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ei meus amores!
boa leitura 💙

Narrador P.O.V.

Taehyung estava inquieto, mal conseguia ficar com as cobertas cobrindo todo seu corpo pelos movimentos bruscos que fazia sob o colchão, repassava o plano criado por Jungkook pela décima vez para que não fizesse nada de errado e estragasse tudo. Seria fácil, ele só tinha que fingir estar dormindo enquanto vigiava a porta do quarto de Namjoon e se caso o Kim aparecesse, ele deveria distraí-lo. E, em hipótese alguma, deixá-lo descer.

— Taehyung você consegue fazer isso! – ele cochichava para si mesmo em incentivo.

Tudo que ele precisava era ter calma, o Kim se conhecia bem o suficiente para saber que se ele entrasse em desespero iria fazer merda, por isso, ele recolheu o travesseiro que antes Jungkook utilizava para fingir que dormia e abraçou o mesmo, se acomodando da melhor forma que conseguiu no colchão macio, ele esvaziou os pensamentos e respirou fundo. Para as demais pessoas a sua tarefa poderia até parecer banal, e realmente era, mas ela deveria ser realizada com bastante meticulosidade, não tinha espaço para erros, o menor dos desvios já poderia causar um problema gigantesco.

Ao passar dos minutos, Taehyung conseguiu se acalmar, tudo corria como o planejado. Jungkook já tinha descido e Namjoon parecia dormir profundamente, só restava ao Kim ficar passando o tempo até que Jungkook voltasse sem dormir. O mais novo alegou que não demoraria e obviamente que Tae duvidou disso, já que, ele tinha plena noção de que ficaria ao menos uma hora plantado ali, mas não se importou muito com aquele fato.

Entretanto, o vigia estava morrendo de sono por causa do final de semana mais intenso do ano e como a última noite de sono dele havia sido no sofá, não demorou muito para que logos os pequenos cochilos se iniciassem. Começou com um piscar de olhos mais demorado, depois ele cochilou brevemente, até que já estava até mesmo roncando contra os travesseiros macios. "Alguns minutinhos não vão fazer mal" pensou antes de ser tomado pelo sono.

Os minutos se prolongaram sem que o vigia acordasse e após quase quarenta minutos, um barulho o despertou. Taehyung acordou assustado, rapidamente levando os olhos à escada, a qual sua atenção não tinha que ser quebrada para início de conversa, e ele não teve tempo nem mesmo para raciocinar, tudo que seu cérebro processava era "Namjoon, escada, vigiar, Jungkook, Sohyun" e assim que captou a imagem nítida do Kim mais velho coçando os olhos com um copo na mão, ele não pensou duas vezes antes de correr em sua direção. Ainda tomado pelo sono, Tae não tinha a visão nítida de nada que não fosse o seu alvo.

— Namjoon! – sua exclamação saiu rouca, sem intensidade – Pare aí.. – ele esticou os braços para agarrar o amigo.

Portanto, ele havia sim chegado até o amigo, mas sua visão prejudicada pelo sono não o ajudou muito, sendo assim, ao se jogar na direção a qual julgou que correspondesse ao Kim, errou alguns centímetros. As palmas de suas mãos tocaram levemente o corpo de Namjoon, mas não foi o suficiente para que ele conseguisse se apoiar e quando o garoto jogou todo o peso do corpo na intenção de parar o amigo, acabou tropeçando.

Namjoon não entendeu nada que acontecia, sua sonolência não permitiu que ele tivesse alguma reação imediata, tudo que ele sentiu foi um toque suave passando pelo seu braço, antes de visualizar um vulto indo ao chão, mas não parou por ali, o universitário estava na beirada da escada, sendo assim, o corpo que depois descobriu ser de Taehyung passou direto.

Os barulhos dos degraus envelhecidos indicou que algo rolava pela escada.

Tae só foi começar a entender o que estava acontecendo quando sentiu seu corpo rolar escada abaixo, o garoto tentou usar os braços para que pudesse parar, mas sua tentativa foi em vão e seu sofrimento só teve fim quando alcançou o piso do primeiro andar, caindo de frente. Sua primeira reação foi tentar se levantar, mas ao tentar mover o braço, sentiu uma dor absurda, seguida de uma leve queimação no seu braço direito, o que resultou em um choramingo antes que o garoto voltasse ao chão. Ele passou a segurar o choro, mas a dor estava tão intensa que não demorou para que logo estivesse derramando lágrimas no chão de madeira.

