Insegurança
ai gente então, cês queriam capitulo (longo) ent toma! (os últimos estavam mais curtos pq o bloqueio tava forte, mas finalmente consegui desenvolver um legal.)
sobre os sumiços: é normal, eu sumo pq fico esperando vcs lerem, comentarem e votarem. nesse meio tempo eu vou escrevendo mais e por aí vai.
eu fico feliz real qnd vcs cobram cap novo pq isso quer dizer q vcs gostam da história né?
ent é isso, MT obrigado e vamos de leitura.
TA CHEGANDO A HORA DE, a Lud voltar e tudo começar a andar, mas antes... O tombo veio, rs.
votem e comentem MT, eu amo ler os comentários de vcs e eles me ajudam a dar continuidade na história, vcs são fodas! ❤️
boa leitura mores 💕
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17 de Fevereiro
Nova York, 6:30 AM
Daiane POV
- VOCÊ O QUÊ?
- Calma Dai...
- Calma? Como calma Ludmila? Você tá louca?
- Eu não consegui resistir.
- Você tá louca!
- Ele não sabe de nada!
- Como não sua idiota? - Começo a andar de um lado pro outro no quarto. - Ele te viu! Viu sua cara, ouviu sua voz, agora ele sabe que você tá viva!
- E daí?
- Como assim e daí ludmilla! Você tem noção do perigo que se meteu?
- Não foi nada demais.
- Ludmila presta atenção! - Caminho até ela me sentando novamente e seguro suas mãos. - Esse cara é louco! Ele literalmente planejou e executou sua morte. Sério, se não fosse por Deus você teria virado comida de peixe e nós não estaríamos tendo essa conversa agora!
Lud respira fundo fechando os olhos. Eu não sei o que aquela garota tinha na cabeça.
- Eu sei que passei do limite...
- Você passou por todos os limites! Você estava igual um carro desgovernado ultrapassando todos os sinais de pare!
- Eu sei! Mas eu não pude resistir... Porra esse cara tentou me matar.
- Exato! E ele não hesitara em tentar de novo!
- Eu sei! Mas não pude evitar...
Respiro fundo pela enésima vez e passo a mão no rosto.
- Só tenta não fazer mais nenhum merda ok?! Eu sei que é difícil, porque você é viciada nisso, mas sério, se alguma coisa der errado a gente não sabe o que ele é capaz de fazer!
Ela me encarava atenta como se degustasse cada palavra que eu dizia.
- Desculpa.
- Não! Ainda tá muito cedo pra você dizer isso.
Lud se joga deitando na cama com os olhos fechados enquanto eu observava a parede.
Nós tínhamos um plano. Um ótimo plano, que colocaria aqueles dois marginais na cadeia, mas agora que ludmilla resolveu bancar o V de Vingança tudo poderia ir por água abaixo.
- É só que... Voltar pra cá, sabendo de tudo o que ele fez e ainda tem feito na empresa. Ter consciência de que ele arruinou toda a minha vida e não poder fazer nada, isso me enlouquece entende?!
- Sim, eu entendo. Mas você não pode simplesmente bater de frente com ele! Não da!
- Eu já sei!
- Mas não parece, caralho! Que inferno Ludmilla, cresce! Aja como uma adulta pelo menos uma vez na vida.
- É difícil sabe!? - Ela bate as mãos no colchão se levantando. - Ele arruinou minha vida! Me apresentou uma mulher que fingia me amar, tentou me matar, acabou com minha família e agora com minha empresa, Daiane ele tirou tudo de mim, tudo o que eu tinha e a troco do quê? Eu nem sei o que eu fiz pra esse cara pra ele me odiar tanto assim! Não da pra simplesmente esquecer e pronto. Eu não sou assim!
Suspiro derrotada. Eu entendia sua frustração, poderia ter uma idéia de como ela se sentia. Lud tinha somente duas coisas que mais presava nessa vida e Rômulo as destruiu. Eu podia saber a dimensão de seu ódio e revolta, mas ainda assim, aparecer para seu assassino daquela forma era incrivelmente imaturo e perigoso.
