Fênix Negra

COMENTEM NESSE CARALHO, fazendo favor

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Na manhã seguinte...

- Amor?! Acorda preguiça. - Ouço sua voz soar longe enquanto sentia um carinho reconfortante. - Bru, já tá na hora de levantar amor.

- Hum... Que horas são?

- 12h45.

Levanto em um pulo e quase caio no chão.

- LUDMILLA, POR QUE ME DEIXOU DORMIR TANTO?

- Eu deixei? Tô tentando te acordar desde as 9h00, mas você pedia mais cinco minutos e voltava a dormir.

- Não me lembro disso.

- Claro que não, você tava dormindo.

Sorrio em resposta e ela se aproxima me dando um beijo.

- Toma um banho pra despertar, daqui a pouco venho te buscar pro almoço.

- Ok.

Ela sai do quarto me dando outro selinho e eu pego uma troca de roupa e uma toalha. Entro no banheiro e ligo a torneira da banheira, prendo o cabelo em um coque firme e tiro o resto de roupa que ainda me sobrava no corpo. Quando passo em frente ao espelho levo um susto. Havia uma marca de chupão em meu pescoço, roxo quase preto. Do outro lado perto do ombro, havia outra marca, de mordida, me viro de costas e lá estavam vários arranhões espalhados do início ao fim.

- Aquela filha da mãe... - Pensei alto sem conseguir conter o sorriso.

Além das marcas eu também sentia dores em partes específicas do corpo. Alguns músculos que foram usados até demais, era um pouco incômodo, mas eu adorava, principalmente porque me lembrava o motivo exato de cada dorzinha.

Entro na banheira sentindo os arranhões arderem e começo a tomar meu banho. Não queria demorar muito já que tinha acordado tarde. Após vinte minutos de puro relaxamento e cantoria, saio do banheiro já vestida e tento tapar a marca no pescoço com um pouco de maquiagem, não ficou perfeito mas dá pro gasto, ao menos pra esconder por hoje.

Saio do quarto fechando a porta e encontro Lud no meio da escada.

- Poxa, já estava indo te buscar.

- Ah para, eu nem demorei. - Ela me dá um beijo e segura minha mão. - Tô aqui.

- É, tô vendo.

- Gostou?

- Amei! Vem, vamos!

Terminamos de descer alguns degraus da escada até que ela começa a me encarar com um olhar sugestivo. Paro de andar a encaro de volta.

- O que foi?

- Cobriu por que?

Franzo o cenho com sua pergunta e ela me dá um sorriso malicioso apontando pro pescoço.

- Você fez de propósito?

- Não! Mas não consegui resistir quando você fez aquela manobra. Sério, onde foi que você aprendeu a fazer aquilo com o...

Pigarreio alto interrompendo ela assim que vejo sua mãe se aproximando.

- Bom dia norinha, ou melhor, boa tarde né.

Sorrio meio envergonhada.

- Boa tarde.

- Venham, o almoço já está servido.

Ela cruza seu braço no meu e vamos em direção a cozinha. Todos já estavam em seus devidos lugares, Sil se senta na ponta da mesa e eu me sento ao seu lado.

- Dormiu bem, cunhadinha?

- Muito bem Luane, obrigada..

- Noite foi boa né, Bru?! - Renatinho me encarava com um sorriso malicioso.

- Como assim?

- Teu pescoço que o diga né...

Sil me encarou na mesma hora com os olhos semi cerrados.

- Só tenho um pedido a fazer. - Seu tom de voz era firme, ela encarava a mim e Ludmilla com o semblante fechado. - Tenta gritar mais baixo da próxima vez.

Todos caíram na gargalhada, inclusive minha esposa, enquanto eu provavelmente havia virado um tomate de tanta vergonha que senti.

- Pode deixar mãe, na próxima a gente controla o volume.

- Eu tenho é dó dos teus vizinhos.

- Precisa não tia. - Renatinho volta a falar. - O apartamento delas tem revestimento acústico.

