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oioi amorecos 💜
boa leitura!!!
Na situação em que estava, colocar o celular no silencioso já era praticamente um estilo de vida. Pelo simples motivo de que desde o encontro breve entre meus amigos no shopping, eles decidiram fazer um grupo apenas com nós três e aquele foi definitivamente o combo da melhor e a pior ideia que eles já tiveram na vida.
Era a melhor, pela praticidade que aquele grupo iria me trazer, para mim era bem mais prático enviar uma só mensagem no grupo do que ter que repetir duas vezes na conversa de cada um, entretanto, era a pior ideia pelo simples fato de que os dois não calaram a boca desde então, afinal, eles definitivamente são as pessoas que mais conversam que eu conheça.
Na manhã de hoje fui acordada alguns minutos antes do habitual com uma chuva de mensagens dos dois, primeiro da Yumi nos desejando um ótimo dia e, logo após, o Tae brigando com a ruiva por ter o acordado e isso apenas piorou com o passar das horas. Eles trocaram mensagens a aula toda e, obviamente, eu também conversava no grupo, mas não tanto quanto os dois.
Contudo, o estopim para mim foi quando eu avisei que iria parar de responder, por ter que arrumar para encontrar o Jungkook, e fui surpreendida minutos depois por uma ligação no meio do banho, que foi ignorada, seguida de outras três. Apenas na quarta vez que o celular tocou que eu atendi, sendo recebida com xingamentos por ter demorado e pelo pedido da Yumi de conversarmos por vídeo enquanto eu me arrumava.
Aceitei por estar bastante adiantada. Era metade da tarde e eu só teria que sair depois que escurecer, então não me preocupei em correr para ficar pronta antes da hora. No entanto, deveria ter pensando duas vezes, já que, na primeira oportunidade que teve, a ruiva já começou a criticar as minhas escolhas.
— Isso aqui virou consultoria ou o quê?! – disse ao rebater a mais velha, que quase brigava para que eu mudasse de brinco.
— Yumi, deixa a garota.. – Taehyung disse parecendo meio alheio ao assunto, parecendo estar mais focado na tela do computador, provavelmente em algum jogo.
— Mas o brinco é prata e ela vai usar dourado! Hyun pelo amor de Deus, leva um minutinho pra você trocar..
— Tudo bem! – dei-me por vencida, substituindo o que eu usava no momento por um pequeno douradinho, que eu gostava muito – Satisfeita?
— Agora sim! – ela bateu palmas alegremente e eu apenas ri, em negação.
— Já volto, ok? – avisei-os – Vou trocar de roupa – ambos assentiram, voltando para um assunto aleatório que eles debatiam anteriormente.
Desliguei a câmera antes de seguir até o meu guarda-roupa, respirei fundo no momento em que abria suas portas, sentindo o nervosismo me atingir. Recolhi a roupa já separada desde o dia anterior que consistia basicamente de: uma saia jeans de botões na frente, levemente justa, uma regata branca curta, apenas para me deixar mais confortável, e por cima o cardigã lilás (também mais curto) com apenas alguns dos botões fechados. As peças eram bem simplórias, entretanto, ao serem colocadas juntas, formavam um conjunto lindo e com alguns acessórios ia ficar perfeito. Recolhi uma correntinha dourada que tinha e algumas pulseiras, mesmo que elas não fossem ter muito destaque, já que estava usando o cardigã e era provável que as mangas longas fossem ocultá-las, mas ao serem adicionadas ao look ficaram perfeitas.
Me dirigi ao espelho apenas para conferir o resultado final e eu estava realmente satisfeita com o que via. Sorri genuinamente para a figura que reluzia no espelho, me sentindo confortável com meu corpo, com minhas roupas, comigo mesma em um geral, e aquele sentimento era indescritível.
Mirei os meus fios bagunçados e, antes mesmo de voltar para a ligação com os meus melhores amigos, resolvi arrumá-los. Recolhi uma escova de cabelo que estava jogada na minha cama e penteei-os enquanto ligava a câmera.
— Voltei!
— Agora sim você está parecendo gente! – Tae brincou, batendo palmas, e todos rimos.
— Seu bobo! – mostrei minha língua pra ele como uma criança de sete anos faria, antes de voltar a atenção para o meu cabelo.
— Já disse e repito – Yumi iniciou – você está uma grande gostosa!
Taehyung se assustou de início com a fala, mas não demorou a se juntar a ruiva nas risadas.
— Eu nem vou falar nada.. – senti as bochechas avermelhando apenas com a brincadeira.
— Você sabe que é a verdade – a Choi deu de ombros e eu apenas neguei, resolvendo não contestar aquilo.
Após a fala da ruiva, decidi não render mais aquele assunto e passei a me concentrar no que realmente importava naquele momento: me arrumar.
Decidi colocar um adereço em meu cabelo, apenas para variar um pouco. Coloquei minha franja em um dos lados atrás da orelha e prendi a mecha de cabelo com um grampo de pérolas, ficou bastante discreto, entretanto, muito bonito, sem contar que desta forma o brinco que usava ganharia mais destaque.
— Gente eu vou precisar desligar – a voz de Tae se fez presente após alguns instantes – Tem uma pessoa que não para de me ligar.. – ele explicou enquanto parecia conferir quem era o autor das chamadas – Ah.. – ele riu fraco, negando – Eu preciso mesmo ir, acho que é uma urgência.. – a feição do mais velho expunha nitidamente a sua vontade de rir, por isso ele apenas se despediu rapidamente e logo desligou.
— Quem será que é? – Yumi questionou.
— Tenho cara de advinha? – respondi ao mesmo tempo que iniciei a minha maquiagem nada elaborada.
— Aish, tá atacada é? – ela disse ao exibir um semblante divertido — Nossa, você está tão bonitinha.. – ela disse subitamente, me pegando desprevenida.
— Oh.. obrigada Yu – sorri, verdadeiramente agradecida pelo elogio tão simplório e repentino.
A Choi voltou a debater sobre outro assunto aleatório e eu aproveitei o momento para terminar de me arrumar, já que, se fosse depender da ruiva, iríamos conversar até o dia seguinte.
•
O sol já se punha no horizonte e eu assistia calmamente cada segundo disso. Estava esperando minha mãe retornar do trabalho para me levar e, como a ansiedade não me permitiu fazer outra coisa a não ser aguardar até a hora de sair, resolvi ir até o quintal ver o pôr do sol.
Sorri com a cena, me recordando da última vez que havia realmente parado para assistir os minutos finais da estrela reluzente. Estava com Jungkook, no seu quarto, e naquela época eu não imaginava que as coisas iriam evoluir tanto até o cenário atual, contudo, agradeço imensamente pela mudança, já que eu não sou capaz de me imaginar sem a presença dele.
