
- Sim.
- Nossa... Eu não te vejo tão ansiosa assim desde quando achou que tava grávida do Daniel.
Reviro os olhos e encaro minha amiga.
- Você tinha que me lembrar da fase hétero da minha vida justo agora?
- Só pra quebrar o clima...
Me encosto na cadeira e ela se apoia no móvel a minha frente.
- Aquele dia foi louco né?
- Oh...
- Eu fiquei com medo. Lembra que você chorou achando que sua mãe ia te matar?
- Mas ela ia.
- Eu sei!
Ela sorri e eu volto a me olhar no espelho.
- Você ficou tão nervosa com o primeiro teste que fez mais cinco pra ter certeza.
Rio me lembrando do desespero que senti naquele dia.
- Eu acho que tinha mais medo de ter um filho igual àquele cara do que qualquer outra coisa.
Daiane explode em uma risada e eu me junto a ela.
- Nossa... Éramos tão idiotas naquela época né?
- Sim!
- É... Bom, mas se tivesse dado positivo, ao menos você teria um filho inteligente.
Balanço a cabeça me negando em pensar em tal hipótese.
- Mas em compensação teria que aguentar aquele nerd lerdo.
- Argh, Deus me livre.
Seu corpo estremece um pouco e ela sorri. De repente a porta do quarto se abre revelando uma Luane completamente emotiva do outro lado.
- Você tá tão linda!
- Eu sei!
- Convencida.
- Realista!
Minha irmã revira os olhos e então vai até a janela.
- Já estão todos lá, só falta você e a Brunna.
Concordo com a cabeça e vejo Daiane virar a taça.
- E se ela desistir?
- Por que ela faria isso?
- Medo?
- Ela já é casada com você.
- Realmente...
Minha mente estava a milhão, eu não havia dormido quase nada noite passada. Brunna pediu pra que ficássemos separadas por um tempo até o casamento e foram as piores duas semanas da minha vida. Eu já não conseguia mais ficar longe daquela mulher. Sem seu corpo colado ao meu na hora de dormir, sem ver aquele sorriso quando acordava, sem sentir seu cheiro, seu toque, sem ouvir sua voz. Era uma tortura ficar tanto tempo longe tendo como único contato algumas ligações durante o dia. Eu havia ido para a casa de minha mãe e ela ficou em nosso apartamento, nem na empresa eu conseguia vê-la.
E agora eu estava aqui nesse quarto a quarenta minutos esperando o momento em que finalmente poderia ver minha mulher novamente. Eu estava muito nervosa, não sabia muito bem o que pensar ou fazer. Ouço três batidas na porta e Marcos surge, assim que seus olhos pairam sobre mim, se enchem de água.
- Tá na hora.
Sinto meu estômago se revirar de nervosismo e encaro minha amiga. Ela faz sinal de jóia pra mim e Luane segura meu braço.
- Vamos?
Respiro fundo, é agora.
- Vamos!
Saio do quarto com minhas damas de honra e desço as escadas do casarão chegando até o jardim onde tudo já estava devidamente arrumado. Luane sabia bem como fazer uma festa.
Vou até a entrada com Marcos ao meu lado e ele me entrega para Rensto, que sorria abertamente. A música começa a tocar e todos já estavam em seus devidos lugares. os padrinhos entram junto das madrinhas: Marcos e Cédric, Daiane e Patty, Larissa e Renatinho, Luane e Mario Jorge. Respiro fundo tentando conter o nervosismo e finalmente começo a entrar. Minha mãe havia entrado com Mia e já me esperava no altar.
Cumprimento meus familiares e os de Brunna com um leve aceno de cabeça e a cada novo passo dado, meu coração ameaçava sair pela boca. Tomo meu posto e entrego o buquê a Luane. Alguns minutos depois a marcha nupcial começa a tocar e então todos se levantam. Mal conseguia sentir meus pés e minhas pernas tremiam feito bambu. Meus olhos correm até a entrada e Brunna aparece junto de seu pai.
As borboletas faziam festa em meu estômago e eu não pude conter as lágrimas quando vi o quão linda minha mulher estava. Deus! Que saudade!
Seu vestido era simples, porém magnífico. Ele contornava o tronco de minha esposa dando ênfase todas as suas curvas muito bem desenhadas, o tecido leve voava conforme o vento soprava e deixava tudo ainda mais mágico. Ela sorria pra mim o tempo todo e eu não estava diferente. Desço o degrau e caminho até eles, Jorge me entrega Brunna e sussurra um "cuida bem dela". Eu apenas aceno com a cabeça e então nós duas seguimos até o altar.