Decido deixar aquela conversa pra depois. Talvez pra nunca mais, não queria me desgastar explicando tudo o que poderia dar de errado naquele plano idiota, nem brigar com minha amiga. Já tivemos emoções demais nessa semana.
- Ok. Eu entendo. Só tenta não fazer mais nenhuma besteira, pelo amor de Deus.
- Não vou.
- Ótimo. - Me levanto da cama e vou até a porta. - Agora dorme, você precisa descansar.
- Tá bom.
Saio do quarto e antes que pudesse fechar totalmente a porta ouvi sua voz me chamando.
- Sim?
- Obrigada.
- Pelo quê?
- Por tudo. Por estar me ajudando tanto e por todas as brigas e puxões de orelha.
- Me agradeça quando isso tudo acabar e você puder estar de volta.
Lud apenas assente.
- Bao noite, dona encrenca.
Ela sorri negando com a cabeça.
- Boa noite, ranzinza.
[...]
25 de Fevereiro
Rio de Janeiro, 10:40 PM
Ludmilla POV
Assim que coloquei os pés no Brasil me senti em casa. Confesso que era meio estranho ja que esse país era somente meu refúgio, mas meu coração insistia em dizer que eu pertencia a esse lugar.
Não demorei muito pra chegar em casa. Depois de duas semanas longe a única coisa que eu queria mais que tudo era minha cama, e minha namorada é claro.
Finalmente consigo entrar em casa depois de me atrapalhar com a mala, estava pronta pra acender a luz quando ouço aquela voz suave que fez meu coração acelerar.
- Deixa apagada.
Poderia ter me assustado, mas eu sentia tanta saudade que apenas fiz o que me foi pedido.
- Tá tudo bem?
A casa estava parcialmente iluminada por algumas velas espalhadas aleatoriamente na sala e cozinha.
- Tá sim. Vem cá.
Imediatamente soltei a mala e fechei a porta. Caminhei em passos lentos até o cômodo da frente.
- O que você tá tramando, hein?
Ela ri tímida e da de ombros. Assim que entrei na cozinha o aroma invadiu meus pulmões sem pedir licença. Brunna havia arrumado a mesa para dois. A encaro já entendendo bem o que havia planejado. Ela mantinha o sorriso inocente, seus olhos estavam tão brilhantes quanto as chamas da vela que estava sobre a mesa.
- Preparei um jantar pra gente. Pedi pros meninos darem uma volta pra podermos ficar a sós. Gostou?
- Muito!
Brunna alargou ainda mais o sorriso e veio até mim. Entrelaçou os braços em meu pescoço e minhas mãos pousaram automaticamente em sua cintura.
- Senti sua falta, amor. - Disse fazendo um biquinho que eu logo tratei de mordiscar levemente.
- Também senti a sua.
Brunna sorriu e logo depois me beijou, com calma e muita, muita saudade. Deixei que ela conduzisse o beijo que não demorou muito para ser cessado.
- Vem, o jantar está pronto.
Puxei sua cadeira e ela se sentou, fiz o mesmo logo em seguida ficando de frente para ela. Brunna nos serviu espaguete ao molho pesto, meu favorito. Abri a garrafa de vinho e servi nossas taças. Ela me observava com os olhos atentos e um sorriso lindo.
- Podemos comer?!
- Por favor!
A comida estava muito boa. Brunna era uma ótima cozinheira e tudo o que ela fazia era simplesmente divino.
- E então, como foi a viagem?
Senti uma pontada no estômago ao ouvir aquela pergunta. Só de lembrar tudo o que aconteceu uma sensação ruim apareceu.
- Foi boa. Matei a saudade do lugar, de Daiane. Revi velhos conhecidos...
- Que bom amor. Você viu sua família?
- Não, foi uma viagem rápida. Mas na próxima vou poder matar a saudade.
- Próxima?
Ela parou de comer na hora e me encarou. Dessa vez o sorriso já não estava mais ali.