— Onde você vai? – a pergunta baixa chamou a minha atenção, mirei em todas as direções até encontrar o seu autor debruçado na janela da cozinha, Namjoon.
— Vou sair pra jantar – fui direta, mas eu não queria que ele perguntasse nada além disso, já que eu não iria ser capaz de admitir que, pela segunda vez na semana, tinha planos com o Jungkook.
No entanto, o mais velho apenas assentiu lentamente antes de sorrir, me pegando de surpresa por não esperar tal reação.
— Aproveite Hyun – ele sorriu verdadeiramente e eu não demorei a retribuir, genuinamente agradecida pelo Kim estar tentando mudar os seus hábitos tão grudentos e tóxicos.
— Obrigada Nam!
Ele apenas piscou, ainda sorridente, antes de sumir pelo cômodo em que estava sem perguntar mais nada.
Pelo menos foi isso o que eu pensei, já que, em questão de instantes, já podia avistar as covinhas adoráveis mais uma vez.
— Só.. toma cuidado, tudo bem? – sua preocupação era perceptível apenas pelo tom de voz usado.
— Claro! – assenti, voltando a sorrir – Não precisa se preocupar.. – foi a vez do mais velho assentir antes de, finalmente, voltar para o interior da casa.
Para mim era completamente fora do comum presenciar esse tipo de comportamento vindo do Namjoon, estava tão acostumada com o jeito protetor dele que foi realmente uma surpresa quando ele não quis saber em detalhes pra onde, com quem eu estava indo e que horas iria voltar. Entretanto, obviamente, não iria reclamar das tais mudanças, na realidade estava muito agradecida.
Sabia que ele não iria mudar completamente do dia para a noite, contudo, era nítido que ele estava realmente se esforçando para fazer diferente e apenas isso pra mim já conta bastante. Ver que ele se importa ao ponto de mudar seus hábitos apenas para resolver as coisas entre a gente já mostrava o quanto ele gosta de mim e era um verdadeiro alívio pensar que toda a sua preocupação realmente era por conta da necessidade de me proteger, e não por ele ser tóxico.
Entre os devaneios voltados ao comportamento de Namjoon, o sol acabou se pondo por completo, me deixando (parcialmente) no escuro, já que a iluminação interna da casa refletia no exterior, iluminando de forma precária a varanda. Antes mesmo que eu pudesse retornar ao interior da casa, um barulho atípico na rua silenciosa indicou que um carro havia chegado. Tomada pela ansiedade, corri pela lateral da casa até me encontrar com a origem do som, o carro da minha mãe.
Acenei animada para a Kim mais velha assim que ela saiu do veículo e não demorei a receber uma resposta.
— Ei filha! Demorei? – neguei – Eu peguei um pouco de trânsito.. – ela passou a caminhar em minha direção, toda sorridente e era possível ouvir o barulho feito pelos seus saltos ecoando pelo chão – Está ansiosa para hoje?
— Muito.. – tentei ocultar um sorriso, mas foi impossível, estava feliz demais.
— Eu só vou tomar um banho e te levo, tudo bem? – eu apenas assenti, passando a caminhar lentamente até a porta frontal da casa acompanhada pela minha mãe.
— Vou esperar na sala..
A mais velha assentiu antes de seguir até o final do corredor, onde ficava o seu quarto. Quando percebi que havia ficado sozinha novamente, me permiti respirar fundo, tentando ao máximo controlar as minhas emoções.
Estava ansiosa, muito ansiosa. A cada minuto que se aproximava do jantar, sentia o coração acelerar em meu peito e até os dedos passaram a formigar. Nunca havia ficado tão nervosa por algo em toda a minha vida, nem mesmo para apresentar trabalhos ou para uma nota e, levando em conta que sou bastante introvertida, isso já era o suficiente para concluir que eu estava a beira de um colapso.
Corri até o espelho mais próximo e analisei o reflexo mais uma vez, apenas para me certificar de que estava apresentável, e meu sorriso foi instantâneo. Afinal, em meio a toda aquela euforia apresentada, havia felicidade. Estava tão feliz que era impossível focar em algum defeito ou imperfeição, a única coisa que ocupava os meus pensamentos era que iria encontrar Jungkook em breve e nada poderia estragar isso. A euforia que sentia havia dominado todo o meu ser e, devido a isso, perdi a noção de tempo, de tal forma que, quando minha mãe tocou o meu ombro indicando que já estava pronta, eu me assustei com a rapidez da mais velha, já que não senti o tempo passando. Para mim só havia se passado poucos minutos.
— Aí filha aproveita, ok? – ela disse assim que adentramos o carro, sorrindo como se fosse ela própria a convidada – você está tão lindinha.. meu bebê cresceu! – a mais velha me analisou por inteira, visivelmente emocionada.
— Mãe.. por favor – foi tudo que eu consegui dizer, sentindo as bochechas queimarem de vergonha.
— Tá, tá, desculpa – a mais velha respondeu, já ligando o veículo e, apenas nesse instante, pude finalmente respirar fundo, me permitindo relaxar no banco macio.
Por morarmos na mesma rua, não tinha desculpas para o trajeto demorar. Não tinha trânsito, acidente na pista, sinal, grande circulação de pessoas e nem nada do tipo, nosso bairro era bastante tranquilo então em cerca de pouquíssimo tempo, já podia avistar a casa grande e bem iluminada que me era bastante familiar, a residência dos Jeon.
Assim que o carro parou por completo, o meu estômago parecia borbulhar de tanta ansiedade.
— Olha eu vou sair com o seu pai pra jantar e quando estivermos voltando eu te mando uma mensagem, certo? – tudo que eu consegui responder foi um aceno afirmativo.
— Tchau mãe – disse após instantes e praticamente saltitei para o lado de fora, fazendo a mais velha rir.
— Tchau Hyun – minha mãe acenou, mesmo que ela não fosse sair dali até que eu entrasse.
Me afastei do carro, me aproximando com uma certa lentidão da residência diante de mim, já que, agora que estava realmente acontecendo, minha timidez se fez presente.
Toquei a campainha e rapidamente a porta se abriu, era quase como se a pessoa já me aguardasse do outro lado, exibindo o sorriso radiante da senhora Jeon que é praticamente idêntico ao de Jungkook.
— Sohyun, querida! – ela liberou a porta para que eu passasse – Você está muito linda!
— O-obrigada senhora Jeon – meu tom era baixo, dominado pela vergonha. Logo percebi que estava sozinha com ela e aqueles sentimentos triplicaram.
