12
Batia a ponta das unhas de forma apreensiva na superfície de madeira da mesa. Namjoon retornaria a qualquer momento e eu não sabia como iria reagir perante ao garoto.
Consegui colocar toda a casa e minhas emoções em ordem durante o tempo em que estive sozinha, enquanto enxugava o banheiro do mais velho pensei em toda a situação que ocorreu mais cedo com os garotos.
Deveria ter os expulsado daquela forma?
A dúvida vagava em meus pensamentos sem a resposta concreta para o questionamento, mas de agora nada adiantava a merda já estava feita.
Levei a cabeça ao tampo da mesa enquanto repassava as palavras ditas pelos garotos, da forma com que eles discutiam parecia que não era a primeira vez que algo parecido acontecia, mas eu preferia acreditar que sim. Seria ingênua se afirmasse que amigos de verdade não brigam, desentendimentos acontecem todas as horas e eles fazem parte para a construção de um relacionamento amigável.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo virar da maçaneta indicando que alguém adentrava a casa silenciosa.
— Kim Sohyun? Namjoon? – meu pai questionava.
Um sorriso se tornou presente em meu rosto logo que escutei a voz do mais velho, ele estava algumas horas adiantado, o que não era muito comum nos dias de semana.
— Appa? – aclamei pelo mais velho enquanto me levantava da cadeira de madeira.
O mais alto adentrou o cômodo.
— O que você está fazendo sozinha nesse escuro? – ele riu ao ligar a luz do ambiente.
Estava a tanto tempo sentada a mesa refletindo que acabei não percebendo o pôr do sol minutos antes.
— Acabei me distraindo – sorri enquanto me acostumava com a claridade.
— Sua mãe me ligou pedindo para buscar você e seu irmão aqui em casa.. vamos jantar fora hoje – meus olhos brilharam.
— Vamos no Jungsik? – um sorriso esperançoso se alargou em meus lábios enquanto meu pai tentava fazer um mistério, mas logo desistiu confirmando o restaurante que iríamos.
Me levantei prontamente fazendo com que meu pai sorrisse com o ato.
— Calma apressadinha – ele manteve o sorriso na face – nós temos que encontrar seu irmão primeiro e.. quem sabe trocar de roupa também? – ele analisou o conjunto de pijama que vestia.
— Oh.. – minhas bochechas se ruborizaram – vou trocar de roupa – sorri envergonhada antes de deixar o cômodo. Segui rapidamente até meu quarto, tentei fazer tudo o mais rápido possível. Jungsik era meu restaurante favorito, desde pequena meus pais me levavam no estabelecimento sempre no meu aniversário, mas com o passar dos anos as idas ao lugar se tornavam cada vez mais frequentes.
Substitui o pijama que vestia por um vestido rodado rosa e sapatilhas douradas, não era usual de minha parte usar roupas nos tons de rosa, mas naquele dia em específico resolvi usá-la. Escovei levemente os cabelos e retornei para a cozinha, meu pai permanecia no mesmo lugar de antes, porém tinha toda a atenção voltada para o celular, onde realizava uma chamada.
— Não demore, ok? – meu pai disse em um tom baixo – Tá, até daqui a pouco, tchau – o mais velho finalizou a ligação.
— Namjoon? – perguntei.
— É.. Ele disse que passou a tarde com o Jungkook, por isso não estava aqui – ele deu de ombros e a minha expressão confusa se tornou presente.
— Jungkook? Certeza? – questionei e o mais velho assentiu.
— Algo de errado? – neguei.
Namjoon havia mentido, era impossível ele ter passado a tarde com Jungkook. Meu pai não sabia da verdade mas eu sim. O Kim me deve explicações, não era habitual para o mais velho contar mentiras sem que fosse extremamente necessário.
— Pronta? – assenti sorrindo – então vamos!
Recolhi meu celular ao canto da mesa e segui no encalço de meu pai até o veículo parado paralelo a casa. O soar do alarme fez com que rapidamente o farol do veículo ligasse, indicando que estava destravado. Adentrei o carro prata no banco de passageiro.
— Você fica adorável de rosa, deveria usar essa cor mais vezes – meu pai sorriu verdadeiramente.
— Obrigada – agradeci timidamente.
Desde pequena eu sempre aproveitei muito todos os segundos que tinha ao lado de meu pai, ele não é muito presente mas admiro-o excessivamente por todo o trabalho que ele executa diariamente para sustentar a família.
— Como estão indo os estudos para as provas? – ele perguntou sem tirar o olhar do trânsito.
— Estão indo bem, Jiminie oppa está me ajudando – minhas bochechas avermelharam-se ao citar o nome do mais velho.
— Jimin? O amigo do seu irmão? Ele é um bom garoto – o mais velho sorriu – todos eles são..
— É.. – concordei.
