04


Kim Sohyun P.O.V.

Acordei e a casa estava em um completo silêncio, estranhei aquele fato, geralmente me despertava com a conversação dos meus pais na cozinha enquanto tomavam café, mas naquela manhã não se escutava nem o mais baixo dos ruídos na residência. Peguei meu celular para checar as horas e eu estava atrasada.

— Isso não está acontecendo.

Era inacreditável, eu tinha todos os dias do ano para me atrasar, mas fui acordar tarde logo no dia de entregar o maldito trabalho de química, eu precisava dele para passar na matéria, faltavam poucos minutos sobrando para entregá-lo, tinha exatos vinte minutos até o próximo horário, que era de química.

Me levantei em um pulo e fui correndo trocar de roupa, coloquei o uniforme da escola, rapidamente deixei o quarto e me dirigi para a cozinha. Estava vazia. Provavelmente meus pais tinham ido trabalhar e Namjoon estava na faculdade.

Por que nenhum deles me acordou? Todos sabiam que eu tinha aula!

A garota correu pelos cômodos enquanto penteava os cabelos.

Eu corri contra o tempo, me arrumei em instantes. Peguei minha mochila vermelha pela alça e deixei a casa rapidamente. Uma música animada começou a soar nos fones de ouvido, apressei o passo em direção a escola. As ruas estavam vazias e as folhas de outono começavam a aparecer, um sorriso se alargou em meu rosto ao observar o horizonte, por alguns segundos esqueci sobre o trabalho, esqueci sobre o quanto teria que correr para chegar na aula, esqueci de tudo e admirei as folhagens se tornando marrons enquanto elas se balançavam em sincronia seguindo o vento matinal.

Balancei a cabeça em negação me livrando das distrações.

”O trabalho Sohyun! Foco.” Pensei.

Tinha mais oito minutos, ofegava de tanto correr, eu estava a poucas quadras do colégio quando senti as pernas começarem a falhar, respirei fundo, tentando acalmar meus batimentos, mas verifiquei as horas e não tinha tempo para isso, disparei novamente em direção a escola e quando avistei a mesma da esquina, sorri incrédula, cheguei na escola em um tempo recorde, mesmo o colégio sendo consideravelmente perto, eu não tinha o porte físico para correr da porta da minha casa até os portões escolares.

Adentrei o colégio, dois minutos antes do início da próxima aula, me permiti finalmente descansar, sentei ao chão do corredor principal enquanto respirava pesadamente.

O sinal soou indicando o fim do primeiro horário, ergui minha cabeça que até então estava tendo o chão como foco. Minha respiração começava a se cessar quando os corredores se preenchiam com rostos sonolentos dos professores que trocavam de turmas.

Adentrei minha sala e os olhares confusos pesavam sobre mim. Me dirigi ao meu lugar envergonhada por estar recebendo tamanha atenção e abaixei a cabeça.

— Soso! Eu pensei que você não viria! – reconheci a voz de imediato.

— Pois é né, me atrasei um pouco – sorri levantando a cabeça.

— Se você não chegasse com o nosso trabalho, eu ia te matar – a ruiva falou com um tom de brincadeira.

— Boba – ri

A ruiva com quem conversava é Choi Yumi, minha melhor amiga, a conheci a alguns anos no clube de desenho que participava.

“ Já era tarde, não aguentava mais fazer e refazer incontáveis vezes o desenho proposto pelo professor, não estava com inspiração, por isso não saia nada bom, os traços, o colorido, não parecia com o que costumo desenhar.

Enquanto apagava o esboço pela nona vez, aos poucos os alunos que terminavam estavam indo para suas respectivas casas. Poucos alunos restavam na sala e aquilo me deixava mais ansiosa para terminar o trabalho, não queria ser a última a deixar a sala.

Duas garotas atravessavam a sala sem que eu percebesse, por estar concentrada na tarefa, elas carregavam suas respectivas obras até a estante onde podemos deixar para que sequem sem que ninguém mexa. Elas conversavam animadamente, completamente distraídas, foi quando a ruiva deixou sua pintura cair em minhas costas.

Senti algo gelado grudar em meu braço e me espantei, só naquele momento raciocinei o que acontecera.

— Me desculpe! – a garota rapidamente removeu seu trabalho que estava grudado ao meu corpo, revelando o borrão que a pintura deixou nas minhas costas e no meu braço.