— Agora eu entendo o motivo de vocês dois combinarem tanto... são idênticos! – ela riu ao se referir a timidez que compartilhávamos, ainda com a atenção completamente voltada à mim – Querido, vem dar oi para a Soso! – ela não obteve uma resposta instantânea. Entretanto, um barulho na cozinha após sua fala indicou que algo havia caído e foi visível na feição da senhora Jeon a preocupação – Eu já volto, tudo bem? O Jungkook está lá em cima, vai lá! – ela disse antes de praticamente correr até a cozinha, provavelmente para acudir o seu marido.
Olhei em direção a escada no lado contrário do cômodo e respirei fundo, criando coragem para subir.
Verifiquei se minha roupa estava toda certinha antes de finalmente partir em direção à escada, contudo, antes que eu pudesse alcançar o primeiro degrau, uma movimentação no andar de cima capturou a minha atenção, era Jungkook.
O garoto ainda não parecia ter me visto, já que rumava o seu caminho em direção a mesma escada em que eu estava com uma feição tranquila em seu rosto ao mesmo tempo que murmurava o instrumental de alguma música e, no meu ponto de vista, ele estava deslumbrante da cabeça aos pés. Jeon vestia um jeans escuro e um moletom colorido e estampado, algo realmente básico, mas que nele estava perfeito e seus cabelos estavam levemente úmidos. Minha única reação momentânea foi ficar estática, assistindo Kook se aproximar e nem ao mesmo consegui dizer “oi”.
Apenas quando ele já havia descido alguns degraus que percebeu a minha presença e a mudança em sua feição foi instantânea, antes tranquila e serena, agora era uma completa mistura de surpresa e felicidade.
— Uh.. Soso! – era possível visualizar o quão feliz ele havia ficado apenas de observar sua feição alegre, que emanava serotonina.
— Ei Kook – eu tentei acompanhar o seu sorriso radiante ao assisti-lo praticamente correr escada abaixo, vindo em meu encontro.
Antes de trocarmos qualquer outra palavra, ele me abraçou firmemente e aquilo transmitia uma mensagem bem maior do que qualquer outra coisa que pudéssemos dizer naquele momento. Fiquei na pontinha dos pés para que conseguisse apoiar o meu queixo no seu ombro, mas aquilo não me incomodava. Apertei o garoto máximo que conseguia, sendo rapidamente retribuída.
Era simplesmente libertador não precisar se preocupar com pessoas ao nosso redor olhando, sendo elas estranhas ou não e no momento em que percebi aquilo, me afastar do abraço se tornou uma tarefa impossível. Ficamos naquela posição por longos instantes até que meus pés não aguentassem mais e, apenas por causa disso, eu afrouxei o abraço, mas sem me afastar. Ao perceber a minha necessidade de permanecer juntinho assim, Kook levou ambas as mãos para o meu pescoço, mais precisamente abaixo da minha mandíbula, apenas para levantar meu rosto suavemente, permitindo que pudéssemos nos ver mesmo de tão perto.
Naquele momento, seus olhos pareciam galáxias inteiras pelo brilho que eles carregavam.
Sem dizer uma palavra sequer, Jeon se aproximou lentamente, depositando um selar demorado na minha testa, tal ato fez com que minhas bochechas tomassem cor outra vez, mas eu não me importei muito com aquilo, já que, no instante seguinte, meu rosto estava repousando contra o peito do mais velho mais uma vez de tal forma que era possível escutar e sentir o seu coração disparado.
— Você está maravilhosa – ele sussurrou próximo ao meu ouvido ao mesmo tempo que passou a afagar os meus cabelos levemente.
— Você também está – foi a minha vez de sussurrar, sendo capaz de sentir o coração do mais velho acelerar mais ainda, se é que aquilo fosse possível.
Após a troca de elogios e carícias, fomos nos afastando aos poucos, lentamente, até que o nosso único contato fosse as mãos entrelaçadas.
Jungkook aproveitou do nosso contato para me guiar até a cozinha, na intenção de conversar com seus pais, e a minha reação instantânea foi de apertar a mão do mais velho, nervosa. Era fato que, além de já conhecer os dois, havia até mesmo conversado com a mãe dele minutos atrás, mas aquela situação atual era completamente diferente. Ficar diante de ambos os pais de Jungkook de mãos dadas não era só um passo adiante, era avançar toda uma colina no relacionamento indefinido que tínhamos e aquilo me assustou de início.
— Tá tudo bem.. – escutei Jeon sussurrar para mim alguns passos antes de entrarmos na cozinha e logo em seguida ele tentou afastar a sua mão na tentativa de me deixar mais confortável, mas eu não deixei. Apertei os dedos dele contra os meus e ainda depositei minha outra mão por cima, ele pareceu bastante satisfeito com o meu ato.
Partiu de mim a iniciativa de voltar a andar em direção ao nosso destino. Naquele instante havia percebido que não tinha o que temer e não precisava me retrair tanto, eram apenas os pais de Jungkook e tudo que eu precisava fazer era ser eu mesma.
Assim que adentramos o cômodo em questão, rapidamente tive a atenção voltada para o casal Jeon, que riam próximos ao fogão.
— Oi.. – Kook disse, parecendo estar tão confuso quanto eu perante aquela cena.
— Oh! Vocês já desceram? – o senhor Jeon iniciou – Tivemos um imprevisto, o jantar vai demorar mais um pouco..
— Seu pai deixou a panela cheia cair... esse foi o imprevisto – a mais velha riu, provavelmente ao se recordar da cena, demonstrando não estar brava com o ocorrido.
— Foi sem querer.. – ele se explicou, coçando a cabeça, parecendo estar bastante envergonhado e aquele ato automaticamente me lembrou Jungkook – e oi Soso! – ele voltou a sorrir ao me cumprimentar e eu acenei em sua direção, acanhada – Querida, olha como eles são fofos juntos.. Me lembra a nossa época de escola – o olhar do senhor Jeon foi diretamente para a mãe de Kook, que mantinha sua atenção na panela até então.
A única certeza que eu tinha naquele momento é que meu rosto estava igual um tomate.
— A diferença é que seu pai tinha um cabelão – ela riu – dava até pra fazer um rabo de cavalo atrás.
— Verdade! – os dois sorriram ao se recordar dos tempos de colégio.
— É...é... – mirei em direção a voz e me deparei com um Jungkook completamente tomado pela vergonha, era adorável – Quando estiver pronto vocês chamem a gente, tudo bem? – ele conseguiu dizer após alguns instantes enquanto tentava sair daquela situação o mais rápido possível.
— Tudo bem filho, não vai demorar – a mais velha direcionou um sorriso tranquilo em nossa direção e utilizamos de sua fala para deixar o cômodo – mas porta aberta Jeon Jungkook!
