13

Adentrava a biblioteca escolar em uma tentativa de andar rápido sem fazer barulho mas os meus tênis me entregavam, o som dos meus sapatos entrando em contato com o chão liso ecoavam pelos corredores.

Iria passar o resto da tarde estudando, porém antes precisa avisar a quem quer que esteja em casa que iria chegar tarde. Não sou igual meu irmão que sai sem dar notícias. Deixei meus cadernos sobre a mesa comprida logo ao centro da biblioteca e sai a procura de um canto para fazer a ligação. Vaguei até encontrar o último corredor da vasta biblioteca, adentrei o mesmo na tentativa de me camuflar enquanto fazia a ligação.

Retirei o aparelho do bolso de minha saia e rapidamente abri os contatos, deslizava pelos números até encontrar o desejado.

Levei o aparelho ao ouvido enquanto os primeiros toques iniciavam-se. Após alguns segundos a voz sonolenta de meu irmão se tornou presente.

“Alô?”

“Namjoon.. sou eu”

“Ah.. oi Hyunie”

Tinha uma pergunta em mente mas cogitava a ideia de transformá-la em palavras, temia da resposta.

“Que milagre você em casa” ri “Hoje você não vai encontrar o Jungkook?” perguntei em um tom brincalhão.

“Você quer mesmo saber?” conhecendo meu irmão já imagino o sorriso que ele abriu ao me questionar.

“Na verdade não” menti, mas independente do que ele está escondendo, prevejo que seja por um bom motivo.

“Cadê você? Já era pra ter chegado”

“É pra isso que eu tô ligando... Vou passar a tarde na biblioteca”

“Que horas você deve chegar?”

“Antes dos nossos pais pode ter certeza que eu chego” ri.

“Ok Hyunie, tome cuidado” sorri.

“Tchau oppa

“Tchau” finalizei a ligação.

Virei-me na direção do corredor e ele permanecia vazio, suspirei aliviada. A última coisa que preciso no momento é ser expulsa pela bibliotecária e perder o lugar para estudar.

Por ser semana de prova, a biblioteca se encontrava parcialmente cheia. A maioria dos corredores repletos de alunos desesperados por nota, era possível identificar pelo olhar quem estava tranquilo e quem estava apertado precisando de muitos pontos para passar. Sorte que a biblioteca tem uma estrutura de qualidade para suportar a quantidade de alunos que passam por ela diariamente, mas é um grande azar que os alunos em sua maioria não procuram livros sobre contos e de diferentes gêneros, procuram apenas os livros de matemática, geografia, inglês.. até mesmo química.

Sorri fraco ao reparar a diferença dos corredores, o que me encontrava anteriormente era a fileira que continha os livros de terror e estava completamente vazia, mas ao seu lado, a fileira com os livros de exatas, estava lotada. Era a triste realidade do colégio que frequento, após negar levemente com a cabeça, retornei ao local onde meu material se encontrava.

Sentei-me logo a frente dos diversos cadernos e algo estava diferente.. tinha um pequeno papel dobrado logo acima das anotações de química.

Uma cartinha do meu admirador?

Animei-me com a ideia, antes mesmo de recolher o papel já me encontrava com um sorriso marcado nos lábios. Olhei para ambos os lados da biblioteca, mas ela estava tão lotada que seria impossível encontrar o garoto das cartas. A mesa estava repleta de estudantes, não é possível que nenhum deles deixaria passar despercebido um garoto deixando algo sobre a mesa, não é mesmo?

Antes mesmo de ler o conteúdo da folha já tratei de questioná-los.

Tentei procurar uma face conhecida entre as pessoas com quem compartilhava a mesa, mas não consegui reconhecê-los. A ideia de questionar um estranho sobre o papel pareceria um pouco absurda para a Kim Sohyun de anos atrás, mas a curiosidade em encontrar o autor das cartas falava mais alto.