— As costas dela! Yumi, olha para o que você fez! – a amiga da ruiva exclamou.

Me virei para as garotas com uma feição confusa, assimilando o que acabara de acontecer. Yumi me olhava espantada, com medo de que eu fosse gritar com ela ou algo parecido, os cabelos ruivos da garota estavam presos em um rabo de cavalo, dando vista para seu rosto claro mas com um leve rosado nas bochechas, como se tivesse acabado de deixar a praia. Sua amiga cobria o rosto, envergonhada pelo acontecido, seus cabelos claros caiam mostrando os leves cachos que possuía.

A garota me encarava como se esperasse uma resposta, fiquei um momento em silêncio, sem reação.

— Você podia ter prestado mais atenção, olha o que fez comigo! – me dirigi a maior com um tom calmo.

Yumi revelava uma feição pensativa.

— So..Sohyun, certo? – assenti – Deixa eu te ajudar como meu pedido de desculpas! Vamos até o vestiário, tenho um uniforme sobrando lá, eu te empresto.                      

—  Não precisa, sério, ta tudo bem, não se preocupe – esbocei um sorriso – só tenha mais atenção, se fosse outra pessoa provavelmente já teria voado em você.

— Eu sou muito distraída – a ruiva riu – e não aceito um não como resposta, vem que eu vou concertar o que eu fiz.

A garota segurou meu pulso e me arrastou para fora da sala me guiando até o vestiário.”

O professor de química adentrou a sala, me tirando do meu transe.

— Bom dia alunos! Trabalhos em cima das mesas.

Um coro de bons dias extremamente desanimados respondeu o professor, seguido pelo barulho das folhas sendo colocadas sobre a mesa.

O mais velho colocou sua maleta sobre a mesa e fitou os alunos ali presentes, meu coração parou quando o olhar do mais velho pesou sobre mim.

— Você.

Senhor Won de marcação comigo, que novidade, hoje realmente não é meu dia.

— Sim? – levantei e me curvei para o mais velho, demonstrando respeito.
                                                                                                                      
— Kim – ele abaixou o olhar para a chamada e deslizou os dedos até encontrar meu sobrenome e voltou a me fitar – hoje você será minha ajudante, pode começar recolhendo os trabalhos – eu assenti e o mais velho se sentou desviando o olhar para a grande maleta marrom que carregava e retirou uma papelada de lá e colocou toda sua atenção no bloco de papel a sua frente, ignorando a sala.

Respirei fundo antes de me arrastar por toda a sala recolhendo os trabalhos das duplas.

Rapidamente terminei e me dirigi a mesa do professor, o maior percebeu minha aproximação e levantou seu olhar, se encontrando com o meu. Ele me dava medo, a seriedade dele, a forma com que falava, mas era um professor excelente.

Engoli em seco antes de falar com o mais velho.

— Os trabalhos senhor Won – estendi tudo que segurava, na tentativa de esboçar um sorriso animado.

— Eu mandei você me entregar?

Que professor mais arrogante! Ele era sem sombra de dúvidas a pessoa que eu menos gostava naquela escola e como se só a arrogância dele não bastasse, ele tinha marcação comigo por causa do Namjoon, Senhor Won simplesmente odiava meu irmão, mesmo que eu e ele tenhamos as personalidades contrarias, o mais velho continua me odiando por uma brincadeira boba que Nam fez no passado.

— Miane – recolhi os papéis, os apertando em meus braços e abaixando a cabeça.

— Coloca tudo perto do meu armário, na sala dos professores.

— Eu não tenho permissão para entrar lá – abaixei ainda mais o tom de voz.

— Eu te concedo a permissão – ele voltou a analisar os testes em sua mesa e eu fiquei um tempo paralisada, estava indignada, ele estava me tratando igual empregada e eu não podia fazer nada, confrontar ele era algo fora de cogitação, só de pensar na possibilidade de fazer tal ato já me repreendo, ainda que não teria a coragem de enfrentá-lo – O que você ainda faz aqui?

Sai do transe que estava e caminhei encolhida, abraçada com as folhas, até a saída.

Eu sentia uma mistura de medo e raiva pelo professor, minhas bochechas deviam estar coradas pois eu as sentia queimando no meu rosto. Apressei meus passos até meu destino.

Os corredores estavam vazios e silenciosos, da mesma forma que eu os encontrei minutos antes.