- Misericórdia!

Todos voltam a rir e dessa vez me junto a eles.

...

Boa parte do dia havia passado entre risadas, conversas e piadinhas constrangedoras sobre minha vida sexual. Silvana adorava me deixar vermelha de vergonha e Ludmilla fazia questão de se juntar a mãe nessa missão. Meus amigos eram tão descarados quanto meus cunhados, no começo eu até ficava irritada, mas depois aprendi a lidar melhor com a situação e hoje em dia, eu mesma me coloco na berlinda às vezes.

Estava agora deitada na rede que havia na varanda da casa, todos estavam sentados no gramado do quintal um pouco mais a frente de onde eu me encontrava. Enquanto minha família conversava animadamente eu apenas observava o céu cheio de estrelas.

- No que tanto pensa, hein? - Tomo um pequeno susto ao perceber que Ludmilla estava ali, eu mal havia notado sua presença.

- Nada demais.

Me acomodo melhor e ela deita na rede junto comigo, com certo cuidado para não cairmos. Me encaixo em seu corpo e ela me abraça lateralmente.

- Não posso saber?

- To pensando sobre como minha vida mudou ultimamente. - Ela entrelaça seus dedos nos meus. - Em você, em nós... No pedido que sua mãe tanto nos faz...

- Hum, filhos.

- É...

- E qual a conclusão que chegou?

- Bem... Essa nunca foi a visão de futuro que eu tive. Sempre imaginei que minha vida seria diferente disso.

- Bom, ainda tá tempo de correr. - Sinto uma certa mágoa no seu tom de voz e só então percebo o quão erradas minha palavras saíram.

- Não amor, não é isso! - Encaro minha esposa e trago seu olhar até o meu. - Eu amo a vida que nós temos! Amo ser casada com você, mas eu nunca imaginei que pudesse um dia tomar esse rumo, sabe?!

- Continua.

Sorrio pra ela e vejo seus olhos brilharem assim como a lua.

- Eu nunca tive muito esse pensamento romântico de que iria encontrar a pessoa certa e iria ficar com ela até o envelhecer e viver felizes para sempre. Eu acredito no amor, mas nunca achei que ele foi feito pra durar, muito menos que iria acontecer comigo. Mas quando te conheci, tudo isso foi por água abaixo. Hoje eu sei que posso sim ser feliz pra sempre com você, porque eu te amo.

Lud faz um leve carinho no meu rosto e eu fecho os olhos apreciando seu gesto. Ela me dá um selinho e eu volto a encará-la.

- Eu também nunca me imaginei vivendo algo assim. Você é diferente de todas que já conheci, é como se o que nós temos, já tivesse sido premeditado pra acontecer.

- Como assim?

- Você é o amor da minha vida, Bru. Você sempre foi e sempre vai ser!

Seus olhos começavam a ficar marejados e os meus não estavam diferentes. Me aconchego mais em seu peito e ela me abraça um pouco mais firme.

- Sabe Lud, eu sinto que o amor que tenho por você é tão grande que já não cabe mais em mim, e ultimamente eu realmente tenho pensando em transformar esse amor em algo físico.

- Algo físico?

- Sim...

Ela segura meu queixo e nossos olhos se encontram.

- Tipo...

- Um filho.

Ela sorri e não consigo entender muito bem que tipo de sorriso era aquele. Não era como os sorrisos nervosos que ela dava quando tinha medo ou insegurança, parecia com um sorriso de felicidade mas tinha algo a mais.

- Você tá falando sério?

- Nunca falei tão sério em toda minha vida.

- Mas você sempre disse que ter filhos era um passo grande, algo importante.

- Bem, eu acho que nós estamos prontas dar esse passo.

- Bru. - Ela respira fundo e as lágrimas já começavam a rolar. - Nós vamos ter um bebê, amor?!

Sorrio pela maneira manhosa que minha esposa fala.

- Sim minha vida, nós vamos ter um bebê!