— Com licença – chamei a garota ao meu lado, a ruiva prontamente ajeitou a haste dos óculos antes de direcionar o olhar até mim fazendo minhas bochechas queimarem – você viu quem colocou esse papel aqui? – mostrei a folha dobrada e ela rapidamente negou.

— Eu estava concentrada no meu livro – ela indicou a obra a sua frente me fazendo sorrir ao vizualizar o romance – mas.. vi de relance um garoto – ela sorriu fraco dando de ombros – mas ele tava de capuz.

Logo meu sorriso se desmanchou.

— Ok, obrigada – curvei-me levemente e ela correspondeu antes de voltar para a leitura de seu livro.

A situação dela não iria ser muito diferente dos demais ali presentes, todos se encontravam imersos nas páginas ali presentes.

Era claro que ele não iria aparecer com o rosto a mostra, com todo o cuidado que ele tinha para esconder-se até então, não fazia sentido não ter cuidado agora.

Suspirei desapontada enquanto desdobrava o pequeno papel, revelando o que ele escondia.

Ao visar o conteúdo rapidamente meus olhos brilharam e todo o desapontamento anterior pareceu se esvair.

“Kim Sohyun, apenas de escrever o seu nome nesta folha meu coração já se ascende. Apenas de observar o seu sorriso distante já sorrio da mesma forma. Eu achei que era impossível encontrar alguém que tenha tamanho efeito sobre mim, mas eu encontrei. Seu jeito é único e isso me encanta.

Tudo em você me encanta garota, você é o que eu nunca imaginei que seria possível juntar em uma só pessoa, você é surreal e eu me apaixonei pelo seu jeito, único e surreal.”

Única e surreal foram as palavras usadas para me descrever, não me acho digna dessa descrição, mas para meu admirador as palavras descritas eram como se fossem minha maior característica. Sorri ao imaginar a ideia de alguém me caracterizar assim, não era comum para mim ser tabelada por outra coisa além de tímida e artista, isso me instigava a querer saber mais sobre meu admirador.

Fiquei sem reação, não tinha ideia de como reagir. Coloquei o papel aberto sobre o livro para processar o acontecido.

Ele havia se declarado? Meu admirador realmente escreveu que está apaixonado por mim?

Reli o final da carta após uma pequena pausa, segurando para não mostrar aos presentes como queria reagir, afinal das contas, estava em uma biblioteca e gritar não é permitido.

Reprimi meus lábios enquanto a vontade de gritar não passava e respirei fundo. Logo um sorriso se abriu em meus lábios e parecia que ele nunca iria me deixar.

— Kim? Você tá bem? – despertei do meu pequeno transe levando meu olhar em direção a voz.

Um garoto que aparentava ser poucos anos mais novo me fitava com uma expressão que mesclava curiosidade e preocupação. Logo ao vizualizar o mais novo minhas bochechas se avermelharam, provavelmente falhei em camuflar minhas expressões.

— T-to – gaguejei ao notar que as outras pessoas da mesa prendiam os olhares em mim e me desesperei.

Não aguentava o olhar de desconhecidos sobre mim, era algo que acontecia pouco, mas, de certa forma, me desconforta. Tentava ao máximo passar despercebida nos corredores para evitar situações como essa.

— Eu preciso ir – disse baixo.

Rapidamente recolhi todo meu material e sair às pressas da grande biblioteca. Logo já estava vagando pelo corredor principal, tentando esquecer o acontecido enquanto procurava um local para estudar.

Precisava de um local calmo e pouco movimentado, chega de constrangimentos por hoje. Virei a esquerda no final do grande corredor, deparando-me com uma escadaria. Arrastei-me pelos degraus cinzas e a medida que me aproximava do andar superior, a conversação ia-se cessando.