Kook não parecia esperar por aquela fala em questão, já que ele parou de andar bruscamente, voltando a ficar vermelhinho. Eu me divertia com aquela situação, afinal, ele ficava tão adorável com vergonha.
— Soso.. – ele iniciou de olhos fechados, parecendo estar tão envergonhado que não conseguia ao menos me olhar – ignora os dois, ok? As vezes eles se animam demais..
— Tudo bem Kook – esperei que ele abrisse os olhos para sorrir em sua direção, transmitindo conforto e tranquilidade – não se preocupa com isso – ri fraco e ele assentiu.
Jeon voltou a segurar minha mão e seguimos juntos até próximo da escada, quando ele parou subitamente mais uma vez.
— Você quer subir mesmo ou prefere ficar por aqui? – dei de ombros, deixando a decisão por conta do mais velho. Ele ponderou por alguns segundos antes de prosseguir o caminho para o andar superior.
Em questão de instantes já estávamos dentro do seu quarto, o ambiente estava perfeitamente arrumado e aquele fato me fez rir baixo, já que tinha absoluta certeza de que ele havia arrumado por minha causa. Aproveitei o tempo livre para explorar o cômodo que não havia mudado muito desde a última vez em que estive ali, com exceção da roupa de cama, agora tinha um edredom preto cobrindo o colchão macio, mas uma coisa em específico chamou a minha atenção, um post it com alguma anotação aleatória colado na parede. O que me atraiu não foi o conteúdo em si, mas a caligrafia, a letra do meu admirador.
Era impossível não rir daquele fato, antes eu estava realmente cega.
— O que foi? – Kook perguntou, atraindo a minha atenção para seu olhar fofo e curioso poucos passos atrás de mim.
— Nada.. – sorri para reforçar a minha fala, mas ele continuou desconfiado.
Segui em sua direção, ainda possuindo seu olhar incerto focado em mim e ele pareceu entrar quase que em colapso quando eu estava a menos de cinco centímetros dele, com os nossos pés já se tocando.
— Não confia em mim? – fingi uma feição triste e foi visível que o semblante alheio havia passado de desconfiado para preocupado.
— Claro que sim! – ele afirmou um pouco alto, me fazendo sorrir novamente com a preciosidade do seu ato – Soso, você sabe que eu confio em você, por vo..
— Shh.. – sussurrei antes de colar os nossos lábios rapidamente, o interrompendo – eu sei que você confia em mim, seu bobo – ele sorriu aliviado antes de se afastar minimamente apenas para se sentar confortavelmente na cama atrás de si.
— E eu espero que você também confie em mim.. – Kook disse como quem não queria nada, provavelmente só para me escutar admitindo o que ele já sabia.
— De olhos fechados.. – ele pareceu bastante satisfeito com a minha resposta, já que após isso, ele ergueu uma das mãos, me segurando levemente pelo braço antes de me aproximar de si, concluindo seu ato em um abraço apertado.
— Fico muito feliz por isso, meu amor – sua voz estava um pouco abafada por causa do abraço, mas consegui ouvir perfeitamente o que ele havia dito.
Aquele apelido carinhoso não era algo tão novo entre nós, já que antes ocorreram episódios em que nos chamamos assim sem ao menos perceber, entretanto, escutar Jungkook dizê-lo propositalmente me proporcionava um sentimento novo. É uma mistura de amor, conforto, carinho, segurança.. praticamente uma junção de todos os sentimentos bons ao mesmo tempo, causando uma sensação indescritível.
De imediato, foi impossível esboçar qualquer reação que não fosse sorrir. Meu silêncio pareceu, de certa forma, assustar Jeon e por isso ele se afastou, procurando o motivo da minha quietude, mas ao perceber o quão feliz eu estava, ele rapidamente ocupou seus lábios com um sorriso ainda mais radiante.
— Kook.. – o chamei ao me recordar de um fato – da última vez que eu vim aqui, você disse que outro dia iria tocar violão pra mim... – iniciei ao levar minha atenção para o instrumento esquecido ao lado do armário – que tal hoje?
Jungkook revezava um olhar preocupado entre o instrumento e a minha figura, parecendo não saber ao certo o que fazer ou responder.
— M-mas eu tenho vergonha.. – ele disse por fim – e tem uns meses que eu não pratico, te garanto que de primeira não vai ser algo muito agradável de se escutar – eu ri sem acreditar que aquilo fosse verdade, sabia que ele tocava muito bem.
— Ah.. – fiz um bico e tudo que ocupava a minha cabeça nesse momento era que eu estava igual o Taehyung fazendo drama – tudo bem então.. – me sentei ao seu lado da cama, ainda com a feição falsa de tristeza enquanto passei a encarar o chão.
— Soso.. – ele choramingou – não faz isso! – direcionei o meu melhor olhar de cachorrinho perdido em sua direção antes de abaixar levemente a cabeça – Tudo bem eu toco! Agora para de fazer essa cara, meu coração até dói vendo uma coisa dessas.. – ele se rendeu, rapidamente levantando e indo buscar o instrumento.
Meu sorriso foi instantâneo. Nunca fui de fazer drama para conseguir nada, mas como ele não estava se rendendo, tive que apelar.
Assim que ele se virou, já com o instrumento em mãos, e se deparou com o meu sorriso, ele apenas negou, mas sem reclamar da minha birra.
— Você está passando tempo demais com o Taehyung.. – ele disse ao se aproximar e eu ri enquanto dava espaço para que ele pudesse sentar confortavelmente com o violão em seu colo – Qual música você quer?
Não havia parado para pensar em uma música e naquele momento havia me dado um branco.
— Toca a que você gosta mais..
Ele assentiu antes de voltar para as cordas do instrumento, iniciando um dedilhar suave antes de realmente começar a tocar. Eu não conhecia a música em questão, mas aquilo não importava naquele momento, tudo que realmente importava era que Jungkook estava tocando especialmente para mim.
O cabelo, agora já completamente seco, cobria parte de seu rosto pela posição em que se encontrava, entretanto, ainda era possível visualizar os seus lábios murmurando baixinho a letra da música, ele estava adorável. Assim que ele se sentiu confiante o suficiente para levantar o olhar, ele me pegou no flagra olhando para sua boca e o ato lhe fez sorrir timidamente, mas sem parar de tocar.
Era óbvio que Jeon estava tocando maravilhosamente bem e ele só estava um pouco receoso de início por ser bastante tímido.
— Canta pra mim? – pedi ao perceber que ele havia voltado a murmurar a letra, mas ele negou e eu resolvi não pressionar, afinal, ele já havia ignorado toda sua timidez para tocar o violão, talvez ele não estivesse pronto para ir além.
Tive a minha confirmação do pensamento anterior ao perceber o quão rosadas as suas bochechas estavam.