Abri com cautela a porta da sala até então explorada por poucos alunos, olhei para os dois lados para verificar se a sala estava vazia, antes de entrar. Era um local amplo e com janelas pequenas, os feixes de luz iluminavam o local, no centro tinha uma mesa grande, para conseguir acomodar todos os professores, ao lado esquerdo, uma porta que provavelmente indica o banheiro, ao lado direito uma fileira de armários, todos nomeados com o nome dos funcionários, eram o local onde deixavam seus pertences e ao fundo um balcão que escondia um armário com provavelmente coisas de limpeza, ou comida. Me encantei com a sala, nunca tinha estado ali antes.

Me dirigi aos armários e procurei o do senhor Won, após vagar o olhar por alguns armários finalmente encontrei o dele, estava semi aberto, coloquei as folhas sem me importar em organizá-las e deixei a sala sem ser vista.

Retornei para a classe e o professor estava anotando um registro no quadro e todos copiavam em silêncio, abaixei minha cabeça e respirei fundo, tudo que eu menos queria era retornar para aquela sala e ter que olhar para a cara daquele monstro.

Bati na porta e forcei um sorriso, todos os olhares se voltaram para mim e eu abaixei a cabeça envergonhada, odeio receber tamanha atenção, ainda mais após o ocorrido.

— Pode entrar, Kim.

Impressionante como eu era uma das únicas alunas que ele insistia em chamar pelo sobrenome, ele não era de gravar os nomes mas fez questão de gravar quem sou eu, maldito seja meu irmão.

Abaixei minha cabeça e caminhei até meu lugar, meu olhar cruzou com o de Yumi no caminho, ela me fitava com uma feição preocupada, sussurrei um “estou bem” quase que inaudível e sorri.

Joguei meus braços na mesa e abaixei a cabeça retirando todo o ar que guardava nos pulmões desde que adentrei a sala. Precisava urgentemente de férias, estava cansada da mesma rotina, sempre a mesma coisa, mesmas pessoas, parecia que estava presa em um ciclo, um ciclo infinito.

Ergui meus braços em direção as extremidades da mesa e senti algo que até então tinha passado despercebido. Levantei a cabeça com certa curiosidade e me deparei com um pedaço de papel, perfeitamente dobrado ao lado esquerdo da mesa e um sorriso se alargou em meu rosto ao abrir o bilhete e me deparar com aquela caligrafia que era, de certa forma, familiar.

Soso, seu dia não tá sendo dos melhores em?
Eu queria muito poder ir te dar um abraço e dizer que tudo vai ficar tudo bem, porem não posso, ainda.
Mas sorria, o seu sorriso é maravilhoso, ele faz tudo ao redor ficar mais radiante, as bochechas coradinhas que você deve estar agora lendo isso também.”

Eu sorria igual uma boba, a cada dia que passava os recadinhos estavam mais frequentes, minha cabeça borbulhava na duvida de quem seria o dono deles, dobrei o bilhete novamente e abracei o papel antes de guardá-lo na minha mochila. Suspirei ainda com o sorriso bobo nos meus lábios, escondi meu rosto entre as mãos enquanto lembrava do conteúdo do bilhete, as mais simples palavras que ele me escreveu já me fazia ficar desnorteada.

— Ei, Yumi – sussurrei pela maior que se virou para ouvir o que tinha a dizer.

— O que Hyun?

— Você por acaso viu alguém colocando algo na minha mesa..? – fiz uma pequena pausa e a garota me olhou confusa – alguém... moreno?

A maior sorriu

— Ah Hyun.. não eu não vi, mas se você quer saber se o amor da sua vida – com a pequena pausa ela indicou Jimin com o olhar e eu cobri meu rosto desejando nunca ter perguntado a ela tal coisa – quer algo,  tem que tomar iniciativa.

A melhor amiga não fazia ideia sobre as cartas e por enquanto iria continuar assim, não iria contar a ninguém sobre elas, com exceção do Tae, que já sabia de tudo.

— Deixa para lá – ri e a ruiva deu de ombros, voltando a prestar a atenção.

Hello hello

Então né, demorei demais para atualizar, me desculpem

Estavam acontecendo umas coisas que me desmotivaram a escrever e eu não queria escrever algo forçado, sem contar que eu peguei recuperação e tals, enfim.

Esse capítulo tá bem ruim, sorry, vou tentar postar outro até o início da próxima semana.

Se estão gostando comentem e votem para eu saber ❤️

Bye bye

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