Capítulo 3 (não revisado)

Alguns anos antes:

Ricardo sentia-se muito contente naquele lindo dia de Julho. Acordou cedo, lembrando-se do sonho maravilhoso que teve onde uma garota linda demais beijava-o e dizia: "Amo você, Ricardo André."

Depois, com um golpe de mestre, conseguiu tudo o que precisa para prender os suspeitos que vinha investigando com tanto cuidado e o auge foi descobrir que eles foram os grandes responsáveis pela morte dos seus pais. Nesse mesmo dia, conseguiu o mandato com o juiz e decidiu acompanhar a equipe que os ia deter para ele mesmo dar a voz de prisão aos assassinos.

Tratava-se de dois conhecidos advogados suspeitos de envolvimento em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro. O mais incrível, entretanto, foi a descoberta que levou a isso.

– Francisco Moura, o senhor está preso pelos crimes de pedofilia, corrupção, formação de quadrilha e o assassinato de duas pessoas. Tem o direito de permanecer calado...

– Que palhaçada é essa? – berrou o homem, levantando-se.

Ricardo não teve meias medidas e tirou do coldre a pistola, apontando para a cara do homem.

– Fique bem quietinho aí, seu monte de bosta, porque eu não vou hesitar em puxar o gatilho. Antes pelo contrário, tudo o que eu preciso é um bom motivo e ainda por cima farei uma bela festa por ter rebentado os seus miolos. Para sua informação, você é o responsável pela morte dos meus pais, aquele desembargador gaúcho e a empresária que era presidente das indústrias Godói, lembra-se? Tem o direito de permanecer calado e tudo o que disser ser...

– Você não tem o direito...

Ricardo não mediu as consequências e meteu um forte murro no criminoso que o apanhou em cheio no rosto, quebrando o nariz do homem e nocauteando-o.

– Doutor Godói, o senhor não devia... – Começou um dos federais, logo interrompido.

– Resistência à prisão. Algeme-o ou a próxima coisa que vou fazer é meter uma azeitona no meio da testa dele. E levem os computadores junto, pois fazem parte do mandato. Pelo amor de Deus, tomem cuidado com os equipamentos que são provas. – Olhou para o corpo desmaiado, continuando –, e tudo o que disser será usado contra você.

Arrastaram o homem para o camburão e dirigiram-se para a casa do segundo criminoso, que era relativamente perto. A prisão ocorreu de forma similar, mas esse reagiu violentamente, pegando uma arma.

Ricardo era um atirador de elite, bem conhecido do seu meio, e o advogado não o pegou de surpresa, pois ele foi muito mais rápido a pegar a sua pistola e fez o disparo que tanto almejava, mas, na última hora, mudou de ideia e apenas o feriu na mão.

– A morte é boa de mais para um filho da puta como tu – disse ele. Após informá-lo dos seus direitos, continuou. – Levem-no e não se esqueçam dos computadores.

Feliz por ter finalmente descoberto e prendido os assassinos dos pais após uns bons anos de pesquisas, decidiu tirar o resto do dia de folga.

Vinha pela Avenida Lúcio Costa, pois os criminosos residiam no Recreio Dos Bandeirantes e, ao ver um quiosque com alguns banhistas, estacionou o carro e desceu para tomar uma cerveja e comemorar. De pé, contemplou o mar anormalmente calmo e, ao longe, observou as ilhas que estavam à sua esquerda. Com a garrafa de long neck na mão, aproximou-se da borda do quiosque e ergueu-a em direção ao mar, fazendo um brinde.

– Nada mau para um delegado que acabou de fazer vinte e quatro anos. Ducentésimo criminoso na cadeia. Mas estes, pai e mãe, estes fiz por vocês. Agora estão livres dessa mácula para descansarem em paz.

Permaneceu ali mais um pouco e disse algumas outras coisas, satisfeito e sereno. Após, sentou-se em uma mesinha e, no outro extremo do quiosque, notou uma garota muito bonita a observá-lo e, como ele, também tomava uma long neck.