— Você toca muito bem – elogiei, antes de direcionar uma de minhas mãos sob a sua perna, fazendo um carinho superficial para incentivá-lo sem outras intenções.
Aquilo pareceu ajudar com a sua confiança, já que, no mesmo instante, ele passou a tocar o instrumento um pouco mais alto.
— Obrigado Soso – um sorriso marcou seus lábios e eu logo o correspondi enquanto continuava com o carinho até a melodia terminar.
— E você ainda tem a coragem de falar que eu não iria gostar de escutar?! Tá perfeito! – o elogiei e o mais velho ficou sem jeito.
— Não fala assim.. – ele se levantou, para guardar o violão, e mesmo que de longe era possível ver suas bochechas avermelhadas.
— Você merece ouvir todos os elogios do mundo Kook.. – confessei.
— V-você também.. – ele se aproximou lentamente, logo ocupando o espaço disponível ao meu lado e apenas pela sua feição era notável o quão genuína foram as suas palavras.
Um silêncio confortável se instalou no cômodo naquele momento. Conversávamos sem usar palavras, mas sim feições, atos e toques superficiais, entretanto, não demorou muito para que fôssemos interrompidos, sendo chamados para jantar.
•
Ocupava a mesa ao lado de Jungkook e diante de nós seus pais sorriam em nossa direção, parecendo adorar tudo aquilo. Estava tão nervosa e acanhada que a fome havia desaparecido momentaneamente, contudo, não iria deixar de comer.
— Então Sohyun.. – o senhor Jeon iniciou antes mesmo da minha primeira garfada – já tem planos para faculdade? Já que a escola está acabando e tudo mais...
— Eu.. – a atenção da mesa foi toda direcionada para mim, me intimidando levemente – eu quero fazer artes visuais.. sou apaixonada nessa área desde muito pequena – confessei.
— Não sabia que você desenhava também! – a mãe de Jeon exclamou, visivelmente interessada – O Jungkook também pensa em fazer algo relacionado a artes..
— A Soso desenha muito bem – mirei minha atenção para o autor da voz e foi impossível não sorrir com a feição adorável de Jungkook – ela é uma verdadeira artista!
— Depois quero ver algum trabalho dessa artista então – a mais velha sorriu amigavelmente em minha direção antes de voltar a comer e o homem ao seu lado concordou.
— Eu mando fotos pro Jungkook mostrar pra vocês – sorri, já me sentindo um pouco mais confortável e ambos concordaram, satisfeitos com a resposta – Não sabia que você havia decidido qual área seguir.. – disse para Jungkook.
Afinal, das poucas vezes que toquei no assunto com o garoto, ele sempre afirmava ainda estar confuso sobre qual curso queria.
— Aqui somos todos amantes da arte – a mais velha iniciou novamente , interrompendo nossa conversa sem querer – o Jungkook quando era bem pequeno sempre ia no meu escritório e tentava copiar os quadros que eu fazia – ela riu ao recordar da lembrança e foi inevitável, logo já imaginava a cena nitidamente da pequena figura de Kook entre vários quadros, concentrado em reproduzir as obras da mãe – hoje em dia eu não tenho mais tempo para pintar como antigamente, mas o meu filho lindo está cumprindo o papel de desenhar e não deixar que essa casa fique sem cor – já o desastrado aqui do meu lado – ela indicou o seu marido que estava com a boca cheia, o pegando de surpresa – adora ir em museus e exposições, mesmo que ele mesmo não saiba desenhar nem um círculo – todos presentes na mesa riram, até mesmo o senhor Jeon que era alvo da piada.
— Tem pouco tempo que eu decidi cursar artes Soso.. – ele explicou – minha mãe está olhando a questão das bolsas e tudo mais, e eu nem ao menos me decidi entre as artes visuais ou plásticas.. – Kook deu de ombros, antes de bebericar do seu suco, e eu assenti.
— Você já sabe para qual universidade vai? – o senhor Jeon questionou.
— Meus pais também estão avaliando as opções, mas eles querem mesmo que eu vá para a do meu irmão – disse – por ser mais perto e tudo mais – dei de ombros ao finalizar.
— E o que você quer? – a pergunta me atingiu em cheio, me fazendo refletir por alguns instantes antes de responder.
— Por mim eu iria para a universidade mais longe possível do Namjoon – rimos da resposta – ele é bem grudento sabe? – expliquei.
— E ciumento – Jungkook completou, com um tom claramente incomodado.
— Entendi o problema – o pai de Jungkook riu antes de direcionar o olhar ao filho, que pareceu se encolher na cadeira por ter deixado tão óbvio.
— Agora ele está melhorando – iniciei – antes era bem pior.. – Jungkook concordou fortemente, nem ao menos se dando o trabalho de disfarçar, afinal, havia sido pego.
— Bem.. – o pai de Kook atraiu nossa atenção, mas seu olhar estava direcionado para mim – quando você precisar fugir do Namjoon, pode vir para cá – ele sorriu amigavelmente – desde sempre ele teve esse ciúmes bobo e ninguém merece aguentar isso por anos.. – finalizou rindo, como se recordasse de algo.
— O-obrigada – eu fiz uma breve reverência, mantendo um sorriso suave em meus lábios – vocês são muito gentis.
— Bondade sua, querida – a mais velha sorriu carinhosamente em minha direção, já recolhendo o seu prato por ter acabado de comer – Ainda tem a sobremesa em! – ela anunciou animadamente e foi impossível segurar a risada quando percebi que o pai de Jungkook passou a comer bem mais rápido após o anúncio da esposa.
•
Depois de muito diálogo e bastante insistência vinda da senhora Jeon para que eu repetisse, tanto a janta quanto a sobremesa, finalmente havíamos acabado de comer. Os dois homens da família Jeon estavam cuidando de toda a louça e, já eu e a mais velha, seguimos para o segundo andar após seu pedido para me mostrar suas obras.
— Espero que você goste! – ela disse antes de abrir a porta do que julguei ser o seu escritório. Ao indicar o pequeno cômodo, ele parecia estar bagunçado pela quantidade de elementos presentes, mas ao analisar com mais cautela era possível observar que estava arrumado, só era cheio demais. Toda a extensão do espaço era coberta por armários e estantes, deixando livre apenas a escrivaninha para que ela trabalhasse e só quando mirei para o chão que pude notar os diversos quadros encostados em um canto, parecendo esquecidos ali próximos a um dos armários – Eu não tenho lugar para pendurar então eles ficam ali.. – ela explicou enquanto nos aproximávamos das pinturas.
A riqueza de detalhes e a variedade de tonalidades fazia com que as obras fossem bastante atraentes ao olhar. Eram realmente muito bonitas, com cores intensas e traços precisos.