Ela se levanta rindo e me pega no colo. Lud me gira duas vezes eu me agarro ao seu pescoço. Assim que nos ouviram, todos correm até nós pra saber o que acontecia e Ludmilla gritou a todos pulmões a mesma frase. Todos riram felizes, Silvana me encarava emocionada e logo tratou de me dar um abraço. Eu mal conseguia acreditar naquilo, em um momento eu estou no meu país natal apenas vivendo a minha vida e servindo drinks em um bar e então, meses depois estou casada, morando em outro país, sendo dona de uma revista de moda e planejando filhos.

Realente, a vida é cheia de surpresas.

[...]

6 meses depois...

24 de Abril de 2019

Nova York, 5:17 PM

Ludmilla POV

- Filha. - Minha mãe me chama me tirando de meus devaneios. - Você precisa comer alguma coisa, meu amor.

- Não tô com fome, mãe.

- Eu sei Lud, mas mesmo assim, seu corpo precisa de nutrientes. Ao menos tenta, por favor.

- Depois mãe, prometo que vou tentar.

Ouço ela suspirar fundo.

- Tudo bem.

Ela sai fechando a porta e eu volto a ficar sozinha com meus pensamentos naquela escuridão. Já fazia uma semana que eu vivia naquela angustia e agonia sem fim, não conseguia comer nem dormir, eu não tinha espaço na minha mente pra outra coisa a não ser ficar revivendo os últimos momentos da semana passada.

Eu queria que existisse algum tipo de máquina ou dispositivo que fizesse ser possível voltar no tempo. Eu com toda certeza usaria pra que essa situação não estivesse acontecendo. Eu odeio o fato de não conseguir controlar a situação em que me encontro, odeio o fato de que nada nem ninguém pode me ajudar agora e a única coisa que me resta, é esperar.

Eu queria ter minha mulher de volta. Queria estar com ela aqui em meus braços, queria poder conversar com ela e ouvir sua voz, ouvi-la falando sobre nosso filho, continuar a fazer planos com ela sobre nossa vida, eu queria minha vida de volta, mas tudo isso parecia estar tão longe agora. Eu me odiava por ter permitido que isso acontecesse, me odiava por ter errado tão feio a ponto de não ter pensando que o destino não deixaria de me pregar uma peça. Eu só queria que tudo voltasse a ser como era.

- Ludmilla! - Ouço o grito de Marcos mas nem me mexo.

Ele abre a porta e ouço seus passos se aproximando. Encaro meu irmão e ele tinha um leve sorriso no rosto.

- O que foi?

- É a Brunna! - Ele tenta estabelecer a respiração e assim que ouço o nome dela sair de sua boca me levanto na hora.

- O que tem a Brunna?

- Ela acordou! O médico disse que...

Nem deixei ele terminar de falar. Peguei minha bolsa e o sobretudo e saí correndo dali na hora. Desço as escadas na velocidade da luz passando por todos que estavam na sala e nem liguei para os pedidos de "espera aí" deles. Entrei no carro, dei partida e senti o solavanco que ele deu quando acelerei ao máximo.

Fiz o caminho do hospital mais rápido do que o normal, desliguei o carro, peguei minha bolsa e entrei. Eu odiava o cheiro de hospital e o clima pesado que ele tinha, corri até a recepção e vi a atendente no telefone. Ela me fez um sinal pedindo para que esperasse um pouco e então desligou.

- Sim, no que posso ajudar?

- Brunna Gonçalves! Eu quero ver a paciente Brunna Gonçalves Oliveira.

- Tudo bem, a senhora é o quê dela?

- Esposa! O médico ligou e disse que ela tinha acordado!

A mulher nem me olhava, procurava algo no computador enquanto eu falava desesperadamente.

- Sim, ela acordou, mas ainda não está no quarto. Os médicos estão fazendo alguns exames nela.

- Exames? Pra quê? Que tipo de exames?