Estava vestida com uma saia leve e uma camiseta de algodão. Tinha cabelos castanho-claros, quase loiros, ondulados e caindo sobre os ombros bem-feitos, moldando-os. Os olhos eram verdes, tão verdes quanto uma esmeralda, os mais belos que jamais viu e o coração acelerou só de a olhar, pois a garota era tudo o que sempre desejou e gostou em uma mulher. Simplesmente não sabia explicar, mas olhar para aquela moça mexeu consigo no âmago da sua existência.

― ☼ ―

Ela olhava atentamente para o jovem e ficava imaginando o que esse homem de uma beleza extraordinária fazia na beira da praia, vestindo terno e gravata.

– "Provavelmente um executivo e, pelo seu rosto, está muito feliz." – Pensou, enquanto o observava brindar para o mar e dizer algumas coisas, mas estava demasiado longe para entender. Sentiu crescendo dentro de si o interesse por ele.

Perto da sua mesa, um grupo de rapazes bebia e divertia-se. Um deles soltou uma gargalhada, desviando-lhe a atenção por um momento, mas voltou o olhar para o homem e o seu coração bateu mais forte só de o ver. Ela não sabia explicar nem para si mesma o que aconteceu ao vê-lo, tal como ele.

Os olhos de ambos encontram-se e ele sorriu, mas antes que ela tivesse tempo de retribuir, um dos rapazes abordou a moça, convidando-a para beber com eles. Delicadamente, deu uma resposta negativa e o jovem afastou-se, emburrado. Após dispensá-lo, voltou a olhar para a frente procurando o homem que lhe despertou tamanho interesse, mas ele desapareceu. Olhou em volta para tentar descobrir onde este foi e ficou infeliz ao pensar que ele tenha ido tão repentinamente sem a chance de conhecer aquele monumento à beleza que não podia ter desaparecido no ar como uma miragem. Procurou em vão e os seus olhos ficaram tristes até que, ao seu lado, ele disse:

– Oi, mesmo correndo o risco de levar um fora já que você espera alguém, não posso deixar de dizer que é bela demais e adoraria conhecê-la. Não me importaria nada de ser essa pessoa.

Lisonjeada e voltando a ter os olhos muito brilhantes ela sorriu, apontando a cadeira, pois de perto ele parecia ainda mais bonito.

– "Este gato é realmente muito lindo e educado." – Pensou.

– Pelo jeito não estou mais esperando, mas como sabe que disse isso para o rapaz? – perguntou, curiosa.

Ricardo gostou da sua voz, muito agradável.

– Ele disse: "oi gata, posso sentar com você?" – comentou Ricardo, sentando e sorrindo. – E você respondeu: "desculpe, mas aguardo alguém." Leitura labial. Me chamo Ricardo.

– Prazer, sou Mariana. – Ela sorriu. – Você impressiona, Ricardo, leitura labial!

– Faz parte do meu trabalho. E você, realmente espera alguém?

– Sim, esperava você se apresentar. Já o vinha observando há algum tempo. Você parecia muito feliz, brindando ao mar.

– Este é um dos dias mais felizes da minha vida. Acabei de pôr na cadeia os mandantes do assassinato dos meus pais.

– Sinto muito pelos seus pais. – Ela faz um sinal, pedindo outra cerveja. – É muito ruim perdê-los. Os meus morreram há alguns anos, quando tinha dezesseis. Acidente de trânsito.

– Puxa vida, também sinto muito, Mariana.

– Então veio brindar aos seus pais. Era com eles que falava?

– É sim, prefiro vê-los no mar do que em um cemitério. Sempre que quero falar com eles, venho para a praia. Vinha do Recreio, depois de efetuar as prisões, e parei aqui.

– É policial, Ricardo?

– Sou delegado federal, mas não trabalho em campo. Sou da inteligência e investigo certos tipos de pessoas. Políticos corruptos, policiais, etc.

– Pensei que para ser delegado teria de ser advogado. – Ela sorriu novamente. – Você não tem cara de advogado, Ricardo.

– Na verdade, não sou advogado, Mariana – correspondeu ao sorriso, derretido –, sou bacharel em direito e, também, doutor em ciências da computação. Entrei na faculdade muito cedo.

– Puxa vida, Ricardo, mas que idade tem? – Estava muito curiosa, pois ele não devia ser muito mais velho que ela, que contava apenas vinte e um anos.