Na percepção do garoto tudo aconteceu rápido, ele ouviu uma movimentação ao seu redor, seguido de vozes, mas ele sentia tanta dor que não deu atenção a tudo aquilo, se focou em manter o braço parado. Ele se recordava vagamente da mãe de Sohyun chegando perto de si e lhe perguntando o que tinha acontecido e onde doía, após isso, alguém lhe carregou até o carro do jeito que ele estava, de pijama e sem os sapatos. Ele só foi se acalmar novamente quando já adentrava o hospital, sendo encaminhado rapidamente para o ortopedista.

Kim Sohyun P.O.V.

O barulho das sirenes me roubavam a atenção, eles vinham de todos os lados. A todo momento era uma nova ambulância chegando com um paciente em uma situação mais séria que a outra e tudo aquilo me assustava. Não tinha o costume de visitar hospitais e não estava pronta para adentrar um tão cedo mas, devido ao incidente com Taehyung, sobrou para a melhor amiga acompanhá-lo enquanto os pais dele não chegavam.

Tae gemeu de dor durante todo o percurso e escutar o som sufocado de seus protestos era aterrorizante, nunca tinha visto o garoto naquele estado. Me apertava o coração em ver as lágrimas generosas escorrerem pelo rosto delicado do Kim e não poder fazer nada para ajudá-lo. Única solução que encontrei foi de apertar sua mão esquerda de forma que transmita certo conforto e afagar seus fios escuros enquanto cochichava pensamentos positivos até a chegada ao hospital.

Namjoon estava ao volante e não parecia existir nenhum limite de velocidade, já que ele não deixou de acelerar em nenhum momento até que chegássemos ao hospital. Minha mãe, ao seu lado, pedia que ele tivesse cuidado, já Yoongi e Jungkook iriam depois que conseguissem falar com os pais de Tae e meu pai continuou em casa pois tinha que levantar muito cedo. Não levamos mais do que cinco minutos para chegarmos a frente do pronto socorro.

Assim que Namjoon parou o carro, ele me disse para ir na frente e conversar com as atendentes no balcão enquanto ele carregava o garoto até lá.  Taehyung era grande, normalmente seria praticamente impossível para meu irmão conseguir carregá-lo com facilidade, mas era tamanha a dor que o garoto estava sentindo, ou pelo menos dizia sentir, que ele tinha se encolhido todo, tornando impossível que fizéssemos ele andar com facilidade. Conversei com as atendentes rapidamente, mas assim que elas viram a situação do garoto, não fizeram muitas perguntas, apenas nos direcionaram até uma porta grande, indicando o caminho até o consultório livre. Namjoon conseguiu colocar Tae no chão e ele parecia ter se acalmado ao perceber que havia chegado ao hospital, entrei no consultório com ele e sentei ao seu lado, iniciando um carinho no seu ombro. Entretanto, poucos instantes depois uma enfermeira adentrou o cômodo e aclamou pelo nome do maior, para realizar o raio-x para ter a completa certeza de que tinha realmente quebrado o braço.

— Vou estar aqui quando você sair, pode ficar tranquilo – sorri.

— O-obrigado Hyunie – ele sorriu fraco antes de seguir a enfermeira para o hospital adentro.

Retirei todo o ar presente em meus pulmões antes de deixar o consultório, voltando para a parte da frente do hospital e me juntando a minha mãe e irmão no meio das poltronas macias.

Para os meus pais era impossível acompanhar o Tae no hospital e permanecer lá, ambos iriam ter que trabalhar em poucas horas e mesmo que minha mãe de início tenha relutado para ficar conosco, a convenci de que eu conseguiria acompanhá-lo sem que nada de errado aconteça.  Ela afirmou que ligaria para ter notícias, antes de deixar o hospital.

Meu olhar estava fixo no grande relógio da sala de espera, acompanhava o ponteiro dos segundos movendo-se lentamente pelos números. Instantes antes, os pais de Taehyung, seguidos do Yoongi e Jungkook, adentraram o hospital e rapidamente se dirigiram ao balcão a procura de informações sobre o filho, a atendente procurava a situação do garoto no sistema e eu aproveitei para me aproximar, chamando sua mãe. Expliquei rapidamente toda a situação, sem saber ao certo o que aconteceu, já que Taehyung ainda não disse nada sobre.

A enfermeira informou ao pai de Taehyung que o garoto estava com o médico e, como estava desacompanhado, um deles poderia entrar. Após uma breve discussão, a mãe do Kim adentrou as portas grandes, seguindo a procura do seu filho.

