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Os caixas de estabelecimentos em um geral sempre são demorados e com filas quilométricas, sempre levando minutos e mais minutos para passarem toda a compra, mas como a minha sorte tinha decidido tirar férias, parecia que o caixa escolhido por Jeon tinha acabado de sair de algum jogo onde o objetivo era passar toda a compra em menos de 30 segundos e eu posso garantir que eles tinham passado de fase. A velocidade em que o trabalhador estava passando os últimos itens da compra era inacreditável, sendo assim, no momento em que alcancei o garoto, ele já terminava de empacotar os últimos pacotes enquanto exibia um sorriso travesso.

— Como..? – disse em meio as lufadas.

Após uma corrida incessante atrás de Jungkook pelos corredores coloridos em uma tentativa de recuperar os marshmallows, o garoto virou o próprio rato em meio a corrida, enquanto eu, era um podre gato rechonchudo que não conseguia correr mais do que cinco minutos sem se cansar. Entre um obstáculo e outro, ele conseguiu fugir de mim, chegando assim no caixa, que seria uma espécie de linha de chegada.

— Soso, as vezes você esquece que não consegue correr muito né? – Jeon riu baixo – deve ser por causa das suas pernas curtas.

Até o caixa abafou uma risada depois da audácia de Jeon.

— Muito engraçado – mantive minha pose séria – e você esqueceu que quem vai levar esses pacotes de doce até sua casa sou eu né? Ou você prefere levar todas essas sacolas a pé? – disse a primeira coisa que pareceu ter sentido em minha cabeça, que pareceu convencer o garoto.

— Você ganhou, baixinha – ele disse enquanto terminava de pagar pelos doces comprados.

Cruzei os braços, mantendo a pose indignada que não durou por muitos segundos, logo já estava ajudando Jeon a transportar os doces até minha bicicleta que estava estacionada na porta da loja.

— Soso... – a voz exitante de Kook preencheu o silêncio que ocupava todo o ambiente, enquanto colocávamos as sacolas estrategicamente na pequena cesta da bicicleta.

Levei meu olhar para ele, como um incentivo para que ele continuasse.

— Obrigado por hoje, pela ajuda e pela companhia – ele sorriu agradecido – eu não sei o que seria de mim sem você.

— Não precisa me agradecer – sorri com as bochechas começando a arder – eu estou aqui sempre para te ajudar.

— Claro que preciso – ele abaixou o olhar, envergonhado – você desde pequena sempre me ajudou, é como um anjinho na minha vida, e na dos meninos também!

Aquela frase foi o suficiente para que meu sorriso tomasse o lugar de qualquer frase que eu pudesse dizer, tudo que eu conseguia fazer era sorrir verdadeiramente e olhar para o garoto envergonhado a poucos centímetros de mim.

Minhas bochechas queimavam intensamente e eu posso garantir que não era por causa do sol, já que o céu agora tinha dado espaço para as nuvens de forma com que elas cobrissem todo o azul celeste. Kook não se encontrava muito diferente, suas bochechas tinham uma leve coloração rosada, como se tivesse acabado de passar um blush suave sobre cada maçã do rosto.

Ao perceber que eu não iria conseguir falar nada, Kook novamente quebrou o silêncio, retirando o pacote tão familiar de uma das sacolas já colocadas na cesta e estendeu em minha direção, complementado de uma pequena reverência.

— Aceite como uma forma de agradecimento – após a reverência, o garoto sorriu verdadeiramente, destacando ainda mais suas bochechas.

— Obrigada Kook – recolhi de bom grado o pacote, deixando as provocações e piadas para outro momento.

Completamente encantada com o sorriso de Kook, mal percebi quando o garoto recolheu duas das sacolas menores que não couberam na cesta devido o meu material de desenho, que ocupava uma pequena parte da mesma, e se preparou para seguir seu caminho.

— Nos encontramos mais tarde? – Kook perguntou e eu assenti, sorrindo minimamente – então até mais, Soso.