Ele deu um sorriso franco e afirmou:

– Acabei de fazer vinte e quatro anos. Chamo-me Ricardo André Godói, trabalho na inteligência federal há quatro e já mandei duzentas pessoas para a cadeia por crimes diversos. Hoje, além de matarem meus pais, eles eram pedófilos e faziam lavagem de dinheiro. Nasci no Rio, mas os meus pais eram de Porto Alegre, ele desembargador e ela empresária. Aos quatro anos fui para o Sul onde vivi até aos dezesseis. Por isso, às vezes e especialmente quando fico nervoso ou irritado, acabo falando com sotaque gaúcho. Aos dezesseis, ingressei na faculdade de ciências da computação e formei-me em três anos. Enquanto fazia o mestrado, descobri a minha vocação e ingressei na polícia federal. Para ser delegado, precisei de fazer direito. Foi nessa época que mataram os meus pais, justamente ato de certos corruptos. Tenho uns tios em Porto Alegre, mas não nos vemos muito. Bem, essa é a minha ficha resumida. – Sorriu para ela, que estava totalmente fascinada com o rapaz. – E você, linda Mariana, como você é?

– Bem, eu não tenho um curriculum tão interessante. Chamo-me Mariana Silva, sou gaúcha, mas vim viver aqui no Rio aos dois anos. Com dezesseis, perdi os meus pais e fui morar com uma tia-avó que faleceu recentemente. Aos dezessete fui para a faculdade de administração e já sou formada. Tenho vinte e um anos e possuo uma pequena rede de lojas de moda. A minha loja matriz fica no shopping Tijuca. Estou aqui, me dando o dia de folga.

– Você devia chamar-se Jade – disse Ricardo, que não conseguia tirar o olhar dela, felicíssimo. – Combina com os seus olhos.

Ela deu uma risada alegre, atirando a cabeça para trás e fazendo os seus cabelos ondularem.

– Era assim que minha mãe me chamava e gosto muito desse nome, que é tão doce. Mas você também combina mais com André!

– Bem, só me conhecem por Ricardo. – Sorriu, matreiro. – Se você prometer não rir, eu conto o apelido que me dão no trabalho.

– E qual é?

McGiver Tupiniquim. – Ela deu uma tremenda risada e Ricardo fingiu tristeza. – Não vale, você disse que não ia rir.

– Desculpe – disse Mariana, ainda rindo – esperava qualquer coisa menos isso.

Ambos estavam tão interessados um pelo outro que nem viram o tempo passar, conversando sem parar. Ela contava como, durante a faculdade, descobriu a paixão pelo mundo da moda. Aproveitando a herança que os pais deixaram, montou uma lojinha de roupas de grife no Shopping Tijuca. Na faculdade, conheceu uma colega de quem ficou muito amiga. Descobrindo que ela tinha um talento nato para a gerência e liderança, Mariana chamou-a para ser gerente-geral da sua loja e, em um ano, elas tinham expandido a rede para dez lojas.

Ele ouvia atentamente, extasiado com a doçura da sua voz e o tempo passava sem que notassem.

Ricardo começou a notar uma certa agitação entre os rapazes do bar que já haviam bebido muito e lançavam olhares para o par, sentindo que iam começar as provocações para acabarem em briga. Por causa disso, interrompeu a garota:

– Temo que aquela turma esteja se preparando para procurar confusão – disse com toda a calma. – Está ficando tarde e gostaria de aproveitar e convidá-la para jantar, se você aceitar.

– "O que eu queria era te jantar, gato" – pensou ela. – Será um prazer. Um excelente fim de dia – respondeu.

Quando se levantaram, os rapazes cercaram-nos, incentivados uns pelos outros e provocadores. O mesmo que foi falar com Mariana foi o primeiro a se manifestar.

– Ei, playboy, qual é a tua? Tu vem aqui e leva a garota na maior! se achando o cara?

– Caiam fora, garotos – disse Ricardo, debochado. – Vão estudar que ganham mais.

Quê que foi? – berrou um deles, aproximando-se. – To achando que o mané precisa de uma lição de educação.