O silêncio se instalou no veículo. Eu não tinha muitos assuntos em comum com meu pai, geralmente quando conversamos o diálogo consiste em perguntas relacionadas aos desenhos que faço, o Kim é apaixonado por eles. Desde que eu pedi uma maleta de desenho ao mais velho no quinto natal de minha vida pude presenciar uma cena que me recordo até os dias atuais, os olhos do meu pai brilhando no mesmo momento em que um sorriso se alargava em seu rosto ao concordar sem cogitação em me presentear com a maleta, depois desse acontecimento, todos os natais seguintes o mais velho fazia questão de reabastecer meus materiais de desenho.
O carro diminuia a velocidade a medida que se aproximava do grande restaurante reluzente, enquanto a voz de meu pai chegava aos meus ouvidos.
— Pode descer aqui que eu vou procurar um lugar para estacionar – assenti destravando as portas do carro.
Em questão de segundos já me encontrava de frente para o local. Jungsik havia passado por uma reforma recentemente que acrescentou ao lugar uma nova iluminação externa, valorizando o ambiente, a logomarca do local também havia sido substituída por outra completamente nova, fazendo com que o local se torne praticamente irreconhecível. Uma iluminação e uma logomarca, aos olhos de alguns podem ser duas coisas banais, mas os pequenos detalhes fazem uma grande obra.
— Sohyun! – uma voz familiar aclamou pelo meu nome.
Levei meu olhar até a porta do estabelecimento, minha mãe acenava em minha direção com um sorriso estampado aos lábios, retribui minimamente o aceno ao me aproximar da mais velha.
— Omma – curvei-me e ela correspondeu.
— Vamos! Se não perdemos o lugar – ela segurou meu pulso e guiou-me até a pequena mesa de quatro lugares próxima a janela.
— Que surpresa a gente vir pra cá – sorri – aliás.. por que estamos aqui? – questionei.
— Espere seu pai e seu irmão chegarem que eu explico tudo – ela sorriu como se omitisse uma grande informação, deixando-me ainda mais curiosa – falando nisso.. cadê eles?
— Appa foi estacionar o carro e do Nam eu não sei – dei de ombros.
— Desculpe interromper senhoritas – o garçom disse ao colocar o cardápio sobre a mesa – quando quiserem pedir algo estarei às ordens – agradecemos.
Recolhi o cardápio e iniciei uma leitura rápida sobre as opções, mesmo que já tivesse em mente o que pediria.
•
— Desculpem o meu atraso – Namjoon disse ao praticamente se atirar a cadeira ao meu lado, respirando fundo como se tivesse acabado de correr uma maratona.
— Filho! Onde você estava? – minha mãe perguntou ao segurar a mão do moreno – estávamos achando que você não iria vir mais.
Escutava tudo atentamente enquanto divertia-me com os gelos e o canudo no meu copo de refrigerante.
— Estava com o Jungkook.. depois da faculdade fui direto pra casa dele. Passamos a tarde jogando.
Duas mentiras em apenas uma frase, ele não estava com o Jungkook e não tinha ido para a casa do mais novo, me pergunto como ele conseguia especular a frase tão naturalmente como se fosse o real ocorrido.
— Entendo.. não tem problema filho – meu pai sorriu.
— Já que você chegou eu vou fazer os pedidos – a mais velha aclamou pelo garçom.
— Nam.. – chamei pelo garoto enquanto levava o canudo aos lábios em uma tentativa de disfarçar o que falaria a seguir – por que mentiu? Eu sei que você não estava com o Kook.
Namjoon abriu um sorriso divertido.
— Vamos fazer uma troca.. você não me pergunta onde eu estava e eu não te pergunto como você sabe que eu estou mentindo – o mais velho piscou e foi a minha vez de sorrir.
Meu irmão, como sempre, esperto e com a resposta certa em mente.
— Justo – disse ao levar o copo de volta ao tampo da mesa.
Namjoon permanecia com um sorriso brincalhão nos lábios provavelmente se questionando sobre como eu descobri da sua mentira e eu apenas torcia para que ele nunca descobrisse o motivo.
— Filho vai querer o de sempre? – minha mãe questionou enquanto repassava os pedidos para o garçom e o mais velho assentiu.
Após o garçom anotar tudo que foi citado por minha mãe, ele deixou a mesa seguindo em direção a cozinha com um sorriso nos lábios, provavelmente pensando na gorjeta que ganharia.
— Então mãe, qual é a notícia que você tem para contar? – ajeitei-me no acento a espera da notícia.
A mais velha sorriu como se apenas de recordar da notícia já a trazia certa felicidade.
— Estão prontos? – ela perguntou enquanto revezava o olhar e ambos assentimos – eu fui promovida!
Todos comemoramos em volta da pequena mesa, apenas os Kim podiam sentir a alegria da mais velha, ela trabalhou durante anos para chegar no cargo que tanto desejava e com isso não era uma conquista só dela e sim de toda a família.
— Parabéns amor! – meu pai a parabenizou após um rápido beijo na bochecha.