Ao chegar no próximo andar já não era possível escutar nenhuma conversa. O horário das aulas já tinha terminado, com exceção dos clubes e dos estudantes desesperados para estudar da biblioteca, todos já tinham deixado o prédio. Um sorriso mínimo se abriu em meu rosto enquanto vagava através ambiente vazio, iniciei a busca por uma sala vazia e destrancada pela inúmeras portas do corredor. Após encontrar uma que pudesse utilizar sem ser incomodada, adentrei o cômodo e me instalei em uma das mesas. Recolhi o caderno de química em uma tentativa de revisar as anotações, mas todos os meus pensamentos estavam focados no singelo bilhete.

Terminava de revisar o conteúdo restante, após alguns minutos tinha finalmente conseguido me concentrar nos livros e seguia até então com o olhar preso nas informações.

Escutei o ranger da porta, me assustei com o senhor mais velho adentrando a mesma, soltando um pequeno grito de espanto e ele pareceu se assustar tanto quanto eu ao largar o esfregão que carregava consigo.

— Senhora Kim! O que ainda faz aqui? As aulas acabaram horas atrás! – ele disse em um tom autoritário.

— D-desculpa, eu estava estudando – disse enquanto já recolhia meu material.

— Você como sempre tão esforçada – o mais velho sorriu enquanto recolhia o esfregão ao chão – me lembra um pouco do seu irmão.

— Acho que é de família – dei de ombros retribuindo o sorriso para o mais baixo – Tchau senhor Kwon.

— Tchau Sohyun.

Deixei o cômodo rapidamente e pela primeira vez em semanas me sentia confiante para realizar a prova, todo o meu esforço, independente da nota, não seria em vão. Estava preparada para o prova do dia seguinte.

Segui pelas escadas até chegar ao corredor principal, agora, completamente vazio.

Andava calmamente em direção a saída da escola, estava horas adiantada então não iria precisar correr para chegar em casa a tempo.

Ao abrir os portões pesados que separavam os corredores do lado externo da escola, o sol logo atingiu meus olhos. Beiravam as seis da tarde e todo o ambiente se encontrava em um tom amarelado devido aos raios solares,  tirei alguns segundos para prestigiar a vista, o tom predominante era uma das minhas cores favoritas e sempre que tinha a oportunidade de vizualizar um pôr do sol tão bonito quanto o citado, o utilizava de inspiração para reproduzi-lo em desenhos. Nos últimos anos tentava aprimorar meu traço para pequenos detalhes e o sombreamento dos objetos contra a luz como o que visualizava era algo que causava tamanho detalhamento nos desenhos.

Continuei meu caminho acompanhando os raios solares com o olhar, não olhava diretamente para o sol por ser algo praticamente impossível, mas vislumbrava as marcas suaves dos raios sobre as nuvens com um sorriso esboçado. Estava completamente imersa na mescla de cores, acompanhando gradativamente o desaparecimento do sol a cada cruzamento de ruas, onde era possível vizualizar o lado oeste da cidade. Meu olhar não se focava no caminho em si, mas inteiramente no fenômeno ao meu lado. Estava completamente dispersa que nem notei quando esbarrei-me em outra pessoa.

— Aish desculpa – rapidamente me desculpei ao levar as mãos a cabeça, no lugar atingido a pessoa em minha frente não disse nada, apenas riu fraco.

Fitava o chão sem coragem para erguer o olhar até a pessoa em minha frente.

— Eu já vou andando – balbuciei ao contornar a pessoa e continuar meu caminho.

— Você sabe que sua casa é pra lá, né? – a voz conhecida chegou aos meus ouvidos.

Gelei-me ao finalmente vizualizar onde me encontrava, poucas casa abaixo de minha residência.

— J-Jungkook? – virei-me de frente para a pessoa poucos metros atrás de mim. Logo o sorriso do garoto tornou-se presente em meu olhar.

— Soso, onde você estava indo? – ele perguntou levando as mãos ao bolso.

— E-eu.. – em uma tentativa de responder, as palavras pareciam não sair, a situação em que me encontrava parecia boba, tentava criar coragem para responder enquanto abaixava a cabeça para esconder as bochechas ruborizadas.

— Você? – o garoto me encorajou.