- Sra. Oliveira, sua esposa ficou em estado de coma por uma semana depois de um trauma grave, é preciso fazer alguns exames pra saber se ela teve alguma lesão cerebral. Assim que eles acabarem eu a informo e a senhora poderá subir, ok?

- Ok, obrigada.

- Por nada.

Saio dali e me sento na sala de espera. Minhas pernas não paravam quietas um minuto sequer, eu já havia roído todas as minhas unhas. A todo momento eu via médicos correrem de um lado para o outro, o barulho da sirene da ambulância do lado de fora deixavam as coisas ainda piores.

- Com licença, a Sra. é esposa de Brunna Oliveira? - Ouvi a voz grossa e cansada do médico e me levantei na hora indo em direção a ele

- Sim doutor! Como ela está?

- Aparentemente bem, fizemos alguns exames e tudo parece normal.

- Eu posso vê-la?

- Claro, me acompanhe por favor.

Ele vai na frente e eu o sigo. Faço um sinal com a cabeça agradecendo a moça da recepção e ela sorri em resposta. O médico aperta o botão do elevador e assim que entramos e as portas se fecham, ele começa a falar.

- Sra. Oliveira, eu devo advertir que por conta do acidente, Brunna não se lembra muito bem do que aconteceu.

- Ela perdeu a memória?

- Uma boa parte dela, pelo menos a recente. Ela se lembra de você e de coisas principais, mas praticamente tudo o que aconteceu antes e durante o acidente se apagaram.

- Entendo.

- Seria bom se você a ajudasse em relação a isso, até mesmo pra que ela entendesse o motivo de estar internada. Mas claro, o faça com calma, sim?! Sem muitas emoções, ela ainda está fragilizada.

- Ela já sabe?

Ele me encara e seu rosto muda na hora, uma expressão de pesar.

- Não, achamos melhor que você contasse.

Respiro fundo e o elevador finalmente chega. É claro que eu ficaria com o trabalho pesado, certo?!

Caminhamos por um corredor extenso e gelado. O quarto de Brunna era no final dele. O médico segura a maçaneta e me dá um sorriso confortante. Ele abre a porta e entra, eu vou logo em seguida.

- Brunna, tem alguém aqui que gostaria de te ver.

Ele sai da minha frente me dando a visão de minha esposa e assim que seus olhos pairam sobre mim um sorriso enorme se abre em seu rosto. Me aproximo dela com cuidado, toco seu rosto com as pontas dos dedos e sinto uma enorme vontade de chorar.

- Oi amor. - Sua voz era fraca e rouca.

- Vou deixar vocês a sós. - O médico diz saindo logo em seguida. Eu me aconchego na beirada da cama e observo Brunna.

Ela tinha alguns hematomas no rosto, um corte superficial na sobrancelha. Seu pulso direito e a cabeça estavam enfaixados, sua pele estava pálida e aparentava estar cansada e muito, muito frágil.

- Oi minha vida. Eu senti sua falta!

- Eu também!

Me abaixo um pouco e selo nossos lábios com todo cuidado. Ela segurava meu rosto com uma mão e apesar de tudo, suas mãos continuavam quentes como sempre foram.

- Como você se sente?

Ela respira fundo e me encara.

- Confusa. Cansada.

- Sente dor?

- Não. Os remédios daqui são muito bons.

Sorrio pelo comentário e deixo uma leve carícia em seu rosto com a ponta do dedão. Ela observa as flores que estavam em cima do móvel de frente para a cama, um buquê de rosas brancas que eu havia deixado em seu quarto no dia anterior.

- Lud. - Ela volta a me encarar. - O que aconteceu?

- Qual a última coisa que você se lembra?

- Bem, estávamos em casa. - Ela encara os próprios pés e franze o cenho. - Sua mãe foi nos visitar com Renato e Marcos e nós jantamos. Depois eles foram embora, nós fomos pro quarto e... - Brunna cora na hora.

É, ela se lembrava bem da noite antes de toda aquela confusão.

- O que houve? - Brunna volta a me encarar. - Por que eu tô no hospital toda enfaixada?