Todos acompanhamos os passos da mulher até que a porta se fechasse diante de todos, apenas nesse instante consegui respirar fundo mais uma vez. Voltei a me sentar ao lado de Namjoon, que agora tinha a companhia dos garotos recém chegados, me apoiei em seu ombro, sentindo o cansaço me consumir aos poucos, estava exausta. Visualizei o momento em que o pai de Taehyung se sentou na cadeira disponível ao meu lado, ele parecia estar ainda mais cansado do que todos ali presentes.

— Senhor Kim? – atrai sua atenção em um tom sonolento – você aparenta estar bastante cansado.. se quiser ir para casa, nós vamos ficar aqui até ele sair.

O mais velho sorriu.

— Não precisa se preocupar Hyunie.. vamos esperar todos juntos! – assenti, retribuindo o sorriso, antes de voltar ao ombro de meu irmão.

Os três garotos conversavam preguiçosamente, tentando se manterem acordados. Diferente deles, eu desisti de tentar relutar contra o sono, ainda mais que depois dessa confusão toda finalmente pude analisar com calma toda a minha situação anterior com Jungkook. Em minha percepção, havia ido longe demais, me deixei levar pelo momento e insisti em algo que não sabia nem mesmo se ele estava pronto para aprofundar. Fechei os olhos com mais força, sentindo o leve arrependimento me atingir aos poucos. Não me arrependi dos toques íntimos em si nem nada assim, só me arrependia de não ter conversado com Kook antes de tentar qualquer coisa.

— A Sohyun tá bem? – Yoongi perguntou e só naquele momento me dei conta de que estava fazendo caretas.

— Eu tô ótima – disse baixo, tentando suavizar minhas expressões sem ao menos abrir os olhos.

Após aquilo, permaneci em silêncio até sentir o sono me atingir e apenas acordei quando Taehyung saiu pela porta grande, com um gesso em seu braço e um bico grande na boca.

— Eu quero um copo d'água – o tom imperativo do garoto engessado preencheu o cômodo, fazendo com que minha atenção fosse levada em sua direção.

— Você sabe que suas pernas ainda funcionam né? – mirei em sua direção, analisando a situação do garoto esparramado na cama.

— Mas eu estou assim por culpa suas – ele chantageou enquanto se ajeitava em meio as cobertas macias de sua cama, usando a mão livre para apontar em minha direção e, logo em seguida, para Jungkook que ocupava o lado oposto do cômodo – o mínimo que vocês devem fazer é ir buscar água para mim.

— Até onde eu sei, não foi eu quem te jogou da escada, nem o Kook – disse ao dar de ombros, mas me levantando para buscar a água logo em seguida.

Nenhum dos presentes no hospital conseguiram fazer nada na manhã seguinte que não fosse dormir, por isso acabamos faltando a aula. Meus pais, pela primeira vez, não pareceram se importar muito já que estavam cientes do cansaço que estávamos sentindo e não iriam nos obrigar a ir para aula naquela situação. Taehyung voltou para casa e Jungkook foi com ele, para cuidar do amigo, e depois descobri que havia sido como uma espécie de pedido de desculpas pelo ocorrido, já que na tarde do dia seguinte quando fui até a casa do Kim para visitá-lo, ambos me contaram sobre o plano para distrair Namjoon e como ele acabou dando completamente errado. Tae, como o grande dramático que era, pareceu que tinha até amputado o braço de tanta dor que ele alegava sentir e, como não era bobo, aproveitou toda aquela situação para abusar ao máximo da nossa boa vontade, como se fossemos seus empregados.

— Pode deixar que eu pego Soso.. – Jeon disse e antes mesmo que pudesse responder qualquer coisa ou até mesmo deixar o cômodo, ele deixou o quarto as pressas.

Eu assenti, mesmo que ele nem estivesse mais por perto, foi uma resposta involuntária. Não havia passado nenhum tempo sozinha com Kook depois do ocorrido, nem mesmo conversamos propriamente sobre, e isso serviu apenas para me deixar ainda com mais vergonha daquela situação toda.. nunca havia passado por nada parecido, era tudo muito novo.

— Me diz – Tae capturou minha atenção, com um sorriso mal intencionado – vocês conseguiram passar algum tempo juntos? Ou eu quebrei meu braço atoa?

— Conseguimos – ri do seu questionamento – mas Tae.. me desculpa pelo seu braço, de verdade.

Foi a vez do garoto sorrir.

— Ei, não se preocupa ok? Só umas semanas me tratando como o príncipe que sou e eu vou esquecer que tudo isso aconteceu.

