Texto VII
Palavras duras
Um dia no meio de uma tarde de inverno, me olhou nos olhos e me disse que iria embora. Sem mais nem menos você largou minha mão e atravessou a porta indo para o mundo a fora.
Depois de ter me feito acreditar que estaria comigo nos meus piores momentos, depois de ter me dito palavras bonitas, depois de ter me despido numa noite quente de verão e me dito que era meu em qualquer momento da minha vida, você me largou, na minha primeira queda, na sua primeira oportunidade de fuga.
Agora todas as minhas tardes são geladas, mesmo estando na estação mais quente do ano, agora os pássaros não voam pelo quintal e o céu está sempre nublado e meu coração sempre vazio.
Anos se passaram e eu aprendi com a dor que você só me queria por perto enquanto eu estava bem comigo mesmo, pois assim eu seria capaz de te ajudar emocionalmente. Eu conseguiria te manter estável e conseguiria arrancar um belo sorriso nos seus momentos mais tristes.
Agora no outono, você bate em minha porta com os olhos marejados e olheiras profundas. Seus lábios estão ressecados pelo vento gelado e sua barba está crescida. Quase irreconhecível. Quase uma pessoa diferente da que eu já amei, mas no fundo, a mesma pessoa triste e solitária.
Eu estendi minha mão, te acolhi em meu braço como uma mãe acolhe seu filho em uma noite cheia de pesadelo.
Você sussurrou palavras bonitas e disse que sentia minha falta.
Apenas sorri e continuei a te ajudar. No fim da tarde quando já estava melhor eu olhei em seus olhos e disse que foi ótimo te rever, mas que não tinha mais responsabilidade sobre você a partir do momento em que atravessou aquela porta e me abandonou.
Você parecia surpreso e eu apenas abri a porta para ti e de dei espaço para sair. Você não teria mais uma chance comigo, eu não seria mais seu equilíbrio emocional. A partir dali eu teria responsabilidade apenas com uma pessoa que me importava muito. Eu mesmo.
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