Respiro fundo e puxo a poltrona que tinha ali para mais perto de sua cama. Seguro uma de suas mãos e encaro minha esposa.

- Vou te contar desde o começo, ok?!

Ela assente e então eu começo.

Narrador POV

Depois de muitas conversas sobre a decisão que haviam tomado, Brunna e Ludmilla com a ajuda de Silvana, começaram a planejar e avaliar tudo o que fosse necessário. A futura vovó não pôde conter sua emoção quando elas finalmente tiveram a primeira consulta na clínica de reprodução. Luane, no começo, protestou, se achava nova demais para ser tia, mas acabou adorando o fato de que teria um sobrinho, um filho empestado, de acordo com a mesma.

Brunna queria dar a notícia em primeira mão para sua família. Na mesma semana viajou para o Brasil e convocou uma reunião de família urgente. Mia quase desmaiou quando descobriu que seu bebê, teria um bebê, Jorge era pura felicidade e Brunno ficou encantado.

O casal decidiu que a inseminação seria feita nos EUA, já que lá teriam mais possibilidades em relação ao DNA do filho e porque seria mais prático fazer todo o acompanhamento da gravidez.

Depois de dois meses de muita conversa, acompanhamento médico e psicológico e uma bateria de exames completos, a inseminação finalmente foi feita. A primeira semana foi de pura tensão de toda a família e amigos. Brunna não via a hora de finalmente saber o resultado do exame.

Assim que o médico entra na sala a menor finalmente volta a respirar, mal reparando que havia prendido o ar. Ludmilla segurava firme sua mão. O homem termina de digitar algo no computador e encara as duas.

- Muito bem senhoritas, aqui está o resultado do exame de sangue. - Ele mostra o envelope branco e as duas se entreolham sorrindo, nervosas. - Vocês querem que eu leia ou preferem saber sozinhas?

- Nós queremos ver doutor.

Ele assente e entrega o envelope. Brunna o abre e começa a ler as informações que haviam ali, conforme seus olhos iam passando pelo papel ela não entendia absolutamente nada. Informações como seu V.H.C. e nível de hematócrito eram a mesma coisa que ler em grego.

- Doutor, desculpa, mas eu não tô entendendo nada!

Ele sorri simpático e se levanta. O homem pára ao lado dela, coloca a folha sobre a mesa e circula algumas palavras.

- Isso são informações sobre seus glóbulos sanguíneos. Aqui sobre a saúde de seus órgãos reprodutores, e aqui no final da folha, o resultado do exame.

Ela corre os olhos até o final e lê a palavra que havia dentro do círculo que ele havia feito.

- Positivo? - Ela sussurra e então encara a esposa. - Positivo!

Ludmilla abre o maior sorriso que já deu em toda sua vida. As duas encaram o médico que sorria também.

- Eu tô grávida?

- Sim! Parabéns, mamães.

Ludmilla dá um grito e se levanta. Ela abraça o médico com euforia e ele retribui o gesto. Brunna continuava sentada com os papéis na mão.

- Amor? - A maior se abaixa ficando de frente para a esposa. - Tá tudo bem?

Brunna encara sua esposa e então uma lágrima solitária desce por seu rosto.

- Eu tô grávida.

- Sim... - O tom de Ludmilla era quase vago demostrando o medo que tinha.

- Nós vamos ter um bebê!

- Vamos.

Brunna abraça a esposa com toda a força que tinha e começa a rir deixando algumas lágrimas escorrerem.

- Nós vamos ter um filho, amor!

O médico sai deixando-as a sós enquanto elas choravam juntas e comemoravam a nova etapa que suas vidas entravam.

Tudo parecia estar maravilhosamente bem, bem até demais.

2 semanas atrás...


- Ainda não dá pra ver?

- Não amor, ele é muito pequenininho.

Ludmilla a abraçava por trás, as duas estavam em frente ao espelho e Lud tentava de todo jeito ver qualquer resquício de crescimento na barriga de Brunna, que finalmente começava a querer ganhar forma.