Ricardo tinha um bom preparo físico e conhecimento em artes marciais, mas não tinha o menor interesse em se envolver numa briga estando junto com a garota, pois seria um péssimo começo e ele estava perdido por ela. Assim, optou por um tratamento de choque e, num movimento tão rápido que os garotos não viram, pegou a pistola, apontando para eles.

– Vocês são muito machos em oito contra um, né. – Mirou num deles. – Será que ainda está com testosterona sobrando?

– Calma aí, moço – pediu um com a voz tremendo.

– Rasga, magrão – disse ele, pondo a arma de volta no coldre embaixo do braço e louco para rir das caras de medo. Estendeu o braço para a moça e sorriu. – Vamos, Jade? Acredito que os rapazes já entenderam o recado.

– Esses aí vão pensar pelo menos duas vezes antes de abordarem o próximo. – Afirmou Mariana, rindo muito. – Você notou que o da frente se mijou todo?

– Sim, mas não quis me aproveitar. Acho que o susto foi mais que o suficiente. – Pegou na sua mão e perguntou. – Então, Jade, o que deseja para jantar?

– Eu gosto de tudo – respondeu. – "Você" – pensou ela.

– Nesse caso, vamos rodando por aí e paramos naquele que nos atrair. Que tal?

– É uma ideia maravilhosa.

Levou-a até ao carro e, quando ela viu um Mustang, disse:

– Hei, isto não é um carro de policial – sorriu maliciosa. – Ou você também recebe subornos?

– Eu não nasci policial, Jade, foi uma opção – respondeu alegre. – Mas nasci com um patrimônio apreciável. Este carro era do meu pai e tem um significado muito especial para mim. Apesar de ter vários outros, costumo andar mais nele. Engraçado, mas até a corregedoria já me investigou por causa dele. Felizmente, sou muito bem conhecido e tenho todo o apoio do meu chefe.

Abriu a porta e a garota entrou. Rodam por algum tempo, ali mesmo pela Barra, até que viram um restaurante simpático e discreto. A Barra da Tijuca era repleta de ótimos lugares e os dois jantaram e conversaram animadamente em um local aconchegante e calmo. Entre ambos formava-se uma corrente elétrica e, em vez de ficarem de frente um para o outro, sentam-se lado a lado, cada vez mais próximos, sentindo sutilmente o toque dos seus corpos e já de mãos dadas.

– Como você pega os corruptos? – perguntou ela, sempre com os olhos brilhantes.

– Discretamente, nós invadimos os computadores deles e quebramos as senhas dos arquivos criptografados, obtendo as provas necessárias. Depois, levamos a um juiz que expede os mandatos de prisão. Às vezes é muitíssimo difícil, como estes dois de hoje que me levaram dois meses de pesquisas e uns quatro anos de cerco. Claro que tudo isso envolve uma autorização judicial.

Sentem-se cada vez mais atraídos um pelo outro e só conversam para simplesmente continuarem perto, para o momento não fugir, mas uma hora acaba o assunto e, sem se conter mais, Ricardo disse:

– Presumo que, quando a gente fica sem assunto, é sinal de que está na hora do beijo e confesso que estou louco para a beijar desde o quiosque.

– Nesse caso – disse Jade, sorrindo e aproximando-se ligeiramente, com os lábios entreabertos – o que está esperando, André?

Ele não esperou novo convite e levou a mão ao seu queixo, puxando-a para si e beijando-a docemente.

Não sabem por quanto tempo fizeram isso, mas repentinamente deram-se conta que quase não havia mais fregueses no restaurante e riram. Saíram e foram caminhando abraçados para o carro, andando bem devagar.

Ele se ofereceu para a levar e Mariana indicou o caminho, descobrindo que a ela morava em um lindo prédio à beira da praia, quase ao lado de onde se conheceram, talvez uns cento e poucos metros. Estacionou o carro e ficaram-se beijando por um bom tempo até que ela disse:

– Gostaria de subir, André? – Os olhos eram muito convidativos. – Posso fazer um capucino que seria um bom fim de noite. O que acha?

– Será um prazer.