- Sim. Nessa viagem eu fui somente pra poder cuidar de uns assuntos, mas na próxima vou voltar pra ficar.
Brunna depositou a taça na mesa ainda me encarando. Eu continue comendo até que percebi ela se levantar.
- O que foi, Bru?
- Nada, amor.
Ela permanecia em pé na beira da pia, de costas pra mim. Peguei os pratos e os coloquei na pia puxando-a logo em seguida. Seus olhos estavam violentamente marejados e sua expressão já não era mais de alegria.
- Por que tá chorando?
- Eu não tô chorando. - Ela abaixa a cabeça e passa a mão nos olhos.
- Por que ficou assim, amor?
Ela respirou fundo ainda sem me encarar.
- Por nada, só não imaginei que iria ter que lidar com sua ausência tão cedo de novo, ainda mais pra sempre.
Franzo o cenho estranhando o que ela havia dito.
- Como assim, pra sempre?
- Ué, cê acabou de dizer que vai voltar pra ficar.
- Bru. - Seguro seu queixo fazendo ela me olhar e encaro seus olhos fazendo um leve carinho em sua bochecha. - Quem falou que eu vou sozinha?
- O que?
- Brunna, eu não seria louca de ir a lugar algum sem você!
E lá estava, aquele brilho sem igual que seus olhos tinham, o sorriso incomparável da minha namorada se refez enquanto ela mudava sua expressão de dúvida pra felicidade.
- Lud...
- Não! - Coloco meus dedos sobre seus lábios a impedindo de continuar. - Não fala nada.
Ela resmunga com os lábios comprimidos entre meu dedo e eu o retiro.
- O que?
- Eu disse. - Brunna se aconchega mais em meu abraço. - Que seria incrível poder ir com você.
Dessa vez quem sorri sou eu. Seria realmente incrível tê-la do meu lado em um momento tão importante.
- Eu acho que já não consigo mais ficar tanto tempo longe de você.
Bru deita sua cabeça sobre meu peito e deixo um beijo ali.
- Eu também. Na verdade, eu nem quero mais ficar longe de você. Cê me faz bem Lud.
- Ah, eu sei, eu sou maravilhosa mesmo sabe?!
Ela ri me dando um leve tapa no ombro. Brunna volta a me encarar, tiro alguns fios de seu cabelo da frente do rosto e ela suspira fundo.
- Você também me faz bem, Brunna Gonçalves. Você faz com que eu seja uma versão melhor de mim mesma. Nunca imaginei que seria capaz de viver algo assim com alguém.
- Isso é uma declaração?
- Hum. - Coloco o dedo indicador e o polegar no queixo fingindo estar pensando. - Claro, por que não?!
Brunna ri de novo e eu me junto a ela. Ela me dá alguns selinhos demorados e volta a me encarar.
- Você é maravilhosa, eu te amo.
De repente um estalo surge em minha mente. A encaro surpresa, ela realmente disse aquilo? Eu realmente ouvi aquelas três palavras ou era delírio? Acho que fiquei tempo demais calada pois ela estava agora na minha frente, fora do meu abraço com as mãos sobre a boca e os olhos arregalados.
- Você... O...
- Desculpa! Não era pra mim ter dito isso, eu não quis... Quer dizer eu quis mas não assim. Não agora, desculpa eu... Eu não...
Ela gesticulava loucamente com as mãos e sua voz saía trêmula e irregular. Eu ainda estava em estado de choque devido aquilo.
- Brunna...
- Não! Você não precisa dizer nada, eu sou louca, não devia ter dito. Desculpa.
- Tá tudo bem.
- Eu sabia que se dissesse iria parecer uma louca mas... Espera, o quê?
- Tá tudo bem, não precisa ficar assim.
- Mas eu...
- Eu sei.
Me aproximo novamente com calma segurando suas mãos, um pouco trêmulas e geladas e volto a olhar no fundo de seus olhos.
- Me desculpa não responder da forma como você imaginava, isso tudo ainda é meio complicado pra mim.