— Eu vou ser responsável por umas das maiores obras de toda a Coréia atualmente! – ela falava com orgulho.
À sete anos minha mãe se formou em engenharia civil com o sonho de alavancar na vida profissional e finalmente ver ela realizando o que deseja é como se um sonho meu se realizasse junto apenas com a felicidade presente em sua feição. Cada dia que fui dormir sem ambos os pais em casa e acordava com o barulho dos carros deixando a residência pareceu valer a pena durante aqueles minutos.
— Mãe, isso é incrível!
•
Não aguentava comer nem mais uma garfada de arroz, tinha o pressentimento de que se tentasse sair do lugar iria acabar de encontro ao chão de tanto que comi naquela noite.
Meu pai terminava de pagar a conta enquanto o restante da família Kim ia em direção ao carro, o mais velho teve que parar um pouco longe devido a falta de vagas ao redor do restaurante. Decidi que iria aguardá-los na porta do estabelecimento enquanto a conta era paga, arrastei-me até a porta do lugar e permaneci ao lado da porta a espera do carro prata.
Meu celular vibrou entre meus dedos, causando-me uma feição confusa. Estava sem internet, como era possível estar chegando alguma notificação? Após alguns segundos o aparelho continuou vibrando e eu percebi que não era uma mensagem e sim uma ligação.
Prontamente atendi o telefone.
“Oi?”
“Sohyun?”
“Taehyung? Por que tá me ligando?” questionei confusa.
“Onde você tá? Eu tentei te mandar mensagem e você não respondeu.. tava preocupado”
“Estou no Jungsik.. sem internet” sorri fraco ao admirar a placa dianteira do local.
“Tá explicado” escutei o riso abafado do garoto e antes que o silêncio se instalasse na linha, Taehyung logo o quebrou “Eu tenho algumas perguntas pra você”
“Vá em frente” ri.
“Bom.. primeiramente o que aconteceu hoje de tarde?”
“É uma longa história Tae.. mas resumindo o Jimin e o Kook brigaram” arrastava a ponta da sapatilha nas pedrinhas presentes no jardim logo a minha frente.
“Pode detalhar mais?”
“Eu não lembro de muita coisa.. acontecimentos assim eu prefiro esquecer. Mas me lembro do Jimin dando respostas irônicas ao Jungkook e ele todo irritado, nunca tinha visto ele assim”
Na realidade me recordava bem do ocorrido, apenas preferia não comentar com outras pessoas sobre o acontecimento.
O garoto riu fraco antes de prosseguir “Você tá bem?”
“Acho que depois do jantar de hoje eu estou me sentindo um pouco melhor”
O carro prateado se aproximou da entrada e buzinou.
“Ahm, Tae eu tenho que ir... Amanhã a gente se fala, tchau” desliguei.
Chamei por meu pai e logo já nos encontrávamos todos dentro do carro claro.
— Com quem você estava falando? – o garoto perguntou enquanto tentava espiar o histórico de chamadas do meu telefone.
— Taehyung – respondi sem fazer muito mistério.
— Você passa tempo demais com ele – Namjoon disse enquanto ainda tentava vizualizar a tela, sem sucesso.
— Ciumento – apertei as bochechas dele.
— Eu só estou... preocupado com você.
A forma com que Namjoon me protegia podia parecer um pouco extrema as vezes mas o mais velho conseguia ser a coisa mais fofa do mundo quando está com ciúmes.
— Já te falei que o Tae é só um amigo – ri – me relacionar com ele seria como me relacionar com.. você – fiz uma feição estranha.
— Já entendi, já entendi – ele rapidamente me interrompeu.
O resto do caminho se baseou na conversa dos meus pais sobre como iriam ao trabalho no próximo dia.
Ao estacionar na porta de casa era uma sensação boa que me preenchia, minha casa é o meu porto seguro e é onde eu passo basicamente todo o meu tempo. Ao adentrar o cômodo recém iluminado, um sorriso se abriu em meu rosto, com passos largos avancei em direção ao meu quarto. O pequeno cômodo com a pequena bagunça de sempre, é o meu cantinho, onde eu posso fazer o que quiser sem receber o julgamento alheio.
Troquei o vestido rosa pelos mesmos pijamas que usava momentos antes, retirei as sapatilhas e joguei-me ao meio dos travesseiros na cama aconchegante. Abracei a almofada que se encontrava a meu alcance e terminei a noite fechando levemente os olhos, deixando o sono e o cansaço me levassem ao mundo dos sonhos.
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Hello hello,
Alguém filma essa att rápida porque se eu contar ninguém acredita.
Transições, transições e mais transições.. já disse o quanto eu as odeio?
Enfim, espero que estejam gostando ❤️
Comentem e votem para eu saber rsrs
Já vou dizendo que os próximos caps prometem.. não disse o que
Soltei a bomba agora eu saio de fininho hihi
byebye
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