— Que lindos! – elogiei, já me abaixando para poder observar cada detalhe das obras – A senhora é uma verdadeira artista! – ela riu com o meu elogio, respondendo com um carinho superficial no meu ombro.
— Costumava ser... – ela confessou – Hoje em dia não tenho muito tempo para isso.
Tirei o olhar das pinturas pela primeira vez desde que entramos no escritório, mirando diretamente para o rosto da mais velha a procura de alguma mágoa devido ao último confesso, mas ao invés de uma feição triste, me deparei com um sorriso.
— Você não fica magoada com isso? – questionei enquanto me levantava do chão.
— Claro que não, querida – ela sorriu mais uma vez – me lamentar só traria sentimentos ruins para meu coração e não iria mudar nada. Prefiro pensar nessa época como uma lembrança muito importante.
Sorri, finalmente entendendo o seu ponto de vista.
— Realmente – iniciei – nunca havia pensado assim..
Antes que qualquer outra palavra pudesse ser dita, a voz de Jungkook ecoou no corredor.
— Vocês já terminaram aí? – após um instante de silêncio, ele apareceu na porta – meu pai sugeriu para vermos um filme..
— Eu acho uma ótima ideia! – a mais velha bateu palmas fracas, animada.
— Tudo bem por você Soso? – a preocupação era nítida no seu olhar e eu assenti.
— Claro! Eu não tenho hora marcada nem nada assim.. – sorri suavemente e aquela frase simples carregava um significado bem maior do parecia e Jungkook pareceu notar, já que ele logo sorriu. Como sempre tinha que dar satisfação ao Namjoon de tudo, era bem frequente que eu tivesse hora para voltar principalmente durante a semana, com isso, ao afirmar que poderia ir embora em qualquer horário, fica subentendido que não havíamos discutido nem nada do gênero – mas meus pais saíram e devem me buscar quando estiverem voltando. Qualquer coisa eu mando uma mensagem para minha mãe e tá tudo certo! – o sorriso que troquei com Kook fez com que até mesmo a sua mãe sorrisse junto, apenas ao visualizar aquela cena.
— Vamos para sala então – a mais velha disse, já se dirigindo para o lado de fora do cômodo. Eu segui seus passos lentamente, de tal forma que, quando cheguei a porta a Jeon já havia se afastado o suficiente para que Jungkook mandasse um beijo no ar sem ser notado, sorri com a fofura de seu ato, enquanto fingi capturar o beijo no ar, o direcionando ao meu coração.
— Vamos? – ele estendeu a mão e naquele momento tive a certeza que seria impossível dali em diante andar ao lado do garoto sem ao menos estar de mãos dadas. Uni nossos dedos de bom grado, repousando a cabeça na lateral do seu corpo enquanto seguíamos até a sala.
O caminho até o cômodo em questão não levou muito tempo e a primeira coisa que atingiu minha vista foi o pai de Jungkook já terminando de colocar o filme.
A sala era ocupada em sua maior parte por um grande sofá em “L”, já no lado contrário do cômodo, uma grande televisão brilhava sob o painel e ao direcionar meu olhar mais atentamente para o móvel logo abaixo pude perceber a infinidade de jogos que eram parcialmente expostos, já que as portas eram de vidro. Para mim, aquilo não havia sido uma surpresa, sabia do quanto o Jeon mais novo gostava de jogar, então era lógico que ele tivesse bastantes jogos diferentes e, além disso, quando éramos menores, Kook sempre levava alguns dos cds, no intuito de jogar com os garotos.
— Está passando um filme da minha época – o mais velho explicou assim que notou a nossa presença no cômodo, antes de apontar para a tela luminosa – não sei se vai ser do agrado de vocês, mas espero que gostem! Venham! Já começou..
Eu apenas assenti, sorrindo para ele.
— Garanto que deve ser ótimo – disse apenas para tranquilizar o senhor Jeon, que rapidamente se alegrou.
— Não fala isso tão cedo – Kook cochichou contra meu ouvido, me fazendo rir no mesmo instante.
Após o confesso, o garoto apenas prosseguiu o caminho até o sofá, comigo logo em seu encalço. Nos sentamos do lado oposto do sofá, Jungkook aproveitou da distração dos pais para passar uma mão por trás do meu corpo, utilizando da sua palma para me aproximar de si. O ato em questão me pegou de surpresa, já que ele nunca havia tocado minha cintura com a mão aberta daquela forma, isso me fez perceber que ela era suficientemente grande para cobrir boa parte da lateral da minha cintura.
Meu corpo respondeu ao meu pensamento quase que instantaneamente, se contraindo na região.
— Tá tudo bem? – ele afastou a mão ao perguntar, provavelmente notando que meus músculos haviam se enrijecido, voltando um olhar preocupado em minha direção.
— Tá sim Kook – me esforcei ao máximo para sorrir suavemente, mesmo que eu estivesse me sentindo nas nuvens naquele momento. Procurei sua mão esquecida ao lado do meu corpo e a guiei para o local onde nunca deveria ter deixado, em resposta, Jungkook me puxou suavemente em sua direção novamente e parecia ter sido de propósito, apenas para presenciar as minhas reações mais uma vez. Meu pensamento estava certo, afinal, após a resposta involuntária do meu corpo, ele riu baixo, parecendo se entreter.
Passei a ignorar o garoto ao meu lado, voltando a atenção completamente para a televisão, já que o mais provável era que, se continuássemos daquela forma, iríamos perder todo o filme.
— Apaga a luz filho, por favor – o tom doce da senhora Jeon se fez presente e o garoto nem ao menos protestou, apenas cruzou o cômodo para desligar as luzes, voltando para seu lugar instantes depois.
Jungkook voltou a posicionar a sua mão na lateral do meu corpo e, juntamente a isso, utilizou o seu braço livre para me posicionar confortavelmente contra o seu peitoral. Aproveitei da oportunidade para abraçá-lo e, após isso, passei toda a minha atenção para a tela luminosa diante de nós.
O conteúdo do filme em si não era ruim, apenas a cenografia, mas não era algo que comprometia a trama. Afinal, ela era até que interessante.
A mãe de Jungkook adorava fazer comentários durante o filme e aquilo não me incomodou, na realidade só me fez rir bastante. Já o pai, era mais silencioso, mas não deixava de rir em algumas partes e sempre que (de acordo com ele) iria ter uma cena interessante, ele mandava todos prestarem atenção. Jungkook era como uma mistura dos dois, não era de falar bastante durante o filme, mas sempre fazia comentários engraçados em cenas específicas, em um tom baixo.
— Essa cena é importante! – o senhor Jeon exclamou, animado.
— Pai, você fala isso em todas as cenas.. – rimos do confesso de Jungkook.