- Podem se sentar. - O juiz de paz diz e então todos tomam seus lugares. - Estamos aqui reunidos...
Eu segurava firmemente suas mãos, como se ela pudesse fugir dali a qualquer momento. Brunna intercalava seu olhar entre mim e o juiz e seu sorriso permanecia intacto. Os olhos de minha esposa brilhavam a cada palavra proferida por ele e meu coração batia forte em meus ouvidos.
De repente lembranças começam a ser revividas em minha mente e eu apenas me deixo levar. Eu nunca imaginei que um dia poderia estar aqui, com ela. Tanta coisa aconteceu nos últimos dois anos e acho que nunca tive tempo o suficiente de assimilar tudo.
- E o que te trouxe aqui?
- A vida.
- Hum... Misteriosa.
Sorri pela forma como ela falou e ela me sorri de volta. Somente agora, olhando-a com mais atenção pude reparar em como ela era bonita.
- A misteriosa tem um nome?
- Oh sim, onde estão meus modos?! Prazer. - Estendo a mão para ela. - Ludmilla Oliveira.
- Prazer Ludmilla. - Ela segura minha mão e a aperta firme. - Eu sou Brunna Gonçalves!
Eu nunca imaginei que encontraria alguém como ela.
- Lud, eu gosto de você. Na verdade... - Ela para por um instante e sinto sua hesitação.. - Eu tô apaixonada por você!
Arqueio as sobrancelhas e meu queixo cai levemente.
- Você tem certeza disso?
- Sim. Eu só não queria admitir pra mim mesma, mas eu já sinto isso a muito tempo. Não sabia como você iria reagir, não queria que achasse que sou uma doida emocionada.
Brunna sorri nervosa e eu a solto. Levo minha mão ate seu queixo e torço o nariz pensando se esse era o momento certo.
- Então acho que temos um problema.
- Por que?
- Porque eu também tô apaixonada por você!
Eu nunca imaginei que iria querer alguém assim.
- Brunna Gonçalves. - Dou duas voltas com o galhinho em seu dedo anelar e amarro. - Você quer namorar comigo?
Ela ri divertida.
- Isso é sério?
- Mais sério impossível! Sei que não é da forma como você queria mas...
Antes que pudesse terminar a frase Brunna me beija. Aos poucos ela vai se afastando depositando alguns selinhos em mim e abre os olhos.
- Isso é um sim?
Ela se afasta e faz o mesmo percurso. Volta com um galhinho na mão e repete meu gesto.
- Isso, é um sim!
- Tá dizendo...
- Ludmilla Oliveira, eu aceito namorar com você!
Nunca imaginei que iria amar alguém assim.
- Para com isso. - Ela volta a arrumar a mala, nervosa.
- Não! Você me fez enxergar coisas que eu nem sabia que existiam. Você me fez sentir coisas que nunca pensei que seria capaz.
- Chega!
- Brunna...
- Não.
- Eu te amo!
Do dia para noite minha vida virou de ponta cabeça e eu serei eternamente grata a isso.
- Eu quero que você vá comigo, pra onde quer eu vá. Quero você ao meu lado não só hoje, mas sempre. Eu quero viver cada segundo que ainda tenho nessa vida e quero compatilha-los com você!
- Lud, o que...
- Brunna Gonçalves, você aceita se casar comigo?
Solto as palavras de uma vez só e sinto um nó se desfazer em minha garganta. Brunna continuava parada me encarando e eu não conseguia decorar seu olhar até ver as lágrimas caindo e um sorriso tomando conta de seu rosto.
- Sim! - Encaro minha namorada, eu mal podia acreditar naquilo. - Sim, amor! Sim, mil vezes sim!
E dessa vez seria para sempre. Brunna agora seria ainda mais minha e eu ainda mais dela. Seríamos uma só a partir de hoje!
- As alianças por favor. - O juiz pede e Yuri começa a entrar.
O garoto era puro sorriso, ele passa pelos convidados cumprimentando a todos e pára em nossa frente. Tira a caixinha vermelha no bolso do paletó e entrega ao juiz de paz.
Ele abre a caixinha e me entrega uma.
- Ludmilla, seus votos.
Respiro fundo e seguro a circunferência dourada, minhas mãos tremiam e Brunna me olhava com carinho.
- Brunna, com essa aliança, eu lhe prometo ser fiel, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na adiversidade, prometo me comprometer a amá-la seriamente, em todas suas formas. Agora e para sempre. Prometo que nunca vou esquecer que esse é um amor para toda a vida. E sempre sabendo na parte mais profunda da minha alma que não importa quais desafios nos separem, sempre encontraremos o caminho de volta uma para a outra.