Subiram pelo elevador, beijando-se loucamente, e o capucino foi esquecido, pois acabaram mesmo é na cama da garota, cheios de paixão. Tarde da madrugada, Ricardo despediu-se não sem antes pegar um cartão com o telefone da moça. Sentou-se no carro e ficou bem um minuto olhando para a sacada do quinto andar, pensando nela sem parar, até que ligou o carro e tomou rumo da ponte Lúcio Costa.

― ☼ ―

Quando entrou na Avenida das Américas em direção a São Conrado, onde morava, foi parado numa blitz policial. O PM, um sujeito alto, com rosto bonachão e cansado do que fazia, olhou o carro, um dos tipos que procuram. O dono abriu a janela e o jato de ar frio chegou até ele, aliviando-lhe um pouco do calor que sente, apesar de ser inverno. Observou o jovem bem-apessoado e pediu os documentos. Mal o motorista abriu o paletó para tirar a carteira e policial viu a arma e reagiu rapidamente.

– Senhor, por favor saia do carro com as mãos na cabeça, bem devagarinho – disse, apontando o revólver.

– Calma aí, que eu sou agente federal e ia me identificar.

– Saia do carro com as mãos na cabeça, por favor. Não vou repetir.

– Por que não me deixas identificar-me, tchê? – Ricardo, saiu do carro, bem irritado.

– Ponha as mãos no capô.

– Vais-te arrepender – disse Ricardo enquanto o policial tirava a arma do coldre e observava.

– Arma do exército!

– E da polícia federal, agora posso mostrar a minha identificação?

– Faça isso bem devagar, não vá haver outra arma aí.

– Para sua informação, sargento, já o poderia ter desarmado e morto há muito tempo. Você é muito desleixado. – Ricardo mostrou a identidade e o distintivo. – Viu? Podíamos ter evitado isto, se me deixasse falar.

O policial viu as credenciais, lendo o nome do Ricardo. Ergueu os olhos para o seu rosto e afirmou:

– O senhor tem hálito de vinho, delegado Godói, então vai esperar aqui até chegar o bafômetro e um superior.

– Escute – olhou para o nome no uniforme – sargento Santana, você bem vê que eu estou completamente sóbrio. Não me estrague a noite. Não precisa de bafômetro, pois bebi vinho hoje. Durante o dia, fui prender dois advogados pedófilos que, ainda por cima, descobri serem os mandantes do assassinato dos meus pais. Depois, tirei o resto do dia de folga, parei em um quiosque na praia e conheci a garota mais linda deste mundo. Saí com ela e jantamos juntos. Tomamos vinho, dançamos um pouco e fomos para a casa dela, você entende, né? Eu sei que não devia, mas estou bem sóbrio. Por favor, não me faça isso, não hoje que tive algo tão especial.

O sargento olhou para ele. Era quase tão alto quanto o Ricardo, mas bem mais largo e pesado. Tinha cabelos negros e o rosto redondo, simpático. Sorriu para o delegado e devolveu a pistola.

– Queira desculpar, delegado Godói, estamos justamente à procura de um criminoso com um carro semelhante ao seu, mas tome mais cuidado da próxima vez. Boa sorte com a garota. – Estendeu a mão para Ricardo que a apertou, sorrindo.

– Devo-lhe uma, sargento. Se um dia precisar de mim, conte comigo. – Entregou um cartão ao homem, com quem simpatizou muito. – Obrigado.

Meia hora depois estava na sua casa e sentou-se na varanda, suspirando. Não imaginava um dia tão perfeito quanto aquele e sentia-se perdidamente apaixonado pela moça que acabara de conhecer, e que moça. Alta, com um metro e oitenta, cintura muito fina, seios firmes e empinados, nem grandes nem pequenos, e pernas bem torneadas e rijas. Os olhos, que olhos! Jamais teve uma noite como aquela. O seu cheiro era a coisa mais deliciosa de que tinha lembrança e nunca uma garota o atraiu tanto e tão rapidamente quanto ela. É algo que não sabia nem desejava explicar e rezava para que não tivesse sido só uma noite.

– Ah, minha Jade, não te posso perder pois tu és perfeita demais, tchê. – Murmurou para a noite.

― ☼ ―

McGiver: personagem de um seriado de televisão dos anos 90 onde um sujeito conseguia realizar o impossível com recursos mínimos.

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