— Mas todas as cenas são importantes! – ele tentou se defender, mas acabou rindo também.
No meio de todas aquelas risadas, senti meu celular tremendo, indicando que alguém estava me ligando. Era minha mãe.
Pedi licença e me dirigi até a cozinha para conversar com a mais velha sem atrapalhar o filme.
— Alô?
“Ei filha! Estamos saindo do restaurante agora, logo logo passamos aí, tudo bem?”
— Tá bom.. – respondi com grande tom de desaponto, já que não queria ir embora agora, mas compreendia que já era tarde e o filme já estava quase no fim, não tinha motivos para me prolongar, ou pelo menos era o que eu queria acreditar.
Pois na realidade tinha sim.
Queria mais do que tudo poder passar mais tempo ao lado do Jungkook, mesmo que seja para ficar atoa deitada no chão, ou assistindo televisão, ou até mesmo jogando conversa fora, ou.. aos beijos.
Não conseguia parar de pensar no quanto eu queria beijá-lo, afinal, foram poucas as oportunidades que tivemos para ficar juntos desta forma.
“Sohyun?” a voz da minha mãe me trouxe de volta a realidade.
— Oi, desculpa.. – ocultei um sorriso – quando tiver chegando me liga, pode ser? – pedi.
“Claro! Daqui uns 20 minutos a gente deve chegar.” Assenti, mas prontamente percebi que a mais velha não iria ver então respondi verbalmente.
— Tudo bem então, tchau mãe!
“Tchau filha! Depois quero saber como foi!”
Eu apenas ri, antes de despedir novamente e desligar às pressas por pura vergonha.
— Soso, tá tudo bem? Você perdeu o final do filme – o olhar brilhante de Kook atraiu minha atenção e eu assenti, antes de sorrir – e agora eles estão assistindo outro programa, saí de fininho.. – ri do seu confesso
— Tá sim, era só a minha mãe avisando que já está voltando – Jungkook murchou como uma flor ao ouvir minha resposta.
— Você já vai? – meu coração até doeu com seu questionamento – Fica mais, por favor..
Ele avançou em minha direção com um olhar pidão, antes de me abraçar.
— Tá tarde, eu preciso... – não consegui terminar a frase, já que naquele exato momento os braços que me rodeavam foram utilizados para erguer-me no ar. Kook me levantou apenas o suficiente para que ele conseguisse andar sem que os meus pés tocassem o chão e eu agradeci imensamente por aquilo, afinal, estava de saia – Jungkook! O que você tá fazendo!? – questionei bem mais alto do que meu tom habitual, tomada pela surpresa.
De início tentei me soltar, mas ele era deveras mais forte que eu, iria ser impossível me soltar por conta própria.
— Jungkook! – repeti seu nome ao notar que agora ele subia a escada para o segundo andar – Isso é sequestro! – brinquei e ele riu alto.
— Pronto – ele disse ao finalmente me colocar no chão, estávamos no seu quarto – Te prendi aqui então você não vai poder ir embora – Kook brincou, ao mesmo tempo que apenas encostava a porta do cômodo e eu ri do seu ato.
— Você é impossível! – disse, ainda sentindo meu coração disparar pelo susto que ele havia me dado e o mais velho apenas sorriu.
— Até seus pais chegarem você tá presa aqui comigo – e eu não era nem louca de me opor a sua fala.
— Tudo bem.. – nem ao menos protestei, apenas coloquei o meu celular na sua escrivaninha e cruzei os braços.
— Tudo bem? – ele estava visivelmente confuso com a resposta, talvez por esperar algo distinto, eu apenas assenti.
— Eu não posso querer ficar mais um tempinho ao seu lado? – senti minhas bochechas queimarem minimamente devido a vergonha de admitir isso em voz alta, mas superei a timidez momentânea e prossegui com minha fala mesmo assim – Sozinha? – ele sorriu em resposta, finalmente parecendo entender o meu desejo implícito e se afastou da porta, a mantendo fechada.
Kook traçou seu caminho em minha direção lentamente, não deixando de sorrir por um segundo sequer e apenas essa cena já foi o suficiente para me arrepiar por inteira.
Não trocamos nenhuma palavra depois disso, passamos a conversar apenas por atos e trocas de olhares. Jeon se aproximou, me deixando encurralada entre o seu corpo e a escrivaninha, parecendo analisar a resposta do meu corpo ao seu ato.
Minhas mãos automaticamente seguraram o móvel atrás de mim, o apertando firmemente. Diferente de mim, Jungkook direcionou ambas as mãos para o meu rosto, acariciando lentamente a região na medida em que se aproximava ainda mais, de tal forma que seu nariz passou a tocar minha bochecha.
A vergonha de Jungkook, assim como a minha instantes atrás, parecia ter se esvaído por completo, já que ele estava com o corpo colado ao meu, me pressionando cada vez mais contra a mesa. Propositalmente ou não, aquele ato serviu como um incentivo para iniciarmos um beijo.
Redirecionei minhas mãos para o pescoço do mais velho, o aproximando a medida que o beijo era aprofundado.
Assim como eu, Jungkook parecia ansiar por aquele ato, seus lábios macios se moldavam perfeitamente contra os meus, o que tornou impossível a tarefa de terminar aquele beijo. O mais velho tomou a iniciativa, pedindo para adentrar minha boca com sua língua, aceitei-a de prontidão, retribuindo as investidas na mesma intensidade. Sentia cada centímetro de meu corpo responder aos toques trocados. Havia tanto tempo que eu não o beijava daquela forma que a única coisa que ocupava minha mente era o quanto os seus beijos e toques faziam falta, só queria aproveitar cada segundo restante que tinha com ele.
Entretanto, Jungkook parecia ter outros planos em mente, já que ele partiu nossos lábios e passou a me fitar intensamente, respirando fundo, parecendo decidir o que fazer.
No entanto, eu fui mais rápida, unindo nossos lábios mais uma vez, tendo que ficar na ponta dos pés para conseguir beijá-lo confortavelmente, mas aquele ato não passou despercebido por Jungkook, que retirou as mãos do meu maxilar pela primeira vez, de início não entendi o motivo daquilo, mas tudo se clareou quando senti suas mãos tocando levemente as laterais das minhas coxas. Ele se curvou apenas o suficiente para conseguir me levantar pela segunda vez naquela noite, me posicionando confortavelmente em sua escrivaninha sem parecer ter feito esforço algum, sentada diante de si.
Escutei algumas canetas caindo, mas não podia ligar menos para aquilo, estava focada inteiramente em Jungkook, no seu olhar, na sua respiração que começava a pesar, nas suas mãos que pressionavam as minhas coxas sem que ele ao menos percebesse.. em tudo. Ele não estava distinto, agora que a posição havia se tornado confortável para ambos Kook aproveitou para me analisar rapidamente dos pés a cabeça, antes de voltar a unir nossos corpos.