Voltei a rir.

— Taehyung!

— O quê? Eu tô falando sério!

— Se você ficar de gracinha vou te trancar nesse quarto e vou embora com a chave.. – ameacei, apontando para a porta.

— Você tem coragem de ameaçar um pobre coitado machucado? – seu tom foi de falso choro – eu aqui todo dolorido e nem mesmo minha melhor amiga tá cuidando de mim – chorou falsamente – que mundo é esse que nós estamos vivendo? Eu vou te denunciar!

Aproveitei que ele levou a mão livre até o rosto para fingir o choro e me deitei no espaço disponível ao seu lado, ainda rindo de todo aquele drama.

— Taehyung, você é a pessoa mais dramática que eu conheço – confessei ainda rindo, enquanto me ajeitava ao seu lado da melhor forma que consegui, estava exausta.

— Eu não sou dramático – seu tom era de pura indignação e naquele momento Jungkook voltou para o quarto – Eu tô sofrendo! Jungkook vem cá me defender desse monstro!

O garoto mais novo entregou o copo com água para Tae, com uma feição confusa por não entender do que a conversa se tratava.

— O que aconteceu? – ele se sentou na outra beirada livre da cama de casal.

— Essa pessoa que se diz minha melhor amiga está me ameaçando e me ofendendo!

— Taehyung fazendo drama – disse ao mesmo tempo que Taehyung, e a feição do Jeon pareceu se clarear e ele logo entrou para a brincadeira.

— Que absurdo – ele negou com a cabeça – o Tae em risco de vida e você fazendo ameaças – agora tinha posicionado uma mão a cada lado de sua cintura.

Taehyung logo começou a enaltecer o melhor amigo que, aparentemente, lhe defendia. Aparentemente.

— Soso, é proibido maltratar os animais, sabia?– Taehyung quase gritou de indignação e eu gargalhei com tudo aquilo.

— Eu só não vou expulsar vocês daqui porque daqui a pouco vai começar a novela e eu quero ver – ele levou seu olhar para outro canto, como se nós ignorasse.

— E o que a gente tem com isso?

— Eu não tenho condições de pegar o controle! – ele disse como se fosse óbvio – e é a hora que eu como alguma coisa.. vocês podiam fazer uma pipoquinha ou algo assim..

Troquei um olhar inacreditado com Jungkook, mesmo que já conhecêssemos Taehyung melhor do que ninguém, ele sempre conseguia nos surpreender.

— Eu tenho cara de empregada por acaso? – me levantei da cama.

— Preciso mesmo responder? – respirei fundo e não respondi nada, sabia que se abrisse a boca aquilo iria terminar com o outro braço do Taehyung quebrado – Sohyunie, eu tô brincando! – seu tom era arrastado, como se choramingasse – eu só não quero ficar sozinho – confessou.

— Nós não vamos te abandonar sozinho aqui Tae.. – Jungkook iniciou – sua mãe disse que já voltava e eu só vou embora depois que ela chegar, prometo.

— Também – minha resposta foi curta, mas, devido a minha situação instantes antes, era compreensível. Voltei a me sentar ao seu lado, querendo lhe mostrar através de meus atos que ele não estava sozinho.

— Obrigado – ele sorriu verdadeiramente, sem brincadeiras nem nada do gênero, seu olhar transbordava apenas a genuína gratidão.

— Os amigos são pra isso, né? – Jungkook disse e ele assentiu, ainda sorrindo.

— Eu quase não tô mais bravo por ter quebrado o braço – seu tom brincalhão se fez presente mais uma vez – quase – ele lançou um olhar de falsa raiva em nossa direção e eu ri, amava o jeito singular de Tae.

— Se eu fizer pipoca pra você isso muda alguma coisa? – entrei em sua brincadeira e os olhos dele brilharam, antes que ele assentisse fortemente – Então como eu sou uma ótima melhor amiga, vou fazer.

Taehyung sorriu antes de me incentivar a ir até à cozinha, ele parecia estar esfomeado, mesmo que, na realidade, tivesse comido a pouco tempo.

— E-eu vou te ajudar – a voz de Jungkook se fez presente em um tom baixo, antes de escutar o seu tênis barulhento por todo o corredor como se estivesse correndo para me alcançar.