- Qual o tamanho dele agora?

- Hum, acho que o tamanho de uma ameixa.

- Você já está com quase quatro meses, ele tinha que aparecer. Pelo menos um pouquinho...

Brunna sorri da manha de sua esposa.

- Como sabe que é ele?

- Eu não sei, só acho que é.

- Você prefere que seja?

Ela encara a mulher pelo espelho e Lud sorri.

- Ah, por mim, independente do que seja, sei que vou amar do mesmo jeito. E você?

- Penso igual, mas eu adoraria ter uma menina.

- Hummm...

- Você não?

- Não sei dizer.

Lud vira sua esposa para si e a abraça.

- Você fica ainda mais linda assim, sabia?!

- Quero ver falar isso quando eu estiver toda gorda e inchada.

- Pois então, espere e verás.

As duas sorriem e Brunna puxa sua esposa para um beijo apaixonado.

- Melhor eu descer pra fazer o jantar.

- Já tá com fome?!

- Eu não, mas seu filho tá.

- Agora é só meu filho?

- Sim. - Bru da a língua e saí do quarto indo em direção a cozinha.

Ludmilla pega o notebook e se deita na cama afim de conferir alguns emails do trabalho. De repente seu celular apita e a notificação de uma mensagem chega, porém o número era desconhecido.

"Me bateu uma saudade dos velhos tempos. Quero te encontrar de novo."

Ela se endireita na cama completamente confusa. Por mais que tentasse se lembrar de quem poderia ser, nenhum nome surgia em sua mente. A garota estava pronta para responder quando Brunna surge novamente.

- Amor. - Em um susto Lud guarda o celular. - Cê pode me ajudar?

- Claro! Já tô indo.

Brunna volta a descer e Ludmilla encara a mensagem novamente. Ela guarda o celular e tenta não se mostrar nervosa.

...

- E como tem sido na empresa Brunna?

- Tudo está caminhando muito bem. Ontem mesmo tivemos uma reunião com alguns acionistas e apresentamos um projeto pra levar a revista pro Brasil.

- Uh, isso é incrível! - Silvana deposita a taça em cima da mesa. - Sabe, eu quero conhecer o Brasil!

- Mãe, a senhora vai amar! É um país maravilhoso!

- Me chama hein mãe, eu também quero! - Marcos diz levantando sua taça.

- Nós poderíamos marcar uma viagem em família, Brunna pode ser nossa guia. - Renato dá a sugestão e Silvana sorri concordando.

- Vai ser ótimo!

- Mas é melhor deixarmos pra depois que meu neto nascer. - Ela diz séria e todos concordando.

- Já não basta ter duas mães corujas, essa criança ainda vai ter que lidar com uma avó superprotera.

- É, meu filho que lute. - Lud concorda por fim.

O jantar seguiu animado. A ansiedade pelo novo herdeiro da família ditava praticamente todas as conversas. Aquela criança mal havia nascido e já era amada por todos. Silvana mal podia esperar para saber o sexo da criança, ela, assim como Ludmilla, estava ansiosa pelos primeiros sinais de crescimento do neto e não via a hora de finalmente senti-lo mexer.

- Tô achando que é um menino, mãe.

- Será? O que você acha, Brunna?

- Não sei dizer, mas também acho que é menino.

- Vocês já pensaram em nomes? - Marcos pergunta chamando a atenção de todos.

- Ainda não.

- Não é muito cedo pra isso?

- Quanto antes melhor.

- Que tal Rafael? - Ludmilla se aproxima da barriga e começa a fazer um carinho ali.

- Hum, não...

- Pedro? - Silvana tenta, mas Brunna torce o nariz.

- Que tal Michel? - Ela diz e todos a encaram.

- É bonito!

- Eu amei!

- De onde tirou esse nome, amor?

- Não sei, só veio.

- É lindo! - Silvana sorri.