- Não tem problema.
- Ok.
Ela tentava de todas as formas parecer calma. Sei que havia um desapontamento gigante em me ouvir dizer aquilo, mas eu não poderia lhe responder o mesmo, não com tanta sinceridade. Eu não sabia se meu sentimento chegava a ser recíproco. Sempre foi difícil pra mim descobrir o que realmente sentia.
- Estamos bem?
- Claro.
- Tem certeza?
Brunna suspira pesado e seus ombros se relaxam. Ela sorri me encarando e o clima agora estava um pouco mais tranquilo.
- Sim, tá tudo bem.
Sorrio de volta e abraço minha namorada. Sei que não é justo com ela, mas eu preciso ter certeza antes de dar o primeiro passo, não queria que fosse nada em vão ou superficial. Brunna me solta levemente e me beija. Com calma, como da primeira vez.
Subo minhas mãos por seus braços até encontrarem sua nuca, seguro uma pequena mecha de seu cabelo e ela suspira. Brunna pede passagem com a língua e eu cedo sem nem pensar duas vezes. O beijo vai ganhando algo a mais, já não era mais tão calmo assim e começa a ficar um pouco mais sincronizado. Nossas respirações começam a ficar irregulares e um pouco mais fortes. Trilho os dedos por suas costas até chegar em sua cintura e a empurro com cuidado até atingir a borda da mesa. Separo o beijo por alguns instantes afim de recuperar o fôlego e nos encaramos nesse meio tempo. Seus olhos transmitiam toda a saudade e sentimento que havia dentro dela, eles brilhavam intensamente.
- Você é linda!
Ela sorri tímida e volta a me beijar. Seguro em sua cintura dando impulso e ela se senta sobre a mesa na parte livre que havia ali. Minhas mãos percorriam um caminho cego descendo por suas pernas até seus joelhos e voltando por suas coxas até atingir a barra do short que ela usava. Brunna me segurava pela nuca com a mão e com a outra me puxava contra seu corpo causando um certo atrito entre nós. Ela sobe os dedos até a barra da minha blusa e começa a brincar ali. Aperto o interior de suas coxas e ela geme baixinho separando o beijo. Migro meus lábios por sua mandíbula até chegar no pescoço e começo a distribuir alguns beijos fazendo-a se arrepiar. Seu cheiro me invade me deixando entorpecida e meus beijos ficam cada vez mais encorpados. Brunna sobe minha blusa entre seus dedos e suas mãos levemente frias me causavam arrepios constantes. Assim que o tecido atinge a altura de meus seios me afasto levemente.
- O que foi? - Ela estava um tanto desnorteada. O cabelo bagunçada, os lábios vermelhos e levemente inchados lhe davam um ar completamente sexy.
- É que, eu acabei de voltar de viagem e ainda tô com esse clima de avião. Se importa se eu tomar um banho antes?
Ela abaixa a cabeça sorrindo e solta a camiseta.
- Pode ir, mas não demora.
- Não vou!
- Vou te esperar no quarto.
Brunna se levanta e me da um beijo rápido indo em direção as escadas. Acompanho seu corpo até ele sumir e corro até minha mala pegando a toalha e uma roupa. Entro no banheiro as pressas e ligo o chuveiro.
Brunna POV
Fecho a porta atrás de mim e começo a conferir se tudo estava da forma certa. Eu havia pedido pra Larissa e Renatinho saírem e só voltarem de manhã, estava cansada de ser interrompida na melhor parte. Tudo estava perfeitamente bem arrumado da forma como eu havia planejado, a não ser pelo urso de pelúcia que estava sobre minha cama. Peguei o objeto e guardei de qualquer jeito no guarda roupas. Fechei as cortinas e sentei na cama, eu estava extremamente nervosa.