Continuei meu caminho sem olhar para trás, parte disso pela leve timidez que me acompanhava naquele momento, apenas direcionei minha atenção para Jungkook quando chegamos na cozinha. Um flashback me atingiu de alguns dias atrás, quando assistimos as branquelas com o Tae e o pensamento me fez sorrir. Nosso melhor amigo havia feito a mesma coisa daquele dia, ele arrumou uma forma de desviar-se do trabalho, o empurrando por completo para nós dois.

— O Tae é bem folgado – Kook iniciou, enquanto procurava pela pipoqueira.

— Descobriu isso agora? – brinquei, já a procura do milho, e ele riu ao concordar com minha fala.

Assim que encontramos todos os ingredientes, recolhi a panela da mão de Kook e me direcionei ao fogão, já tomando a iniciativa de fazer a pipoca. Jeon se encostou na bancada ao meu lado e parecia observar com detalhes tudo o que eu estava fazendo. Não demorou para que eu fosse capaz de escutar um riso fraco, mirei em sua direção por alguns instantes apenas para tentar encontrar o motivo da sua risada e cruzei o olhar com seu sorriso perfeitamente alinhado, enquanto ele ainda mantinha toda a atenção voltada para mim.

— O que foi? – questionei ao voltar a atenção para a panela, falhando ao tentar ocultar um sorriso.

— Estou aprendendo a fazer pipoca – foi a minha vez de rir com a sua resposta, era uma mentira descarada. Eu tinha plena noção de que ele sabia fazer pipoca e Jungkook não estava nem olhando para a panela – Está duvidando de mim?

Levei o olhar mais uma vez em sua direção e foi impossível segurar o riso, já que ele próprio não fazia esforço algum para segurar. Senti meu rosto queimar levemente devido a atenção demasiada que estava recebendo, antes de voltar a atenção para o fogão mais uma vez.

— Eu preciso responder? – respondi com um questionamento e ele nada disse, apenas levou uma de suas palmas de encontro a minha, que repousava na panela, iniciando um carinho suave. O toque me fez sorrir, era impossível ficar mais do que um minuto com a feição séria ao lado de Jungkook, ele sempre me deixava com o coração aquecido e com um sorriso apaixonado, era um ato involuntário.

— Soso... – ele chamou minha atenção e eu respondi apenas com um murmúrio, focada nas pipocas que começavam a estourar – olha pra mim.

Mesmo que aquilo provavelmente fosse resultar em alguma coisa queimando, levei minha atenção até os olhares brilhantes do garoto, era impossível não se hipnotizar com a intensidade presente em seus olhos. Outro sorriso bobo se formou em meu rosto assim que senti um leve puxão em minha mão, enquanto ele tentava me aproximar dele. Com o pingo de senso que ainda me restava, desliguei o fogo antes de me afastar do fogão.

— Você está bem? – ele me perguntou e fui pega de surpresa, não esperava por aquela pergunta, assenti – De verdade?

— Eu pareço estar triste? – disse antes de esboçar um sorriso largo, apertando sua mão.

— N-não! Não é isso! É que eu estou sentindo que você tá meio afastada.. – entendi onde que ele queria chegar.

Realmente, estava um pouco afastada depois do ocorrido ontem, entretanto, não achei que ele fosse notar.

— Eu não quero parecer invasivo nem nada – seu olhar transbordava ternura e ele parecia tomar cuidado com o que iria dizer – só me preocupo com você – ele levou uma das mãos até meus cabelos, iniciando um carinho.

— Eu também me preocupo com você – respondi já me sentindo entregue ao carinho lento que ele fazia – e não se preocupa Kook, eu tô bem, juro. Só tava meio perdida nos meus pensamentos mais cedo..

— Se quiser compartilhar comigo eu tô aqui para escutar, ok? – ele segurou meu rosto com ambas as mãos e eu sorri, antes de assentir.

Depositei um selar rápido contra os seus lábios em agradecimento.

— Kook.. – iniciei, incerta da minha fala, mas logo seu olhar me incentivou a prosseguir – Na verdade, tem só uma coisinha que eu quero conversar com você.. – reuni coragem para prosseguir, ele permaneceu em silêncio – S-sobre ontem a noite.. eu ultrapassei algum limite seu? Fiz algo que você não gostou? As vezes eu me deixo levar pela emoção e não penso direito.. – naquele ponto meu rosto já se assemelhava a um tomate, ainda não me sentia segura o suficiente para falar de coisas assim sem sentir vergonha.

— É por isso que você tava mais caladinha antes? – ele questionou e eu pude sentir uma leve animação em sua voz – Soso.. não precisa disso – Kook levantou meu rosto levemente, para que eu voltasse a prestar atenção – ei.. tá tudo bem, ok? Você não fez nada de errado – me permiti sorrir, aliviada.