- Está decidido então, Michel. - Lud se aproxima mais e sussurra. - Oi filho, sabia que você já tem um nome?! Sua mamãe Bru que escolheu!

Ela faz um leve carinho na barriga e Brunna tenta segurar algumas lágrimas teimosas que rolavam.

- Ah, os hormônios...

Todos riem do comentário de Marcos e Lud aproveita para beijar a esposa demonstrando todo seu carinho.

Depois de mais algumas horas planejando a viagem em família e o próximo grande evento que aconteceria, Silvana, Marcos e Renato decidem ir embora. Ludmilla havia acompanhado sua família até o carro enquanto Brunna tentava arrumar a louça na pia.

- Deixa aí amor, amanhã a Rosa da um jeito.

- Pra que dar mais trabalho pra ela se eu posso fazer?

- Porque eu tinha outra coisa em mente que você poderia fazer, sabe?!

Lud a abraça por trás e começa a distribuir leves beijos por toda extensão de seu pescoço.

- Você não vale o que come, Ludmilla.

- Desde quando é errado querer aproveitar minha esposa?

Ela cola Brunna em seu corpo e a menor fecha os olhos sentindo tal proximidade.

- Vamo pro quarto amor.

Ludmilla segura suas mãos e vai guiando-as até às escadas. Elas sobem até finalmente chegarem no quarto e assim que entram a morena fecha a porta atrás de si.

Lud se deita na cama puxando sua esposa para si. Um beijo apaixonado é iniciado e uma troca de carinho intensa o acompanha. Lud sobe a blusa de Brunna com certo cuidado até que finalmente consegue tira-la. A outra faz o mesmo e logo em seguida, um sutiã é arremessado para o outro lado do quarto. Brunna se deita trocando de posições e Ludmilla se senta em seu colo, colocando uma perna de cada lado de seu corpo.

Ela desce o short de Brunna com certo cuidado sob a supervisão da esposa, logo depois faz o mesmo com a calcinha. Quando volta a seu posto Brunna repete seus atos. O beijo é retomado, as duas já estavam no mesmo ritmo e atmosfera. Ludmilla vai trilhando um caminho invisível pela mandíbula da esposa até chegar em seu pescoço, ela deixa alguns chupões ali e vai descendo passando por sua clavícula até chegar em um de deus seios. Brunna arfa já ansiosa pelo contato e Ludmilla decide não maltratar tanto. Depois de alguns longos minutos intercalando entre eles ouvindo os gemidos abafados da esposa, Lud finalmente resolve acabar com a espera. Ela vai trilhando beijos pela barriga levemente avantajada até chegar na parte baixa do local. Lud desliza a língua vagarosamente por cada curva do sexo de Brunna e a garota se contorce em tesão.

Sem mais delongas Lud começa a chupa-la com fervor e Brunna se encontrava perdida, ela sussurrava algumas palavras desconexas enquanto gemia baixo chamando pelo nome da esposa enquanto a outra explorava delicadamente cada centímetro seu.

Depois de alguns minutos Lud sobe e volta a beija-la quanto massageava o clitóris da morena com toda calma. Brunna já não consegui mais se manter sã, sua mente elaborava frases que sua boca não tinha força de proferir. Em um ato de desespero Brunna desliza os dedos por dentro da calcinha da esposa e começa a repetir seus atos. Ludmilla joga a cabeça para trás gemendo alto enquanto sente o contato enlouquecedor de sua esposa. As duas se movimentavam com vigor e no mesmo ritmo, faziam questão de demonstrar o quanto uma enlouquecia a outra. Depois de alguns minutos Lud sente seu corpo inteiro se enrijecer e então uma onda de prazer avassaladora lhe invade. Ela aumenta a velocidade de seus movimentos e logo o corpo de Brunna entra em convulsão junto ao dela e as duas se encontram perdidas em meio ao prazer mútuo que sentiam. Lud deixa seu corpo cair com cuidado sobre o da esposa e as duas sorriem tentando restabelecer suas respirações.