O mais velho voltou uma de suas mãos para a posição inicial, sob o meu maxilar, e a outra traçou seu caminho até a minha cintura, ao mesmo tempo que passou a me encher de beijinhos por todo o rosto e era nítido que aquilo era para me tranquilizar e para que ele se certificasse de que eu não havia me incomodado com o ato repentino.
Por estar de saia, para mim foi quase que instintivo fechar as penas firmemente, mas ao perceber que ele estava inteiramente focado em me beijar e pela confiança que sentia ao redor de Jeon, me permiti relaxá-las minimamente. O conforto e segurança que aquele garoto me passava era realmente algo de outro mundo, pensei que nunca na vida iria conseguir me entregar para alguém desta forma, mas lá estava eu, sentada na mesa que ele usa para estudar, derrubando todo o seu material no chão e trocando carícias com Jeon enquanto ambos os seus pais estavam no andar de baixo assistindo televisão e eu não sei qual seria o resultado daquilo se não tivesse plena noção que logo teria que voltar para casa.
No meio de meus devaneios, acabei invertendo os papéis e passei a encher o rosto de Jungkook com beijinhos, segurei no seu moletom macio e o puxei para mais perto. A aproximação deixou o seu pescoço exposto e, na minha opinião, estava tão branquinho e cheiroso que foi impossível não direcionar os meus selares para lá. A mão de Jeon, que anteriormente repousava no meu maxilar foi redirecionada para a superfície da escrivaninha, era quase como se ele procurasse um apoio para não cair.
O enchi de beijinhos carinhosos pelo pescoço, assistindo de perto cada arrepio que ele tinha com meus atos e era tão precioso a forma que ele se encolhia quando dava um beijo mais forte que acabei repetindo tal ato algumas vezes. No inicio ele apenas se encolhia, mas aos poucos suas reações foram se alterando, primeiramente ele procurou pela minha mão que estava posicionada em meu colo e entrelaçou nossos dedos, aproveitando desse contato, ele pressionou minha mão contra a mesa de tal forma que eu não era capaz de separar o nosso toque, logo após isso, passou a suspirar forte e foi nesse momento que sem ao menos pensar, dei um chupão forte na junção entre o seu ombro e pescoço.
Jungkook pareceu aprovar aquele ato, já que voltou a me beijar intensamente naquele exato momento, se inclinando levemente sobre mim. O ato fez com que eu própria suspirasse, fechando os olhos brevemente.
Escutei o barulho de alguma outra coisa caindo ao fundo, mas era como um ruído sem importância, levando em conta que eu tinha o garoto que eu realmente gostava diante de mim e o nosso tempo estava acabando, estava completamente focada em Jungkook.
— Soso.. – sua voz saiu tão baixa que eu só escutei pela nossa proximidade.
— Hm? – meu tom foi igualmente baixo.
— Seu celular.. – ele disse nitidamente contra a sua vontade – ele tá tocando.
Estava tão imersa na minha bolha com Jungkook que nem ao menos percebi que o objeto que havia caído era o meu próprio celular, que vibrava. Bufei, claramente irritada por ter sido interrompida.
Jungkook recolheu o aparelho do chão e me entregou, sua feição escondia um sorriso tímido, mas as bochechinhas vermelhas entregavam tudo e foi impossível não sorrir.
— Alô? – respondi sem um pingo de irritação, toda sorridente por causa do garoto diante de mim.
“Filha! Você demorou para atender.. já estamos aqui fora”
— Eu estava no banheiro – foi a primeira desculpa que cruzou a minha mente – por isso demorei, mas já to descendo..
“Tudo bem então, tchau Hyun”
— Tchau mãe.
Assim que desliguei a ligação, notei que Kook me fitava com seus olhos brilhantes.
— Vamos? Eu te levo.. – ele estendeu uma mão em minha direção, logo me ajudando a descer da mesa.
Deixei-me ser guiada por Jeon, em passos silenciosos deixamos o seu quarto e fizemos todo o percurso até o andar de baixo. Pela forma que ele estava analisando todos os cantos de sua casa, deduzi que ele estava com as mesmas preocupações que eu:
Se seus pais tinham escutado alguma coisa.
Entretanto, acredito que o som da televisão acabou ofuscando qualquer possível ruído vindo do quarto, já que eles ainda estavam abraçadinhos assistindo a algum programa que parecia ser de culinária, ou pelo menos a senhora Jeon ainda estava vendo, já que seu marido cochilava ao seu lado, e eu tenho plena certeza que se eles tivessem visto algo aquela não iria ser a recepção que teríamos.
Ao notar nossa presença, a mãe de Kook sorriu em nossa direção, rapidamente apontando para seu marido dorminhoco e rindo baixinho da situação. Me despedi dela silenciosamente para não acordar o senhor Jeon e ela sussurrou para que eu voltasse logo, sorri com seu pedido, assentindo fortemente. Após isso segui com Jungkook até a entrada da casa. Ele abriu a porta e rapidamente cedeu espaço para que eu passasse, mas eu não me movi. Intercalei os olhares entre o carro já ligado dos meus pais e o garoto adorável diante de mim, sem saber como me despedir, Jeon não demorou a perceber isso e logo abriu os braços, em um pedido silencioso para que eu o abraçasse.
Me joguei em seus braços, o apertando com toda força que tinha.
— Tchau Kook.. – minha voz saiu levemente abafada.
— Tchau Soso – ele depositou um beijo no topo da minha cabeça, finalizando assim o nosso abraço – espero que tenha gostado de hoje.
— Eu adorei, de verdade – sorri para reforçar a minha fala, já me afastando – seus pais são uns amores – Kook riu em resposta antes de acenar em minha direção.
Correspondi o aceno e andei olhando para trás mais vezes do que eu era capaz de contar, com a atenção presa no sorriso do garoto. Apenas quando adentrei o carro que meus pensamentos se desfocaram de Jungkook, provavelmente pela primeira vez na noite, entretanto, mantive um sorriso preso em meus lábios durante todo o curto caminho de volta, genuinamente feliz com tudo que estava acontecendo.
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iai galero!!#@#$#!
demorei um tico dessa vez mas voltei com +8.6k de boiolagem pra vocês, amaram? eu amei
esses doiskkk aiai falo nada
acho que ninguém tava esperando por essa cena final (nem eu tavakkk), mas espero que vcs tenham gostado, de verdade
não se esqueçam de comentar e da estrelinha em ⭐💜 me ajuda demais, vcs nem medem
até a próxima nenês,
já tô com saudades 💜
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