— Até, ggukie – repeti a entonação utilizada pelo garoto e acenei.

Jeon riu minimamente com o ato e se afastou, andando de costas, com os passos lentos e o olhar ainda voltado a mim.

Abaixei a cabeça, cortando o contato visual, oprimindo um sorriso e me mantive assim por alguns segundos, até que quando ergui o olhar, para finalmente subir na bicicleta e prosseguir meu caminho até meu destino final antes de toda essa confusão, percebi que Kook, que já se encontrava distante de mim, ainda tinha o olhar fixo em mim.

Foi aí que meu coração disparou, pulando alguns batimentos de forma com que até eu me assustei com isso. Normalmente meu coração se dispara por três coisas específicas, trabalhos de arte/música/cinema muito bem executados, quando as crises de ansiedade já está quase batendo na porta devido a extrema timidez e por Park Jimin.

O olhar de Jeon Jungkook não faz parte de nenhuma dessas especificações, mas ele fez meu coração estremecer.

Aquilo me assustou de início, fazendo com que os batimentos aumentassem ainda mais.

O que estava acontecendo comigo?

Tentei acalmar meu coração, respirando fundo por longos minutos e depois de certo tempo eu consegui sentir os batimentos voltando ao normal, respirar fundo e fechar os olhos estava realmente ajudando, tanto que logo já estava subindo na bicicleta novamente e depois de alguns segundos já estava pedalando sem rumo entre as ruas.

Depois de alguns quarteirões, voltei todos os meus pensamentos para achar algo que me inspirasse. As folhas amareladas que preenchiam o bairro logo voltaram a ser o meu foco.

Em cerca de minutos já conseguia sentir as pedaladas se tornando mais lentas a medida em que as ruas eram deixadas para trás. Eu não tinha um destino certo, estava apenas seguindo o caminho que meu coração indicava enquanto tinha a atenção focada nas cores quentes do outono presentes em todos os cantos.

A bicicleta levemente se encostou no meio fio, eu havia parado de pedalar e naquele momento eu soube que estava pronta para desenhar.

Ao parar para analisar com atenção o local em que estava, percebi que estava em frente a uma parque grande e aberto, repleto de tons amarelados e marrons, que praticamente cobriam o verde do gramado. Sorri no exato momento em que avistei algumas pessoas em suas bicicletas pelas trilhas curtas do parque, indicando que eu poderia entrar com minha bicicleta no local.

Segurei nos dois lados do guidão e logo segui pela pequena estrada de pedras em passos lentos, atenta a tudo que me rodeava. Cruzei por diversas árvores, arbustos, placas sobre o cuidado com o planeta, pessoas que faziam caminhada e até mesmo com um cachorro grande, que quase me derrubou, antes de achar o lugar perfeito para me sentar.

Logo avistei um gramado aberto, onde a grama parecia estar poucos milímetros maior do que a do resto do parque, o que seria de grande incômodo para algumas pessoas, mas para mim pareceu como um lugar confortável e convidativo para me sentar.

Deixei a bicicleta encostada perto da primeira árvore que encontrei e logo me direcionei ao gramado, me sentando sem muito cuidado em meio a todo aquele verde mesclado de folhas amareladas. Abri meu caderno de desenhos e logo capturei o lápis animada.

O último desenho que havia feito e me orgulho havia sido a cerca de um mês atrás. O que para mim poderia soar como um absurdo, já que tenho o hábito de desenhar quase todos os dias. Logo folheei até a próxima página em branco, sentindo uma certa ansiedade e nervosismo me abraçando. Para mim era um tamanho alívio perceber que toda a frustração descontada em páginas rasgadas e rabiscos fortes que estavam entrando em minha rotina iriam ser jogadas para o alto em breve.

A inspiração finalmente veio, e eu não me preocupei muito em tentar fazer algo perfeito nem nada assim, penas coloquei a ponta do lápis em contato com o papel e deixei o meu coração me guiar novamente, usando como inspiração os tons quentes e tudo que mais viesse a minha mente.