As borboletas no meu estômago estavam em festa. Não sabia se era pelo que estava prestes a acontecer ou se foi pelo mico que paguei a pouco na cozinha. Aquela frase não fazia parte do plano mas quando eu vi, já tinha saído. Nunca me senti tão idiota quanto naquele momento. Eu não sabia como ela iria reagir e sabia que não iria responder o mesmo, assim tão cedo. Já esperava aquela reação, mas não me livrou do pânico momentâneo. Mas tudo isso já havia passado, talvez ela já tivesse esquecido e agora, algo bem mais interessante iria acontecer.
Termino de analisar todo o cômodo e finalmente penso em mim. Levanto e vou até o espelho, é... Até que eu tô bonita...
Arrumo meu cabelo deixando algumas mechas caídas no ombro. Apago a luz do quarto e acendo o abajur deixando uma meia luz iluminar parcialmente o cômodo. Estava faltando alguma coisa... Música! Claro!
Desço do quarto com certo cuidado e ouço o barulho do chuveiro, Lud cantarolava alguma coisa e eu não pude evitar de sorrir ao me dar conta de seu entusiasmo. Vou até a sala e pego meu celular e duas velas que estavam sobre o móvel. Meio antiquado, eu sei, mas não pude evitar. Antes de subir, observo sua mala na entrada da sala. Não seria bom deixa-la ali. Se meus amigos chegassem e a vissem, iriam tentar de toda forma colocá-la no quarto só pra saber o que tínhamos feito. Vou até a mala preta e a pego subindo de volta pelas escadas, dessa vez com certa dificuldade. O que diabos Ludmilla carregava ali dentro, tijolos?
Finalmente de volta ao quarto, coloco as velas em pontos estratégicos e as acendo. Monto uma playlist rápida no aplicativo de música e deixo tocando enquanto levo a mala pro canto. Assim que a posiciono, com certa dificuldade o celular de Lud cai de dentro da bala de tela no chão. Meu coração da uma leve apertada, com toda certeza não seria nada legal o celular ter espatifado por minha culpa. Seguro ele ainda de costas e viro a tela pra cima. Tudo parecia bem, sem trincados ou arranhões, graças ao bom Deus. Assim que iria largar o aparelho em cima do móvel ao lado da cama o sinto vibrar. Uma notificação de mensagem aparece na tela e eu me sinto tentada a olhar, mas não seria certo.
Se bem que, deixar no modo vibra poderia nos atrapalhar, e eu não estava nem um pouco afim de ter interrupções por causa de Daiane de novo. Deslizo a tela e o teclado da senha surge. Penso um pouco e tento uma combinação de números, sem sucesso. Tento a segunda vez, a terceira... Na quinta e última finalmente consigo acertar. Coloco no modo silencioso e quando estava pronta pra bloquea-lo novamente, outra mensagem aparece.
"Os papéis do divórcio finalmente saíram, logo você será uma mulher livre. Sinta-se a vontade pra me agradecer depois por te tirar desse casamento."
De repente sinto um soco na boca do estômago. Clico na mensagem e começo a ler as primeiras.
"Pronta pra finalmente se ver livre de sua esposa querida?"
"Já está tudo encaminhado junto com o resto da papelada. Em alguns dias estará livre das algemas que te prendiam a Bianca."
Isso só podia ser um pesadelo. Daqueles que você acorda gritando e se tremendo inteira da cabeça aos pés. Isso não pode estar acontecendo comigo. Ludmilla é casada? Quem é Bianca? Foi isso o que ela foi fazer em Nova York? Esse tempo todo ela estava mentindo?
Sinto uma lágrima teimosa e fria percorrer minha bochecha e a raiva toma conta de mim. Quando o impulso de jogar aquele celular na parede surge, ouço a porta se abrir e não tinha coragem o suficiente pra encarar a pessoa que estava ali.
Ludmilla POV
Termino meu banho que nem foi tão demorado assim. Me seco rapidamente e coloco a roupa que eu havia pego, uma lingerie de renda vermelha e um pijama simples. Termino de secar parcialmente meus cabelo e saio do banheiro em seguida. Antes de subir, volto pra sala em busca de minha mala e percebo que ela já não estava mais ali. Será que Brunna havia pego?