— Eu me distrai.. – balbuciei – com o pôr do sol – completei envergonhada.

Pensei que o garoto fosse zombar, ou rir da minha cara, mas eu estava enganada, O maior apenas sorriu demonstrando certa admiração.

— Sério? – assenti ainda meio inacreditada pelo garoto não ter rido.

— Eu gosto muito do pôr do sol – sorri envergonhada – acabei me perdendo em meio aos meus pensamentos.

O sorriso do garoto se alargou ainda mais.

— Eu também gosto muito do pôr do sol – foi a minha vez de sorrir – é o que eu mais gosto de desenhar pra falar a verdade.

Omiti para o mais velho, mas a minha vontade era de expor que por coincidência eu desenhava frequentemente o pôr do sol, de diversos ângulos e lugares e também apreciava bastante a ideia de desenhar o fenômeno.

— Do meu quarto eu assisto quase todos os dias o sol se pondo, tenho a melhor vista de toda a casa para o local exato em que ele se põe – me animei com a informação e o garoto pareceu perceber – se quiser ir um dia lá assistir comigo – ele ocultou o sorriso parecendo estar tão envergonhado quanto eu – posso aproveitar e te mostrar os meus desenhos também se você quiser.

Assenti rapidamente enquanto admirava o sorriso do mais velho.

— Pode ser.

Um som inesperado fez com que minha atenção fosse levada inteiramente para a rua ao meu lado, uma buzina. O carro de minha mãe passando por nós diminuindo cada vez mais a velocidade fez com que eu quisesse sair correndo, conhecendo a mãe que tenho, já previa o que viria a seguir.

O vidro de abaixou lentamente e a imagem da mais velha logo se tornou presente.

— Sohyun! Jungkook! – a mais velha exclamou alegremente.

— Oi senhora Kim – Jungkook se aproximou minimamente do carro enquanto eu apenas acenei com um sorriso.

— O que vocês estão fazendo aí fora? Sohyun sua mãe não te deu educação? Chama o garoto para entrar! – levei minhas mãos ao rosto envergonhada.

Minha mãe tinha que chegar e deixar as coisas ainda mais embaraçosas.

— N-não, senhora Kim eu estava apenas de passagem e acabei me esbarrando na Soso – o garoto tentava se explicar enquanto eu sorria amarelo querendo fugir da situação.

— Ah, entendo – ela pareceu pensar por alguns segundos – então entre para que eu possa te dar um carona Jungkook.

— Não precisa, muito obrigado – o garoto respondia com tamanha educação – eu não estou indo para casa na verdade.

— Tudo bem então – ela sorriu e acenou – até depois.

O mais alto acenou para a mais velha.

— E você, não demore a entrar que já está escurecendo, escutou? – ela direcionou o olhar até mim e eu assenti envergonha.

Assistimos o carro se distanciar em silêncio, ambos pareciam envergonhados com a situação anterior. Logo que o carro entrou na garagem metros a frente, levei meu olhar ao garoto.

— Desculpa pela minha mãe – tentava explicar – você sabe como ela é – novamente levei as mãos ao rosto envergonhada.

— Não precisa se desculpar – ele riu parecendo se divertir com a minha situação.

— E-eu vou indo – acenei para o garoto – tchau Kook.

— Tchau Soso – ele sorriu minimamente e acenou.

Trocamos olhares por mínimos segundos, Kook vagou com o olhar por minha face com um sorriso fofo antes de seguirmos caminhos contrários, a cada passo me distanciando ainda mais daquela situação embaraçosa.

HELLO HELLO,

ai gente esse final eu tô mt soft com ele osksk anyway cap bem parado nenon, mas eu só digo uma coisa, aguardem que o próximo capítulo promete rsrs

Não revisei okay? E provavelmente nem vou pq a preguiça é o que predomina aqui.

O que estão achando? Comentem e votem para eu saber meus amoress. Não sejam leitores fantasmas ❤️

Byebye

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