— Me desculpa, é que eu não sou muito experiente e.. – antes que pudesse continuar, Jungkook me deu um selinho, literalmente para calar a minha boca.

— Relaxa Soso – ele iniciou um carinho em minha bochecha – nem eu – a última parte saiu como um sussurro, como se ele tivesse me contando um segredo e eu o abracei, com o sentimento de alívio me atingindo.

Não senti o alívio em si por ele não ser experiente, mas sim pelo conforto que ele havia me passado após aquela conversa, senti que poderia falar sobre qualquer coisa com ele sem medo.

Assim que me soltei de seus braços, levei a atenção para a pipoqueira que descansava no fogão e só aí fui me lembrar do garoto no quarto de cima.

— Arruma alguma tigela pra colocar a pipoca enquanto eu termino aqui – pedi.

Em instantes conseguimos terminar tudo e voltamos o mais rápido possível para o quarto de nosso melhor amigo, já temendo pela forma que provavelmente seríamos recebidos.

— Eu estava quase indo atrás de vocês! Só não fui por medo do que ia encontrar e por estar incapaz de andar! – Tae iniciou o seu drama – Se demorassem mais eu ia ter que ligar pra polícia e reportar desaparecimento – ele levou a mão até a testa, intensificando seu drama.

— Não sei se você sabe, mas a pipoca não fica pronta instantaneamente não – disse antes de lhe entregar a tigela.

— Vocês dois não foram condizentes com suas palavras! Me abandonaram aqui! Indefeso, sozinho e cheio de dores! – ele disse antes de encher a boca de pipoca e eu praticamente gargalhei, não tinha como ficar quieta com toda aquela cena e Jeon logo me acompanhou, rindo alto.

— O que eu fiz pra merecer isso? – foi minha vez de dramatizar e eles riram.

Entre as gargalhadas e as falas dramáticas de Taehyung que se seguiram, podemos escutar uma movimentação no andar de baixo, indicando que alguém tinha chegado. Instantes depois reconhecemos ser a mãe de Tae.

Ela não demorou a aparecer no quarto do garoto, lhe perguntando se estava sentindo alguma dor ou algo do gênero, e, por incrível que possa parecer, Tae negou, alegando que estava se sentindo um pouco melhor. Após alguns instantes de conversa jogada fora, anunciei que teria que retornar para casa e Jungkook logo se ofereceu para me levar.

De mãos dadas e passos lentos, Jungkook me levou até em casa.

— Soso.. – ele iniciou.

— Sim?

— Tudo bem se eu passar aqui para te levar na aula amanhã? – eu sorri como nunca após o pedido, ninguém nunca havia se oferecido para me acompanhar até a escola. Assenti, exibindo um sorriso radiante – Então.. eu te mando uma mensagem quando chegar.

Assenti mais uma vez, sentindo meu estômago se revirar em antecipação, já ansiando pela aula do dia seguinte. Jungkook pareceu perceber a minha animação com tudo aquilo, já que não demorou a depositar um selar lento contra meus lábios, depois de verificar se alguém estava olhando.

— Gracinha – ele afegou minhas bochechas, sorrindo.

— Até amanhã Kook – coloquei minhas mãos sobre as suas.

— Ate amanhã Soso – ele respondeu e aguardou até que eu tivesse entrado em casa para seguir seu percurso.

oioi anjosss

demorei um pouquinho para postar esse cap mas tá aí ❤️❤️

esse fim de ano foi (e ainda está sendo) uma loucura.. mas óbvio que eu arrumei um tempinho para escrever!! não podia deixar meus nenês sem presente de natal !

tá que chegou um pouco atrasado, mas antes tarde do que nunca né KDKDKKD aliás, feliz natal atrasado e um feliz 2021 para todos que me acompanham ❤️ obrigada pelo carinho e amor que vocês me dão, isso pra mim é o melhor presente 🥺

gostaram da att?? espero que sim 🥺❤️

tentem achar alguém mais dramático que o Tae e falhem no processo KSKSKSK aí eu amo ele demais

e antes que eu me esqueça, queria agradecer a gabo e ao leo (que nem tão lendo isso, mas mesmo assim não poderia deixar de agradecer KSKDK) por terem me ajudado a descrever as dores de um braço quebrado já que eu não tinha ideia de como escrever sobre isso, obrigada nenês 💙

mas é isso ai!! não se esqueçam de comentar e de votar ❤️ amo vcs e até o próximo cap!!!

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