Dou de ombros e subo as escadas. Abro a porta entrando no quarto e vejo Brunna de costas em frente ao móvel.
- Voltei! Eu disse que não iria demorar.
Fecho a porta e coloco a toalha na beira da minha cama, Bru permanecia de costas pra mim. Me aproximo lentamente dela e seguro em seus braços depositando um beijo em sua nuca. De repente sinto seu corpo rígido e ela se afastando um pouco.
- Amor? O que foi?
- Cala a boca. - Sua voz sai em um sussurro porém sinto a rispidez em seu tom.
- Bru?
- Eu mandei calar a boca!
Ela se vira pra mim me empurrando e vai em direção a porta. Caio sentada na cama, confusa demais pra entender o que tinha acontecido até que percebo que ela seugava meu celular na mão.
- Quem é Bianca? - Brunna me encarava com raiva. Seus olhos estavam marejados e algumas lágrimas rolavam por seus rosto.
- O que?
- Não se faça de imbecil! - Seu tom era firme e grosseiro. - Você sabe bem do que eu tô falando!
- Na verdade eu não sei. Como você soube da Bianca?
- Pronta pra finalmente se ver livre de sua esposa querida? - Ela lia na tela do celular enquanto suas mãos tremiam e mais lágrimas caíam. - Já está tudo encaminhado junto com o resto da papelada. Em alguns dias estará livre das algemas que te prendiam a Bianca. Os papéis do divórcio finalmente saíram, logo você será uma mulher livre. Sinta-se a vontade pra me agradecer depois por te tirar desse casamento.
De repente tudo se fez claro como água. Eu sabia bem quem havia mandado aquelas mensagens. Daiane iria me pagar caro por isso.
- Brunna, calma. Eu posso explicar.
- Jura? Então começa!
Respiro fundo e me levanto da cama indo em sua direção.
- Não se atreva a dar mais um passo! - Ela coloca a mão na maçaneta. - Fica longe de mim.
- Brunna, não faz assim...
- Fala logo!
- Ok! - Respiro fundo tomando fôlego. - Bianca é minha... Ex mulher.
- Então você é casada?
- Era!
- Não de acordo com isso! - Ela levanta o celular. - De acordo com Daiane, vocês ainda estão casadas.
- Por pouco tempo.
- Então você ainda tá casada!
Relaxo os ombros fechando os olhos por alguns instantes. Essa conversa seria longa.
- Tecnicamente eu ainda estou casada, mas por pouco tempo. Legalmente o casamento não conta porquê...
- Legalmente? Você tá tirando com a minha cara?
- Não!
- Claro que está, Ludmilla! E eu esse tempo todo tô sendo a outra? A amante?
- Não!
- Como não?
- Meu casamento com ela não durou muito porque...
- Foi pra isso que serviu essa viagem?! Pra você visitar sua esposa?
- O que?! Claro que não!
- Era com ela que você tava falando aquele dia no celular?
- Não Brunna, eu já disse era a Daiane.
- E como eu vou saber?
- Porque eu tô dizendo!
- Você diz muita coisa, Ludmilla! - Ela se afasta da porta e vai pro outro lado de quarto. - Primeiro você disse que veio pro Brasil porque teve "imprevistos". - Brunna gesticula as aspas enquanto mais lágrimas rolavam. - Depois você volta pros Estados Unidos dizendo que tinha que resolver problemas da empresa e agora isso?
- Brunna, me deixa explicar.
- Eu não quero explicação, eu não quero nada que venha de você!
Ela cospe as palavras e todas me atingiam violentamente.
- Não faz assim.
- Eu não tô fazendo nada, quem fez foi você!
- Eu?
- Sim.
- O que eu fiz?
- Primeiro você me enganou, depois mentiu, depois me usou pra trair a tua esposa e agora, tá mentindo de novo.
- Não é nada disso.
- Ah não!?
- Não! Me deixa explicar por favor!
- Então vai! Fala!