Logo uma estrada começou a tomar vida no papel que antes não tinha nada além de um pequeno risco na parte inferior, que havia feito sem querer, momentos antes.

A estrada logo ganhou a luminosidade do sol sobre si, sendo acompanhada de árvores grossas e lotadas de folhas amarelas deixando todo o desenho ainda mais harmônico. Estava me focando inteiramente nos detalhes, deixando tudo aquilo o mais realista possível. Aquela paisagem estava linda, porém faltava um toque de vida, um toque de cor na parte superior, e foi assim que um grupo de pássaros ganharam forma próximos ao topo da árvore, compondo o céu. Todo o desenho parecia perfeito, mas era como se algo faltasse... O céu estava perfeito, as árvores não estavam diferentes, mas a estrada... Não tinha nada além do reflexo do sol.

Comecei a desenhar uma pessoa de costas, vagando no meio da estrada despreocupada.

Com um passo lento e as mãos no bolso, a pessoa olhava levemente para trás, tendo como o foco quem resolvesse olhar para o desenho, que no caso era eu, então era como se a pessoa em questão olhasse para mim.

Em questão de minutos os traços da pessoa foi melhorado aos poucos, fazendo com que o sol refletisse levemente em seu rosto, a fazendo semi cerrar os olhos, com os cabelos curtos sendo jogados para trás levemente.

Deixei de focar inteiramente no garoto desenhado e logo me concentrei em terminar todos os detalhes que faltavam na obra. Reforcei as cores, arrumei os degradês, esfumei tudo e apaguei as marcações feitas a lápis e em cerca de uma hora depois, a obra estava pronta.

Fechei os olhos ansiosa após assinar na parte inferior da folha, não conseguindo conter a emoção de finalmente estar desenhando algo que me traga orgulho.

Respirei fundo e decidi contar do número um ao dez, lentamente, antes de visualizar o desenho.

— ...oito, nove, dez!

Ao exclamar o último número, abri os olhos alegremente, podendo finalmente focar na obra completa e pronta.

Tudo estava lindo e detalhado, da forma que eu gostava.

O sorriso tomou o meu rosto ao perceber que toda aquele bloqueio havia passado e que agora eu havia conseguido desenhar novamente tão bem quanto antes.

Mas logo o meu sorriso perdeu a intensidade ao vizualizar a parte central do desenho, onde tinha como foco a pessoa que olhava diretamente para mim que instantaneamente havia se tornado tão familiar.

Logo aproximei o papel dos meus olhos para visualizar a o garoto com atenção, e sim, era Jeon Jungkook.

Os cabelos castanhos claros, repleto de mechas poucos tons mais claros, os olhos redondos com as íris pretas que me observavam tão intensamente, o nariz grandinho, os lábios finos entreabertos... era Jungkook, com todos os detalhes.

Eu havia desenhado Jeongguk sem nem ao menos ter a intenção. Minha atenção estava focada em meus pensamentos altos durante a última hora e mesmo assim o rosto do garoto preenchia parte da folha como se eu tivesse usado uma foto de Jeon para copiar todos os detalhes de seu rosto. Claro que parte disso pode ser graças ao ocorrido de horas atrás, mas, de qualquer forma, aquilo ainda me surpreendia em níveis inimagináveis.

Contudo, se eu tivesse usado qualquer outra pessoa, aquela obra não teria ficado tão boa quanto aquela, Jeon era a pessoa perfeita para estar naquele desenho e eu não mudaria ele por mais ninguém.

YEYO!!!! OLHA QUEM VOLTOU!

heyhey!!!

Gente eu sei que eu falo que não vou sumir e acabo sempre sumindo, mas cá estou eu.

Eu tô até surpresa na rapidez em que eu escrevi esse capítulo (eu literalmente acabei de escrever ele todo agora), enfim não se esqueçam de comentar!!! É isso que me motiva a continuar, sempre!

Amo vocês, até o próximo capítulo.

byebye!
[Não revisado]

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