Assim que finalmente retomam o fôlego, Lud rola para o lado. Ela encarava o teto enquanto Brunna mantinha os olhos fechados apenas aproveitando a sensação de seus músculos voltarem ao normal.

- Vou no banheiro. - Ludmilla diz buscando forças para se mexer.

- Ok, mas volta logo.

Ela se levanta da cama com certa dificuldade e encara a esposa, Brunna sorria maliciosamente para ela.

- Você é insaciável!

Ela sai dali e entra no banheiro fechando a porta logo em seguida. Brunna se ajeita melhor na cama, ela ri da situação que se encontrava, suas pernas ainda tremiam.

De repente um som abafado vindo do móvel é ouvido. Brunna se estica um pouco e pega o aparelho dentro da gaveta. Ela lê a mensagem na tela inicial e Ludmilla sai do banheiro na mesma hora.

- O que é isso? - Ela pegunta mostrando o aparelho.

Lud paralisa no lugar tentando assimilar a situação.

- Um celular?

- Ludmilla, eu não tô de palhaçada!

- Desculpa!

- De quem é essa mensagem?!

- Não sei amor, tá com número desconhecido. - Ela volta para a cama e pega o celular. - Tinha chego uma antes do jantar, mas como não sabia de quem era ignorei. Vai ver a pessoa errou o número.

- Hum, então dá um jeito nisso.

- Ok, calma. Ela se ajeita na cama e encara Brunna, a garota tinha uma feição fechada e desconfiada. - Você não tá brava né?

- Tenho motivos pra isso?

- Não!

- Então não.

Lud mexe em alguma coisa nas configurações e bloqueia o celular voltando a deixá-lo sobre o móvel. Ela deita na cama e puxa Brunna a encaixando em seu corpo.

- Vem, vamo dormir.

- Você respondeu a mensagem?

- Sim, disse que talvez tenham errado o número.

Brunna respira fundo e se aconchega mais no peito da esposa.

- Espero que essa pessoa encontre o número certo.

- Não se preocupa amor, já tá resolvido.

- Tá bom...

- Boa noite, eu te amo! - Ela dá um beijo na testa de Brunna.

- Boa noite, eu te amo.

Aos poucos Lud vai relaxando, sua respiração vai ficando cada vez mais ritmada e não demora muito para ela pegar no sono, já Brunna continuou acordada por um tempo. Ela tentava se convencer de que aquela mensagem era mesmo algum engano bobo. Ludmilla não teria motivos para mentir e ela não tinha motivos para desconfiar da esposa. Ao menos era o que ela pensava.

2 dias depois...

Assim que a mulher sai do elevador alguns funcionários paralisam por conta do susto. O boato havia corrido uma boa parte da empresa e era exatamente por isso que o choque foi ainda maior.

Ela caminha vagarosamente pelo corredor extenso até que finalmente chega aonde desejava. Assim que coloca os olhos sobre ela, Patrícia congela.

- Sua patroa está?

A negra não responde nada. Apenas continua estática tentando entender o que raios acontecia ali. A mulher então ignora seu espanto e continua seu caminho. Ela empurra a porta de madeira e assim que entra, a fecha atrás de si.

Ludmilla estava de costas, sentada em sua cadeira presidencial, observando a paisagem do lado de fora. A parede feita de vidro lhe dava a bela visão de uma das partes mais movimentadas de Nova York.

- Oi amor, sentiu minha falta?

Assim que a negra ouve aquela voz seu corpo inteiro se arrepia. Ela se vira na mesma hora e encara a mulher à sua frente. Ludmilla não podia acreditar naquilo. Nada parecia ter mudado, seu gosto pela moda continuou o mesmo. Vestia um par de sapatos vermelho, uma saia lápis preta e uma blusa social também vermelha. Tinha os cabelos soltos e uma maquiagem leve destacando seus olhos.

- Bianca? - Ela diz quase em um engasgo. - Você tá... Viva?

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