- Meu casamento com a Bianca tava fadado ao fracasso! Eu nunca a amei, me casei com ela por obrigação. Antes de nos casarmos eu descobri que ela tinha um caso...
- E casou mesmo assim?
- Sim. Mas porquê ela estava tentando acabar comigo junto com o amante.
- Argh, me poupe.
- Amor...
- Não Ludmilla! - Ela me encara com raiva. As lágrimas já haviam cessado e deram lugar a uma Brunna raivosa. - Sem amor, de Bru sem nada! Eu não quero mais ouvir uma única palavra que venha de você! Eu não quero mais te ver nem pintada de ouro!
- Como assim?
- Sai da minha casa! Vai embora daqui!
Ela gritava a todos pulmões e eu senti o chão que havia embaixo de mim se abrir. Aquilo não podia ser real.
- Brunna, não. Nós estávamos bem.
- Exato! Nós estávamos bem, aliás, eu tava ÓTIMA antes de te conhecer! Mas fui querer dar uma de boa samaritana e olha a merda que deu!
- Não fala assim.
- Eu falo, porque é verdade! Você mente, me engana, me usa e acho que vai ficar por isso mesmo?
Ela se aproxima de mim com calma e uma expressão inexplicável no rosto, não era ódio, não era raiva, era...
- Nojo! É isso o que eu sinto por você, Ludmilla! Nojo! Você achou mesmo que ia conseguir fazer toda essa merda e sair ilesa?
- Eu nunca quis isso!
- Mas fez! - Ela me empurra e dou dois passos pra trás. - Sai da minha casa!
- Eu não vou sair! Não enquanto você não me ouvir!
- Eu não quero ouvir!
- Eu sei, mas você vai.
- Quer saber, se você não vai sair, saio eu!
Ela da meia volta e sai por a fora.
- Brunna! Espera! - Desço as escadas atrás dela e seguro seu pulso. - Aonde você vai?!
- Me larga! - Ela puxa o braço com força. - Eu vou embora daqui!
- Brunna, não!
- Vai se fuder, Ludmilla!
Ela sai batendo o portão com toda força. Penso em ir atrás dela, mas era melhor deixá-la esfriar a cabeça. De repente me vi em uma situação que começara a se tornar comum, minha vida estava de cabeça pra baixo, novamente. Um verdadeiro inferno.
No outro dia...
6:15 AM
Larissa POV
Entrei tentando fazendo o máximo de silêncio que podia. Havia passado a noite com Renatinho em uma de suas boates favoritas. Ele por outro lado parece que decidiu botar a casa a baixo. Entrou batendo o portão, quase derrubou a porta tentando achar a fechadura e esbarrou no vaso que tinha logo na entrada, esse garoto era um desastre.
Subimos as escadas mais moles do que gelatina, acho que não foi uma boa idéia beber tanto assim enquanto dançava loucamente. Quando finalmente chegamos no corredor a porta do quarto de Brunna se abre.
- BRUNNA?
- Shhhh! - Tapo a boca de Renatinho que começa a rir. - Lud?
Aos poucos sua silhueta vai surgindo conforme a porta abria.
- Lud?! Que tá fazendo acordada?
- Vocês viram a Brunna? - Sua voz estava mais rouca que o normal e o rosto inchado. Será que ela estava chorando?
- Não, a gente não viu ela não. Ela não tá com você?
- Não.
Encaro Renatinho que estava mais confuso do que eu e vamos em direção a ela. Lud deixa a porta aberta e se senta na cama.
- Aconteceu alguma coisa?
- Sim.
- O que?
Ela encara Renatinho e seus olhos se enchem de lágrimas.
- Ela descobriu tudo.
Na mesma hora todo o álcool que ainda estava presente em seu corpo parece ter evaporado. Renato assume uma postura séria e vai até ela.
- O que foi que aconteceu?
- Ela viu uma mensagem da Dai. Não me deixou explicar nada, saiu e foi embora.
- Embora? - Entro no meio da conversa e eles finalmente se lembram que eu também estava ali. - Como assim embora? Ludmilla, o que aconteceu?