Deslizo o anel no dedo de minhas esposa e uma lágrima solitária rola por minha bochecha. Ela prontamente a limpa e então pega a outra aliança.
- Ludmilla, eu olho para você e vejo minha melhor amiga. Sua energia e paixão me inspiram de formas que eu nunca imaginei ser possível. Sua beleza interior é tão forte que eu não tenho mais medo de ser eu mesma. Eu não temo nada. Nunca pensei que iria encontrar alguém para amar que me amasse incondicionalmente. E então me ocorreu que independentemente de estarmos juntas ou separadas, você sempre esteve comigo e você sempre foi minha alma gêmea. Você me dá propósito quando eu sinto não ter. Sem você, minha alma estaria vazia, meu coração estaria quebrado, meu ser, incompleto. Agradeço a Deus todos os dias por ter te colocado em minha vida e agradeço a você por me amar. Por isso, com essa aliança, eu lhe prometo ser fiel, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na adversidade, de hoje até o último dia de nossas vidas.
Ela coloca a aliança em meu dedo e a beija logo em seguida.
- Eu te amo pra sempre e mais um dia. - Sussurro e ela sorri segurando fortemente as lágrimas.
- Sendo assim, pelo poderes a mim investidos pelo estado de Nova York, eu vos declaro casadas. Pode beijar a noiva.
Me aproximo e seguro sua nuca. Deposito minha outra mão em sua cintura e giro Brunna deitando-a parcialmente, ela solta um gritinho e então eu a beijo, e aquele parecia ser o primeiro beijo de toda a minha vida. Puro, sincero e repleto de amor. Os convidados explodem em palmas e assovios. Levanto minha esposa e ela me abraça.
Saímos de mãos dadas enquanto ela pulava feliz. Pétalas de rodas são jogadas em nós e assim que saímos dali, Luane logo tratou de levar os convidados até a área da festa.
A cerimônia foi realizada no jardim da mansão da minha mãe e Luane havia contratado o mesmo buffet que fazia as festa da empresa, tudo estava impecável. A comida, decoração, até mesmo as músicas que o DJ tocava. Brunna e eu já havíamos cumprimentado e tirado algumas fotos com os convidados. Eu estava agora sentada em nossa mesa apenas apreciando a alegria de minha esposa que conversava animadamente com nossas mães e minha avó.
- É... - Daiane se senta ao meu lado. - Agora você é oficialmente uma mulher amarrada.
Sorrio para ela e nós brindamos.
- Tenha calma minha amiga, sua hora ainda vai chegar. - Ela torce o nariz assim que me ouve dizer aquilo.
- Não, obrigado. Essa loucura eu deixo só pra você.
Solto o riso que estava preso e ela me acompanha. Brunna vem caminhando até nós e eu me ajeito na cadeira.
- Posso saber o que as duas estão tramando? - Ela se senta em meu colo e me dá um beijo apaixonado.
- Nada demais amor, só estava dizendo a Daiane que logo eu serei a madrinha do casamento dela.
- E eu estava dizendo não, obrigado.
- Se eu fosse você não estaria tão certa...
- Brunna, eu não nasci pra me amarrar! - Daiane se encosta na cadeira e sua expressão demonstrava todo seu desdém. - Eu sou bicho solto, sempre fui. Vivo a vida avançada, porque a vida é minha, sabe?! Nunca vou me casar.
Brunna e eu nos encaramos.
- Nunca é uma palavra muito forte, Daiane.
- Pode até ser, mas a real é essa. Esse negócio de relação, casamento... Nah, eu nunca vou fazer isso.
- Ok, se você tá dizendo. - Brunna se levanta e me puxa. - Vem dançar comigo, amor?!
- Seu pedido é um ordem!
Caminho com ela até a pista de dança, seguro a cintura de minha esposa e começamos a nos balançar levemente enquanto escutávamos a melodia calma da música. Brunna me abraçava pela nuca e sua cabeça estava repousada em meu ombro. Naquele momento senti meu coração transbordar devido a todo o amor que eu estava sentindo. Ter minha mulher nos braços, nossa família e amigos reunidos em um dia tão feliz como esse, nada poderia ser tão perfeito quanto isso.
- Eu te amo! - Ouço sua voz surgir como um sussurro e a aperto um pouco mais.
Brunna me encara sorrindo e eu a beijo.
- Eu te amo!
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