- Lari, fica calma. - Renato levanta e vem pro meu lado.
- Eu tô calma, só quero saber o fez minha amiga sair de casa e deixar ela desse jeito.
- Ela descobriu que eu sou casada.
Aquelas palavras batem em meus ouvidos mas eu não conseguia acreditar nelas. Como assim Ludmilla era casada? Então Brunna estava certa! Lud tinha um caso, mas ela era sua amante.
- Casada? Você... O que?
- Larissa...
- Eu sou casada Lari. Minha esposa se chama Bianca e mora nos Estados Unidos.
- E esse tempo todo você tá enganando a Brunna?!
- Não.
- Como não?! - Canso de me segurar e parto pra cima dela. - Sua mentirosa, falsa, dissimulada!
Distribuía tapas em cheio enquanto Renato me segurava e ela tentava se proteger.
- Fez minha amiga de amante! Enganou ela! Sua filha da puta!
- Larissa, pára!
- Me solta Renato, eu vou matar essa desgraçada!
Ela me arranha na tentativa de se desvencilhar mas eu agarro seus cabelos e puxo com força.
- Me deixa explicar!
- Explicar o quê sua imunda? Nojenta! Você não presta!
- Larissa, larga ela, caralho!
- Por que não falou a verdade?
- Porque ela tentou me matar!
Paro imediatamente. Ludmilla me encara segurando meu pulso. O rosto vermelho, o cabelo desgrenhado. A solto e recupero o fôlego aos poucos. Renato me larga e vai pro lado dela.
- Como assim te matar?
- Ela tinha um amante. Os dois me odiavam e planejaram minha morte, tentaram executar mas eu acabei descobrindo e fugi. Foi aí que vim parar no Brasil e o resto... Você ja sabe.
- Eu não acredito em você.
- Tudo bem, mas essa é a verdade.
Encaro Renato que a ajudava a se arrumar novamente. Ele não parecia surpreso.
- Você sabia disso, viado?
Ele respira fundo e me encara.
- Sim.
- E não falou nada?
- E eu lá saio falando segredo dos outros?
- Eu só contei pra ele porque Renato me pegou no flagra chorando por saudade da minha família. Eu precisava de alguém pra conversar e ele estava ali, foi antes de tudo começar a acontecer entre Brunna e eu.
- Brunna! - De repente me lembro do motivo de toda aquela confusão. - Cadê ela? O que aconteceu?
- Eu não sei. Ela viu umas mensagens que minha advogada mandou falando sobre o divórcio e foi embora.
- Assim? Do nada?
- Sim. Simplesmente saiu.
- E por que você não a seguiu?
- Porque não queria apanhar dela como apanhei de você. Achei que ela voltaria depois de algumas horas mas até agora, nada.
O clima pesado não ajudava em nada na situação. Brunna saiu andando por aí, sozinha e desolada. Só Deus sabe aonde ela pode estar agora. Além disso, ainda tem essa história sem pé nem cabeça da Ludmilla. Que porra tava acontecendo aqui?
- Eu e Renato vamo tomar um banho. A gente pode revezar o sono, já que você provavelmente não dormiu nada. - Ela me encara e assente confirmando. - A gente espera mais algumas horas e se a Bru não aparecer, vamo atrás dela.
- Você sabe aonde ela está?
- Eu tenho uma idéia.
- Ok.
Faço um sinal pra Renato que entende de imediato e sai do quarto me deixando sozinha com Ludmilla. Ela me encarava com medo.
- Você vai me explicar essa história toda, tin-tin por tin-tin!
- Tudo bem.
- Nós vamos achar a Brunna. Não se preocupe.
Ela assente novamente e sorri fraco.
- Obrigado.
- Não tô fazendo por você, tô fazendo por ela.
- Tudo bem.
- É melhor ficar mesmo.
Saio do quarto indo direto pro meu e pego algumas roupa e a toalha. Já deu pra perceber que hoje o dia seria cheio.
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